about love and stuff. escrita por unalternagi


Capítulo 7
Abandonando todas as defesas


Notas iniciais do capítulo

Olá

Mais um capítulo para vocês onde conheceremos um pouco mais sobre Rose e Emm

Espero que gostem.



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Capítulo 07 – Abandonando todas as defesas

|ROSALIE|

Acordei ainda meio sonolenta, incomodada com o barulho em algum lugar do meu quarto.

Eu tinha passado quase que a noite toda colocando em tempo a leitura que perdi indo para o baile de boas-vindas com meus amigos. Eu sabia que se não tivesse ido poderia me arrepender amargamente por isso, mas não vou negar que, bem agora, eu preferia ter ficado lendo o que eu tinha para ler. Seguindo o cronograma que eu criei no começo do ano letivo.

O celular parou de tocar e eu agradeci às forças cósmicas por isso, mas amaldiçoei-as um momento mais tarde quando senti meu irmão mexendo no meu ombro.

—Que foi? – murmurei irritada.

—Mamãe ligou, disse que está tarde, para irmos aproveitar o dia de sol – ele falou se deitando ao meu lado na cama de casal que tinha no meu quarto.

—Só mais um pouco – falei sonolenta e Jazz não respondeu.

Não sei ao certo quanto tempo passou, mas escutei meu celular de novo.

—MAS QUE PORRA – reclamei irritada alcançando ele – Sim?

Bom dia a você também, linda— Alice disse animada – Venham para a minha casa, todos estão aqui. Quer dizer, os jovens né?! Nossos pais foram para La Push...

Tirei o celular do ouvido e joguei em Jasper porque achei que minha cabeça ia explodir pela quantidade de palavras que Alice estava jogando em mim.

—Lide – falei antes de entrar no banheiro.

Fiz minha higiene com calma e resolvi tomar um banho para tentar despertar. Quando saí do quarto Jasper já não estava lá e meu celular estava em cima da cama. Peguei olhando para ver as horas e reparei algumas mensagens, mas resolvi ignorá-las porque, todos os amigos que eu tinha eu estava indo encontrar dentro de poucos minutos.

Coloquei moletons e um tênis qualquer para atravessar o jardim até a casa dos Cullen. Penteei meu cabelo molhado e sequei-o, com a toalha mesmo, deixando-o só úmidos com medo das consequências de sair com ele pingando na friagem.

Eu tinha escutado Jasper falando que o tempo estava com sol, mas eu conhecia essa cidade como a palma da minha mão. Era óbvio que o “tempo bom” aqui era uma manhã fria na Califórnia, por exemplo.

—Jazz? – chamei no corredor.

Estou indo — avisou de dentro do quarto.

Sentei na escada o esperando. Voltei para dentro do quarto, peguei um lenço o deixando cobrindo meu cabelo, coloquei meu óculos de grau e peguei o livro que tinha tirado da biblioteca do meu pai, estava gostando bastante do assunto.

Fiquei esperando por uns dez minutos até que Jasper saiu do quarto vestido com jeans e bem perfumado. Franzi o cenho, confusa.

—Achei que íamos almoçar na Lice e Ed – falei levantando.

—Nós vamos, mas eu vou ver minha namorada né – ele falou e eu gargalhei.

Revirei os olhos.

—Onde está o seu celular? – perguntou de forma estranha.

—Ahm, em cima da minha cama, eu acho. Por quê? – perguntei curiosa.

Não é como se todas as pessoas quisessem ser nossos amigos, mas o fato era que nosso grupo sempre foi restrito entre nós seis. Quando ele decidiu ir embora, perdemos uma pessoa, mas nunca o substituímos. Nunca sentimos a necessidade de agregar ninguém. Então não é como se eu tivesse um círculo de amizades enorme que estariam doidos para falar comigo, na verdade, meus três amigos poderiam bater na porta da minha casa quando e se quisessem conversar. Só havia uma pessoa que não poderia o fazer, mas com ele eu já não conversava a mais de um ano. Não quando eu estava sozinha, também não é como se eu tivesse o número europeu dele, ou se o quisesse. Porque não queria.

Tive essa discussão interna por um tempo enquanto Jasper parecia inquieto ao meu lado.

—Ontem, quando eu voltava das casa dos Cullen eu encontrei com a Bella e Edward no jardim, ahm... Acho que eles se acertaram por fim – começou hesitante.

