Amor Perfeito XIII escrita por Lola


Capítulo 48
Compromisso


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Murilo Narrando

Estava saindo da sala e Kevin me chamou. Olhei para ele encostado a parede me esperando. Rafael ficou nos olhando.

— Vai indo, daqui a pouco eu chego lá. – avisei ao loiro que saiu andando. Cheguei mais perto dele, sabendo que o que fosse que ele tivesse para falar ninguém poderia ouvir.

— Sabe o quanto é difícil passar essas coisas com o meu pai, mentir pra você, ter você me colocando contra a parede... – abri a boca para me defender e ele não deixou que eu dissesse nada. – Calma. Tá. Foi o meu pai. Se quiser se afastar, tudo bem. Só não quero falar sobre isso. – pela primeira vez eu vi dor nos olhos de Kevin. Não sabia se era por tudo que ele passava com esse pai filho de uma puta ou se pela possibilidade da gente se afastar. Aquilo doeu em mim. Sem pensar eu o abracei. Ele me afastou e me olhou. – Estamos no corredor.

— Isso é uma merda. – ele não entendeu o que quis dizer. – Não poder nem te abraçar.

— Você vai se afastar de mim?

— Não consigo. – dei um sorriso sútil.

— Murilo... Você poderia estar com aquela garota agora e eu não iria ter direito de falar nada... Sei que você não gosta de se sentir preso e nem de nada condicionado, mas eu preciso me sentir seguro...

— Está falando em namoro?

— Sei que te assusta, mas a gente pode tentar entrar em um relacionamento... Eu não sou santo, mas nunca vou te dar motivos para desconfiar e você pode se adaptar aos poucos... Sei que não muda nada já que não vamos assumir publicamente, Fabiana vai continuar atrás de você e essa garota também, mas eu vou saber que você tem um compromisso comigo e não vai estar com ninguém. – fiquei olhando para ele o admirando. – Claro que você não quer. Não sei pra que eu pensei nisso. A gente pode continuar como estamos não tem problema. – dei um sorrisinho de canto. – O que foi?

— Nada. Só admirando meu namorado e vendo como ele é mestre em errar sua leitura comigo.

— Você está falando sério?

— Estou.

— Você tem certeza?

— Tenho.

— Murilo... É uma decisão importante.

— Foi a decisão mais fácil de tomar na minha vida.

— Por que você tem tanta certeza assim da gente?

— Por tudo o que eu sinto.

— Sentir não é bastante.

— Diz isso porque já teve um namorado. Para quem nunca sentiu é assim.

— Então oficialmente sou seu primeiro namorado?

— Oficialmente sim, mas já agíamos como namorados há um bom tempo.

— Por que ficou olhando tanto tempo para ela?

— Pra te fazer raiva. – dei uma risadinha.

— E em seguida mostrou desinteresse. Não entendo.

— Não sou louco. Queria te fazer raiva, não te perder.

— Não faz mais isso. Não gosto quando flerta com ela.

— Flertar? – perguntei e ri. Ele me olhou sério. – Só achei a expressão engraçada. Calma. Não vou mais flertar com nenhuma garota.

— Desmarca essa bebida com o Rafael e fica comigo hoje a tarde.

— Hum... – fiz uma expressão de pensativo. – Claro.

— Tão fácil assim? – ele arregalou os olhos e sorriu.

— Ficar com você anda sendo melhor que qualquer coisa pra mim.

— Cuidado com a sua intensidade. Você nunca viveu isso.

— Se quiser eu vou ir beber com ele. Talvez me ajude a ser menos intenso.

— Se quiser eu te beijo a tarde toda. Talvez te ajude a ser menos babaca.

— Bem original. – não aguentei e dei uma risada. – Vamos ir almoçar. – fomos andando e chegamos até a fila. - Não vão te chamar para fazer nada hoje?

— Vou fazer o que tem pra fazer agora e te encontro em uma hora naquele lugar que você se escondeu de todo mundo. Pode ser?

— Uhum. – sorri.

— O que foi?

— Eu te falo depois. – almoçamos perto de todos e então ele foi fazer o que pediram e eu fui para um dos bancos com Rafael.

— Essa cerveja tá quente. – reclamei. Ele concordou.

— Odeio cerveja quente, parece mijo.

— Você já bebeu mijo? – o olhei querendo rir.

— Não, mas imagino que tenha esse gosto. É igual esperma, nunca provei, mas dizem que é amargo. – ele me olhou e riu. – É melhor ir se acostumando...

— Caralho que mundo louco... – ele ficou me olhando. – Já pensou em ficar com um cara?

— Não. Não mesmo. - ele fez uma expressão assustadora.

— Nem eu. Muito bizarro isso. - fiquei pensando naquilo.

— Mas você só gosta dele ou sente tesão também?

— Ele me fez ter um orgasmo apenas com um beijo. – nos olhamos e ele arregalou os olhos. – Todos os nossos beijos acabam em... Não dá nem pra explicar. Não tem lógica. Nunca nenhuma mulher que eu peguei em toda minha vida me fez ficar tão excitado.

— Me disseram uma vez que os relacionamentos entre as pessoas do mesmo sexo geralmente envolviam muito mais desejo e carne que sentimento. Você concorda?

— Não sei dizer. Sei que nós dois temos as duas coisas. – o olhei e respirei fundo. – Rafael quando você tiver um cara te chupando você não vai querer outra mulher nunca mais.

— Nossa, mas vocês dois estão muito avançados. Achei que não tivessem feito nada ainda.

— Por que pensou isso?

