Amor Perfeito XIII escrita por Lola


Capítulo 57
Escolha


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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— Torci para não ser verdade. – ele afirmou me olhando. – Saiba que isso NUNCA vai acontecer.

— Já aconteceu pai. – ele ficou mais nervoso ainda. Vi que ele estava tremendo. – Quer me espancar como o meu avô fez comigo? Espanca. Anda. Faz isso logo. – pedi aos prantos. Ele jogou tudo que estava na mesa no chão. Se ele encostasse a mão em mim naquele momento eu dificilmente iria ficar fisicamente bem. Emocionalmente eu já estava um lixo. Meu choro só aumentava. Parece que tirar aquilo de mim e jogar na cara dele era como se eu tirasse tanta dor de dentro de mim.

— Só te decepciono né? Se não estou transando com todas que vejo estou transando com o meu primo.

— Murilo. – vi que ele fazia um esforço enorme para controlar a respiração. – Você sabe que eu tenho um transtorno. Não me provoca. Eu não quero, não posso e não vou te machucar. – fiquei calado chorando em meu canto. Demorou uns vinte minutos ou mais para ele se acalmar.

— Por que nunca me contou como se sentia? – ele encostou-se à mesa e cruzou os braços. Eu estava sentado no chão encostado na parede e já havia parado de chorar.

— Nunca me senti assim. Não sou gay, pelo menos não sinto atração física por homens. Gosto do Kevin. Eu o amo.

— Como isso funciona? Você não sente atração física por homens, mas transa com um?

— Ele é mais que um corpo. E o que ele faz comigo é absurdo, ilógico... Não dá pra explicar.

— Ele está te usando Murilo, acorda!

— Vocês não aceitam e o usam como desculpa. Se fosse outro seria o mesmo discurso.

— Não aceitar você ser gay? Esperava por isso. Você é mais delicado que pensa e seu desespero por garotas me parece medo de assumir o que sente.

— Que discurso preconceituoso!

— Preconceituoso eu? Não estou aqui para julgar suas opções Murilo. Não estou nem um pouco bravo por isso.

— O que está te deixando tão nervoso então é só ser o Kevin?

— Eu amo sua mãe mais que a mim mesmo e você a deixou arrasada hoje. Não vamos aceitar o Kevin, isso não tem conversa. Não a faça passar por isso. Ela está chorando há horas.

— Você ama mais que tudo uma mulher que vai se separar dela?

— Nunca quis me separar. Não quero. Mas se for preciso para vê-la bem eu vou aceitar. Você é muito novo ainda Murilo. Não sabe o que é o amor.

— Não sabia. Juro que agora sei.

— Tá. Se o ama mesmo você vai deixa-lo espontaneamente. – ele me olhou com seriedade.

— Por quê? – perguntei preocupado. Vi que seu olhar e o jeito mudaram totalmente.

— Não queria que chegasse ao ponto de ter que te contar isso... Caleb irá tortura-lo.

— Já tortura.

— Fisicamente. – fechei os olhos. Sabia que Caleb fazia isso, mas não imaginava a proporção que poderia tomar caso o enfrentássemos. Ele era o verdadeiro demônio. – Ele me mostrou um vídeo... Dele o machucando muito. E ele conhece técnicas que não deixam marcas. Não vou te deixar com Kevin porque não confio nada nele e por ele ter o pai que tem, mas confesso que ele aguentar tudo o que eu vi no vídeo ele aguentando para continuar com você, me mostrou que ele sente algo muito forte por você. Mas isso não anula os erros dele. Eu sei que ele vai ser torturado para terminar com você até não aguentar mais. Caleb não quer vocês dois juntos e ele vai matar o filho se for preciso.

— Machista preconceituoso ridículo!

— Vai muito além disso. Os dois são doentes. Não quero você fazendo parte disso. Se afaste dele Murilo. É a única solução possível. Para o próprio bem dele. – fiquei pensando durante um tempo.

— Não consigo. – o olhei.

— Vocês acabaram de ficar juntos, isso não tá acontecendo há tanto tempo, está?

— Pai, eu o amo. – senti que voltaria a chorar.

— Murilo não tem outro jeito. Eu me preocupo com você. Nunca vou te condenar por estar com um cara. Mas com o Kevin não dá.

— Então... Não vou conseguir terminar. Quero ir para um dos hotéis fora do país.

— Até esquecê-lo?

— Não vou conseguir esquecê-lo pai.

— Sua mãe não vai conseguir ficar longe de você Murilo!

— Não dá para ela ter tudo.