Franzi o cenho, ele não poderia estar tão nervoso assim para contar-me sobre Edward e Bella. Edward já havia confessado para mim que seus sentimentos por ela tinham evoluído, inclusive, fiquei feliz pela lesma finalmente ter seguido sua vontade. Mas agora eu só queria entender porque Jasper estava sendo tão cauteloso sobre aquilo.

—Jazz, eles farão um ótimo casal – falei confusa.

Ele abriu a boca duas vezes antes de soltar uma risada nervosa e dizer que era melhor irmos. Obviamente ele escondia algo, mas minha barriga pedia alimentos então tentaria tirar isso dele mais tarde.

Fomos lado a lado para os Cullen, comentei para ele sobre o livro que estava lendo e ele pareceu surpreso e feliz por mim quando externei meus pensamentos de cursar direito.

—Papai vai pirar – ele falou enquanto subíamos as escadas da varanda.

—Eu sei que vai, mas juro que não estou pensando nisso por causa dele apenas, eu só acho que vou gostar mesmo da profissão – falei abrindo a porta e entrando.

Comecei a tirar os meus sapatos enquanto escutava as conversas na cozinha. Uma risada alta e ruidosa me fez parar o que eu fazia.

Não pode ser.

—OS HALE ESTÃO NA CASA – Jasper gritou percebendo que parei.

O silêncio foi assustador para mim.

Assustador porque Alice sempre gritava quando Jasper chegava, porque Edward reclamava, porque Bella corria para abraçar Jasper antes de Alice o fazer e, assim, irritar nossa amiga. Mas nada aconteceu e eu ainda escutava o eco da risada na minha cabeça.

—Finalmente, Alice não nos deixava comer até vocês chegarem – ele disse aparecendo em minha linha de visão.

Eu gelei. Da ponta do pé até o último fio de cabelo, de forma rápida. Fiquei sem reação encarando o homem na minha frente. Emmett Lorenzo Swan.

Ele parecia mais forte, o cabelo estava um pouco mais curto e a pele bronzeada. O sorriso era brilhante tanto quanto eu me lembrava, as covinhas estavam ali na bochecha com a barba rala. O tipo de barba que eu sempre amei nele. E os olhos, os olhos verdes, iguaizinhos aos de Bella e tia Renée, olhos que diariamente me torturavam como uma lembrança ruim. Achei que tê-las como lembranças constantes seria  bom, que eu estaria acostumada aos olhos depois de tanto tempo longe, mas eu não estava.

Doeu como um tapa. O meu coração comprimiu no peito.

Olhei para Jasper, tentando sair dos olhos e aquilo ajudou, como um clique entendi o que Jazz tinha escondido. Ele estava me encarando, amedrontado.

—Por que não me falou? – perguntei irritada, mas minha voz pareceu mais assustada do que eu gostaria.

—E-eu... – Jasper ficou quieto.

Alice foi para o lado dele e percebi que Edward e Bella também nos encaravam perto da entrada do hall.

Senti-me traída porque ninguém tinha me dado um aviso prévio. Lembrei que eu havia ignorado o celular propositalmente e, por isso, permiti que todo o ódio fosse direcionado apenas ao homem que ainda sorria para mim, agora sem tanta convicção, parecia quase assustado com algo.

Comecei a reclamar com qualquer força divina que cuidava de minha vida. Que merda de piada ridícula era aquela? Por que comigo? Eu vinha me esforçando tanto para ser ótima. Não boa, ótima. Não merecia castigo algum, não mesmo.

Desde que ele foi eu tinha sido tão forte. Tão centrada. Não falei com ninguém sobre nada para não dar audiência aos meus sofrimentos, mas tudo caiu por terra no momento que aquelas covinhas apareceram na minha manhã de um sábado fresco.

Desviei o olhar dele novamente caindo meu olhar nas mãos entrelaçadas de Edward e Bella, minha amiga deveria estar tão contente com Emmett de volta. Eu não estragaria nada para ela.

—Ouvi dizer que temos um novo casal entre nós? – perguntei tirando o lenço da cabeça e fingindo que nada aconteceu.

Coloquei o lenço no lugar de pendurar casacos e coloquei meu outro par de sapato perto, o livro em cima para eu não esquecer.

Edward sorriu, aliviado pelo clima mais leve.

—Finalmente, eu diria – Alice falou perto de mim e eu ri.

