Resgate escrita por Tulipa


Capítulo 8
Oito


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo terá um reencontro muito esperado por alguns ♥
E um outro que esperei desde que conheci um certo mago.



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⎊ Tony Stark ⎊

 

Provar que estou vivo foi um saco. Odeio burocracia, odeio papelada, odiei ter que emitir documentos novos, mas eu precisava de uma carteira de habilitação. Se pra mim que estive morto por 7 dias foi difícil, imagino como deve ter sido para as pessoas que "morreram" por cinco anos.  Devo estar reclamando de barriga cheia, afinal, com dinheiro e bons advogados tudo deve ter sido muito mais fácil pra mim.

 

Quando eu disse que sairia houve cara feia de uma, porque ela sabe onde estou indo, e chororô de outra, porque ela não queria que eu "viajasse" pra longe de novo.  Com a cara amarrada da Pepper eu sempre soube lidar, mas o choro da Morgan me derrubou. Então, sim, a minha filha está indo comigo até Nova Iorque, enquanto a mãe dela está muito brava em casa.  Mas não dava mais pra adiar.

 

—Papai já tá chegando?— Morgan me pergunta.

 

—A gente acabou de pegar a estrada, Maguna,  vai demorar um pouquinho.— disse olhando-a pelo retrovisor —Papai vai pôr uma música, ok?— ela aquiesce,  mas quando os acordes de Back in Black começaram ela levou as mãos aos ouvidos.

 

—Muito barulho!— ela reclama quando Brian Johnson começou a cantar. Reviro os olhos,  ela era igualzinha a mãe dela.

 

—Sexta-feira?

 

—Olá,  Sr Stark, em que posso ser útil?  

 

—Coloque a playlist da Sra Stark pra tocar,  por favor.— eu pedi, e uma versão de Viva La Vida, do Coldplay ressoou pelos alto-falantes, nenhuma manifestação negativa da minha passageira,  houve até balancinhos de cabeça no ritmo da música. E algumas tentativa de canto. Ela é todinha a mãe dela.

 

Seguimos a nossa viagem ouvindo Alicia Keys, U2, Beyoncé, Beatles,  Joss Stone, Elton John, Sting, uns clássicos dos anos 80, entre outras pessoas que eu não fazia ideia de quem eram, mas a minha filha conhecia porque é tudo o que a mãe dela ouve e sempre cantarolou pra ela.

 

Sr, ligação da Sra Stark.— Sexta-feira anunciou quando estávamos quase no nosso destino.

 

—Oi, baby, estamos bem, sim, estou dirigindo no limite permitido pela rodovia.— eu digo ao atender, pois essa foi a sua maior recomendação.

 

Tony,  a urna sumiu de cima da lareira…

 

—É,  faz uns 3 dias que eu peguei.— aviso.

 

—Porquê?

 

—Porque aquilo não podia passar o resto da minha nova vida em cima da nossa lareira.— justifico.  Na verdade eu tenho um plano que não posso contar a ela.

 

—Tony…?

 

—Maguna, fala com a mamãe.— esquivo-me.  

 

—Oi, mamãe, eu tava cantando as suas músicas.

 

—É mesmo, filha,  você tá gostando de viajar com o papai?— Pepper perguntou e a Morgan balançou a cabeça afirmativamente.

 

—Amor, a gente chegou, vou desligar…

 

—Anthony Edward Stark, o que você está aprontando?

 

—Amor, te amo, até mais tarde.— desconverso —Dá tchau pra mamãe,  filha.

 

—Tchau,  mamãe, vou cuidar dele tá?

 

Obrigada, filha,  a mamãe só confia em você.— Pepper disse antes de desligar.  

 

Estaciono diante do prédio do Pirralho, desço do carro, abro a porta traseira, pego a Morgan e subo. É pouco mais de duas da tarde e, provavelmente,  ele acabou de chegar da escola. Toquei a campainha. Uma, duas vezes e então a porta abriu. Peter arregalou os olhos e abriu a boca.

 

—Oi, Pirralho.— eu digo. O olhar da Morgan, oscila confuso entre Peter e eu.

 

—May?!— ele esfregou os olhos, como se eu fosse uma alucinação,  mas nós continuávamos no limiar da porta —May, corre aqui?!

 

—O que foi?! Eu estou ocupada...— May disse vindo do interior do apartamento enxugando as mãos num pano de prato.

 

—May, você tá vendo uma cara e uma menininha aqui na porta também?— o garoto pergunta sussurrando, será que ele acha que um fantasma não o ouviria? —Me diz que eu não tô louco.

 

—Sim, estou vendo.— a morena responde.

