Amor Perfeito XIII escrita por Lola


Capítulo 43
Comemoração


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Alice Narrando

De todas as coisas idiotas que Arthur já fez se assumir gay sem ser com certeza era a maior delas. O pessoal estava surpreso, descrente e até achando que ele estava drogado demais ou algo do tipo. Mas pelo menos não estavam falando de nós dois. Não nessa noite.

— Sei que minha irmã já percebeu porque ela me conhece melhor que ninguém e sei que ela deve ter comentado com você já que ela não consegue manter a língua na boca... – Sofia começou a falar sem eu entender nada. – Mas eu sinto falta de falar sobre isso com alguém.

— Tá, mas sobre o que?

— Você tá estressada.

— Você viu como o meu irmão saiu daqui? Teria como eu ficar bem? Eu me preocupo com ele.

— Talvez ele tivesse uma quedinha pelo Rafael e ficou chateado com tudo isso.

— Fala o que você queria. – tentei não parecer tão mal humorada.

— Sabe aquele bobo do sorriso lindo que é muito seu amigo?

— Yuri. – sorri.

— Não preciso dizer mais nada né? – ela suspirou.

— Complicado. Você sabe que não é correspondida?

— Lógico. Mais do que já me insinuei para ele e ele nem falou nada.

— Então para. Tem tantos outros. O Ryan fica com todo mundo.

— E quem quer o Ryan? - ela fez uma expressão de bem inconformada.

— Ah, querida... Você se impressionaria. Parece que aquela cara de ruim dele faz sucesso.

— Por que não fica com ele? – a olhei e franzi a testa. – Alice... Explica o que aconteceu direito. Você e Arthur ficaram escondidos de todo mundo. Menos da mãe dele que pegou no flagra. Ela fez de tudo para vocês não ficarem juntos. Conseguiu. Nisso você quis ficar com o Kevin, mas ele não te quis mais. E foi aí que você descobriu que o Arthur era o amor da sua vida. Mas já era tarde, certo?

— Não sei se foi bem assim.

— Parece que sim. E agora ele é gay? Sei lá. Alguma coisa não encaixa nisso tudo. Ás vezes era só vocês dois deixarem o ego de lado e conversarem. Ele tá indo longe demais nisso de te superar.

— Também não sei se é para me superar.

— O que estão falando? – Lari chegou e se sentou perto de nós. Soph revirou os olhos.

— Dá pra dar um tempo Larissa? Estamos conversando.

— Por que a gente não consegue se dar bem Sofia? – ela olhou a irmã e parecia um pouco chateada.

— Porque somos irmãs? Irmãos geralmente não se dão bem.

— Yuri se dá bem com Arthur. Alice se dá bem com Murilo.  Arthur e Otávia.

— Tivemos alguém entre a gente Larissa, isso enfraquece qualquer relação.

— Kevin e Arthur também tiveram, ele pediu perdão e hoje são amigos. E estamos falando do Kevin hein?!

— Vocês já conversaram tantas vezes e já se acertaram, por que ficam nessa picuinha?

— Um dia quem sabe a implicância passe. – Lari desconversou. – O que estavam falando?

— Nada de mais não. – respondi antes dela. Iria ter que conversar com Yuri, saber o que ele sentia em relação as gêmeas, já que a última vez que conversamos ele disse que estava superando Lari. Não sei como eu conseguia ser a conselheira, conciliadora e amiga de todos sendo que a minha vida era esse caos irresolúvel. Com caos irresolúvel eu quero dizer uma merda.

Murilo Narrando

A noite estava fria pra caralho, mesmo que eu estivesse melhor eu nem devia estar lá fora. Mas... Escolhas. Fechei meu moletom e peguei um copo de plástico alaranjado neon, me servi de vodca, mas mudei de ideia e joguei fora, colocando suco em seguida. Se eu bebesse a chance de dar merda era bem grande. Sentei em uma espécie de arquibancada pequena improvisada do campo, a música já tocava, mas era cedo. Só quem estava ali era Alice, Lari, Kevin, Fael e Arthur. Sentei ao lado de Kevin, ele me olhou e sorriu.