—Estou muito feliz por vocês, mas minha felicidade está sendo tapada pela fome – falei e eles riram, com certeza amedrontados que eu começasse um chilique de repente. Não era difícil de acontecer, mas não aconteceria. Eu me negava – O que tia Esme deixou para nos presentear? – perguntei animada.

—Lasanha de presunto e queijo para os normais e uma de brócolis para o resto – Emmett brincou.

Bella e Jasper não comiam carne. Bella desde que voltou do Arizona, Jasper desde que nasceu.

—Eu sou o resto? – Bella disse ofendida.

Ele riu e abraçou-a, tirando ela de perto de Edward e puxando para a cozinha. Todos os seguimos e sentamos ao redor da bancada de mármore. Fingi que Emmett não existia, exatamente como ele tinha feito comigo pelos últimos dois anos. Não foi tão difícil quanto pensei, passado o choque inicial.

Comemos em meio a risadas e brincadeiras.

Eu não assumiria isso tão cedo, mas com Emmett ali parecia quase como se estivéssemos completos e eu percebia que todo mundo sentia isso.

—Então voltou para ficar? – perguntou Jazz a Emmett quando terminamos de comer.

Era coisa de gêmeo. Essa era a exata pergunta que eu queria fazer a Emmett, mas ainda não tinha conseguido dirigir a palavra para ele.

—É o plano – ele sorriu – Ao menos no país, mas estou pensamento em mudar de Estado, acho que finalmente descobri o que quero fazer – falou sonhador.

—Coincidência, porque eu também decidi a faculdade que eu quero – falei sem pensar.

Ele me olhou curioso e sorriu amplamente. Tomei o resto do suco que tinha no meu copo para ver se a vergonha sem noção que eu sentia passava.

—Moda né? Comigo? Para nós sermos melhores amigas para sempre e a Bella ter que vir com a gente para não se sentir excluída? – Alice disse realmente esperançosa.

Todos na mesa rimos com a ideia de Bella fazendo moda.

—Imagina essa desengonçada costurando? Alice, nos salve do desespero – Emmett gargalhou.

—Se eu quisesse eu poderia – Bella se defendeu afundando na cadeira.

Nem ela confiava nisso.

Edward riu alto e beijou a cabeça dela para disfarçar, Bella deu um soco no braço dele.

—Eu poderia – ela reforçou fazendo careta.

—Claro que poderia, amor, mas sei que não é isso o que quer – Edward disse ainda rindo.

Ficamos zoando Bella por um tempo. Por fim, Edward ficou curioso pelo meu curso.

—Estou pensando, seriamente, em direito – contei.

Coloquei minha louça na pia, todos imitaram. Voltamos a sentar na cozinha enquanto Edward lavava a louça.

—Diferente, nunca imaginaria você fazendo direito – Emmett disse.

—É porque você não me conhece mais – falei sem pensar de novo.

O clima pesou de novo e eu quis socar a minha cara. Eu estava sendo uma perfeita de uma idiota querendo provar que ele não me afetava sendo que claramente o fazia. Eu não poderia ficar indiferente com o irmão da minha melhor amiga, eu tinha que o tratar como trataria Edward se não fôssemos amigos também.

Decidida, eu arrumei minha postura, o silêncio completando o aniversário de dois minutos. Pigarreei.

—E você, Emm? O que decidiu? – perguntei genuinamente curiosa.

O clima amenizou instantaneamente. Não tinham mais embates na cozinha. As posturas ficaram mais relaxadas.

—Fiz alguns cursos de gastronomia e de uva e cevada... Estou pensando em especializar-me nisso e abrir um pub – ele contou – Forks ou Port Angeles seriam bons lugares pela carência que temos, mas ainda não sei. Pelo menos as especializações serão feitas em outro lugar.

Assenti surpresa.

Eu também nunca o imaginaria fazendo aquilo, mas, eu também já não conhecia o homem sentado ali.

—Parece legal – falei simplesmente.

—Sim, essa viagem foi muito boa para esse aspecto em mim – ele disse.

—E amoroso né – Alice cutucou – Nós ouvimos o dia que a tal Tina estava lá com você...

Ele riu alto. Negou rapidamente e, não sei o porquê, mas fiquei feliz que ele não estivesse namorando porque eu também não estava.

—Tina é minha amiga, namorada do cara com quem eu dividi apartamento em Milão, Tato.

