Resgate escrita por Tulipa


Capítulo 21
Vinte e Um


Notas iniciais do capítulo

Demorei, né?



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⎊ Pepper Potts ⎊

 

 

2025. O ano novo trouxe  noites em claro, viroses, febres e dentes nascendo em uns e caindo na outra,  mas agora tudo está bem, Alice e Valentin estão prestes a completar um ano, Morgan tem seis, e eu não poderia estar mais realizada, e cansada. Embora seja a caçula a minha menininha ficou em pé apoiando nas coisas com cerca de sete meses, o irmão parecia não querer ficar atrás, e então logo deixou a preguiça de lado e a seguiu, aos 10 meses eles já não param mais. 

 

—Baby,  está ouvindo isso?

 

—Isso, o quê?  

 

—Nada,  esse é o problema, está silencioso demais.— Tony comenta, estamos na sala vendo um filme, Morgan foi passar a tarde com a Lorena, então estamos os quatro sozinhos, confesso estava cochilando,  mas a nossa duplinha estava sentada sobre o tapete agora há pouco —Você cochilou, né?  

 

—Pelo visto você também.— observo, me levanto e deixo a sala em busca dos fujões. Não sei se é porque são dois, mas quando a Morgan começou a andar parecia tão mais tranquilo, e com eles tudo fica fora do lugar. Ela adorava seguir o Tony pra onde quer que fosse, ela sempre estava por perto, e eu morria de medo de que ele não enxergasse a sua mini-sombra e pisasse nela, mas esses dois não seguem ninguém, cada um ama um cômodo diferente da casa. Colocamos portões na escada pra que eles não subam os degraus ou os rolem abaixo, então eles não podem estar tão longe.  Valentin costuma reinar na cozinha, as portas dos armários não paravam mais fechadas, as tampas das panelas e potinhos viravam brinquedos nas mãos dele, o encontro embaixo da mesa, como era de se esperar —Ah, você está aí!— finjo surpresa ao encontrá-lo e ouço a gargalhada mais gostosa do mundo, mas percebo que não é o meu menino —Vem aqui, ursinha, vem?

 

—Deixa que eu pego ele.— Tony diz.

 

—É ela, eles trocaram.— aviso ao me levantar, vou à área de serviço.

 

 O território da Alice sempre foi a lavanderia, ela parece adivinhar o dia em que a roupa da casa é  levada, e adora bagunçar no meio dos lençóis sujos, mas quem está aqui é Valentin, e hoje não é dia de lavar roupas, cesto vazio foi tombado e o garotinho está dentro dele rolando de um lado para o outro sem conseguir sair. 

 

—Baby, nós temos um hamster.— Tony  ironiza ao surgir com Alice em seus braços.

 

—Engraçadinho.— eu o censuro —Vem, príncipe da mamãe.— pego Valentin em meus braços,  ele imediatamente deita no meu ombro. Quando voltamos pra sala ele já não quer mais ficar no chão, meu colo parece mais aconchegante, volto a prestar atenção no filme, e ele começa a me cheirar e roçar o rosto contra o meu peito, sei o que ele quer. Com a inserção de alimentos sólidos e sucos as mamadas diminuíram, no entanto ainda ocorrem pelo menos duas vezes ao dia. Mas Valentin não tem meu colo só pra ele por muito tempo, a minha pequena geniosa acaba de perceber o que está acontecendo. 

 

—Lá vem ela, cheia de ciúme,  parece alguém que eu conheço.— Tony comenta pra me provocar. 

 

—Não sei de quem você está falando.— eu rio —Me dá um almofada porque vai ter que rolar uma adaptação aqui.— ela chega puxando a minha calça como se pudesse escalar as minhas pernas,  Tony a ajuda a subir, mudo Valentin de posição, coloco a almofada no meu colo, os deito sobre o sofá com a cabeça apoiada à almofada e então cada um abocanha um seio, como sempre foi. 

 

—Se eles sempre olharem pra você desse jeito enquanto mamam esses peitos nunca voltarão  a serem meus.— Tony diz. 

 

—Na verdade eles são meus, porque nasci com eles, eu só te deixava brincar de vez em quando.— respondo mesmo sabendo que ele está brincando.  A verdade é que eu amo amamentar, Morgan mamou até cerca de um ano e meio, os gêmeos têm dez meses e sinto que não atingiremos mesma marca, mas esse momento é único,  sempre foi, amo a maneira como eles me olham, porque eu sou tudo pra eles, a conexão é inexplicável.  



—Sr e Sra Stark, os Washington-Lockhart vieram trazer a Srta Stark.— Sexta-feira avisa. 

 

—Vou recebe-los.— Tony diz, então ele se levanta e vai até a varanda. 

 

—A nossa Morgan chegou,  vocês ouviram?— converso,  Alice me solta, olha em volta e abocanha meu seio novamente —Eles não quiseram entrar?— pergunto quando Tony reaparece, a minha primogênita vem esfregando o olho, parece que acabou de acordar,  ou estava prestes a dormir talvez. 

