Secret War — Interativa escrita por AlissonD


Capítulo 3
Round One... — Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Agora vamos começar direito, são os preparativos finais para a batalha do próximo capítulo. Boa leitura.



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(Trilha)

Diário da Sniper Yelyzaveta Pereverzeva

 

Uma coisa que gostava dos campos de treinos Ingleses era a claridade da grama, de um verde tão sutil que facilita a mira. Era complicado quando usava minha antiga Winchester 1895, uma arma que tinha saído de linha mas que se mostrava um grande potencial em campo. Mantinha sempre minha respiração calma, pois a afobação e agitação é meu pior inimigos nessas situações, tinha achado meu alvo… Era um espantalho.

— Qual a distância, Mira Certa? — Perguntei a minha colega e também atiradora de elite, que estava ao meu lado me auxiliando com um binóculos.

— De 500 metros, Lyza. — Respondeu Charlotte meio baixinho. — Seu alvo está a Noroeste e o vento está a fraco, mas indo para o leste. Abaixe a mira até o pescoço e acertará a cabeça.

— Boa análise. — Disse seriamente.

Era muito bom ter a famosa Charlotte Mira Certa ao meu lado, desde que entrei para o exército como uma Sniper, sou julgada só por ser mulher e atirar melhor do qualquer soldado do quartel. Charlotte sentia o mesmo peso que eu, ser julgada por uma sociedade que só vê seu sexo e não suas habilidade e caráter, mas uma tinha a outra, o que amenizava essa questão. O apelido de Mira Certa não era à toa, ela continha o melhor record de distância e precisão do quartel, um tiro com uma Lee-Enfield a 755 metros e atingindo o centro do alvo.

Quando disparei, vi meu alvo ser atingido na cabeça, engatilhei a Winchester e estava pronta para revezar com a Charlotte. Mas então, escutei a voz do homem mais detestável do mundo, o General Paul Glover, alguém que depois de conhecer, você deseja com todo seu coração poder estrangular a criatura.

— Soldado Pereverzeva e Soldado Hardcastle. — Disse aquele homem com uma voz forte.

Ficamos de prontidão como sempre, mas logo recebemos sinal de descanso do General Glover, ao lado dele estava um homem alto e bem bonito, de bigode e olha sério, vestindo roupas de frio.

— Meninas, esse é meu amigo, General Edward Blackwood, ele disse que queria os soldados de atiradores de elite com melhor desempenho para ir em uma missão grandiosa. — Dizia aquele homem velho. — Acho que vocês servem.

— Poderia falar a sós com as senhoritas? Creio que tal missão deva ser debatida apenas com quem fará parte dela. — Disse Edward calando a boca de Paul.

— Errr… Se me dão licença. — Ele ficou sem jeito e logo saiu.

Charlotte virou pra mim quase rindo ao ver o General Paul saindo daquele jeito, parecia um garoto que levou um sermão da mãe na frente de toda a família. Apresentações foram feitas, sem muitas falações, Edward nos explicou a urgência da situação, fiquei preocupada com aquilo, pois tais criaturas já estavam se multiplicando igual coelhos, não demoraria muito para que saíssem de áreas mais remotas para locais populosos.

— Qual a chance desses bichos, virem a dominar a Europa? — Disse Charlotte tomando um chá em uma caneca de metal.

— Grandiosa, em alguns meses registramos um aumento de pequenas tocas espalhadas pela Europa e se estendendo. — Comentou Edward. — O exército Russo tem que ser o melhor preparado, pois a extensão do terreno Russo é o maior, não sabemos quantas tocas tem espalhadas pelo território.

— A Rússia, minha pátria mãe, pode sofrer demais com tais criaturas. — Comentei entristecida. — E o mundo inteiro também. O senhor já sabe onde será o primeiro lugar de ação?

