para a vida toda escrita por Kaline Bogard


Capítulo 2
É 'amor' que chama?


Notas iniciais do capítulo

Ai gente, pensa numa autora dedicada, mas que estragou um pouco o tema. Prazer: eu todinha auhsauhas

Desculpem os erros e boa leitura! ♥



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E a incredulidade só aumentou quando Kiba abriu a porta do apartamento e deu de cara com Aburame Shino que chegava naquele instante.

— Shino! — o garoto recuou dois passos, tropeçando nos próprios pés.

— Tadaima — Shino anunciou-se num tom neutro.

— O-Okaeri! Caralho! Caiu sem querer, eu juro! — o garoto tentou se explicar, mas acabou com a mente em branco, o que fez Naruto dar uma risadinha.

— Sem querer?! Você jogou pela...

— Filho da puta, deixa de ser fofoqueiro e vá se foder! — Kiba rosnou com o excesso de informação desnecessário que seu futuro ex-melhor amigo quase deu.

— Foi mal! Ainda to meio elétrico com tudo o que aconteceu. Cara, ou a gente tem coração forte pra conviver com você ou enfarta jovem — Naruto riu mais um pouco.

— O sujo falando do mal lavado — Kiba soou inconformado.

Enquanto tal interação acontecia, Aburame Shino tirou o elegante par de sapatos, trocando-os pelo surippa e caminhou devagar até o sofá, onde sentou-se colocando a maleta de negócios ao lado. Não fez grandes casos de tudo aquilo, mesmo não compreendendo. Morava com Kiba há mais de um ano, desde que o conheceu foi bombardeado com situações que pareciam enredo de novela ou filme norte-americano. Aprendeu que observar os fatos era muito mais efetivo do que tentar arrancar algo de uma pessoa que estava num evidente estado de hiperatividade, no mesmo nível do melhor amigo.

— Shino — Naruto, apesar de também ser estagiário na empresa que Shino possuía, o tratava com idêntica formalidade a qual se dirigia a Kiba: nenhuma — Você não é do tipo que tem rompantes assassinos quando fica irritado, né?

— Não, não sou.

— Oe — Kiba resmungou.

— E me diria se fosse? — o sorriso do rapaz aumentou.

— Provavelmente.

— Ótimo. Acho que vocês dois precisam ter uma conversa muito séria. Se não tem risco de vida pra ninguém, vou dar privacidade — pegou a mochila e foi até a porta, momento em que parou e deu a impressão de lembrar-se de algo importante — Ah, e fecha a janela! Kiba em pânico e décimo primeiro andar são uma mistura perigosa!

— Porra, Naruto!!

Mas a explosão não teve outra resposta a não ser a fuga estratégica que se encerrou com um amigável e divertido “Ittekimasu”. Era um verdadeiro folgado!

Silêncio caiu na sala com a inusitada debandada de Uzumaki Naruto. Kiba voltou os olhos para o namorado, homem que se sentava confortável no sofá, exibindo uma expressão neutra que não o enganou. Já tinham uma relação a tempo suficiente para que conseguisse ler a postura corporal de Shino. Não era bom com palavras e expressões, compensava isso observando o resto. Era como quando morava com sua mãe e sua irmã, e ele ajudava na clínica de Hana. Quando recebiam um animalzinho novo, toda a postura corporal discursava sobre como os bichinhos se sentiam. Podia dizer pelo balançar da cauda (ou ausência dele), pela forma como arrepiava os pelos, inclusive a maneira de olhar para as pessoas. Tudo era uma dica que evitava mordidas dolorosas, impedia até mesmo que pressionassem o animal e aumentassem o possível medo ou estresse que ele pudesse estar sentindo.

Graças a essa afinidade, Kiba aprendeu a “ler” Shino, dono de uma face geralmente inexpressiva, alguém desprovido de paixões inflamadas e reações exageradas.

Por isso podia dizer que a retidão das costas denunciava certa tensão. As mãos entrelaçadas eram um gesto de quando ele temia se precipitar. Mas uma das pernas não balançava, então ele estava realmente calmo. E deslizar os óculos de volta para o lugar segurando pela haste lateral indicava certo nível de curiosidade.

Além de elegância.

Refinamento.

Maturidade.

Uma combinação impressionante que se somava para compor um dos melhores homens que Kiba teve a chance de conhecer.

