⎊ Pepper Potts ⎊

Quando Tony me contou os detalhes da visita de Steve e Natasha eu percebi que, realmente, nós nunca estaríamos livres dos Vingadores,  pelo menos de alguns deles. Natasha, Steve, Bruce, Clint, Thor e Tony sempre seriam uma família estranha, com muitas diferenças, claro, como a maioria das famílias, mas dispostos a apoiar uns aos outros, e sempre presentes em momentos importantes. 

Tony e eu somos filhos únicos de pais falecidos, e no nosso primeiro casamento, além do juiz estavam presentes o Rhodey e o Happy, hoje  no nosso jardim estão todos os membros da família dele e alguns agregados. Antes eles estiveram aqui no que foi um dos piores dias da minha vida e agora estavam de volta pra celebração do nosso amor.

—Podemos entrar?— Natasha perguntou ao bater na porta, ela estava me ajudando com a Morgan. Tony achou que eu ficaria com ciúme da relação grudenta que elas estão  construindo, mas saber que a minha filha terá outra referência feminina tão forte, é reconfortante. 

—Sim.— autorizei. 

—Mamãe você tá muito princesa!— a minha filha me disse pondo as mãos no rosto demonstrando o encantamento ao me ver de noiva. Eu amei o meu vestido assim que coloquei os olhos nele, as mangas e  o tronco são adornados em renda e pequenas pérolas, a saia é lisa com uma fenda. 

—Você é que está uma princesa.— ela estava perfeita, nós escolhemos um vestido rendado, num tom champanhe, sem o volume tradicional e com mangas ¾, sapatilhas douradas e os cabelos presos num coque —É a coisa mais linda que eu já fiz na vida. 

—Posso ir mostrar a minha roupa pro papai? 

—Pode, mas rapidinho, e depois espera a mamãe na varanda,  tudo bem?— ela assentiu —Obrigada por me ajudar com ela, Natasha. 

—Obrigada você, por confiar em mim.— Nat replicou —Ela é tão especial, tem me feito tão bem. 

—Bem, a gente não pode negar que vocês têm uma ligação, afinal, quem foi que me alertou sobre a possível existência dela?  

—Nunca vou esquecer da sua cara naquele dia. 

—Eu jurava que o meu mal estar era ansiedade, má alimentação e qualquer outra coisa que a tensão havia desencadeado em mim, nem me atentei pro fato de estar atrasada.— lembrei  —Rezei pr'aquele teste dar negativo com a mesma intensidade que rezava pedindo pra Deus trazer o Tony de volta.

—Me lembro da sua angústia.— ela me disse,  Natasha ficou ao meu lado no momento em que eu mais senti falta de ter uma melhor amiga, nós fomos companhia uma da outra durante todos os dias que eu passei no complexo depois do estalar de dedos do Thanos, nos tornamos mais próximas do já tínhamos sido em todos os anos anteriores.

—Um filho dele era tudo o que eu sempre quis, mas sempre tive medo de tentar,  porque eu sabia que, fatalmente, ele poderia não estar. E ele não estava. Não bastava ser só do Tony, mas com o Tony. 

—Bem...— ela se aproximou de mim, e enxugou o meu rosto —Você o teve de volta cinco anos atrás, e o trouxe de volta dois meses atrás. Você já tinha tudo o que queria e ainda se lembrou de mim, então sou eu quem deve agradecer.— Natasha pegou o meu buquê, no qual havia flores de lavanda, ramos de trigo e tulipas brancas, e me entregou —Vou descer e trazer a sua dama de honra até a varanda, espere alguns minutos e desça.  

Eu estava ansiosa demais pra esperar, então desci  logo em seguida. Pela segunda vez a minha filha faria o caminho comigo até o altar, só que agora ela caminharia diante de mim. 

Ao chegar a varanda eu pude ver que, não  só a Nat, que usava um lindo vestido amarelo clarinho,  mas todos os convidados acataram o meu pedido, ninguém estava com roupa escura, afinal,  eram as mesmas pessoas, mas era outro momento. E as vestes claras contrastavam perfeitamente com o alaranjado das folhas nas árvores do nosso quintal, eu sempre adorei as cores do outono. Eu e minha pequena percorremos o caminho de flores brancas até o deck na beira do lago onde Tony me aguardava sob um arco ornamentado com flores e tecido branco, Steve também estava lá. 

—Você não pode ser real.— Tony me disse assim que parei diante dele.  

—Você está um sonho também.— sorri, ele veste um terno azul claro, sem gravata e tênis brancos. 

—Ei,  não é a hora ainda.— Steve protestou, quando Tony estava tão perto de mim, mesmo com a Morgan entre nós, os nosso convidados riram. Peter chamou a irmã pra sentar ao lado dele, mas ela permaneceu segurando o meu buquê.

—Está me fazendo me arrepender de ter lhe dado essa função, Capicolé.— Tony brincou.  