— O que foi? – perguntei tentando não sorrir muito largo.

— Gostei do perfume. – dei uma risada.

— Não é isso.

— É sim. – ele sorriu e eu fiquei olhando pra ele. - Evita olhar pra mim, ás vezes não controlo minha cara de bobo.

— Sério? Deve ser paranoia sua. Sua habilidade de deixar as emoções de lado é impressionante.

— Não com você. – não tive nem tempo de responder, Fael chegou mais perto da gente e virou meu rosto segurando meu queixo.

— Só os amigos aí sabem essa parada de namoro com Arthur. Ainda quero pegar mulher. Quero sua ajuda.

— Pede o Arthur.

— Mas a amiga da mina quer você. – ele apontou com o olhar para o lado vi duas meninas conversando um pouco distante da gente.

— Posso conversar com ela enquanto você vaza com a outra, mas só isso.

— Conversar? Você tá falando sério? A noite está só começando. Você vai mudar de ideia. – ele chegou mais perto. – Caso contrário eu vou assinar seu atestado de viadinho do caralho. – ele saiu e eu percebi uma mudança drástica no clima.

— Ele consegue me deixar nervoso. – Kevin falou e eu o olhei.

— Ele não tá acreditando, tá achando que é mentira. Ou se acredita ele acha que vou pegar todo mundo.

— Você vai? – nos olhamos.

— Vou fingir que não que não ouvi a pergunta.

— Bebe comigo? – Lari chegou com um litro estreito e grande com dois canudos enormes. Cheirei e vi que era álcool puro.

— Você tá bem louca né?

— Experimenta. É gostoso. É uma receita da Fabiana. Cachaça com mel e alguma coisa.

— Ela ficou experimentando tanto essas batidinhas que já veio bêbada. – Soph contou ao chegar com Fabi. Larissa ainda estava perto de mim, vi quando ela trocou olhares com Alê e dei uma risada.

— O que foi? – ela perguntou se fazendo de boba.

— Nada. – ficamos nos olhando. – Que dia você vai assumir esse lance? – perguntei baixo.

— Cala boca peste. – ela olhou Gio chegando com Alicia. – Eu e Giovana já conversamos, mas sabemos que ela ainda não superou. – ela disse e se virou de costas se enfiando no meio das minhas pernas e eu escorei meu queixo em sua cabeça.

— Olá. – Alícia veio direto até onde estávamos... Claro, Kevin. Ela estava dando em cima dele nos últimos dias. Ela passou a mão no cabelo dele tirando da testa e o olhando de perto. – Por que você é assim?

— Assim como?

— Misterioso.

— Não sei. – ele a ignorou olhando para o outro lado. Ela continuou mexendo no cabelo dele, aquilo já estava me irritando.

— Para. – ele pediu e a olhou.

— Por quê? O seu cabelo é tão gostoso de ficar mexendo.

— Não tá bebendo viadinho? – Fael perguntou ao se aproximar de novo observando meu copo de suco.

— Para me chamar assim. – o olhei com seriedade.

— Você é o que? – ele me desafiou.

— Não sou eu o namorado do Arthur.

— Não tenho escolha, ele é... Uma espécie de... Super homem. Quem resistiria? Vem cá amor. – ele chamou Arthur que chegou e então teve seu abdômen exposto. – Olha isso. Em pensar que já beijei cada centímetro. – fiquei encarando Rafael.

— Para com isso. – Arthur tirou a mão dele com raiva. – Não vai ficar nos expondo por causa de discussão com Murilo. Menos. – ele saiu e Rafael continuou me olhando.

— Suquinho para a donzela. Ah Murilo, você tá de sacanagem. – ele ainda não havia entendido que eu não estava pra brincadeira.

— Não é da sua conta, mas estou tomando remédio.

— Esse funk é perfeito! – ele saiu dançando junto de algumas meninas desconhecidas que estavam por ali. Fabiana veio cantando em minha direção. Eu não tinha um segundo de paz.

— Dança comigo? – ela pediu e deu um sorriso provocativo.