— E Alice? Ela e você são tão grudados.

— Talvez seja bom para ela. Alice já superou a doença, ela tem que agir como tal.

— Não concordo. Você não pode fugir assim como se sua vida girasse em torno dele.

— E gira. Quer vocês queiram ou não. – suspirei. - Você que sabe pai. Se quiser que eu fique, eu vou tentar me afastar para o bem dele, mas sei que nós dois não vamos conseguir manter esse afastamento.

— E quem garante que você não vai comprar uma passagem e voltar daqui uma semana?

— Eu garanto. Preciso disso. Tenho que passar um tempo comigo mesmo.

— Sofrendo sozinho Murilo?

— Sim. Não vou focar no sofrimento. Vou pensar no quanto ele estará seguro sem estarmos namorando. – ele não mostrou em sua feição que mudaria de ideia. – Se quiser farei chamadas de vídeos diariamente com vocês, para mostrar que estou bem. Você confia em mim pai?

— Confio. – ele respirou fundo. – Tá bom. – sua respiração ficou ainda mais pesada. – Desculpa por fazer isso com você. Eu juro que me dói muito te ver sofrer assim. Aceita que não dá para cortar o cordão umbilical de Caleb e Kevin.

— Vamos acabar com essa merda logo. – me levantei. Ele ficou me olhando.

— Perdão.

— É o melhor para mim e para ele. Principalmente para mim, já expliquei.

— Não só por isso. O seu avô. Eu não sabia que ele faria aquilo. Não justifica, eu não devia ter deixando você com ele, mas... sua irmã era tão indefesa e nova e você... Você nunca facilitou Murilo.

— Tinha o Arthur para isso.

— É outra pessoa para quem preciso pedir perdão. Eu já errei e tenho errado muito ultimamente.

— Não espere que as pessoas perdoem sempre. – abri a porta. Vi Kevin me esperando. Notei que o seu rosto estava vermelho, ele havia brigado com o pai e consequentemente apanhado, espero que tenha batido também. Caleb merecia.

— Murilo. – meu pai segurou meu braço delicadamente. Sua voz agora era de tristeza e não de irritação. – Vamos.

— Vinicius deixa eu conversar com ele, por favor. – seu pedido fez meu coração se apertar mais ainda. Não aguentaria ficar olhando para ele. Sai rápido para o meu dormitório. Entrei e comecei a arrumar  minhas coisas. Eu colocava as roupas nas bolsas sem nem ver. Kevin chegou correndo e vi meu pai logo atrás dele.

— Está todo mundo dormindo. – avisei baixo.

— Aonde você vai? – ele observou o que eu fazia. Não consegui responder. – Vai ficar no dormitório dos seus pais? Pelo menos vou poder te ver de longe não vou?

— Cadê o seu pai? – perguntei enquanto acabava com aquilo.

— Enfermaria. Eu enchi ele de porrada.

— Que ótimo. – suspirei. Entreguei minhas três malas de mão para o meu pai e coloquei minha mochila nas costas. Sai do dormitório e parei de frente para ele. – Meu diabinho promete que vai ser comportar direitinho? – ele fez sinal positivo com a cabeça.

— Você também vai meu playboy? – dei um sorriso de canto enquanto as lágrimas caiam.

— Estarei sempre com você, seja do outro lado do abrigo ou do outro lado do mundo. – a ficha dele começou a cair. E era melhor eu sair antes que ele me implorasse para ficar.

Foi assim que eu o deixei. Assustado, triste, sozinho e sem entender nada. Usei uma máscara para sair do abrigo e meu pai também. A doença ainda era um risco. Conseguimos autorização para sair da cidade sem muito esforço já que era o meu pai quem estava pedindo. Em pouco tempo estávamos no aeroporto.

— Quando chegar lá arrume um número novo e me ligue. Vou passa-lo para o Kevin, mantenha contato com ele. - o olhei sem entender. – Consegui ver a intensidade do sentimento de vocês dois. – continuamos nos olhando. – Prometo que isso é temporário. Arthur e eu vamos pensar em uma forma de te trazer de volta se Kevin realmente tiver mudado.

— Eu o magoei.

— Ele sabe que não dependia de você.

— Eu escolhi vim pai.

— Por que não aguentaria terminar.

— Mas eu o abandonei. Ele parecia uma criança assustada. – comecei a chorar de novo. Meu pai passou o braço pelo meu ombro e encostou meu corpo ao dele, deu um beijo no topo da minha cabeça e parecia tão triste quanto eu. Assim ficamos durante muito tempo, até a hora do meu vôo chegar.


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