 

—Mas ele tá…

 

—Não, eu, eu não estou.— digo vacilante.

 

—Não, ele não está.— May diz sobre a minha fala, Peter a olhou surpreso, e depois olhou pra mim, e pra ela,  e pra mim, então me abraçou, e chorou. Eu o abracei e, bem.

 

—Como isso pode estar acontecendo,  eu vi o Sr...— ele disse entre lágrimas —Eu estava lá, o Sr…— Peter olha pra Morgan evitando dizer a palavra.

 

—Eu sei, eu sei.— dei uns tapinhas nas costas dele —Posso explicar, se me deixar entrar.

 

—Papai, porque ele tá chorando?

 

—Porque ele também ficou triste quando o papai teve que viajar, mas agora está tudo bem, né, Peter?— perguntei quando ele fechou a porta atrás de nós.

 

—Na verdade não,  vocês vão ter que me explicar.— ele diz oscilando o olhar entre May e eu —Vocês dois.— dedo em riste pra nós.

 

—Eu só guardei segredo porque sabia que ele viria.— May se justifica levantando as mãos —Bonitinha, você quer vir com a tia na cozinha pra  deixá-los conversar?

 

—Posso, papai?

 

—Pode, filha, mas fica longe dos…

 

—Estou fazendo biscoitos,  são deliciosos.— May diz.

 

—Eba, amo biscoitos.— Morgan comemora,  e eu espero que a May tenha aprimorado a receita porque eles eram uma droga, eu ia alertá-la para ficar longe deles.

 

Nos sentamos na sala, afinal, May já sabe que Peter é o Homem-Aranha,  ela sabe de tudo, já que Happy é meio boca aberta quando gosta de alguém,  e pedir pra que ele cuidasse do Peter acabou o aproximando da tia gata.

 

—Como o Sr pode estar aqui?— ele me pergunta sem rodeios.  Contei. Ele já sabia sobre a máquina do tempo, então foi fácil de entender —Porque não apareceu antes, eu sofri sabia?  

 

—Não foi minha intenção,  mas morrer e voltar tem alguns processos, é burocrático.— eu disse —Além disso tem a Pepper, ela não está nada contente com a minha reaproximação d'Os Vingadores.

 

—Mas a Sra Stark é uma de nós agora,  ela estava lá, ela me ajudou um bocado,  ela é uma super-heroína irada.— ele disse e eu fiquei muito orgulhoso dela.

 

—A Pepper é espetacular em tudo que ela se propõe a fazer.— eu digo orgulhoso —Mas ela não é uma de nós.

 

—Não?— ele mostra-se surpreso —Mas poderia ser.

 

—Foram cinco anos longe de tudo, e então eu volto com os Vingadores, e  morro na frente dela, a Pepper me trouxe de volta, foi a última missão de resgate, e só.— informei, aliás Resgate seria um ótimo nome pra super heroína que ela poderia ser.

 

—A May sabia que o Sr estava vivo, ela sabia e não me contou, eu tô...— ele fez uma cara muito brava —Como ela soube?  

 

—Happy abriu o bico.

 

—Porque o Happy contaria algo assim tão importante pra May e em vez de...— ele parou pra pensar —Não.— o garoto moveu a cabeça em negação,  indignado.

 

—Sim.— eu afirmo —Eles estão molhando o biscoito. Parece que é sério.  

 

—Não.

 

—Pensa bem, Happy é da minha família, vamos passar os natais juntos.— eu ri —Agora é sério...— ele me olhou nos olhos —Você é da família, foi a minha primeira experiência paternal,  eu sofri pra caramba quando tudo aquilo aconteceu, então preciso que você se cuide porque não posso mais estar lá…

 

—Mas, Sr Stark…?— ele chorou.

 

—Criei aquela máquina do tempo por você, sabia que iríamos trazer todos os que tinham desaparecido no estalo, mas fiz por você.— frisei —Porquê mesmo com a Pepper e depois com a Morgan, quando eu me deitava e fechava os olhos me lembrava de você desaparecendo nos meus braços, e pra que tudo aquilo não acontecesse de novo eu me sacrifiquei.

 

—Eu sei, obrigado,  Sr Stark, mas...



—Você chegou na minha vida há pouco tempo e não sabe por quanta coisa eu e a Sra Stark já passamos,  eu não posso mais deixá-la, porque não é mais só ela.— argumentei —A minha filha, que eu quis tanto, cresceria sem mim, e isso é terrível de imaginar.

 

—Mas o Sr podia…— ele vacila —Como vai ser sem o Sr?