— Melhor não. – olhei para o seu corpo. Ela estava com uma saia branca. Não sei qual era das roupas brancas que mexiam tanto comigo. Dei um sorriso safado e isso foi o bastante para trazer a tona uma Fabiana que eu me não queria ver... Ela se encaixou onde Lari estava antes e ficou bem perto de mim.

— É sério que você não tem saudade Murilo? – ela olhou dentro dos meus olhos. – Não posso evitar te perguntar isso por que... É muito bom o jeito que você faz. É... Muito bom mesmo.

— Mas eu não presto Fabiana. Eu sou meio louco. – suspirei não gostando daquela tentativa de conversa.

— Eu te procuro toda hora... Não devo me importar muito com isso.

— Deveria. – tentei afasta-la um pouco.

— Só mata minha saudade.

— Você merece muito mais que isso. Foi o primeiro ato digno que eu tive. Você é legal pra caralho, eu tive que me afastar pra não te machucar mais ainda. Nunca encontrei alguém tão legal quanto você e você sabe disso. – sorri enquanto a olhava.

— Só não sou legal o bastante para você ficar comigo. – seu olhar agora era triste e eu me odiei por isso.

— É clichê, mas eu sou o problema. Sou um idiota.

— Me deixa sentar nesse idiota hoje. – seu olhar mudou totalmente e ela deu uma risadinha safada.

— Tem vários caras aí... – mostrei em volta. – Você vai achar alguém se quiser.

— É só você que vai matar minha vontade. Sabe disso. – tirei meu boné e coloquei de novo. Já estava começando a ficar nervoso.

— Não vai rolar, desculpa.

— Lógico que vai, rolou tantas e tantas vezes. Você pode fazer charme, mas no fundo ama nossa química.

— Agora é diferente. Você começou a se envolver, a gente deu um tempo. Deixa assim Fabi.

— Não me chama de Fabi. – ela saiu indignada, depois pegou o negócio que a Lari bebia e virou tudo de uma vez.

— Alice. – chamei minha irmã que estava umas duas pessoas depois de mim. – Pede para Fabiana beber menos, por favor.

— Será que eu vou ter que entrar? – perguntei ao ver Rafael vindo com as duas garotas que ele falou antes. Torcei para que por um milagre eu não tivesse que ser grosso.

— Essa é a Julia. – olhei irritado para ele. A garota segurou meu ombro e beijou os dois lados do meu rosto. Olhei meu moletom em seguida.

— É bom sua mão estar limpa. – ouvi Kevin rir baixinho ao meu lado.

— Para de encher o saco, ele não tá afim. – Arthur percebeu tudo e veio até a gente. Julia a essa altura já estava longe.

— Não existe não estar afim de mulher. – Fael falou baixo. – Não está quem não gosta. Isso é mesmo real então? – ele apontou para mim e Kevin.

— O que eu tenho que fazer para ficar mais real?

— Você não tem capacidade de pegar uma mina sem ele não? – Arthur questionou indignado. – E por mais que não seja sério nosso relacionamento, não fica dando na cara sua obsessão por... – ele iria perder a paciência e respirou fundo. – Mulheres.

— Respondendo a sua pergunta, eu tenho capacidade SIM! E muita se quer saber. Sou gostoso pra caralho. E ainda tenho o fucking olho azul.

— Fucking? – perguntei tentando não rir.

— Maldito. Você sabe inglês?

— É que pode ser muito. Pode ser foda-se. Pode ser trepar.

— Então continue o discurso com seu fodido olho azul. – Arthur falou e riu. – Você trepa com seu olho azul. E ai?

— Não preciso dele. – ele ergueu a sobrancelha com arrogância. – Não fora daqui. – do nada ele começou a berrar. – Não sei o que esse inferno de sobrenome Montez tem que todas só querem vocês. E principalmente ele. Na verdade todos nós sabemos que o Arthur é o sonho de consumo delas... Mas ele é um muro de concreto enorme e imbatível. Então desistiram e ficam com o mais fácil da família mesmo.

— Só não é fácil pra mim.

— Melhor assim Fabiana. – minha mãe se aproximou. – Você não merece um atraso de vida desses.

