Amor Perfeito XIII escrita por Lola


Capítulo 50
Mentiras e mais mentiras


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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...

Acordei um pouco atordoado e com dor de cabeça. Passei a mão no rosto e fechei os olhos de novo. Comecei a lembrar de tudo que eu tinha feito. Sei lá, eu era meio idiota. Sentei vagarosamente e vi minha blusa tão bem dobrada e a peguei sentindo o cheiro de amaciante. Vi um papel que também não estava ali.

“Sua roupa está limpa, lavei depois que você dormiu. Você deve acordar com dor de cabeça, então coma alguma coisa antes de tomar remédio. Se eu não te ver ao levantar bom dia. Te amo.”

Ele não assinou. E nem precisava. Suspirei sorrindo. Mas meu coração ainda doía. Sentir ciúme era uma coisa horrível. Eu nunca havia sentido nem da minha irmã. Eu podia ser pelo menos um pouco insensível em ralação a essas coisas. Eu não era.

— Que ideia é essa de encher a cara ontem a noite? – minha mãe perguntou nervosa assim que cheguei ao refeitório. Todos estavam acabando de almoçar.

— Não grita. – pedi segurando minha cabeça.

— Vem comer, depois você vai tomar remédio. – olhei o dono da voz e vi o quanto estávamos perdendo o controle. Todos estranharam e era mesmo uma atitude de estranhar. Nem quis olhar para minha mãe.

— Fiquei sabendo que você vomitou o Kevin todo ontem. – Fael falou zoando e começou a rir. Eu me servi e me sentei, comendo em silêncio.

— Ressaca moral que chama? – Arthur perguntou baixo.

— Reagi de forma exagerada, o puni por algo que ele não fez... – nos olhamos. – A gente já tem tantos problemas. Sou um imbecil.

— Não vou passar a mão na sua cabeça. Foi ridículo tudo o que você fez. Mas cara... É a primeira vez que você se viu sentindo ciúme, eu até entendo que deve ter sido muito difícil.

— Dói demais. E te controla. Você começa a agir como a porra de um maluco sem nem perceber. – passei a mão no meu cabelo de forma impaciente. – E eu ainda estou preocupado com minha irmã. – o olhei. – Qual foi aquela da bebedeira dela? Ciúme também? – ele deu uma risadinha amarga.

— Não. Segundo ela queria se divertir. – ficamos em silêncio. – Temos que lembrar que ela não é mais aquela boneca sem vida.

— É, mas ela está condicionada a isso o resto da vida. Ela não pode beber. E se fizer de novo eu vou ter que contar aos nossos pais.

— Entendo e concordo. Ela... – ele desviou o olhar. – Ela tomou café e almoçou hoje em silêncio, não ficou com a gente ontem, sinto que ela está diferente. Conversa com ela não só sobre ter bebido, mas dá chance de algum desabafo.

— Ah, claro. – respondi e olhei para Kevin que havia se sentado a nossa frente. Ele estava olhando para a mesa e então saiu. – Ele tá puto comigo não tá?

— Não, ele foi pegar água para você tomar remédio pra dor de cabeça.

— Como você sabe?

— O olhar dele, estava procurando um copo. – nos olhamos. – É, acho que estou convivendo muito com ele. – dei uma risada e balancei a cabeça. Ele chegou me entregando o copo e tirou uma cartela de remédio do seu bolso e mandou que eu estendesse a mão e descartou o comprimido olhando em meus olhos, mas eu não sabia o que ele estava pensando. Tomei o remédio e ele voltou a guardar a cartela e deu um suspiro.

— Vou ir até o meu pai, preciso fazer uma coisa pra ele. – duas coisas aconteceram naquele momento ao mesmo tempo. Primeiro me causou volúpia em excesso... Não sei nem se foi o jeito que ele falou ou o tom tão sério da sua voz que poucas vezes ele diretamente usava comigo. Mas logo todo esse desejo deu lugar a uma raiva tão grande. Isso tudo em fração de segundos.

— O que você precisa fazer para ele? – perguntei tão sério quanto ele.

— Coisas dele. – não deixávamos de nos olhar e isso era para me tranquilizar e não causar mais raiva.

— Quero saber Kevin. – tentei não parecer uma criança birrenta, nem um namorado exigente ou algo muito perto disso.

— Ele quer que eu faça um levantamento do lucro das redes do hotel aqui no País.

— Como você vai fazer isso aqui? E por que ele não tem essas informações se o cargo dele permite?

— Por que você tá mentindo? – Arthur perguntou e parecia mais nervoso que eu. – Olha, eu não sei até que ponto o que você vai fazer afeta o seu relacionamento, mas eu estava nessa antes contigo e vou continuar, eu quero saber o que ele quer.

— Não dava para ser discreto e vim me perguntar depois? – ele o olhou indignado.

— Obrigado por mentir pra mim Kevin. – sai andando e fui para o meu dormitório. Isso porque eu ainda estava tentando lidar com o meu ciúme.

Alice Narrando

Depois de cuidar das plantas tomei um banho demorado, talvez o mais demorado desde que cheguei ao abrigo. Confesso que me senti culpada pelo planeta depois, mas eu precisava de água para tentar tirar um pouco do meu desânimo. Não preciso nem dizer que não adiantou muito. Fui jantar e todos já estavam lá, comi sem prestar atenção na conversa e iria para minha cama após escovar dente, mas... Já estavam me enchendo porque eu estava querendo ficar sozinha o tempo todo. E como eu era alguém que cedia fácil lá fui eu.

— Você está bem? – Otávia perguntou e todas as meninas me olharam, parecia uma pergunta em grupo.

Não, eu não estava bem. Estava cansada. Não bastava ter que superar uma doença infernal, ainda tinha que lidar com sentimentos que não podiam ser sentidos. Antes não sentisse nada. E eu me sentia muito ingrata por pensar assim e isso tudo me trazia muita culpa e dor. Estava lutando diariamente para ser sorridente, agradável, amiga... Para se forte o bastante. Mas o motivo de eu fazer isso tudo era qual? Fingir estar bem não mudava as coisas. Não melhorava nada. Essa maldita esperança de que um dia Arthur e eu conseguíssemos superar tudo era ridícula. A última vez que desabafei com minha mãe ela disse “Você tem quase dezesseis anos, é muito nova, vai conhecer alguém que seja tão importante quanto ele.” Todos só diziam isso. Você é nova, você é nova, você é nova. Se eu sou tão nova assim porque consegui sentir isso? Era injusto. Queria sair dessa situação. Até porque eu sabia que se um dia a gente se perdoasse e seguisse em frente o meu pai nunca nos aceitaria, isso era bem claro e nós dois precisávamos a todo custo esquecer. E o que parecia é que quanto mais precisávamos disso, mais a gente queria estar junto. E não conseguíamos.

— Sim, estou. – menti, não só para elas, mas para mim mesma. Tentei dar um sorriso, só que pela primeira vez não consegui.

— Não parece. – Fabiana analisou como a atenta que era.

— Você também não parece ser tão idiota a ponto de correr atrás do meu irmão.

— Não faço isso há dias. E por que está me atacando?

— Por que só quero que se preocupe com a sua vida.

— Deve estar de TPM. – Lari concluiu e elas desviaram o foco, iniciando um assunto qualquer, até que os meninos chegaram fazendo gracinhas. Entrei mais cedo e fui dormir já que estar no mesmo lugar que ele me causava ainda mais desânimo e dor.


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