Resgate escrita por Tulipa


Capítulo 24
Vinte e Quatro


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que volta logo, não disse? ❤

Só uma pessoa apostou no narrador do capítulo e acertou.
Eu idealizei ele desde quando soube da cena delatada do Tony na joia da alma com o Morgan adolescente, só que aqui meu herói está bem vivo, e o desenrolar vcs veem a seguir...



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⎊ Morgan Hope ⎊



Se você sempre soube quem é, de onde veio, e, mesmo ainda sendo cedo pra decidir, pra onde  vai, parabéns, estão resolvidas metade das suas questões existenciais. Eu descobri quem sou há cerca de 15 minutos. Quer dizer, sempre soube quem sou, meu nome é Morgan Hope Potts Stark,  tenho 14 anos, sou filha de Virginia Potts Stark, CEO das Indústrias Stark o maior império de tecnologia do mundo, e Anthony Edward Stark, herdeiro desse império, um físico e engenheiro brilhante,  só isso era o suficiente pra ter muito orgulho de onde vim, então descubro que meu pai é, era, simplesmente o Homem de Ferro. 



Como descobri? Ao chegar na escola pra um dia de aula que considerava ser normal. 

 

A minha professora de história passou semanas  falando sobre eventos que mudaram o mundo até chegarmos à sociedade como ela é hoje. Primeira e Segunda Guerras, Apartheid, Queda do muro de Berlim, Atentado contra as Torres Gêmeas,... Invasão Alienígena em Nova York, Tratado de Sokóvia, Blip. 



O colégio está enfeitado como num 4 de julho, mas as cores são outras, porque é 26 de abril e os homenageados são Os Vingadores, em celebração aos 10 anos do Blip. Em 2018 muita gente simplesmente desapareceu e voltou depois de 5 anos, em 2023, foi o que chamaram de blip, a comemoração é pelo retorno dessas pessoas. Ninguém sabe ao certo o que ocasionou tal evento, mas ele teve fim quando os Vingadores derrotaram uma nova leva de alienígenas que invadiram o planeta, aquela foi a última vez, a última invasão, e o planeta está tranquilo desde então. Segundo a Srta Collins, ninguém sabe quem eram os Vingadores. 



—Mesmo que soubéssemos quem eram, vocês estavam pequenos demais pra lembrar, afinal somos uma turma de blipados.— a Srta Collins presume. 

 

—Meu pai disse que antes do blip um playboy chamado Stark revelou ser o Homem de Ferro.— Taylor, um dos garotos mais insuportáveis da turma comentou, não costumo dar atenção pras baboseiras dele, mas ao ouvir meu sobrenome fiquei alerta. 

 

—Mas o Homem de Ferro morreu, e o babaca do Tony Stark continua vivo...— Dylan, o amigo dele comentou. 

 

—Vocês são tão idiotas.— Sophie, uma garota da turma, interrompeu —Muita gente "morreu"— ela fez aspas com as mãos —E está aqui hoje, minha irmã do meio está mais velha do que minha irmã mais velha, tudo porque nós fomos blipados e Suzana ficou com o meu pai.— ela tentou explicar, mas foi confuso, fico pensando no caos que deve ter sido, famílias sendo separadas por cinco anos, e parece que as pessoas que sumiram não têm qualquer ideia de onde estiveram e retornaram para o mesmo lugar onde estavam quando desvaneceram. 

 

—O cara mentiu por anos, garota, veja a entrevista que ele deu logo depois do blip, esse Stark é uma piada.— Taylor contra argumentou. 

 

A Srta Collins tentou apaziguar a discussão e continuar a aula, e enquanto mais pessoas se envolveram no debate, eu só conseguia pensar como seria se isso acontecesse hoje. Não consigo imaginar a falta de ninguém da minha família. Se mamãe e Ali simplesmente sumissem, ou papai e Tim-tim, até mesmo se meus pais sumissem e ficássemos apenas nós,  os filhos. 

 

—Mór…?— Lorena me cutuca —Esse Tony Stark não é seu pai, não,  né?— ela sussurra. 