 

—Como teria sido se eu não tivesse voltado.— respondi —Quem voltou foi Tony Stark, se precisar de mim sabe onde me encontrar, mas o Homem de Ferro está fora dos campos de batalha.— informo —Então espero que uma versão boa do mundo esteja sendo restaurada, pois não quero ter que  me preocupar com você.

 

—Também espero,  porque não quero lutar sem o Sr, mas vou ter que fazer se precisar.— ele me abraçou por longos minutos, Peter Parker, o Homem-Aranha,  seria um herói muito melhor do que eu fui.

 

—Acabou o chororô?— May perguntou voltando da cozinha com uma bandeja nas mãos, havia biscoitos e café.

 

—A gente precisa conversar, viu, May?— Peter disse como se ele fosse o responsável por ela, e não o contrário.

 

—Papai, a Tia May conhece o meu Dindon, sabia?— ela perguntou ao sentar no meu colo.

 

—Sabia.— respondi —E agora que já conhece a May, quero que você conheça o Peter...

 

—Oi, Morgan, tudo bem?

 

—Oi, Peter.— ela respondeu.

 

—O Peter é...— eu busquei a palavra, ele não era um amigo,  ou um pupilo, como a Pepper costumava dizer, ele era mais.

 

—Posso ser seu irmão mais velho, se você deixar.— o garoto disse.  Era isso. Exatamente isso. Peter era como um filho.

 

—Não sei o que é um irmão.— ela deu de ombros.

 

—Então vou te ensinar como é ter um, e você vai treinando, tá bom?— ela sorriu  pra ele. Tudo estava realmente nos eixos.

 

(...)

 

Aproveitando que Peter estava empenhado em ser provar que seria um bom irmão mais velho deixei a Morgan com ele e fui fazer outra visita.  

 

—Tony Stark?!— Stephen Strange, exclamou surpreso quando eu surgi na porta dele.  

 

—Isso você não previu, previu?— perguntei adentrando a mansão.

 

—Na verdade, não costumo prever muita coisa.— Stephen respondeu —Aliás, se tivesse previsto sua visita teria arrumado um compromisso. Mas é bom te ver de volta.— ele me guiou até o escritório.

 

—Não posso demorar.— disse ao me sentar —Deixei a minha filha com Peter, na verdade vim aqui pra falar do garoto.  

 

—Falar o quê?— ele perguntou curioso.

 

—Eu tô saindo de cena.— informei  —Steve também, a não ser que a ala geriátrica esteja recrutando,  Clint já havia nos deixado, bem, vocês, a galera nova terão apenas o Banner, a Nat e o Thor, e eu não sei por quanto tempo…

 

—Você está sendo prolixo, Stark.— ele me disse quase entediado.

 

—Estou passando o bastão pra você,  parabéns.— eu disse —Peter é muito novo pra essa responsabilidade,  a garota nova, Carol, é incrível, mas ela nunca está na Terra, então de bilionário pra milionário,  de cavanhaque pra cavanhaque.

 

—Você é ridículo.— Stephen esboçou um sorriso.

 

—E o Peter é sua responsabilidade,  a partir de agora você cuida do garoto nas missões,  não precisa recrutá-lo pra tudo, afinal ele tem escola e tal.

 

—E se eu não quiser ser o tutor do seu protegido?

 

—Eu salvei o universo, você me deve isso, afinal, me viu morrer e não disse nada.— contrapus.

 

—Porque, pelo pouco que te conheço você faria uma grande besteira e estragaria tudo.— ele me disse, e talvez fosse uma verdade.

 

—Eu ter morrido estragou tudo.

 

—Você morreu?— ele perguntou irônico —Estou te vendo bem aqui.

 

—Você sabia que eu voltaria.— concluí —Que cretino.— ele deu uma levantada de sobrancelha —Mas nós tínhamos mesmo uma chance em catorze milhões?— ele aquiesceu.

 

—Eu era a única chance, meu pai teria orgulho de mim.— sempre quis que ele tivesse orgulho de mim.

 

—Howard Potts?

 

—Não, meu pai era Howard Stark.— respondi —Não conheço nenhum Howard Potts.

 

—Tem certeza?

 

—Porra, Estranho,  me diz tudo o que você viu?!

 

—Eu não vi nada, deixe as coisas acontecerem.— ele me disse —Mas Steve Rogers talvez se lembre do que estou falando.  

 

—Você é um cretino, sabia?

 

—Deve ser o cavanhaque.— ele me respondeu ironicamente, com certeza me chamando de cretino também.

 

Conversamos um pouco mais,  tentei tirar alguma revelação importante, mas Strange estava irredutível,  pelo menos consegui dele a garantia de que o meu garoto seria bem cuidado.