 

—As meninas estavam pregadas,  se morássemos cinco minutos mais longe as duas teriam dormido, então eles decidiram voltar logo.

 

—Tia Vi te mandou um beijo,  mamãe.

 

—Vem dar esse beijo na mamãe e me conta como foi o seu almoço e a sua tarde.— eu peço —Eu e seus irmãos sentimos saudade. 

 

—Eles estão usando a minha roupa de frio favorita.— ela observa —Oi, meus ursinhos.— ela sorri,  os bebês estão usando macacões marrons com orelhinhas, por isso parecem dois ursinhos, foi a Morgan quem escolheu essas roupas quando compramos. 

 

—A mamãe colocou porquê logo o inverno acaba, e eles vão crescer e depois não vão mais caber nessa roupa lindinha.— Tony diz. 

 

—Eles vão fazer um ano,  né? 

 

—É sim.— respondo. 

 

—Com um ano ainda é bebê,  né?

 

—Com seis anos ainda é bebê.— afirmo pra ela, porque por mais que Morgan cresça sempre será a minha bebê.  

 

—Então,  bebê grande,  quer continuar aquele cochilo no colinho do papai?— Tony pergunta pra ela, Morgan não se faz de rogada,  Tony senta ao meu lado com a nossa maior em seu colo e então continuamos com o filme. Cinco num sofá pra três pessoas, é uma ótima maneira de esquentar um fim de tarde frio de domingo. 

 

(...)



Desde que os bebês completaram um ano, entramos num consenso de que, às vezes, cada um de nós precisa de um tempo pra si, por que não, ainda não contratamos uma babá. Parece loucura, mas nós gostamos de ficar com eles, mas também precisamos espairecer de vez em quando.

 

Rhodey esteve aqui há alguns dias, ele e Tony saíram juntos e hoje foi a minha vez. Quatro horas de day spa, meu corpo, pele, cabelo e unhas agradecem. Dirigir de volta pra casa e não ter ninguém se provocando ou resmungando no banco de trás parece um sonho, mas confesso que o silêncio não é tão  bem-vindo, sinto falta da minha segunda voz nas canções.

 

 Chego ao portão e depois de Sexta-feira liberar a minha entrada reparo que até a nossa casa mudou, antes era mais uma cabana, agora está 

 maior, porque a família cresceu e as crianças estão crescendo. Morgan aproveitou a reforma pra pedir uma casa na árvore, claro que  Tony atendeu aos desejos da primogênita. Estaciono diante de casa, e percebo que temos visita, chego na varanda e antes de abrir a porta ouço vozes e risos vindos dos fundos, faz um dia ensolarado de verão, claro que eles não estariam lá dentro. 

 

Dou  a volta e ao chegar ao deck nos fundos da casa e os encontro na piscina, Tony está sentado sob o guarda-sol, Valentin está deitado de costas em seu peito tomando uma mamadeira de suco de frutas, eu acho fofa  mania que ele tem de mexer própria orelha enquanto mama, acho ainda mais fofo quando ele mama deitado sobre o pai, às vezes sinto até ciúme porque o meu pequeno chega a preferir ele a mim. Os homens da minha vida são tão grudados e se amam tanto, meu moreno quente e meu ruivo dengozinho, eu não poderia ser mais completa. Peter está na piscina com a namorada e as meninas. De repente, o meu marido olha em minha direção,  e então abaixa os óculos, num movimento sexy, retribuo o olhando sobre o aro dos meus óculos de sol também. 

 

—Como estão os homens da minha vida?

 

—Com saudade.— Tony responde —Não é,  amigão?— Valentin apenas move a cabeça em afirmação —Mamãe chegou!— ele anuncia pras crianças.

 

Peter e Michelle acenam pra mim, Morgan não se abala com o anúncio,  mas a minha caçulinha vem em minha direção, o mais rápido que ela consegue. Os cabelos dela têm um tom castanho-claro,  e o sol os deixam avermelhados, agora maiores eles estão formando ondas, Alice é cheia de dobrinhas, então fica difícil não querer apertar, ainda mais com essa calcinha de babadinhos.

 

Mamã.— ela estica os bracinhos pra mim, pego a toalha sobre a espreguiçadeira,  me curvo e a pego em meus braços sem me importar com o fato de que meu vestido será molhado. 

 

—Ela mamou?— pergunto ao me sentar, Tony move a cabeça em negação, pego a outra mamadeira de suco dentro do balde com gelo sobre a mesa, é engraçado,  porque poderia ser um balde de cerveja gelada, mas há suco, água e mamadeiras —Melancia?

 

—Melancia.— ele afirma. Valentin termina a sua bebida e já dá sinais de que o momento chamego está acabando —Ok, o que você quer agora, quer voltar pra água?

 

—Chão.— ele diz.

 

—Está bem.— Tony aquiesce, reforça o protetor solar e o deixa ir —Peter, menino a caminho.— ele grita. 