 

—Claro que não, Loh. Que ideia.— respondo, por que apesar dos meus pesadelos, papai nunca ficou longe de casa por muito tempo. 

 

Quer dizer,  houve uma vez, eu devia ter uns quatro anos, fazendo as contas, foi exatamente há dez anos. Levantei da cadeira e deixei sala, fui direto ao meu armário buscar meu celular, nunca havia pesquisado o nome do meu pai, até então, e ver os resultados das pesquisas  foi como abrir um baú que estava trancado a sete chaves dentro da minha cabeça.

 

Meu pai é o Homem de Ferro. 

Não foi bem uma descoberta, foi um lembrar.  Os pesadelos que às vezes ainda tenho não eram só um sonho ruim como papai diz, são lembranças, por isso me vejo pequena em todos eles. Quando durmo me lembro perfeitamente da mamãe dizendo que ele não iria mais voltar por causa de uma viagem. Me lembro da despedida, que agora sei que era um funeral, onde estavam o padrinho,  tia May, meu irmão, tio Rhodey e outras pessoas que nunca vi, lembro da urna sobre a lareira e minha mãe chorando toda vez que olhava pra ela. Mas ao acordar o meu pai sempre estava em casa, então não havia razão pra acreditar que eu havia vivido tudo aquilo. 

 

—Mór, está tudo bem,  você quer que eu chame alguém?— Lorena bate na porta do banheiro onde me enfiei. 

 

—É o meu pai.— digo ao abrir a porta, vou à pia e lavo o rosto. 

 

—O que tem? Ele está bem? Alguém ligou?— ela questiona preocupada. 

 

—É ele, Loh.— olho em volta pra ter certeza de que não há mais ninguém aqui além de nós —Ele é o tal Homem de Ferro.

 

—Caraca!— ela leva as mãos à boca —O tio Tony?— aquiesço, então ela também  olha os resultados das buscas enquanto falo das minhas lembranças —Mas pelo que eu sei no blip as cinzas de ninguém foi guardada, ou seja, seu pai não foi blipado, ele…

 

—Morreu de verdade.— constato —Quer dizer, ninguém morto seria capaz de fazer mais dois filhos.

 

—Sei lá, Mor, talvez Tim-tim e Ali sejam os zumbis mais bonitinhos do mundo.— ela ironiza e pela primeira vez eu consigo rir —Eu nunca pensei nisso, será que fui blipada? 

 

—De acordo com a data do nosso nascimento, posso afirmar que não.— respondo, ela faz uma cara confusa como quem está fazendo contas. Linda, ótima em ciências humanas e péssima com números essa é a Lorena —Só quero ir pra casa pra tirar essa história a limpo.— digo pra minha melhor amiga. 

 

—Vou pedir pro Kyle levar você.— ela diz enquanto manda uma mensagem pelo celular. 

 

—Seu primo, do 3° ano?— eu hesito —Não. 

 

—Ele é a única pessoa nessa escola com um carro em quem confio.— ela responde —Vamos, ele vai te levar.

 

Quando chegamos ao estacionamento Kyle nos espera encostado em seu carro esportivo.

 

—Espero que você não esteja perdendo uma aula importante por minha causa.— digo sem graça,  porque ele me desconcerta, mas um garoto lindo três e anos mais velho nunca olharia pra mim.

 

—Importante?— ele desdenha —Meus super-heróis são Malcolm X, Mandela, Luther King Jr, Obama, T'challa e meu pai.— Kyle cita apenas líderes negros e eu nao esperava menos, tão lindo e engajado. Sinto o esbarrão no meu ombro, Lorena faz um gesto como quem diz "Pare de babar por ele".  O melhor que devo fazer é seguir o conselho silencioso, até porque ele vai pra universidade e eu ainda tenho alguns anos de colégio.  

 

Não preciso informar meu endereço porque ele levou a Loh até minha casa algumas vezes, mas quando estamos no meio do caminho o carro do Kyle é interceptado pelo meu pai. Ou devo dizer, homem de ferro?  

 

—Oi, tio,  o que você está fazendo aqui?— Lorena pergunta inocentemente.