 

—Se ele estiver em perigo você abre um daqueles portais e o manda de volta pra casa em segurança, ok?— estava indo embora quando disse,  ele abriu a porta pra mim, e concordou condescendente. Eu já estava de saída quando, de repente, um daqueles portais se abriu e Wong saiu dele.

 

—Stark!

 

—Wong!

 

—Como vai, e o casamento?— o gordinho asiático perguntou.

 

—Você ainda está convidado.— respondi e deixei o casarão.

 

O mago me deixou com uma pulga atrás da orelha e eu odeio essa sensação, mas procurar Steve Rogers significava talvez encontrar com Bucky Barnes, e a possibilidade faz meu sangue ferver. Além disso, passei o dia fora com a Morgan e mesmo que a Pepper tenha me garantido que pra ela estava tudo bem, talvez a nossa demora desencadeie outra crise de ansiedade como a  que ela teve dias atrás quando se viu sozinha. Então decido dirigir de volta pro Queens.

 

—Papai você voltou!— Morgan pula no meu colo quando adentro o quarto do Peter, eles estavam jogando vídeo game, foi o que May me disse ao me receber, mas a minha surpresa foi vê-la usando uma máscara do Homem-Aranha.

 

—Meu Deus, Peter, quem é essa nova super-heroína?

 

—Eu sou a menina-aranha e subi em você.— ela respondeu.

 

—Achei que a Srta tivesse medo de aranha.— comentei tirando a máscara dela.

 

—Só de barata.— ela disse afastando o cabelo dos olhos.

 

—Baratas são nojentas mesmo.— Peter fez uma careta e ela concordou.

 

—Vamos pra casa, mocinha, daqui a pouco vai anoitecer.

 

—E a mamãe tá sozinha, né?— assenti —O Peter pode ir com a gente?

 

—Não posso,  amanhã eu tenho que ir pra escola.— Peter respondeu.  

 

—Posso ir com ele, papai?  Eu nunca fui pra escola.

 

—Ano que vem você vai, mas não será a mesma do Peter, porque você é pequena e ele é grande.— expliquei.

 

—Mas eu já sou grande.

 

—Não tão grande como eu.— Peter disse fazendo cócegas nela —Eu vou te visitar no final de semana, tudo bem?  

 

—Eba.

 

—Quer dizer,  posso, Sr Stark?— ele me perguntou.

 

—Claro!— afirmei —Agora dê até logo pro Peter.— ela o abraçou sem sair do meu colo —E vamos dar um até logo pra May, e agradecer por ela ter ficado de olho em vocês.— eu disse saindo do quarto.  

 

Quando deixamos o Queens o sol já estava se pondo, a Morgan dormiu grande parte da viagem de volta e eu pude ouvir as minhas músicas baixinho,  não que tivesse graça, magicamente ela acordou quando estávamos bem perto. Já era noite quando chegamos, a casa tinha cheiro de jantar e nenhum sinal da minha esposa no andar de baixo.  

 

—Cadê a minha mãe?

 

—Não sei.— respondi —Sexta-feira?

 

A Sra Stark encontra-se na suíte, Sr.

 

—Ela deve estar no banho.— eu disse pra Morgan.

 

—Quero tomar banho.— ela disse manhosa. Nós subimos e encontramos a Pepper na banheira.

 

—Olha quem lembrou que tem casa.— ela disse ao nos ver.  

 

—Mamãe, quero entrar aí com você.— a nossa pequena disse a desarmando.

 

—Ajuda ela a tirar a roupa.— Pepper disse pra mim,  ela ainda está brava, eu sei disso.

 

—Amo banho na sua banheira.— Morgan comentou quando a coloquei junto da mãe.  

 

—E a mamãe ama você juntinho assim, eu tava com saudade,  sabia?

 

—Agora eu já voltei pra você.— ela respondeu.

 

—Pelo visto eu sobrei, né? Vou tomar o meu banho no quarto de hóspedes e a gente se encontra lá embaixo pro jantar.  

 

Queria ter ficado no banheiro pra saber tudo o que a Pepper perguntou e ter ouvido tudo o que a Maguna respondeu. Porque a feição da minha esposa durante todo o jantar era indecifrável. Uma mistura de raiva,  ciúme, desapontamento e receio, poderia ser tudo isso, ou nada disso. E então depois que a nossa filha dormiu e eu tentei conversar a primeira pergunta que ela me fez foi…

—Que história é essa de irmão?






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Notas finais do capítulo

A partir daqui alguns Vingadores aparecerão, só pra aparar algumas pontas pra que a história possa terminar.

Até ♥



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