— Porra, Shino! Eu vou estragar a sua vida.

— O quê? — o outro não entendeu tal rompante pessimista. Todavia, daquela vez, foi incapaz de camuflar a surpresa pelas palavras inesperadas.

Kiba passou a andar de um lado para o outro, as mãos se movendo em gestos amplos e nervosos, algo que acontecia quando ele estava prestes a ter um dos famosos surtos dramáticos.

— Você tem uma vida estável e bem construída. É o meu chefe, caralho! Eu sei que sou um partidão, mas to no começo das coisas. Olha só, nem terminei a faculdade, falta pouco. E eu consegui um bom estágio. Eu sou um partidão, mas ainda to começando a fazer as coisas... ficar comigo vai ser um atraso enorme.

Shino suspirou e afroxou o nó da gravata. Ela escapou do prendedor, presente que Kiba lhe deu quando o que havia entre eles era mero interesse, pouco antes de a relação dar o primeiro passo para se consolidar.

Kiba não entendeu porque o namorado relaxou tanto. Nem as costas estavam mais tensas.

— Você não faz sentido algum. Me desculpe não...

— Não me peça desculpas, maldito. Eu que tenho que pedir desculpas — Kiba interrompeu a marcha errática e parou em frente ao outro — Vou pedir em ordem: primeiro me desculpa por ainda não ser um partidão completo. Prometo que eu serei um dia e vai valer a pena ter me conhecido. Me desculpa por pedir isso: mas não desiste de mim. Eu to começando, sabe, juro que vou investir em ser foda pra caralho! E eu te amo tanto que quero ter você comigo quando eu for o melhor partido do mundo. E o principal: me desculpa por te dizer “não”. Não é “não” para sempre. É um “não” tipo “preciso de tempo”. E é isso.

Ao final do longo discurso Kiba notou as costas de Shino se tencionando de novo, enquanto ele assumia uma postura que era tudo, menos relaxada.

— Você está terminando comigo...? — soou confuso. As sobrancelhas se franziram de leve, uma prova evidente de que a surpresa foi grande.

— Não! Porra, Shino! Não estou terminando com você, caralho. De onde tirou isso?

— Você acabou de dizer que precisa de tempo.

— Ah, sim. Mas é tempo pra casar. Eu não estou pronto agora, preciso de tempo. Mas garanto que quero me casar com você um dia.

Shino levou uma mão ao queixo e massageou. Às vezes tentar acompanhar o raciocínio de Kiba era uma prova de fogo.

— Tudo bem — garantiu — Não tenho pressa.

Kiba sorriu. E foi a coisa mais linda que Shino viu desde que chegou no apartamento em que dividiam.

— Obrigado. Caralho, você não sabe como eu me senti acuado. Não quero queimar etapas. Vamos ao nosso ritmo. Me perdoe pelas alianças. Tive um pouco de pânico e você sabe que não me controlo. Aconteceu um pequeno acidente...

O sorriso diminuiu um pouco.

— Acidente? Alianças? — o tom vago de Shino ganhou certa urgência ao pronunciar a última silaba da palavra. Foi como encaixar a principal peça de um quebra-cabeças e compreender todo o cenário — Alianças... você descobriu na minha gaveta...?

Kiba arrepiou-se com a indagação reticente para uma resposta óbvia.

— Foi totalmente sem querer! Eu ia pegar uma das suas camisas emprestada, porque elas são fudidas de tão confortáveis. Então eu vi que a preta estava fora do lugar e você nunca guarda nada do jeito errado. Acabei encontrando a caixinha. Caralho, Shino. Eu amo você, mas ainda é meio cedo, não acha?

A resposta do homem foi segurá-lo pela mão e fazê-lo acomodar-se em seu colo, passando os braços pelo corpo menor e abraçando com carinho. Podia imaginar as mil fantasias que assustaram seu namorado ao descobrir o par de alianças. Era até engraçado de se pensar.

— Um pequeno acidente...? — questionou se lembrando das palavras de Kiba.

— A caixinha voou pela janela — a revelação veio simplista.

Shino fez um som engraçado com a garganta e escondeu o rosto no ombro do outro, tentando evitar a risada a todo custo.

“... voou pela janela”.

Ou, pelo que Naruto quase contou, elas foram atiradas.

— Kiba... — a diversão contida naquela palavrinha era imensurável.

— Desculpa — o pedido veio sincero.