 

—A gente paga uma fortuna naquele colégio, nada mais justo avisarem quando vocês somem da aula.— meu pai diz, mas com certeza o localizador do meu telefone o ajudou a nos encontrar no meio do trajeto —Jamie com certeza foi avisado também, mocinha.

 

—É que a Morgan passou mal, e…

 

—Mais um motivo pra ter ficado no colégio e nos avisar.— ele é firme —Em vez de sair com um garoto mais velho.

 

—Que drama, você conhece o Kyle, tio.— Loh argumenta, Kyle apenas faz um sinal  e volta a segurar o volante com as duas mãos. 

 

—Maguna, entra no carro.— seu tom é mais enérgico.

 

—Maguna?— Kyle balbucia, me olha pelo retrovisor e ri. Ele deve me achar uma idiota, filhinha do papai. 

 

—Eu estou no carro.— digo sem graça. 

 

—No meu carro, Morgan.— quase não o reconheço, então só me resta obedecer.

 

—Obrigada.— digo ao Kyle antes de entrar no carro do papai. 

 

—Agora, vocês dois podem voltar pra escola.— papai diz. 

 

—Mór, me conta tudo depois, hein?— Loh diz, como se não soubesse que é a única pessoa com a qual posso compartilhar o desfecho da conversa que terei em casa.

 

Papai manobra o carro e seguimos, pelo retrovisor vejo o carro do Kyle ficar cada vez menor, nunca mais chego perto dele, porque do jeito que ele é debochado vai me chamar pelo apelido assim que me vir. Meu pai e eu não trocamos uma só palavra até em casa. 

 

—O que houve?— mamãe pergunta assim que desembarco do automóvel, bato a porta com raiva. 

 

—Ela estava matando aula.— ele deduz.  

 

—Eu estava vindo pra casa...— me defendo.

 

—E precisava mentir pra isso?— ele me acusa. 

 

—Bem, não sou a única mentirosa aqui.— rebato —Você mentiu pra mim a minha vida toda, eu nem sei quem você é. 

 

—Filha,  do que você está falando?— mamãe intervém.

 

—Há anos eu tenho o mesmo sonho...— começo a chorar —...Só que não foi um sonho, não, é? Nós fizemos um funeral pra ele, não fizemos? 

 

—De onde você tirou isso?— ela parece perder o ar. 

 

—Não minta pra mim,  mãe, por favor?— suplico. 

 

—Sim.— ele confirma —É claro que uma hora você se lembraria. Dez anos atrás eu morri, exatamente nesta data.

 

—E vocês não acharam que eu precisava saber disso, ainda mais tendo aqueles sonhos?— pergunto, mamãe senta no degrau da varanda, me sento ao seu lado, papai suspira e senta também, olho pra ela e depois pra ele —Porque vocês não me contaram?

 

—Eu sou a culpada.— mamãe diz —Sou eu quem te deve uma explicação,  porque fui eu que não conseguiu dizer.— ela começa a chorar —Nunca consegui dizer pra você que seu pai estava morto, porque também não conseguia aceitar, mas dizer que ele estava viajando também não foi melhor saída…

 

—Porque papai não estava apenas viajando.

 

—Não estava.— ela continua —Você ficou tão mal que não saía da cama e eu não podia te perder também...— ela justifica, e juntos eles começam  a contar a história da máquina do tempo, joias do infinito, heróis e vilões. Foi assim que descobri que o vovô Steve foi o Capitão América, a minha dinda Nat é uma espiã russa chamada de Viúva Negra, que trabalhou pra SHIELD, a agência de inteligência criada pelo meu avô Howard e outras pessoas, e que o truque que o tio Bruce faz, e os passarinhos adoram, de deixar o braço verde não é um truque porque ele pode ficar mesmo todo verde e grande. Porém a minha maior surpresa foi descobrir que mamãe também é, foi,  uma super-heroína, não com tanto destaque quanto papai, mas badass o suficiente pra trazer ele e a madrinha de volta dos mortos. Não fosse por Virginia Potts, ou Resgate, como papai a chamou depois de tudo, a nossa vida não seria como é hoje. Talvez fossemos apenas nós  duas, ou ela poderia ter casado de novo, embora não consiga imaginá-la com outro homem, não consigo nos imaginar em um vida que não seja a que temos —Espero que consiga me entender, você sempre foi tão ligada ao seu pai, que eu achei que poderia te perder também.