Tina não estava interessada no Emmett. Esse foi mais um bônus na minha mente. Eu deveria ficar menos feliz com isso que em nada me implicava, mas eu queria rir sem motivo nenhum.

—E o resto? Além de Alice, Rose e eu... Alguém mais já sabe o que vai fazer? – perguntou Emmett curioso.

—Vamos fazer música – Jasper disse dançando e começamos a rir.

American Pack— Emmett falou como se só agora se lembrasse da banda deles.

Começamos a conversar sobre isso. Alice mostrou os vídeos que gravou deles tocando ontem a noite e Emmett ficou animado, elogiou os três e passamos a conversa para a sala. Ficamos deitados, conversando, rindo, planejando... Tudo era leve e eu sentia que parecia certo ter Emmett de volta.

.

Mais tarde, antes de nossos pais chegarem, eu levantei avisando que iria para casa para arrumar as coisas para meu trabalho voluntário na clínica de La Push no dia seguinte e Emmett falou que tinha que ir também, mas eu sabia que ele só não queria ser vela ali, então não reclamei.

Ajeitei o lenço na cabeça de novo e Emmett riu segurando a porta para mim.

—Friorenta que só – comentou quando saímos.

—Vivemos nessa cidade congelante, não existe verão. Não sei por que vocês gostam de fingir que existe – murmurei – Tudo bem, gente, há lugares...

—Que têm só verão e aqui tem só inverno, nos contentemos – ele completou o que eu ia dizer e eu ri – É bom saber que nem tudo mudou – ele murmurou quase que para ele mesmo, mas o escutei muito bem.

Caminhamos o resto do curto caminho em silêncio, quando chegamos na frente da casa dele virei para me despedir, mas ele negou com a cabeça.

—Caminho com você até a sua casa, nunca sabemos o que pode acontecer – ele falou continuando a caminhar.

—É, Met, coisa que um piano pode cair em mim nesses dez metros que eu vou caminhar sozinha – eu ridicularizei, mas ele ignorou.

Caminhei com ele até minha casa e ele parou, segurando minha mão.

—Acho que deveríamos conversar – falou.

Concordei devagar, assentindo para que ele soubesse que eu estava disposta a isso.

—Estou ouvindo – falei, simplesmente.

Agora que estávamos sozinhos, percebi que eu não queria manter o clima ameno. Quer dizer, eu já não conseguia.

—Não assim – ele disse estalando os dedos, desconfortável – Podemos entrar? Não quero que morra de hipotermia no meio de nossa conversa – falou zombeteiro.

Revirei os olhos, mas não respondi. Entrei em casa e tirei o lenço e os sapatos do mesmo jeito que tinha feito nos Cullen. Emmett se sentou no sofá, olhando tudo ao redor como se fosse a primeira vez que entrava aqui.

—Nova televisão? – perguntou sorrindo.

—Meu pai, todo ano – murmurei revirando os olhos me jogando na poltrona confortável, numa distância segura dele.

Ele assentiu devagar.

—Como estão as coisas com ele e sua mãe?

—As mesmas – falei simplesmente.

Eles viviam bem, mas sabíamos que faltava algo. Nunca vimos eles brigando, mas também nunca os pegamos se beijando apaixonadamente como já pegamos tia Esme e tio Carl mais vezes do que posso contar. Tia Renée era mais espevitada, o contrário do tio Charlie, por isso também não era difícil ver os dois trocando carícias.

Ele suspirou.

—Eu acho que te devo umas explicações.

—Não me deve nada – falei rapidamente.

Ele bufou passando a mão no rosto, deu uma coçada na barba e riu sem humor.

—Não passa essa sua fase?

—Que fase?

—Teimosa.

—Não é fase, sou eu – falei séria.

Ele recostou no sofá.

—Eu levei Kate ao baile logo depois de transarmos, depois fui e sumi por dois anos sem nenhum aviso prévio – ele falou e eu desviei o olhar sentindo minha garganta arder – Por que nunca contou a ninguém o que aconteceu?

—Porque foi um momento nosso. Éramos jovens, mas eu fiz consciente do que eu queria. Você nunca forçou nada... Não queria te pintar como um vilão que não era – falei simplesmente.

—Eu não te mereço – ele sussurrou.