O abraço de Shino afrouxou um pouco enquanto ele permitia que Kiba se ajeitasse de modo a se encararem.

— Aquelas alianças não eram minhas — relevou — Eu estava guardando para um amigo.

— Ah — Kiba riu — Tranquilo, porque agora... o quê?!

— Eu estava guardando para um amigo, que vai fazer surpresa para a namorada. Eles moram juntos, mas Sakura tem um faro impressionante. Havia uma grande chance dela encontrar antes.

O queixo de Kiba caiu um pouco, enquanto compreendia todas as implicações da descoberta.

— E agora?! Eu joguei as alianças pela janela!

— Isso é o de menos. Vou pedir para a joalheria providenciar outro par. Creio que ficarão prontas a tempo.

— Posso pedir perdão pra eles. Não. Eu tenho que pedir. Prometo que vou tentar não ser tão surtado e agir sem pensar. Da próxima vez que eu encontrar alianças eu te pergunto antes! E desconta o valor das novas do meu salário. É o mínimo que você deve fazer.

Shino segurou o rosto de Kiba com cuidado e o puxou para um beijo. Já estava acostumado a tantos casos e acasos trazidos pelo jeito impulsivo do garoto. Não ia criticá-lo por algo que o atraiu desde o derradeiro primeiro encontro. Um traço de personalidade que varria a mesmice da relação. Graças à qual Shino não podia reclamar do tédio.

Pensou que o pedido de desculpas ao outro casal era dispensável. Explicaria a situação pois se sentiu responsável: ele garantiu que guardaria as alianças! Como ia sequer imaginar aquele desfecho? Também não planejava descontar do pagamento de Kiba. Como estagiário não tinha um salário dos mais altos. Teria que ficar uns bons meses sem dinheiro para repor as joias de alto valor.

Ao se afastarem, ainda depositou uma sequência breve de beijos nos lábios que tanto amava, ofegantes naquele instante pelo beijo anterior que foi mais longo e terminou afoito.

— Eu amo você, Kiba. E sei que está lutando para construir sua própria carreira de sucesso. Na hora certa vamos conversar e decidir juntos sobre quando e como oficializar nossa união. Será algo simbólico, porque a lei ainda não reconhece casais homoafetivos da mesma forma como aceita casais hetero. É um grande passo e eu vou discuti-lo com você. Assim como você tem liberdade de discutir comigo. Vamos conversar sempre, sobre coisas importantes, coisas sem importância. Sobre tudo, está bem?

O garoto respirou muito fundo, expelindo alívio junto com o ar.

— Certo. Prometo que vou tentar. Eu também te amo, quero passar a minha vida ao seu lado. Com ou sem alianças. E vou tentar não jogar mais nada pela janela...

Shino moveu a cabeça, aceitando a oferta. Não tinha muita certeza de que o outro poderia cumprir. Kiba era impulsivo demais, do tipo “bate primeiro e pergunta depois”. Mas ficava feliz que ele ao menos considerasse a situação.

Segurou-lhe o rosto mais uma vez, puxando-o para uma nova rodada de beijos. A crise contornada com sucesso. Da melhor forma possível!

Viver com Kiba era como passear em uma montanha russa com os olhos vendados: nunca se sabia quando tudo ia se virar de ponta cabeça. Mas depois do susto o percurso entrava nos eixos!!

CENA EXTRA

Pouco depois de trocarem longos beijos, Shino levantou-se do sofá para tomar um banho e trocar as roupas. Kiba esticou-se no sofá e se dispôs a brincar um pouco, já que o play estava na agulha, só faltava escolher a opção de jogo. Ou talvez devesse ir dividir a chuveirada com o namorado...?

Nesse instante de dúvida a campainha tocou.

Resmungando, Kiba foi atendê-la. Abriu a porta e deu de cara com um Naruto tão sorridente que o rosto dele quase se dividia ao meio.

O morador do apartamento ficou sem reação por dois segundos. Então saltou e abraçou Naruto com força! Seu melhor amigo do mundo inteiro!

Uzumaki Naruto não exibia apenas o sorriso. Mas mostrava uma familiar caixinha de veludo. A bendita caixinha que... escapuliu pela janela! E a qual ele estivera procurando desde que saiu do apartamento de Shino!!


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Notas finais do capítulo

Huahsausha

Até o próximo!!



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