 

 Me viro pra ela e a abraço,  tão apertado, tão forte e sinto um cheiro que é tão dela. Com medo de que a tristeza que tomou conta de mim me tirasse dela, mamãe também me resgatou ao trazer meu pai de volta.

 

—Obrigada.— eu agradeço —Obrigada por ter salvado a minha vida. Todos falam do Homem de Ferro,  mas você é a minha heroína.— digo e ouço um pigarrear enciumado.

 

—Ei, você é meu herói.— solto dela e agarro ele —Agora quero saber a sua história, não tive tempo de ler tudo no banheiro do colégio.

 

Papai me conta tudo, desde a caverna até os 22 dias perdido no espaço —Antes do Banner aparecer e me recrutar para aquela missão eu havia acabado de revelar pra sua mãe que tinha sonhado que ela estava grávida.

 

—Os Stark são um perigo até dormindo.— mamãe ri, porque estamos conversando depois de vários sonhos meus e porque ela realmente estava me esperando,  e eu não era um menino, mas herdei seu nome. Afinal de contas, Morgan é melhor que Howard. 

 

Então Thanos, esse é o nome do cretino, venceu a  primeira batalha estalou os dedos e deu-se o blip. Adorei saber que enquanto metade das pessoas do planeta desapareceu por causa de um ato tirano,  algumas mulheres subversivas como mamãe e tia Vi, geraram crianças e talvez isso explique a minha ligação com a minha melhor amiga. Aliás, papai revelou que fez algumas pesquisas e descobriu que a pequena parte da população  nascida durante o blip, curiosamente, é toda feminina. Ele brinca que se Os Vingadores não tivessem revertido o blip, talvez a Terra hoje estivesse a um passo de tornar-se um planeta de amazonas. 

 

O mundo ficou em ruínas por cinco anos enquanto eu crescia na barriga da minha mãe e depois fora dela, até um tal de Homem-Formiga voltar de um lugar chamado Reino Quântico e dizer que dava pra mudar tudo e trazer as pessoas de volta, meu pai teve medo de me perder, mas era a chance de regresso do seu pupilo, ele nunca se perdoou por perder o Peter, aliás,  meu irmão é um super-herói também, o único da família ainda em atividade, embora esporadicamente. O genial Tony Stark criou a máquina que permitiu as viagens no tempo, e morreu por isso, mas mamãe foi buscá-lo pra mim. 

 

Depois de ouvir tudo, percebo que a história dos meus pais é ainda mais bonita do que eu imaginava, e espero um dia ter a sorte de encontrar  um amor assim, só que eu pouco mais tranquilo. Agora compreendo sua fala no vídeo que assisti, o Homem de Ferro foi a sua segunda chance, mas foi preciso deixá-lo morrer pra que ele pudesse estar junto de nós. 

 

—Amo vocês demais.— envolvo meus braços ao redor deles, eles deitam a cabeça em meus ombros.

 

—Quanto?— eles perguntam juntos, como se tivessem combinado. 

 

—Mil milhões.— respondo,  como respondia quando era criança.  

 

(...)



—Moranga, você tá acordada?— uma criança que não devia estar em cima da minha cama pergunta. É meu primeiro dia de férias de verão e eu só queria dormir. 

 

—Me deixa, Alice.

 

—Como você sabe que sou eu?— ela sussurra. Abro meus olhos e vejo olhos iguais aos da minha mãe me encarando. 

 

—Só você e Valentin me chamam de Moranga, sua bobinha.— me sento e encosto na cabeceira da cama.

 

—E como você sabe que sou eu e não ele?— ela insiste. 

 

—Bem,  agora estou de olhos abertos, né? E as vozes de vocês não são iguais.— digo impaciente —O que foi, passarinha? 

 

—Papai falou "Que tal fazermos uma viagem já que todos estão de férias?", mamãe falou "Eu acho ótimo, quando?", ele respondeu "Agora!", mas você tava dormindo e eu não vou sem você.— ela diz afobada. Meus pais dizem que eu quis tanto uma irmã que ela virou meu grude. 

