Bônus: Royce King II

Royce era o filho único do maior banqueiro do estado da Geórgia, nos Estados Unidos.

Desde a barriga de sua mãe, os pressentimentos que ela tinha em relação a ele eram estranhos. Primeiro de tudo, a gravidez dele foi uma gravidez geminar que não vingou quando um dos fetos morreu, sem causa aparente, no quarto mês de gestação.

Royce veio ao mundo sem chorar.

Quando nenê, o garoto tinha um olhar quase superior e nunca foi fácil para ele se relacionar com outras crianças.

Na infância, cresceu isolado, mas nunca foi marginalizado ou zoado pelos colegas, muito pelo contrário, até mesmo as crianças mais velhas tinham certo receio de se aproximar ou ridicularizar o único herdeiro dos King.

Carregando o mesmo nome que seu pai, um homem muito frio e respeitado, Royce cresceu na sombra do que ele admirava. Com todo o seu poder e poucas palavras, Royce King I conseguia fazer o que bem entendia por todos os lados e o filho testava os mesmos poderes desde criança.

Nunca teve dificuldades em mentir e enganar para conseguir o que queria.

A mãe, uma mulher sozinha, via no filho a maior fonte de amor e nunca aguentou vendo-o chorar. Não podia contabilizar a quantidade de empregadas que foram demitidas por maltratarem e negarem coisas a seu filho – mesmo que as mulheres negassem, a palavra de Royce King II era absoluta em sua casa e que heresia era daquele que o questionasse demais.

Cresceu priorizando seu dinheiro e formas de agradar os pais para que nunca precisasse se esforçar muito para poder usufruir de sua herança, foi assim que ele entrou na faculdade de letras.

Por seu grande poder de manipulação, viu na faculdade uma forma de articular, ainda melhor, suas ideias e aproveitou cada pequena oportunidade que teve para crescer em cima de pessoas e se destacar sempre, para chamar a atenção de seu pai.

A vida amorosa para ele era algo simples. Sempre mirava nas meninas mais lindas e usava de seu charme e persuasão para convencê-las a ficarem com ele.

Não foi até a faculdade que o interesse foi genuíno ao conhecer Vera.

Era uma mulher de família pobre, a irmã mais velha que tinha se esforçado muito para conseguir a bolsa na faculdade cara em Rochester, então dava seu melhor em cada pequena coisa que fazia. Sua beleza diferente encantou Royce e, quando recebeu a negativa às suas investidas, foi quando o espírito de competição cresceu nele.

Fez de sua vida todos os esforços para conquistar a primeira mulher que o tinha negado.

Não gostava do ar de superioridade que Vera demonstrou ao negar o convite dele, então começou a se mascarar, entrando num personagem muito bem desenvolvido para conquistar a garota.

Depois de um ano completo aprendendo tudo sobre Vera e se alterando para entrar no que ele achava que a interessaria, Royce tentou de novo e o convite não foi rapidamente negado já que a mulher começara a desenvolver certo interesse no homem misterioso que parecia gostar tanto dela.

Quatro meses se passaram e Royce tinha se transformado numa nova pessoa, tão nova que conseguiu sair com Vera e, de lá, nunca mais se separaram. Nove meses depois eles subiam ao altar.

Royce King I irritado com a falta de gosto de filho e os pais de Vera orgulhosos com o marido bem sucedido da filha. O casamento aconteceu no mesmo ano em que eles se formaram em literatura inglesa e Vera mal podia esperar para passar o resto da vida ao lado de seu amado.

Foi quando o pesadelo começou.

Aos poucos, Royce foi cortando o contato dela com os vizinhos, depois amigos, então pais. Mudaram-se para uma cidade mais remota no centro do país quando ele falou que tinha tido uma proposta de trabalho, mas não era real.

Dois meses depois Vera estava sendo mantida presa dentro de casa sem poder sair para nada, quando se cansou, levantou a voz para Royce a primeira vez e foi quando levou a primeira surra do marido.

Sozinha, sem dinheiro e longe de casa, Vera tentava ser a melhor esposa para que aquilo não se repetisse enquanto tentava juntar dinheiro com cada moeda perdida e dinheiro que roubava do marido. De nada valeu quando Royce chegou em casa bêbado e a forçou a ter relações com ele pela primeira vez.

Um ano foi o que durou, entre os abusos e surras, então ela tentou fugir. Royce não demorou a encontra-la num hospital próximo quando ela desmaiou na rodoviária e a causa do desmaio foi dita: Vera estava grávida.

Royce ficou possesso e não se importou, ao chegarem em casa, Vera apanhou tanto que perdeu o bebê.

Depois da recuperação ela recomeçou o plano e foram mais meses de maus tratos e abusos.

Um dia, Royce chegou bêbado em casa e ela fez diferente. Ligou, do celular dele, para a polícia e pediu ajuda, um policial foi buscá-la em casa e ofereceram proteção a mulher.

Royce King I ficou sabendo do processo ao qual o filho começou a responder e, mais que rápido, encontrou Vera e a ofereceu muito dinheiro para que ela sumisse do mapa e retirasse todas as queixas contra o filho.

Com medo e sem dinheiro, Vera aceitou o acordo, retirou as queixas e pegou todo o dinheiro, sumindo.

Royce King II transformou da missão dele a caça pela ex-mulher. Mudava-se de cidade em cidade do país, as menores, para encontrar a esposa.

Foi como parou em Forks e, antes que pudesse se demitir do emprego e passar para a próxima cidade, encontrou Rosalie Hale.

A garota o fez lembrar-se de sua esposa e foi o bastante para virar uma chave no cérebro do professor.

Ele precisava provar a aluna, queria tê-la para ele e, depois de poucas investidas, Rosalie caiu nas graças do professor. Quase fácil demais, Royce começou a perder o interesse, até que - quando ele estava perto de deixar para lá, após o sexo ordinário demais - Rosalie não demonstrou interesse nenhum no professor, foi o que mexeu no ego dele.

Ficou obcecado com a menina no momento em que ela disse que não queria ter nada com ele e, mesmo quando ela foi embora para Nova Iorque, ele ficou na pequena cidade esperando por notícias dela. Ele precisava tê-la, tirar toda sua prepotência fora e fazer com ela o que fez com Vera.

Não foi grande surpresa para o professor de literatura da escola de ensino médio de Forks quando o burburinho da cidade começou a rolar de que os filhos de John Hale já estavam de volta à cidade e, foi ainda menos difícil para ele descobrir onde eles passariam a festa de ano novo.

Ele se lembrava muito bem daquele bar e pensou que seria o cenário perfeito para o que ele tinha planejado. O que deveria ter feito com Vera.

Rosalie seria dele, depois não seria de mais ninguém.