— Já veio dar esporro tia Ray? – Lari perguntou e passou o braço pelo ombro da minha mãe. – Olha aí sua música Murilo.- ela deu uma risada e começou a cantar. – A coroa ficou bolada, quer que eu traga uma em casa pra poder fechar e apresentar pra família.

— Eu já to fechado com a ousadia, uma rebola de lado a outra vem joga por cima. Elas não entendem compromisso prende. – cantei quase no ouvido da minha mãe.

— É ASSIM? VAI TER QUE PEGAR A JÚLIA AGORA! – Fael gritou e eu quase me estressei se não tivesse que ser ágil e me preocupar com Fabiana caindo em cima de mim. Minha mãe tirou o copo da mão dela.

— Cuida dela! – ela exclamou em tom de ameaça e saiu de perto da gente.

— Quem é ela? – Fabi perguntou dando tapas em meu peito.

— Para porra, ela quem? – segurei seu braço.

— Ela que está te fazendo me dizer não.

— Ah meu pai! Ajuda aqui Arthur.

— BO é seu irmão. Posso fazer muita coisa não.

— Eu estou pedindo só uma noite. – ela fez o um com o dedinho. Parecia uma criança pedindo um brinquedo aos pais. Dei um sorriso involuntário.

— Nem se eu quisesse, sabe que estamos sem privacidade.

— Na primeira semana você me comeu nesse campo, no banheiro feminino, na ponte de ferro e até na cozinha. Agora isso é desculpa?

— Eita caralho! – Sofia exclamou assustada.

— E como eu durmo na cama de cima e não dá pra ver nada você ficou comigo lá também, nem tenta mentir. Inclusive pode ser lá mesmo, anda. – ela puxou meu braço.

— Não vou Fabiana. – falei em um tom sério. Ela me olhou bem surpresa.

— Dá só um motivo. Você não pode não querer. A gente sabe disso.

— Posso. Eu não quero.

— Agora ele quer um pau bem grande, não insiste filhona. – olhei para Rafael.

— Não precisa ser tão grande. – pisquei pra ele.

— Então nunca fique com o Arthurzinho amor. – ele respondeu e mandou beijo.

— Você não pode. – ela começou a me bater novamente. – Você gosta de mulher e gosta de mim. – ela parou com os socos e se aproximou mais ainda, beijando minha orelha, cheirando meu pescoço. – Vai dizer que não sente nada... – ela veio vagarosamente até o meu rosto e selou nossos lábios. – Eu quero você essa noite Murilo Montez. Anda logo. Não me faça implorar!

— Você já está implorando. – falei baixo. – E eu estou te pedindo, por favor, para se afastar, eu não quero. Tenta entender.

— Não vai fazer nenhuma piadinha sobre isso? – Ryan perguntou olhando para Alê.

— Isso é praticamente um assédio. Não tem como fazer piada. Não é engraçado. Ele claramente não está confortável com a situação. Se fosse você com alguém em cima de ti queria ver se iria rir.

— Ah pronto! Pode acabar o mundo mesmo. Essa doença veio para destruir tudo e acabei de crer. Senhor perdão pelos meus pecados e já que vai nos levar, pode nos deixar separados no céu? Já basta convivermos na terra. – Ryan fez uma espécie de oração olhando para cima. – Murilo rejeitando mulher, Alê dando lição de moral... Agora só tá faltando Arthur botar fogo na situação invés de apaziguar, aí sim a gente vai ter o apocalipse.

— Eu quero só uma chance de te mostrar que você sente a minha falta. – ela continuou insistindo. Suspirei me sentindo derrotado e abaixei a cabeça.

— Vem, você está muito bêbada. – Arthur a tirou quase a força de perto de mim.

— Alguma coisa está em seu devido lugar afinal. – Lari constatou. – Arthur sendo Arthur. Alice chegou perto de mim e me abraçou, encostando a cabeça em meu ombro. Notei que ela chorava e tentei olhar para ela, mas ela impediu.

— Ciúmes? – perguntei baixo em seu ouvido. Ela fez sinal negativo.

— Vem, vamos conversar.

— Não quero que ninguém perceba.