 

—Ali, é claro que nós não vamos viajar agora.— eu digo —A gente pode voltar a dormir,  quer ficar comigo?— pergunto, ela concorda e quando estamos nos ajeitando na cama entra um furacão no meu quarto. 

 

—A gente vai viajar pra um lugar onde dá pra voar de balão! Vamos!— um Valentin eufórico puxa  colcha que nos cobria. 

 

—Meu Deus!— eu grito, me levanto e desço —É sério?— pergunto aos meus pais que tomam café tranquilamente. 

 

—Bom dia, flor do dia.— papai me diz ironicamente. 

 

—Boa noite, estrela da noite.— Ali replica ao passar por mim.

 

—Seu pai lembrou que uma vez prometeu que te levaria pra voar de balão.— mamãe comunica. 

 

—Não me lembro.— replico mal humorada, odeio ser acordada aos finais de semana e eles sabem disso. 

 

—Nós estávamos decidindo a decoração do quarto dos seus irmãos, como você não se lembra?— ele pergunta ofendido, papai acha que porque passei a me lembrar de alguns fatos da infância devo me lembrar de tudo agora. 

 

—Talvez porque  você demorou 10 anos pra cumprir a promessa?— me sento à mesa me sirvo uma xícara de café. 

 

—Antes tarde do que nunca.— ele diz —A gente embarca no fim da tarde, faça suas malas.— ele deliberadamente anuncia com seu jeito Tony Stark de ser, eu e mamãe quase cuspimos o café,  enquanto as crianças comemoraram. 

 

(...)

 

 

Chegamos a Istambul, Turquia.  Eu simplesmente duvidei até o momento em que meu pai entrou no meu quarto e disse "Você ainda não está  pronta?", fiz a mala correndo após uma rápida pesquisa sobre o clima do país e depois de 15h de viagem estamos aqui fazendo check in no hotel.

 

—Adoro ficar em hotel, não precisa arrumar a cama.— Valentin comenta, porque mamãe sempre nos obrigou a arrumar nossas camas "É apenas o começo das responsabilidades da vida" ela diz. Só penso na culinária diferente que deve ser incrível. Filhos ficam num quarto e pais em outro, embora os quartos sejam conjugados. 

 

Papai me presenteou com óculos super estilosos com sistema de inteligência artificial integrado, todas as vezes que visitamos um local diferente era como ter um guia particular. Efervescente e bela, Istambul é a única cidade no mundo dividida em dois continentes, o europeu e o asiático, tem uma arquitetura incrível e comidas com temperos deliciosos. Passeamos de barco, visitamos ilhas paradisíacas e renovamos as nossas energias e as fotos de família, foram cinco dias em Istambul e arredores pra então nos hospedarmos na Capadócia. 

 

Do momento em que amanhece até a hora que escurece é possível ver o céu repleto de balões, voamos logo no primeiro dia, as crianças tiveram medo e ficaram em terra com a mamãe, fomos eu e papai e foi a experiência mais espetacular da minha vida. 

 

—Então,  isso se parece com seu primeiro voo numa armadura?

 

—É melhor.— ele garante —Qualquer coisa com vocês é melhor do que tudo que já vivi antes.— sei que ele não diz isso apenas me agradar. 

 

—Obrigada por essa viagem,  está sendo maravilhosa.— eu o abraço. 

 

—Como foi, Moranga, você viu a gente do céu?— Ali pergunta, eufórica quando o cesto do balão toca o solo árido.  

 

—Foi fantástico, vi vocês bem pequenininhos.

 

—Alguém tomou coragem depois de um tempo, mas já era tarde demais.— mamãe diz.

 

—Posso ir outro dia, né,  papai? 

 

—Claro, amigão.— ele promete ao Valentin. 

 

Nos dias seguintes, visitamos os vales da região, e é um mais lindo que o outro, houve um dia em que um cachorro nos seguiu por todo o passeio e as pessoas acreditavam que ele era nosso, porque meus irmãos não o largaram. 