Eu escutei, mas fingi que não escutei e ele fingiu que não disse nada. Sentou mais perto da minha poltrona, ainda no sofá.

—Eu fiquei confuso – ele falou.

—Espero que Kate tenha respondido suas questões – falei simplesmente, levantando para longe dele.

Fiquei parada olhando a janela da sala. Nada em específico. Eu estava de volta há dois anos atrás. Uma idiota, apaixonada pelo irmão da melhor amiga que não queria nada de mim além de sexo.

Kate Denali. Eu sabia que Emmett tinha tido uma paixão por ela no começo do high school, eles até namoraram e sei que perderam a virgindade juntos. O colégio todo sabia daquilo. Ele leva-la ao baile poucos meses depois de assumir o namoro comigo foi demais para mim.

—Ros-

—Não, não – virei irritada, sentindo-me vulnerável de mais para alguém que já não merecia isso – Você já decidiu muita coisa sobre nós dois, agora quem decide se vamos falar disso ou não sou eu— falei séria – Emmett, eu fiquei. Fui eu quem tive que lidar com tudo, sozinha. Com os olhares debochadores, com a preocupação dos nossos amigos e irmãos, fui eu. E desde sempre eu decidi que não ia falar mais nada sobre aquilo e não o vou fazer.

Ele se levantou também, parecendo ansioso de mais.

—Rosalie, temos que começar a lidar com isso. Eu estou falando sério. Estou aqui agora e gostaria de fazer as coisas voltarem a ser como eram. Nós seis não seremos os mesmos enquanto você estiver zangada comigo e Jazz estiver tomando as suas dores...

Rosnei irritada com aquele idiota. Como assim Jazz “tomando minhas dores”? Ele era o meu irmão. Respirei fundo voltando ao controle da minha mente para não xingá-lo até suas próximas gerações.

—Então vamos conversar – concordei irritada.

Voltei a me sentar na poltrona, cruzei minha perna e apontei para o sofá, tentando deixar claro que ainda não o queria tão perto. Ele respirou fundo antes de sentar onde mandei.

—Já te pedi perdão antes, mas volto a pedir. Rose, eu...

—Calma. Perdão? Pelo quê quer começar? Por ter conseguido transar comigo e depois me traído? Por deixar uma conversa pendente e ir para a Europa? Por ficar esse tempo todo sem falar comigo, sem dar nenhuma notícia, voltar e querer remexer em uma ferida já sarada porque você agora sente que está pronto para isso? – perguntei irônica.

—Eu... – ele ficou confuso por um momento – Rose, eu não sei o que dizer.

—Porque não tem o que dizer. Você quer dar uma tréplica sem ter me dado chance de réplica a anos atrás como o belo covarde que é – falei puta.

Eu estava possessa. Que garoto idiota. Com que direito ele vinha querer cagar esse monte de merda em mim?

—Não – falei exasperado – Agora quem me escuta é você. Sabe por que fui embora sem falar com você? Porque você me amava num tanto que ia me oferecer um perdão que eu não merecia. Eu não merecia uma segunda chance, Rosalie. Eu era um moleque e não estava entendendo o que eu estava sentindo, por isso fiz o que fiz, porque a vulnerabilidade me deixou idiota, a imaturidade fez com que eu te impedisse de ter uma força contra mim. Eu não estava disposto a te deixar entrar e ficar, eu achava que perderia muito se deixasse – a sinceridade dele me destruiu – Tive muito tempo para refletir sobre isso, tive tanto medo de perder coisas que julguei importantes que acabei por perder a única que realmente me importou – falou em apenas um fôlego.

Comecei a respirar devagar, entendendo tudo o que ele dizia. Desviei o olhar do dele quando percebi que iria perder a racionalidade se me deixasse levar. Percebi ele se levantando do sofá e sentando-se à mesa de centro, bem na minha frente. Ele segurou as minhas mãos com um carinho que me impediu de tirá-las de lá.

—Será que você pode perdoar esse idiota? – perguntou ansioso.

Uma chave se virou dentro da minha mente. Entendi o que eu precisava.

—Não. Não posso – falei rapidamente – Vamos fazer assim? Fingir que nunca tivemos nada. Somos amigos desde crianças, não vamos perder isso. Sou louca pela sua irmã e seus pais, todos os meus amigos são seus também, não quero deixar ninguém desconfortável, mas também não estou a fim de perdoar você por qualquer coisa, então vamos apenas fingir que nada nunca aconteceu.