—Vocês podem não acreditar, mas eu vi esse homem crescer, e ainda assim ele não me respeita...— Steve riu —Mas me sinto muito honrado da missão que me foi dada.— ele começou —Estamos aqui nesta manhã para celebrar as melhores coisas da vida, a confiança, a esperança, o companheirismo e o amor entre esse casal. Vocês foram convidados para compartilhar este momento com a Pepper e com o Tony porque são pessoas que marcaram a trajetória deles.  Eles estão convictos da escolha de um ao outro como sua família, e hoje celebram um amor que começou há muito tempo, já deu frutos, não é, Morgan?...

—A minha fruta é ximirica.— ela disse e "Own" dos convidados foi sonoro, foi impossível não querer apertá-la.

—Pepper e Tony, o amor de vocês vai continuar crescendo ao longo dos anos, pois vocês abriram mão do que são em sua singularidade, em prol de tudo o que podem vir a ser pluralmente.— eu já estou chorando, claro —Vocês já foram muitas coisas um do outro, amigos, confidentes,  cúmplices, namorados, noivos, heróis e agora, com as palavras que vocês estão prestes a trocar, passarão para a próxima fase, renovando suas promessas como marido e mulher.— Steve deu a deixa para renovarmos nossos votos. 

—Você começa.— ele me diz quando nos viramos um pro outro, Tony me dá as mãos, estou tremendo. 

—Eu te amo tanto...— começo com o óbvio, a voz está embargada, afinal eu já chorava ao ouvir Steve —Juntos vencemos tudo o que era mau e poderia ser fatal,  temos a plena posse dos nossos destinos, somos um só, e somos três. O nosso amor foi posto a prova inúmeras vezes, vencemos a morte, eu e você, um do outro pra todo sempre, sem ansiedade, sem inquietações,  sem angústias. Só nós sabemos a força do nosso amor, por isso eu não espero nada menos que a eternidade.

—Baby, não importa mais quais desafios nos separaram, você me resgatou e me trouxe de volta à vida.  Eu me comprometo com você, e tudo o que nascer do nosso amor, agora e para sempre.— a voz dele é segura e firme, mas em seus olhos vejo toda a emoção, ele me ama tanto  —Prometo que nunca vou esquecer que esse é um amor para toda a vida. Um amor puro, incrível, alucinante e especial como poucos, isso é o que você sempre me deu. Isso é o que eu espero lhe dar para sempre, porque eu te amo.

Estamos olhando um pro outro como se nada mais existisse, sinto as lágrimas correrem no meu rosto, vejo o mesmo no rosto dele. Talvez o filme que está passando na minha mente agora esteja passando pra ele.  Anos passaram pra nós dois, nossa face tem rugas, nossos corpos cicatrizes, sobrevivemos a tantas provações, explosões, vilões. E estamos aqui, prometendo a eternidade. 

—Eu não vou falar mais nada, tá?— Steve se manifestou  —Agora vocês já podem se beijar.

—Beija a mamãe…

—Beija, beija, beija...— os convidados dizem em uníssono. 

E quando Tony me puxa pra ele, sinto o mesmo que senti no nosso primeiro beijo, porque é como se estivéssemos começando tudo de novo, mas ao mesmo tempo temos tanta bagagem. Ouço palmas, assobios,  gritos. Mas o beijo só cessa quando sinto alguém agarrar as minhas pernas. Ela não imagina que tudo o que eu fiz, a minha missão de resgate, foi por ela. Eu daria a minha vida por ela. Tony pega a nossa filha nos braços e nós a beijamos fazendo um sanduíche de Morgan, nós três na beira do lago, nos reencontrando pra vida e não nos despedindo,  provando mais uma vez que Tony Stark tem um coração, e é meu, mas também é dela. E nos próximos muitos anos eu só espero sentir a felicidade que toma conta do meu ser agora. 

(...)

Após a cerimônia não houve uma grande festa com banda ou dj,  mas o almoço estava delicioso. Ou talvez eu estivesse feliz demais e tudo parecia perfeito.  Como eu havia previsto a minha filha não estranhou nenhum dos heróis aqui, mesmo os mais estranhos.  Ela e a Hope, conversaram bastante por que elas têm um nome igual. Morgan fez o caçula Barton correr tanto pelo quintal que os dois dormiram exaustos no colo de seus pais. Tony e Clint acabaram de deixá-los dentro de casa. 

De volta ao jardim o Gavião sentou-se junto da esposa, e meu marido veio até mim. 

—Demorei?— ele perguntou ao trocar a minha taça de champanhe vazia por uma cheia. 

—Um pouco.— respondi —Estou sentada na cabeceira de uma mesa enorme com os seres mais poderosos que existem na Terra, e além dela, mas sempre vou preferir a sua companhia.

Tony puxou sua cadeira, se sentou ao meu lado e me abraçou —Você podia preferir a minha companhia num bangalô nas Maldivas. 

—Amor, eu não vou deixar a minha filha pra viajar em lua de mel, a gente já teve uma lua de mel.— eu sorvi um gole do meu champanhe enquanto falava pra que os convidados não percebessem a nossa conversa. 