— Aqui perto, França. — Disse Edward com seriedade. — Não consegui fechar um esquadrão, mas preciso agir antes que meus superiores caiam matando sobre mim. As duas mulheres com a mira mais precisa do quartel, aceitam a missão arriscada? É uma convocação amistosa, podem negar a missão. Mas como ela é sigilo militar mundial, as punições serão severas se contarem por aí.

— Eu aceito. — Disse com a maior certeza possível.

— Também aceito, eu e Lyza não tivemos a oportunidade de agir em campo juntas ainda, creio que seremos de grande auxílio, General Blackwood.

— Me chamem apenas de Edward, ou pela patente. — Ele tinha um sorriso encantador e passava seriedade e calmaria na mesma intensidade. — Arrumem suas coisas e amanhã vocês serão levadas até o Hangar do meu quartel, de lá vamos até o sul da França, em um parque nacional. Se preparem.

Depois de um tempo, Edward foi embora e continuamos no quartel, estava me preparando para ir dormir, dando uma última revisada na minha arma, era incrível como tal arma tinha um poder tão forte, mesmo sendo uma arma da primeira guerra. Escutava no interior do Teatro Bolshoi, comentário sobre mulheres aviadoras na Segunda Guerra e me sentia cada vez mais motivada para melhorar minha mira.

Charlotte estava inquieta, não era muito de perguntar sobre coisas que lhe afligiam, porém, senti que desde a partida de Edward, ela não parava calma. Deixei minha arma sob a cama e me pedi em sinal que ela se sentasse ao meu lado. Assim fez.

— O que foi, Mira Certa? — Comentei tentando ser mais descontraída, não queria afastar ela, já tinha visto-a irritadiça.

— Eu só estou preocupada, recebemos uma missão que tem um peso mundial sobre nossas costas. Já parou pra pensar nisso? — Comentou Charlotte com sua voz mais trêmula. — E se falharmos?

— Me disseram uma vez, “Se tiver medo, chore, mas continue dançando”. — Encarei ela com calma. — Enfrente seu medo e o faça virar determinação, não pense no pior e continue em frente na missão. Aceitamos ir caçar essas bestas, e assim faremos. Estarei do seu lado se ficares com medo.

— Valeu, Lyza. — Tirei um sorriso. — Mas não me chame de medrosa.

—Nunca falei isso, pelo menos, não diretamente. Agora vamos dormir, logo irão dar o último toque de recolher.

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(Trilha)

Três Dias Depois.

Diário do General Edward Blackwood.

 

As coisas estavam bem diferentes pra mim, estava andando para a escuridão plena, onde a morte e destruição pairam sobre o terreno. Foi me passado informações sigilosas demais, sobre a principal origem das Bestas de Gévaudan, uma história doida que só tinha visto nos livros do escritor H.P. Lovecraft, durante a Primeira Guerra Mundial, alguns ocultistas de um Deus Obscuros resolveram que o único jeito de evitar um avanço dos Austro-húngaros e Prussianos era a volta de seres feitos da lava mais obscura e do feitiço mais poderoso. Um General ficou com um amuleto que poderia controlar as criaturas, mas como ele demonstrou medo e indiferença as criaturas, elas o mataram e os ocultistas também, somente um deles saiu vivo e sabe-se lá como.

Uma esperança na eliminação das Bestas seria achar tal amuleto, o último ocultista morreu faz poucos anos, mas passou todas as informações sobre tal origem sombria. Estava em uma cidade ao Sul da França, localização protegida, tinha um quartel com Cavalaria, eis que recebi uma informação importante de um Sargento.

— Melhor usarem trações animais, os carros fazem muito barulho e as criaturas parecem detestar sons de máquinas. — Comentou o Sargento. — Temos excelentes cavalos aqui, um dos melhores haras militares do Sul da França.

— Certo, por enquanto não somos muitos, precisaremos de sete cavalos, boas selas e que aguentem os peso. — Comentei com calma.