— Estamos em um abrigo, é sua primeira vez com um cara... Sei lá. – revirei os olhos. – Aí... Quem é o ativo e o passivo, ou tem troca troca?

— Não transamos ainda Rafael. Mas já conversamos sobre isso.

— Então me conta!

— Tá muito curiosinho hein?

— Só estou querendo me distrair... Essa dor nunca passa. Não vou ser amiguinho dela Murilo, não consigo.

— Não seja. Foda-se o Arthur. Nem tudo que ele acha que é o melhor tem que ser feito.

— Estou intrigado do motivo dele ter me pedido isso. Ele quer que eu me importe com ela e disse que se eu trata-la de outra forma posso ter uma Alícia que não erre tanto. Como assim?

— Perguntou a ele? – tomei mais um gole da cerveja.

— Ele desconversa. – fiquei pensando naquilo.

— Não tem nenhuma chance dela te corresponder e ter desabafado com ele? Por que... Se ela vai parar de errar com você se importando com ela no mínimo você é importante.

— Impossível. – ele estava totalmente cético.

— Qual é a história de vocês dois?

— Ah... Pra resumir, nos conhecemos transamos, de novo e de novo... Vi que ela era muito safada, explorei tudo que podia, saíram umas fotos dela e eu desisti. Mas quando via ela e não transávamos... Fazia falta e a falta... Fez essa merda.

— O que é explorar tudo que podia?

— Pedia para ela fazer as coisas que os caras falavam que ela fazia.

— Você é bem babacão né?

— Nossa, virou o gay redimido agora e pode dar lição de moral? Quem é você para falar de mim Murilo.

— Você nunca vai deixar esse sentimento te dominar a ponto de fazer alguma coisa. Nem trata-la bem você consegue.

— Dá pra falar algo novo? – peguei meu celular e olhei as horas.

— Tenho que ir, Kevin já deve estar me esperando.

— Kevin. Kevin. Kevin. Já tem semanas que tudo é ele, que saco.

— Agora vai ser pior ainda... Estamos namorando. – contei e não consegui segurar o sorriso.

— Cadê o saco para eu vomitar? – ele revirou os olhos. – Sai dessa cara.

— Você é louco pra entrar nessa. – me levantei. – Só que nunca vai ter coragem. – ele me ignorou. – Os meninos acabam a função deles daqui a pouco e vão vim pra cá, não sai daqui.

— Como se eu tivesse muita opção. – ele resmungou e eu sai rápido, antes que me atrasasse mais.

Fiquei a tarde toda com Kevin e o tempo passava tão rápido, que parecia que as horas que ficamos juntos foram apenas alguns minutos.

— Temos que ir Murilo. – ele falou sério e depois sorriu. – Ah... Você não disse o que era que queria me dizer antes do almoço.

— Ah é. – dei uma risada. – Posso te fazer meu primeiro pedido como meu namorado?

— Claro. – ele me olhou desconfiado.

— Não faz mais tatuagens no rosto e no pescoço. É que você já tem uma cara de mau. Não precisa, mesmo que não seja por isso. Além do mais, não quero que fique todo tampado. Gosto de você assim. Sei que não tenho que querer nada e estou pedindo demais... – ele selou nossos lábios.

— Tá bom. Não vou fazer. Prometo. – ficamos nos olhando.

— Obrigado. Não mudaria nada em você. Talvez seja por isso esse meu pedido estranho.

— Não é estranho. É compreensível até. – ele olhou para nossas mãos. – Na mão eu posso fazer?

— Só citei duas partes do corpo, o resto todo você pode fazer.

— O resto todo? – dei uma risada alta. – Vamos acabar sendo pegos sabia? Já devíamos ter ido. – ele se levantou de forma rápida.

— Você me impressiona com essa agilidade. – falei quando acabei de me levantar. – Não basta ter os sentidos mais apurados e o reflexo imbatível?

— Não tenho habilidade social... Se isso te faz se sentir melhor.

— Prefiro assim. – dei uma risada. Andávamos em direção onde os meninos estariam com Rafael, vi Arthur correndo pra lá e fiquei assustado. Fomos mais rápido e o vi segurar o rosto de Alice, fiquei louco.

— Diz quanto foi que você bebeu. – ele pediu a olhando nos olhos.

— Qual é Arthur, quase nada, a garota só está engraçadinha. – Fael protestou.

— Alice! – os empurrei e cheguei perto dela. Ela cutucou meu rosto dando risadas. Olhei para eles. – Ela toma remédios muito fortes, não pode beber.  – expliquei quase em desespero.

— Por isso ela ficou tão louca com tão pouco. – Alê analisou.

— Por que vocês a deixaram beber seus imbecis?  - Arthur questionou ficando ainda mais nervoso.

— Porque não somos os pais dela, nem irmão. – eles me olharam.

— Seu pai está vindo, o distrai, vou leva-la daqui. – ele me avisou e sem pensar sai rápido sem nem saber o que eu iria dizer.

— Olá Vinicius. – Kevin surgiu em minha frente. – Lembra-se daquela conversa que estávamos tendo na enfermaria e fomos interrompidos? Podemos continuar agora? – olhei sem entender.

— Acho que acabamos não?

— Ah, claro que não. Um debate daquele cheio de argumentos nunca acaba. Vem, vamos para um lugar silencioso. Sei que é ocupado, não vou te ocupar muito. – meu pai me olhou de relance e saiu andando com ele. Eu tinha sorte de ter Kevin como namorado. Ele era alguém tão esperto que eu poderia contar em qualquer situação. Parei de pensar nele e corri para procurar Alice.


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