— Tá bom. Senta aqui. – a sentei em meu colo e fiquei fazendo carinho em seu cabelo. Sua visão era para o lado de Kevin então ela começou a dar leves chutinhos na perna dele. Ele estava mexendo em seu celular e assim continuou.

— Kevin. – ela o chamou e depois me olhou. Depois ela o chutou com mais força. Ele olhou para sua perna e olhou para ela.

— Que isso? – dava para ver em seu rosto e seu tom de voz que ele estava distraído demais e não a ignorando.

— Estou te chamando. Não ouviu?

— Ah. Não. Desculpa.

— Ele é demais. – ela me olhou e sorriu. - Qual é esse truque?

— Só vou para outro lugar quando não quero estar onde estou. Daí eu não consigo ouvir ou ver nada. É um exercício mental que exige muita prática.

— Por que não queria estar aqui? – ela perguntou sabendo a resposta. – Ah, sim. – ela logo consertou a mancada. – Mas você viu que ele estava irredutível?- sua voz saiu mais baixo.

— Não. Parei de ouvir no “Quem é ela”. Se ele está aqui então deve ser.

— Você não viu o beijo? – ele olhou sem demonstrar emoção para mim e depois para ela.

— Quando ela o atacou ela se encostou em mim, então até eu conseguir voltar a esse outro lugar sim, eu vi.

— E tá tranquilo assim?

— Devo ficar como?

— Eu ficaria puta.

— E provavelmente surtaria perdendo toda razão. – ela concordou dando uma risadinha. – Ele tem o passado dele Alice, assim como eu tenho o meu, e tudo bem também. O que importa é a vontade dele, parece que não é estar com ela.

— Ele realmente é o cara mais inteligente que já conheci na vida. – afirmei e olhei minha irmã. – Talvez se você fosse um pouquinho assim...

— Ah, não começa. Não dá. São duas peças que não se encaixam.

— Coloquei Fabiana para dormir. – Arthur disse ao chegar. – O que ela tem? – perguntou ao ver Alice quase deitada em mim.

— Nada. Vai ver onde Fael está e o que tá aprontando. – vi que Kevin fez um sinal para ele e sua expressão mudou.

— Vocês já são amigos a esse ponto? De conversar por sinais e tudo. – olhei os dois.

— Não sei o que é o tudo que você se refere, mas estamos tentando ser. – Kevin respondeu e se levantou. – Vou ir ali.

— Ali onde? – questionei intrigado. Ele ficou me olhando. – Não sou tão virtuoso quanto você. – dei de ombros. – Mas tudo bem, vai lá.

— Negócios Murilo. – revirei os olhos com sua explicação.

— Não vai não. – afirmei de forma tranquila. – Fica aqui. – ele ficou me olhando. – Qual é Kevin, senta aí.

— Se o Rafael ver você mandando em mim assim ele vai falar até amanhã. – ele afirmou e olhou para o lado.

— Foda-se. – fiquei nervoso.  Ele se sentou de novo ao meu lado. Apoiou o cotovelo no queixo e segurou seu rosto, me olhando. – Rafael te incomoda tanto? – ele concordou. – Amigos são chatos assim mesmo... Ah é, você não tem amigos. – ele me olhou de forma séria.

— Murilo! – Alice chamou minha atenção.

— Não é atacando que vai conseguir fazê-lo mudar a postura dele. – Arthur aconselhou.

— Você não vai conseguir me mudar por inteiro, esquece.

— Pra que você faz isso? – ele ficou me olhando.

— Alguém tem que fazer. – ele deu de ombros. – Se ilude se acha que não arrumariam se não fosse comigo.

— E o lance da prostituição, é verdade?

— Não é bem isso. São modelos... Maiores, cabeça feita, sabem o que estão fazendo e querem fazer, eu sou apenas um aliado. Uma ponte. Não recebo nada por isso Murilo. Todo hotel tem isso. Nunca ouviu falar mesmo?

— Se você não ganha nada por isso, pra que faz?

— Pediram minha ajuda. Como eu devo favores... Meio que me coloquei nessa situação. Mas realmente não me incomoda muito.