Tive a honra de montar em um Shire, um cavalo grande, bem grande para ser sincero, era um dos mais fortes, mas tinha uma marcha lenta. Demoraria para subirmos as montanhas até as tocas, porém, decidi não arriscar depois que escutei o conselho do Sargento. Vincenzo, Tony pegaram dois cavalos rápidos, dois Mustangs, Tony pegou um de pelagem clara e Vincenzo um de pelagem marrom. Yan foi em um Appaloosa, um cavalo mais forte que tinha a pelagem pintada como de um Dálmata. Lyza e Charlotte pegaram dois Puro-Sangue Lusitano, cavalos de obediência alta e se não se assustavam com tiros, elas poderiam atirar até de cima dos cavalos.

Estávamos prontos para partir, fui conferir se minha cano serrado estava carregada. Era sempre bom ter certeza que sua arma estava pronta para te defender de alguma das Bestas, já montei no Shire que tinha um nome legal, “Le D’Artagnan” o nome do último dos Três mosqueteiros. Vincenzo e Tony se aproximaram, também montados em seus cavalos.

— Como nos velhos tempos, nós três em uma missão arriscada. — Comentou Tony com um sorriso metido.

— Não acha que somos poucos para tal missão? — Perguntou Vincenzo com seu rosário em mãos. — Somos sete soldados com munição contada. E deve ter milhares de bestas lá.

— O Tenente Lawrence me disse, que se tiver candidatos os postos vagos, ele mandará com urgência no primeiro avião. — Respondi guardando minha espingarda.

Dei sinal de partida e fomos em direção às montanhas, por sorte que saímos de manhã daquele quartel, e até o meio da tarde já estávamos no local indicado, era um um planície alta e descampada, então pedi a Tony e Vincenzo que fossem arrumando um posto de acampamento, foi até uma colina maior, notando que Yan estava me acompanhando. Peguei meu binóculos, encarando o horizonte, então avistei as tocas em uma montanha ali perto, eram irregulares e vez ou outra, via movimentações de seres escuros.

— São eles? — Me perguntou Yan de forma mais introvertida.

— São, soldado. — O encarei com calma. — Vamos nos livrar deles com o que temos de melhor em tecnologia química.

— Armas químicas não foram proibidas? — Perguntou Yan.

— Contra humanos, nada nos impede de usar nessas criaturas. Fora que a fórmula foi estudada e fabricada só para o extermínio dessas criaturas. Adivinha do que é feito.

— Cloro? Gás Mostarda? Lacrimogêneo?

— Essência de Alfazema com Lavanda, é perfume praticamente. Mas tem alguma coisa nessas plantas e suas combinações que fazem as criaturas secarem até a morte. E vamos usar bombas de gás contra eles, jogando dentro das tocas. Os que tentarem escapar, eliminamos.

— Certo, faremos isso amanhã ou ainda hoje? — Me perguntou o jovem.

— Nossas atiradoras de elite seriam inutilizadas durante a noite. E elas são de extrema importância nessa missão, já que temos poucas pessoas para aguentar uma horda, elas terão que eliminar com uma boa distância. — Comentei. — Passaremos a noite aqui, em local aberto, sem riscos que tais criaturas nos peguem em local fechado.

— Certo, General. — Yan meneou a cabeça e saiu para ajudar no acampamento.

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(Trilha)

No dia Seguinte.

Diário de Charlotte “Mira Certa” Hardcastle

 

Frio na barriga, suor frio, tudo frio nessa desgraça. Não era normal para mim sentir medo nesse grau, era mais uma missão da qual deveria abater alvos, mas agora era diferente, esses alvos são seres infernais ou sabe-se lá qual a origem dessas coisas. Andava ao lado de Lyza, era o único rosto familiar naquela missão, os demais não eram de papo, como gostava de conversar quando estava tensa, preferia falar com minha amiga.