 

—Não sabia que Peter viria.— comento. 

 

—Eu também não estava esperando,  mas foi ótimo, porque não daria pra ficar aqui fora com dois bebês e uma garotinha que acha que é sereia. O garoto apareceu com a namorada, nós almoçamos e viemos tomar sol.— ele responde.

 

—Ele deve estar se achando com aquele carro.— comento, quando Peter completou 18 anos Tony deu a ele um dos carros da sua coleção. 

 

—Ele nem acelera tanto quanto o motor pode suportar.— meu marido observa, eu ia perguntar como ele sabe disso, mas carros e tecnologia são um negócio de Tony Stark há muito tempo, e Sexta-feira, ou qualquer outro sistema inventado por ele,  deve ter acesso ao computador de bordo.

 

—E como foi seu dia, um almoço chique, massagem com óleos aromáticos e pedras quentes?

 

—Tipo isso.— respondo. 

 

—O cabelo está brilhante.— ele diz —E com um cheiro muito bom. 

 

—Era essa a intenção.— eu me aproximo dele e o beijo —Mas e quanto a minha pele? 

 

—A sua pele já estava ótima e isso é mérito meu.— ele diz convencido.

 

—Pode ficar com o crédito, uns 12%.— eu rio. 

 

—12%?— ele parece ofendido —Ontem à noite e hoje de manhã,  mereço 50%, no mínimo.— Tony se aproxima maliciosamente e me dá um beijo mais longo. 

 

—Hummm.—Alice resmunga no meu colo e o afasta. 

 

—Ok, bolinha possessiva, ela é toda sua.— ele diz a ela —Por enquanto.

 

Grudinho ciumento da mamãe.— eu a aperto contra meu peito, porque ela é mesmo o meu chicletinho —Então você está explorando o Peter e a Michelle enquanto permanece belo e formoso na sombra?

 

—Eu sou um ponto de apoio, sempre tem um bebê querendo sair da água.— Tony argumenta.  

 

—Sei.

 

—E irmão mais velho é pra essas coisas, oras.— ele diz,  não demora tem uma garotinha vindo em nossa direção —Viu? Foi assim  o tempo todo, eles não param. 

 

—Oi, mamãe.— Morgan me dá um beijo molhado no rosto.

 

—Olha, amor, ela lembrou que tem mãe e veio me falar oi.— eu brinco. 

 

—Eu nunca vou esquecer de você, mamãe linda e cheirosinha.— enquanto fala Morgan me envolve com seu braços molhados e beija meu rosto repetidas vezes.

 

—Sai.— Alice protesta. Parece que palavras imperativas são as primeiras a serem proferidas pelos bebês na fase de aprendizagem. 

 

 —Nossa.— Morgan diz pra irmã —Papai, eu tô com fome. 

 

—Você acabou de almoçar,  garota. 

 

—Faz um tempão.— ela retruca. 

 

—Tipo três horas.— ele rebate —Come uma fruta.

 

—Quero cheeseburger.— ela diz —Ontem você prometeu lembra?  

 

—Lembro, mas se você  comer um hambúrguer agora acabou a piscina,  é você quem sabe.— ele diz —Quer subir, tomar banho e sair agora ou deixar pro jantar? 

 

—Pra mais tarde.— ela responde. 

 

—Então toma um suquinho,  seus irmãos adoraram.— ele diz e entrega uma garrafinha pra ela.

 

Morgan dá dois goles enquanto permanece em pé ao lado do Tony, mas não tira os olhos de mim e da irmã. 

 

—O que foi, meu amor?

 

—Quero seu colo.— ela responde. Às vezes isso acontece, ainda mais quando Alice está implicante como hoje, começa uma disputa por atenção. 

 

—Vem aqui comigo.— Tony chama, ela move a cabeça em negação, sei que Alice também não vai querer ficar com ele. Começo a me ajeitar na espreguiçadeira, trago a menor um pouco mais pra cima, abro minhas pernas e peço que a minha maior se sente entre elas, Morgan deita, apoia a cabeça em minha coxa esquerda e abraça a minha perna. 

 

—Assim está bom.— pergunto afagando seus cabelos molhados, ela move a cabeça em afirmação. 

 

—Quer seu suco? Dá pra tomar pelo canudo deitadinha assim.— Tony oferece, ela recusa —Beleza, eu bebo então. 

 

 Não demora surge uma terceira criança manhosa, que há minutos atrás também me ignorou preferindo permanecer no colo do Tony,  mas agora quer disputar espaço. Outra coxa, outra perna. Nem suco, nem cheeseburguer, nem irmão mais velho, nem pai, há momentos em que eles só querem um aconchego de mãe. De todas as pessoas no mundo que poderiam ser eles vieram pra mim, e eu pra eles.  Eu nem precisei mergulhar na piscina pra me molhar. Meu mergulho mais profundo tem sido a maternidade. Sim, mergulhei de cabeça.

 




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Notas finais do capítulo

Volto o mais rápido que puder. Prometo



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