Amor Perfeito XIII escrita por Lola


Capítulo 27
Vívido


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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— Sua mãe está coberta de razão Vinicius. – minha mãe falou e o meu pai pareceu considerar. Entramos e não demorou muito tempo até ele voltar com os amigos. Olhei e vi um Arthur irreconhecível. Seus olhos que já eram pequenos estavam quase fechados e ele sorria sem motivo. Kevin entregou que ele estava drogado. Pelo menos Alícia havia melhorado.

Otávia falou tudo o que precisava ser dito. Tudo o que ele fazia era para me proteger e isso era quem ele era e por isso eu precisava estar ao lado dele nesse momento que ele estava em conflito com ele mesmo. Tentei conversar com ele e nossa conversa estava indo para o mesmo caminho de sempre: nós. Vi os seus olhos parados em meus lábios. Estava na esperança daquele momento. E do nada ele milimetricamente se afastou e ficou ereto e tenso. Queria muito entender o motivo para ele agir assim, de me evitar tanto e depois de algumas mentiras e desculpas ele contou que era porque me respeitava demais.

De alguma forma eu o fiz acreditar que estava tudo bem e que tínhamos que seguir em frente. Ele não iria conseguir se aproximar de mim da forma que eu queria e pronto. Só que não era assim tão simples. Ele achou que eu iria almoçar, mas invés de ir para a porta principal, passei quase em frente a ela e virei, indo para a parte de lado e depois a parte de trás.

— Tá fazendo o que aqui? – Rafael me perguntou enquanto fumava alguma coisa que devia ser droga. Queria responder que estava na minha casa, que ele era intrometido, sei lá, queria falar qualquer coisa, mas não conseguia. Faltava um pouco de ar e eu já não aguentava mais segurar aquela dor dentro de mim. Comecei a chorar compulsivamente. – Vou chamar o Arthur. – ele ia sair, mas eu segurei o seu braço forte. – Olha, eu não sou o mais legal. Não sei lidar com isso. Você tá passando mal? Sentindo dor? É a doença?

— É ele. – sentei no chão encostada à parede ondulada da minha casa. – Não consigo parar de pensar nele, fiquei nessa loucura de milagrosamente gostar dele e por ironia do destino não posso tê-lo.

— O Arthur? – ele se agachou em minha frente. Olhei em seus olhos ainda chorando e fiz sinal positivo. – Por que não pode tê-lo? – lembrei as palavras dele e comecei a chorar mais ainda.  – Quer que eu chame alguma amiga sua aqui?

— Fabiana. E por favor, não fala nada pra ele. – ele se levantou. – Estou falando sério Rafael, se você falar ele vai se sentir culpado e isso vai piorar tudo.

— Eu tô bem perdidinho! Até onde eu sabia, ele te amava e não era correspondido por causa... – ele ficou sem graça. – Enfim. E agora da forma que você está dizendo parece até que ele te deu um fora.

— Sai pra lá. – Fabiana chegou e o empurrou. – Você mandou mensagem falando que ela estava mal e não péssima. – ela se sentou ao meu lado. – Tchau Rafael.

— Por favor, não fala com ele. – pedi antes dele ir.

— O que o Arthur fez? – ela perguntou me olhando e tentando enxugar algumas lágrimas. 

— Disse que ele trava quando tenta me beijar. – falei com dificuldade. – Porque sou prima dele, mais nova, meu pai confia muito nele e ele me respeita demais.

— Aí que triste Alice. – ela pareceu sofrer de verdade pela expressão e suspiro. Ficamos em silêncio. – Se você soluçar só um pouquinho mais alto alguém pode ouvir.

— As paredes de pedras não deixam. – falei a tranquilizando.

— E você está pensando em ficar aqui chorando até se desidratar ou até sentirem sua falta e te acharem?

— Acho que a dor passou um pouco. – respirei fundo e passei a mão em meu rosto.

— Enquanto você chorava eu achei a solução e é bem mais simples que parece. – a olhei. – Ele trava ao tentar te beijar, mas você não. É só você tomar a iniciativa.

— Não quero. De qualquer forma ele vai ficar incomodado.

— Não vai! Ele te ama Alice.

— Ama, mas não desse jeito.

— Cara, ele ama. Eu ouvi da boca dele. – ela insistiu e eu suspirei ainda discordando. – Sabe o que está acontecendo? É igual quando eu me descobri bissexual. A primeira vez que beijei uma menina eu fiquei travada antes, sentia desejo, mas não conseguia dar o primeiro passo.

— Nem sabia que você era bissexual.