Levei a rédea do cavalo para o lado, a modo de chegar mais perto de Lyza, até que estava gostando de andar naquelas montarias, me sentia em um livro de fantasia medieval.

— Lyza. — Comentei me aproximando.

— Diga, Mira Certa, tudo bem? — Ela perguntou de modo rápido.

— Mais ou menos, estou com aquele problema que te disse no quartel. — Desabafei com ela. — Sei lá, não estou me sentindo bem, acho que estou muito tensa.

— Perdão atrapalhar a conversa e pelo meu “ouvido de tuberculoso”. — O médico italiano se aproximou de nós duas. — Se quiser, tenho um remédio calmante aqui, não vai te dar sono, só vai tirar esse sintoma de nervosismo e euforia.

— Melhor escutar o doutor, Charlotte. — Disse Lyza com sua feição serena. — Pode me ver esse remédio, garanto que ela tomará.

Vi o doutor Vincenzo tirar de uma bolsa particular dele, um frasco pequeno de vidro escuro, entregou para minha amiga e voltou a sua posição ao lado do general. Olhei para Lyza que já me estendia o remédio.

— Eu vou me dopar para poder trabalhar? É isso? — Disse com certa indignação.

— Você prefere travar diante do perigo, ou se manter calma e salvar esses homens para que voltem a suas vidas bem. — Peguei o remédio da mão dela. — Tome com água, é o que diz no rótulo.

— Não acredito nisso, eu não vou tomar isso. Já tive em situações piores e disparando plenamente. — Guardei o frasco na minha bolsa. — Me dar calmante para poder trabalhar direito, essa é boa…

— Então não erre com esse orgulho todo no peito, certifique-se que vai aniquilar cada criatura que aparecer.

Era assim que Lyza me motivava, me dando alguns tapas morais, muitos eu merecia, e outros eram bem gratuitos. Tais palavras só faziam me mostrar o melhor dentro de mim, e fui quieta até o ponto que ficaríamos, encarei as Tocas de Bestas, e meu Deus… Como aquilo era grande, eram uns trinta buracos como um grande formigueiro.

— Atenção, soldados. — Disse Edward. — Eu e Tony vamos jogar as granadas de veneno nas tocas,os certificando que pegue um grande número de bestas, os demais ficam aqui até nossa volta, e matem qualquer criatura que ousar sair de lá. No mais as regras são simples, mirem, atirem e matem.

Puxei minha amada Lee-Enfield, conhecida como Smile, por causa da sigla dela que é SMLE. Peguei um ponto bom, sobre uma colina que dava de frente as tocas, Lyza ficou ao meu lado e mirando junto comigo.

Notei que Vincenzo e Yan estavam com submetralhadoras fortes, o italiano estava com uma clássica Beretta model 38, o que não me surpreendia, uma arma da terra dele. Mas o chinês, eles portava uma arma conhecida dos Soviéticos, PPSh-41, o que me fazia questionar a origem exata daquele rapaz. Mas precisava manter o foco na luta, pois agora era tudo ou nada.


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Notas finais do capítulo

Os Cavalos

Shire do Edward: https://i.pinimg.com/originals/86/7b/38/867b381aa11c91e46d09359b7787e80b.jpg

Mustang do Vincenzo: http://cavalos.mundoentrepatas.com/imagenes/cavalos-mustang.jpg?phpMyAdmin=PfqG0iessiXP%2C5Zcan9pxZp0nv2

Mustang do Tony: https://i.pinimg.com/originals/04/f1/0e/04f10e06a44e0904568cbc5da6d439da.jpg

Appaloosa do Yan: https://i.ytimg.com/vi/T6B88FOJmTE/maxresdefault.jpg

Lusitano da Lyza: http://www.escoladocavalo.com.br/imagens/uploads/2016/06/amazing-lusitano-1.jpg

Lusitano da Charlotte: https://girorural.com/wp-content/uploads/2018/02/puro-sangue-lusitano-giro-rural-6.jpg