Secret War — Interativa escrita por AlissonD


Capítulo 2
One for All


Notas iniciais do capítulo

O SEGUNDO CAPÍTULO! Sim, demorou um pouco pq estava resfriado, mas antes tarde do que nunca. Hoje vamos conhecer três soldados, o bravio Antony Carter que sempre está disposto a missões perigosas. O Jovem Yan Kingsley, um enfermeiro e futuro médico, que entrou na missão através de seu amigo, o Dr. Vincenzo, agora é saber quando eles vão enfrentar os bicão. Boa leitura.



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(Trilha Sonora)

Diário do Capitão Antony T. Carter.

 

Lembro como se fosse ontem, o dia que fui convocado de forma amistosa por um dos meus melhores amigos no exército britânico, servimos na mesma missão na Normandia, na operação Overlord, e foi uma das vezes que duvidei da minha morte. Até hoje me lembro daquele dia de sangue e tripas espalhadas no chão, pessoas do meu pelotão estavam virando nada mais do que fragmentos de carne no chão. Era um dia chuvoso em Londres, coisa comum e tranquila, estava no meu Pub favorito da cidade, o Roses and Whisky, o primeiro estabelecimento atendido e comandado por mulheres, todas atenciosas, porém não dê uma de galante ou abusado, esses têm pouca estadia no local.

No fundo tocava de uma rádio alguma banda de Skiffle, estavam ganhando uma notoriedade por toda Inglaterra, bandas simples que tocavam de tudo um pouco. Na mesa de Poker estavam alguns rapazes e uma das donas do local, uma bela moça da qual tinha um tombo, queda é pouco. Katherine Stanford era uma moça negra com a pele um pouco mais clara, os olhos escuros que liam a alma e os lábios… Céus, os lábios mais lindos que eu já em minha vida, ficava imaginando como o beijo dela deveria ser bom.

— Passo… — Disse batendo na mesa.

— O jogo tá ruim, querido? — Perguntou Kath com um sorriso debochado. — Nem aumentou sua aposta.

— Isso se chama estratégia, milady. — Respondi com bom humor.

Mas confesso que minha mão estava horrível, eu poderia tentar um blefe, mas sempre fui um péssimo mentiroso. Mantive minhas apostas baixas e passava quando dava, mas claro que Kath ganhou facilmente daquele bando de homens bêbados. Ela era uma incrível jogadora e sabia quando correr e quando apostar alto, sempre foi assim.

Quando me aproximei do balcão para tomar alguma coisa, senti alguém se aproximar, a mesma pessoa que tinha chegado há pouco tempo. Então escuto uma voz familiar.

— Ei, você no balcão… Tá me devendo 40 libras. — Disse a voz. — Como ficamos?

— Que tal o General largar essa pose de durão, vira até aqui e… Tomar umas comigo? — Quando me virei vi o rosto do meu velho amigo, Edward Blackwood. — Eddie, como você está?

— Bem, na medida do possível. — Ele sempre tinha um sorriso calmo, e parecia um detetive particular de sobretudo e fedora. — Anne, serve uma cerveja preta e se puder trazer aquelas iscas de peixe com molho Tártaro.

A irmã mais nova, que tomava conta do balcão, sempre foi a mais receptiva e atenciosa com os pedidos, acabei pedindo uma coisa inusitada, chá de frutas vermelhas com hortelã, eu não tinha costume de beber, de vez em quando tomava um vinho no inverno, mas naquele dia estava querendo ficar mais sóbrio que o comum. Pegamos uma mesa afastada e depois de algumas conversas jogadas fora, percebi um olhar mais sério no rosto de Edward.

— O que escutei no quartel, sobre a tal missão sigilosa. — Encarei meu amigo. — É verdade sobre a trégua militar?

— As bestas de Gévaudan, elas estão trazendo mais caos do que os Nazistas e Fascistas. — Ele se assegurou que ninguém ali estivesse escutando. — Mesmo sendo um bar de militares, aqui tem civis que não podem saber. Conversei com o Doutor Vincenzo e ele topou ir atrás desses bichos.

— Um médico dos bons ele, mas creio que veio atrás de mim por outra questão. — Fui direto ao ponto.