— Seu irmão sabe. – ela deu de ombros. – Alice, se você beija-lo vai ver que era só questão de atitude. Entendo o Art, ele te vê como um diamante e a gente não usa um diamante no dia a dia...

— No caso a ocasião especial seria eu ficar mais velha? Tenho que esperar então?

— Não garota! Tem que beij... AH! Tive uma ideia. E se você fizer ciúme nele com Kevin? O ciúme vai fazer com que ele tome uma atitude, tenho certeza!

— Será? Não sei...

— Quando você tem ciúme dele o que você tem vontade de fazer?

— Agarra-lo. – admiti.

— Então. – ela deu de ombros.

— E como eu faço isso?

— Só se aproxima do Kevin, não faz nada exagerado se não fica teatral. E Arthur não é burro. Agora vamos ir pra lá pra dentro.

— Com essa cara de choro?

— Entramos juntas e depois corremos para o seu quarto, vem. – ela me levantou e fomos. Nem olhei quem estava na sala e na copa.

— Vou ligar um som para a gente animar. – Fabiana falou depois de fechar a porta do meu quarto.

— Cuidado com o que vai fazer, meus pais abrem a porta do nada. – falei e ela riu.

— O máximo que eu faria era mandar um vídeo intimo para seu irmão. – entrei no banheiro e lavei o rosto várias vezes.

— Alice! – minha mãe entrou como eu já havia previsto. – Luna e eu vamos receber as entregas de mantimentos, vão ser armazenados aqui enquanto não tem nenhum espaço adequado lá no terreno. Vou precisar da ajuda de todos vocês, os meninos vão carregar os sacos e caixas mais pesados, mas vão ter coisas mais leves.

— Tá bom mãe, quando chegar me avisa.

— Você não vai almoçar?

— Vou. Daqui a pouco.  – ela olhou para Fabiana que pareceu entender o recado.

— Vou ir comer. – ela saiu rapidamente.

— Você colocou a garota para correr. – falei insatisfeita. Ela fechou a porta e se sentou.

— Como foi com Arthur? – eu não sabia o que dizer. Comecei a chorar novamente. – Alice! – ela me abraçou.

— Não quero falar sobre isso.

— Vou ter que marcar uma consulta de urgência com a sua médica. Você está sentindo as coisas com muita intensidade, isso não é normal. Tenho certeza que ele não te disse nada a ponto de você chorar desse jeito. Os seus remédios tem que ser reajustados.

— Não me trata assim! – fiquei com raiva. – Ele não consegue ficar comigo, tá legal? Sou a Alice protegida que ele ama, mas que não ama a ponto de se envolver. É isso. – chorei mais ainda.

Não adiantou espernear, minha mãe me levou para a consulta de emergência e ficou bem surpresa quando a médica afirmou mil vezes que não havia nada de errado com os medicamentos.

A noite juntamos todo mundo e eu coloquei o plano de Fabiana em ação de fazer ciúme em Arthur, mas quem saiu enciumada fui eu com a presença de Aline. Só não tanto quanto Murilo. E por falar nele, nunca vi alguém insistir tanto para estar com outra pessoa igual ele insistiu para ela dormir aqui. Foi até bom porque Fabiana dormiu em meu quarto e me ajudou a entender muita coisa.

— Bom dia. – subi no sótão assim que Rafael desceu e deitei ao lado de Arthur. Ele abriu os olhos e pareceu não acreditar no que via, fechou os olhos e abriu de novo.

— Estou sonhando? – ele perguntou e não respondi nada, fiquei admirando o seu rosto. Então ele virou para o outro lado.

— Vai mesmo me dar às costas? – minha voz saiu mais mansa que o normal se isso era possível. Ele se virou novamente para mim.

— Realmente achei que estivesse sonhando. – explicou ainda de olhos fechados.

— Não é um sonho eu estar aqui.

— Sabe como sou quando acordo. – ele me olhou por alguns instantes.

— Quero te pedir desculpa. – seus olhos se fecharam novamente.

— Por sair quase correndo quando eu me abri para você?

— Olha pra mim. – ele abriu os olhos e comecei a fazer carinho em seu rosto. – Por não te entender, por me sentir envergonhada de falar sobre isso. Por achar que o problema é comigo independente do que você diga.

— Quem é você e o que fizeram com a Alice? – ele se afastou um pouquinho brincando.

— Fabiana precisou ficar quase a noite toda me explicando muito do que não entendo.

— Ela não foi parar na cama do seu irmão?

— Aline dormiu aqui. – me aproximei mais dele. – Não gostei de ouvir vocês dois recordando sobre as noites de amores que tinham.