 

—A gente podia levar ele pra nossa casa.— Tim-tim sugere,  eu sabia que esse pedido viria. 

 

—Não podemos levá-lo porque ele pode ter dono.— respondo. 

 

—Mas ele está abandonado.— Ali argumenta —Ele não tem ninguém,  tadindo, só a gente. 

 

O tom dela é tão doce e a cara tão triste que se dependesse de mim ela teria esse cachorro, três gatos e dois coelhos, mas não sou eu quem manda. Ao final do passeio, quando papai e mamãe estavam quase sendo convencidos pelos pequenos,  nós voltamos ao hotel e o cachorro foi embora sem sequer se despedir, deixando os gêmeos devastados. 

 

—Bem,  era um cachorro turco,  vocês não entenderiam o latido dele mesmo.— papai graceja e só eu e mamãe rimos —Quando voltarmos a gente pode adotar um cachorro que saiba na nossa língua,  ok? 

 

—Amor?!— mamãe protesta.

 

—Eeee, papai você é o melhor!— Valentin bate na mão dele, agora a promessa está selada e mamãe não poderá desfazer. 

 

—Você é o papai mais lindo do mundo, eu te amo um monte.— Alice declara. 

 

—Quanto é esse monte?— ele quer saber. 

 

—Um milhão de milhões.— ela responde.  

 

—Uau.— ele a pega nos braços. 

 

No nosso último dia, voamos novamente, agora com a família completa, quer dizer, falta o Peter, mas ele nos trocou pela namorada nova, uma tal Mary Jane. Talvez tenha sido a primeira viagem com apenas nós cinco, não me lembro de outra. Por falar em lembrar, não me lembrava da promessa do voo de balão, a lembrança mais especial que tenho com meu pai no quarto dos nossos nenéns antes deles chegarem, é dele me ensinando a contar, assim como me lembro de sentar em seu colo na nossa varanda e ele me ensinar a ler, eu apontava pro papel de parede e contava os desenhos com a sua ajuda, agora é impossível enumerar a quantidade de balões nesse céu imenso. Assim como é impossível mensurar o quanto a minha família significa pra mim. 

 

Meu nome é Morgan Hope Potts Stark, tenho quase 15 anos. Agora sei que o Hope é porque eu representava a única esperança  de felicidade pra minha mãe, até meu pai ser encontrado no espaço. Sou irmã de Valentin Howard Potts Stark e Alice Hope Potts Stark, o nome do meio é porque ela é a irmã que eu sempre quis, e segundo a mamãe, papai achou estranho eu e Tim-tim termos um H e ela nenhum, meu pai e cheio de manias. Sou filha de Anthony Edward Stark, o homem de ferro, meu herói e Virginia Potts Stark, minha heroína,  minha Resgate, sem ela a nossa história não teria chegado até aqui. Saber de onde se vem já é metade do caminho, e quando meus passarinhos forem um pouco maiores faço questão de contar o quão fantásticos os Stark são.

 

(...)

 

Na viagem de volta pra casa, depois de meses tive aquele sonho de novo e foi estranho porque dessa vez me vi como sou nos dias atuais e meus pais estavam ao meu lado. Quando chegamos em casa, minha madrinha nos aguardava, imediatamente senti que algo estava errado. Os gêmeos correram pra abraçá-la, eu também fiz o mesmo. 

 

—A gente andou num balão!— eles contaram eufóricos. 

 

—Que legal, meus amores.— ela diz, mas sem muito ânimo.

 

—Você estava chorando,  madrinha?— pergunto, ela apenas aquiesce,  nunca a vi chorar antes.

 

—O que houve, Nat?— mamãe pergunta preocupada. Ela apenas olha pra mim e meus irmãos,  percebo que ela precisa ser direta, mas talvez nos ache muito novos para o assunto. Os chamo pra ir ao carro pegar as malas.

 

—A gente precisa ir pra Londres,  Tony.— ela anuncia baixinho. Agora entendo o meu sonho, sei exatamente o que aconteceu.




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Notas finais do capítulo

Me digam o que acharam, volto assim que der.

São as últimas emoções.
Agora faltam dois.



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