—Eu sei disso.— ele me beijou o rosto —Mas e se as babás que eu arrumei viajarem com a gente?

—Você está mesmo sugerindo levar, o Peter, o Happy e a May na nossa lua de mel?  

—Não se esqueça que até a Natasha se ofereceu pra ficar com a Morgan.— ele observou.  

—É uma viagem de lua de mel ou uma excursão?— questionei.  

—Baby, é você quem está dificultando.— ele comentou —Eu só quero uma semana com você em outro cenário, só isso. Ela ficaria muito bem sem nós. 

—É,  mas eu não ficaria.

—Por isso as babás.— ele riu —Pensa com carinho. 

(...)

Pensei com carinho. E agora estou imersa na imensidão de mar mais azul do mundo junto da minha peixinha. Eu e Tony vivemos tão perto do mar por tanto tempo, mas a nossa filha nunca havia pisado na areia,  digamos que a Morgan era uma criança do campo, e agora ela estava encantada, embora receosa. 

—É uma piscina muito grande.— ela disse sem desgrudar de mim —Não me solta. 

—A mamãe não vai te soltar, pode relaxar.— garanti. 

E foi assim que eu dispensei as "babás" no meu primeiro dia de lua de mel. Happy e May aproveitaram a folga e sumiram por todo o dia. Peter esteve ocupado mostrando tudo pra alguém, acho que talvez seja uma namorada,   através de lives. E o Tony passou o dia na praia sob o guarda-sol de olho em mim. 

As nossas babás pediram jantar em seu bangalô,  era uma acomodação com 2 quartos e cozinha privativa, que ficava um pouco distante do local onde eu e Tony estávamos hospedados. Depois de jantarmos com eles coloquei a Morgan na cama, antes de deixá-la, não pude não notar que mesmo com a grande quantidade de protetor solar, num único dia ela já estava bronzeada e o sol havia lhe dado pequenas sardas, deixando-a, talvez, mais parecida comigo.  E eu fiquei tempo demais babando nela. 

—Baby…?— Tony chamou a minha atenção.

—Tá bom vamos.— eu levantei da cama —Boa noite, Peter.

—Boa noite,  Sra Stark.— ele me respondeu sentado na cama ao lado —Boa noite, Sr Stark.

—Boa noite,  garoto.

Deixamos o quarto das crianças e encontramos com May e Happy na sala. 

—Tony,  Pepper...— Happy mostrou-se desconcertado quando nós interrompemos um beijo entre eles. 

—Só não esqueçam que a lua de mel é minha, ok?— Tony disse irritado, afinal primeiro dia não havia sido exatamente  como ele planejou —Amanhã a Morgan é toda sua, Dindão. 

—É Dindon.— Happy corrigiu. 

—Que seja.— Tony deu de ombros e deixou o apartamento. Me despedi do casal e dei algumas recomendações, então fui atrás do meu marido. 

Nossos bangalôs ficavam afastados cerca de 50 metros,  era como se cada apartamento do resort ficasse numa ilha particular ligadas por passarelas sobre a água.  A lua ilumina o oceano, a noite está com a temperatura agradável e agora que eu estou disponível, meu esposo está irritado.  

—Ei, seu gostoso,  qual é o seu problema?— chamei a sua atenção fazendo com que ele pare —Agora que eu sou só sua você vai se fazer de difícil?— eu disse caminhando até ele. 

—Não foi o primeiro dia que eu imaginei.— ele me disse. 

—Não foi o que se espera de um primeiro dia de recém-casados, mas também ninguém viaja com a família inteira, não é?

—Foi um péssima ideia.

—Não foi.— discordei  —Está sendo bastante especial pra mim.— passei os braços ao redor do pescoço dele —Quando eu estava com a nossa filha no mar, olhava pra areia e via você ali eu agradecia por poder viver isso.  Às vezes eu te pegava me olhando sobre os óculos e quando você notava que eu retribuía o olhar você ajeitava as lentes no rosto e eu pensava "Deus, ele é tão lindo, tão sexy, talvez eu não mereça ser tão feliz, mas obrigada."

—Claro que você merece.— ele me disse, eu o beijei e ele reagiu como eu esperava, como se estivesse com fome de mim, só que eu tive que interromper. 

Quando chegamos ao nosso bangalô a equipe do resort havia deixado tudo o que eu pedi. O champanhe, as frutas, as pétalas de rosas vermelhas sobre a cama, as janelas estavam abertas, a luz da lua invadia o quarto junto de uma brisa suave.  Tony se livrou das roupas e caminhou na minha direção como um felino selvagem prestes a me dar o bote. Quando chegou até mim ele desfez o laço que prendia o meu vestido ao meu pescoço e me deitou sobre a cama só de calcinha. 

—Esperei por isso o dia todo.— ele disse espalhando beijos pela minha pele enquanto me livrava da última peça inconveniente que nos separava. 

—Então me ame, sob a luz da lua, sem pressa porque não há ninguém à nossa espera. Agora eu sou toda sua.— declarei e logo ele estava dentro de mim.