—Quer apagar nosso namoro? – ele perguntou sério.

—Quero apagar os meses que você levou para convencer-me de que transar com você era uma boa ideia – falei fria, o oposto da explosão que acontecia no meu peito – Somos amigos, sempre fomos, sempre seremos. Qualquer coisa, além disso, foi ilusão – minha.

Ele ficou quieto um tempo, mas por fim levantou.

—Isso tornará as coisas como eram? – perguntou.

—Sim. Antes de toda essa porcaria – falei.

—Eu aceito então – falou simplesmente – Vou sair e deixar você arrumar suas coisas. É muito bom estar de volta, estou feliz de termos nos acertado, Rose – falou sorrindo e veio para o meu lado.

Os lábios dele tocaram meu couro cabeludo não sei por quanto tempo, mas fechei os olhos para amplificar o cheiro dele que invadiu minhas narinas sem pedir licença.

Por um minuto permiti toda a mágoa sair de onde estava escondida. Toda a saudade, o amor, a vontade de ficar junto, de entender ele. De assumir tudo o que eu sentia. Tudo. Ele se separou e saiu da minha casa deixando-me completamente vulnerável para trás.

Corri para o meu quarto. Tranquei a porta e me joguei na cama chorando como fiz por vezes incontáveis nos últimos anos. Pelo mesmo motivo, o mesmo menino, o mesmo acontecimento.

.

|EMMETT|

Ela estava mais linda. O sorriso estava mais amplo, o corpo mais curvilíneo, o rosto mais magro, os olhos mais expressivos. Fiquei contente quando a vi com os óculos de leitura, antes ela morria de vergonha deles, vivia de lentes de contato.

Depois de dois anos. De tudo o que eu fiz para esquecê-la, para deixar para trás, para proteger a minha liberdade, perdi tudo quando meus olhos encontraram seu rosto surpreso no hall de entrada da casa dos Cullen. Aquilo havia me matado, porque eu tinha certeza que já não nutria esse sentimento por ela.

Achei que a faca, que eu tinha conseguido colocar no meu peito depois de deixa-la, tinha saído do lugar, mas não foi o caso. Pelo contrário, Rose a viu e conseguiu torcê-la para que nenhuma parte de mim se regenerasse. E eu sequer poderia culpa-la por aquilo.

Ela tinha segurado uma barra mais pesada do que necessitava quando fui embora tentando deixar tudo para trás, tentando ser livre, tentando descobrir o que eu queria e  como faria para conseguir.

Tive um exemplo forte no casamento dos meus pais, como o relacionamento sufocava depois de muitos anos juntos, como amor juvenil, depois de adultos, sumia, doía, e eu não queria aquilo, nunca quis. Desde a separação deles eu não quis, quando eles voltaram entendi que a maturidade trás mais força e certeza para o relacionamento.

Mas Rosalie estava diferente. Ela já não era a menina de dezesseis anos que deixei para trás. Não era a garota que eu deixei chorando em casa ao entrar no carro do meu pai em direção ao aeroporto.

Aquela era uma mulher decidida na carreira profissional, sabia o que queria e não estava medindo esforços para conseguir, nem o deveria fazer. Nunca. Eu sabia que a tenacidade dela a levaria onde quisesse e eu fiquei orgulhoso por saber que um idiota não conseguiu apagar o brilho dela, muito pelo contrário. Ela pegou as lágrimas, poliu-se e tinha se tornado alguém ainda mais lindo e brilhante, e eu estava tentando entender como aquilo foi possível.

Comecei a desfazer minhas malas no closet de casa. Peguei uma roupa mais confortável e fui tomar um banho. Saí de cabelo molhado e me esgueirei na minha janela do quarto olhando para o quarto dela. A luz estava acesa e ela estava de costas para a janela, sentada na escrivaninha fazendo algo.

Bella, Edward e Alice tinham me contando como ela estava obstinada a conseguir entrar em uma faculdade da Ivy League. E eu não tinha dúvidas de que ela conseguiria.

Fechei minha cortina sabendo que, se não o fizesse, passaria a tarde toda encarando-a e eu não queria aquilo. Coloquei um filme qualquer na TV a cabo e deitei na cama sentindo o cansaço tomar-me depois de toda a ânsia dos reencontros passarem. Dormi calmamente na minha cama, depois de dois anos.


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