— Não eram noites de amor, não existia esse sentimento. – ele me olhou. – Aline foi quem mais percebeu o que eu sentia por você. – ele passou a mão em meu cabelo.

— Você não disse se me desculpa.

— Vamos conversar sobre isso Alice. Quero saber como se sente, quero te explicar porque não deve se sentir assim.

— Acabei pensando que você me ama como sua prima e não como alguém que pode ser sua namorada.

— Isso não é verdade. – ele passou a mão no rosto e se deitou de barriga para cima. Depois pegou minha mão e ficou fazendo carinho. – Sua disfunção cerebral, a covardia do Kevin e o seu pai... Tudo isso fez com que você fosse intocável até para mim. Pensei bem e acho que no fundo eu estou adiando porque sei que o seu pai não vai aceitar a gente e de uma forma ou de outra vamos ter que acabar, então é mais fácil estar perto de você assim.

— Como você pode ter tanta certeza?

— Eu sinto.

— Mas você é tão querido por ele. Ele te acha totalmente perfeito!

— Não é porque sou eu, é você. Ele não vai aceitar que namore tão cedo.

— Minha mãe não quer que eu sofra, meu pai não quer que eu namore. Eu to bem. – lamentei. Suspiramos quase juntos.

— Vem cá. – ele me puxou e me colocou em seu peito. - Quantas horas? – ele pegou seu celular e o acionou. – Já está tarde, tenho que levantar.

— Ravi perguntou por você agora mesmo. – contei enquanto fazia carinho em seu peito.

— Não diz isso. Vamos fingir que nada disso existe e somos apenas nós dois. - ele falou e eu dei uma risada.

— A parte boa é que não existia a Aline. – ele riu mais ainda.

— O mundo gira, você quis me fazer ciúme com o filho do demônio.

— Ei, esse demônio é seu pai. – bati nele e o olhei.

— Sua boca está cheirando a menta sabia?!

— É porque eu escovo os dentes. – me deitei de novo. – Você fala qualquer coisa para mudar o rumo da conversa quando o assunto é o seu pai.

— Você me insultou. Vou escovar os dentes também. – ele se levantou em um pulo.

— Você faria qualquer coisa para não falar dele. – continuei deitada. – Acho que você poderia até me beijar para não falar dele. – ele apareceu na porta do banheiro com a escova de dente na boca e revirou os olhos. Resolvi mudar de assunto já que aquele tanto o incomodava. – Arthur... – ele mostrou o rosto molhado e depois pegou a toalha no banheiro e o enxugou. – Você terminou seu lance com a Aline antes de ir para a faculdade?

— Não se termina um lance. A gente simplesmente para de se procurar. – ele voltou para o quarto e colocou sua mala na cama buscando uma roupa.

— O que você sentia por ela? – ele parou e me olhou. – Você pediu para a gente conversar e falarmos sobre o que estamos sentindo... Estou sentindo ciúme dela.

— Mesmo que fôssemos amigos e eu a respeitasse demais, com ela era só sexo, com você é outra coisa incomparavelmente maior. Não precisa ter ciúme.

— A Aline, Fabiana, todas as inúmeras garotas lá da universidade... Como você consegue ser assim? Como consegue transar sem sentir nada?

— Mas eu sinto. Tesão. – ele deu de ombros e continuou separando sua roupa. Quando viu que eu estava chateada parou e me olhou. – Sou respeitoso, mas ainda sou homem.

— Você fala tanto do Kevin, mas tem tantas fraquezas quanto ele.

—Transar sem sentimento não se compara a não ter caráter. – ele ficou nervoso e falou quase que com tom grosseiro.

— Para mim sim. – me levantei para descer.

— Mais uma briga Alice? – ele perguntou antes de eu ir.

— Você sabe que eu não queria que você fosse assim!  - ele se levantou e parou em minha frente.

— Como eu sou? – quase perdi o ar com nossa aproximação.

— Por que você está tão perto? – o olhei nos olhos.

— Responde como eu sou Alice. – sua voz de repente parecia se esforçar para sair e seu tom de voz era baixo e suave.

— Safado. – falei com dificuldade.

— Alguma vez fui safado com você? – seus olhos não saiam dos meus.

— Não, mas é com as outras.

— Você só está assim porque queria ser as outras. – ele conseguiu me magoar de novo. Abaixei minha cabeça. – Qual é Alice, você quer ou não quer que eu pare de te tratar como uma bonequinha indefesa?

— Quero, mas não precisa dizer essas coisas. Machuca. – meus olhos expulsaram lágrimas sem eu querer de novo.