— Não tem medo de rolar alguma morte por overdose, ataque cardíaco, alguma coisa sinistra? – Arthur questionou o olhando.

— O problema não vai ser meu. As pessoas tem que ser responsáveis pelo que usam e pela sua própria saúde. Além do mais eu não estou diretamente envolvido em nada disso, então realmente estou bem tranquilo.

— O que o seu pai disse na noite que descobriu tudo?

— Preciso ir Murilo. – respirei fundo para não apelar com ele.

— Você sabe que estou preocupado. – suspirei. – Ontem eu deitei no seu braço esquerdo e você não fez carinho em meu cabelo com a mão direita e eu percebi que você estava tomando cuidado... Você está com problemas né?

— Eu só me machuquei.

— Não mente pra mim. Foi o cara que vende pra você?

— Não tem nenhum cara e eu estaria arrumando um nesse exato momento se você não estivesse me prendendo aqui.

— Como assim arrumar alguém?

— Meu contato caiu.

— Acabou de arrumar um novo.

— O QUE? – Alice gritou quase me deixando surdo.

— Você acharia alguém mais esperto que eu? Sabe que não. E por que o seu contato quis sair?

— Como você sabe que ele quis sair?

— Seu desespero em arrumar alguém. Se fosse o contrario não estaria assim.

— Meu pai deu uma surra nele.

— Eu tomaria uma surra do seu pai Kevin?

— Estou ouvindo essa merda toda mesmo? – Arthur questionou incrédulo. – Então invés de você ajuda-lo vai se afundar com ele. Parabéns Murilo.

— As pessoas quando elas entram dentro da gente elas entram por inteiro, não são apenas as partes boas. Eu sei que ele vai sair disso e para isso ele precisa de tempo e eu vou tentar ajudar a encurtar esse tempo ao máximo.

— Isso... Foi lindo. – Alice voltou a chorar, a abracei docemente.

— Só que para isso dar certo vou precisar fazer mais uma coisa que eu não quero. – olhei nos olhos de Kevin. – Se continuarmos tão próximos e eu sozinho o seu pai vai sacar que algo estranho está acontecendo e ele pode desconfiar de ser eu o seu novo contato e fazer algo.  Ou até mesmo ele pode pensar no pior. E de qualquer forma achando que tem alguma coisa rolando ele vai imaginar que eu faria qualquer coisa por você e essa seria uma das coisas. Então ou a gente se afasta um pouco ou eu volto a ser o escroto de sempre.

— Ser o escroto de sempre significa pegar o numero máximo de mulheres que conseguir? – ele perguntou me olhando. Fiz sinal positivo. – “Ou até mesmo ele pode pensar no pior”? – Arthur deu um passo para trás. Vi que eu tinha vacilado.

— Pior pra gente. É modo de falar também.

— Kevin, lembra-se do que conversamos? Paciência. – minha irmã falou o olhando. Notei que o rosto dela ainda estava molhado por algumas poucas lágrimas e então sequei suavemente.

— Fique com elas. Não quero me afastar. Sei que você não quer isso. É um sacrifício que eu também vou ter que passar.

— Não sente insegurança? – Alice questionou de forma curiosa.

— Sinto. Mas tê-lo é um sonho tão distante. É algo tão longe ainda. Caso alguma delas o faça querer se envolver... Vou aceitar, mesmo que isso vá partir meu coração.

— Vocês são realmente irmãos. – ela constatou olhando Kevin e Arthur. – Um tão romântico quanto o outro.

— Levanta Alice, minha perna já está dormente. – falei e a tirei com gentileza.

— Os dois casais estão aqui separadinhos? – Rafael chegou fazendo o que ele sabia fazer de melhor, encher o saco.

— Você realmente tá me querendo, não tá não? – o olhei com preguiça.

— CARALHO MANO, A GENTE ERA FECHAMENTO.

— Estava respeitando a Fabiana, agora ela não está mais aqui, podemos aproveitar. – me levantei.

— AE PORRA! – ele deu um pulo de quase dois metros. Não olhei pra trás porque se eu olhasse sabia que eu não iria.


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