— Estou nervoso! Você me comparou ao meu irmão. Talvez você queira descer e ir lá até ele.

— Está me machucando por ciúme? – o encarei.

— Estou. Quem começou com isso aqui foi você.

— Me deixe sair Arthur. – pedi sem olhar para ele.

— Estou te segurando? – ele mostrou os braços livres.

— Sai da minha frente então. – ele continuou parado.

— Não. – ele se aproximou mais ainda encostando nossos corpos e eu dei um passo para trás trombando na cama e caindo sentada. Foi quanto ele me empurrou pelos ombros para que eu deitasse e veio para cima de mim. – Tenho três coisas para te falar. – fiquei o olhando com os olhos arregalados ainda surpresa com suas atitudes. – Uma não quero que fale mais de Kevin comigo, principalmente me comparar a ele. Duas, esquece a Aline de uma vez por todas, ela está com o seu irmão e três... – ele respirou fundo e balançou a cabeça. – Meu bloqueio está prestes a ir para a puta que pariu.

— Por que está com raiva?

— Você faz perguntas demais. – ele parou de se apoiar em suas mãos e se apoiou em seus cotovelos e em um segundo sua boca estava a pouquíssimos milímetros da minha. Minha respiração ficou estranha e meu coração acelerado. Isso acontecia quando ele ficava próximo demais. Mas ele nunca havia estado tão próximo. Sem aviso nem nada ele tomou minha boca. Nossas línguas se uniram em um ritmo lento e suave, mas não durou muito. Aquilo foi ficando cada vez mais intenso, tão rápido e impossível de continuarmos. Ele juntou nossas testas e tentamos normalizar nossa respiração. Sem pensar muito eu o puxei e iniciei um novo beijo. Queria mais, não queria parar, mesmo que eu perdesse o ar, mesmo que eu tivesse reações incontroláveis.  Não senti nada disso quando beijava Kevin, na verdade eu não senti nada perto disso. E eu não queria e nem conseguia parar. Toda vez que ele tentava sair eu não deixava.

— Ei, me deixa respirar um pouco. – ele pediu quase sem ar.

— Acho que estou na vantagem por nunca ter fumado. – falei e também recuperei minha respiração.

— O que foi isso? – ele passou a mão em rosto e sorriu.

— Também não sei. Com Kevin era tão automático e acho que normal... Isso é um pouco viciante de tão bom.

— Está me comparando a ele de novo.  Mas agora eu não importo. – ele me beijou novamente. E poderia ter sido diferente, mas não foi. Talvez por isso rapidamente ele quis se afastar, mas eu o segurei pelas costas. Como eu havia erguido meu corpo para impedir que ele se levantasse, ele aproveitou disse e me pegou pela cintura e se deitou me colocando por cima.

— Seu braço estava doendo? – perguntei e sorri.

— Também. – ele deu uma risadinha maliciosa. – Vai ser melhor para eu para eu acalmar um pouco.

— Sinto que não. – falei baixo em seu ouvido.

— Vejo que o meu pai estava certo quando falava dos seus beijos com o... – o interrompi ficando um pouco ereta e olhando em seus olhos.

— Devemos chama-lo para participar desse momento? Porque vejo que o assunto sempre acaba nel... – antes que eu acabasse de falar ele me pegou pela nuca e me beijou. Eu poderia ficar fazendo isso o dia inteiro. Era tão bom e tão incrivelmente apaixonante. Arthur devia ter me beijado antes.

— Não faz isso. Por favor. – ele pediu com a voz falhando e segurou minha cintura.

— Não posso mexer o meu quadril? – perguntei inocentemente.

— Você ama se fazer de boba. – ele reclamou parecendo realmente zangado.

— Se eu não fosse realmente boba você já estaria dentro de mim. – ele ficou me olhando e depois fechou os olhos.

— Queria entender porque o caralho da minha mente pervertida achou isso sexy.

— Talvez seja porque sua mente nesse momento está sendo controlada por essa pedra em que eu estou sentada.

— Você é muito má. – ele me beijou de novo, só que dessa vez percebi que ele estava tentando se controlar.

— O que foi? – perguntei me afastando um pouco.

— Estou preocupado. Já devem ter sentido sua falta. Se seus pais sobem e pegam a gente... Não vai ser legal. E agora eu realmente preciso de um banho muito gelado para encarar o dia. – seu suspiro me fez rir.

— Tá bom. – me levantei. Ele me olhou de cima a baixo. – O que foi?

— Nada. – sua resposta não me convenceu, mas decidi não insistir. Quando desci a primeira pessoa que vi foi Otávia, ela me olhou e arregalou os olhos.


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