— Preciso de um comandante de fronte, estou montando um grupo para caçar as piores das piores tocas desses animais. — Ele tomou mais um gole do seu terceiro copo de cerveja preta e me encarou. — Creio que sua experiência como capitão das tropas de operações especiais, pode ser de excelente ajuda.

— Quantos mais vão? — Perguntei com calma, roubando mais uma isca de peixe.

— Você, eu e mais um esquadrão de 6, pois o Vincenzo vem junto pra missão. — Respondeu com calma e uma voz mais pesada. — É arriscada, tem porcentagem baixa de voltarmos inteiros. Fique a vontade para recusar.

Naquele momento parei e pensei no que eu estaria perdendo? Da minha família só sobrou um irmão mais velho que mora no Kansas, nunca me casei, e meus amores são bem mais ligados ao desapego. Poderia mudar? Claro que sim, mas qual mulher gostaria de se casar com um homem que tem “alma suicida”, é o que dizem sobre mim, pelo simples motivo de me arriscar mais nas missões em nome da segurança dos civis e dos meus soldados.

— Vai ser difícil? — Perguntei com calma.

— Praticamente impossível, pois acabei pegando as tocas mais perigosas. Obviamente vamos para o local como localizadores e executores com auxílio de um novo explosivo com uma espécie de veneno para as bestas, para humanos é inofensivo.

— Então aceito, se é para o bem da humanidade, mais uma batalha na conta para livrar a terra de um mal, primeiro o Führer e seus ratos nazistas, e agora essas Bestas. — Comentei rindo um pouco.

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(Trilha sonora)

Diário do Enfermeiro Yan Kingsley.

 

Sempre achei que seria qualquer coisa, menos um possível médico ou militar, no caso eu sou os dois. Uma coisa foi levando a outra, entrei no exército depois que a guerra acabou, por um certo preenchimento de notoriedade, parece que a farda junto com esse jaleco branco, e a área que me encaixei muito bem foi na enfermagem. Trabalhava no Hospital Militar, um dos melhores de Londres e era um auxiliar de um médico e também soldado, Doutor Vincenzo Giordano, mesmo sendo Italiano, tinha trabalhos em Londres.

Estava na ala mais difícil de se lidar, a ala infantil do hospital era uma mistura de melancolia e desespero dos pais. Crianças chegavam para tratamentos para a Poliomielite, mas a vacina ainda estava em estágio experimental e ainda nem havia chegado ao hospitais. Via crianças com dificuldades de locomoção, tendo que botar gaiolas nas pernas e algumas se locomovendo com uso de muletas ou cadeiras de rodas. Era triste ver crianças naquele estado na fase inicial de suas vidas.

Mas ia pra lá mais sorridente pois tinha a sala 6 da ala infantil, ali conheci algumas crianças que mesmo passando por situações ruins, sempre mantinham um certo otimismo com sorriso e risadas contagiantes. Entrei na sala com calma e avistei uma cena que podia sentir a dor chegando. Dr. Vincenzo conversava com os pais de um garotinho que veio para cá fazia uns meses, o leito dele estava vazio e o casal choravam copiosamente. Me aproximei do médico.

— Dr. Vincenzo, o que aconteceu? — Perguntei com calma.

— O pequeno Richard, parece que aquele tumor o levou para o céu novamente. — Senti a voz dele embargando um pouco.

Naquele momento senti meu coração apertar em dor, não era o começo de um infarte, mas sim, uma dor profunda de tristeza. Richard era um dos mais alegres e ajudantes garotos da sala 6, sempre contava piadas de um livreto que ganhou do avô, mesmo contando piadas repetidas, seu modo alegre me fazia rir de diferentes formas.

— Meus pêsames, senhor e senhor Armstrong. — Disse calmamente de forma não mostrar minha dor. — Richard era um bom garoto… Sempre alegre e espontâneo. Sentirei falta de suas piadas de Toc-Toc.

Eu fui cuidar das demais crianças, fazer atualizações dos relatórios médicos. Notei melancolia nos pequenos, para eles conviver com a morte tão precocemente, só fazia com que sentissem que poderiam morrer a qualquer momento e desistindo cedo dos tratamentos, o que poderia ser pior.

Depois de um tempo, fui até o lado de fora arejar a mente e encontrei Vincenzo encarando o céu enquanto fumava um cigarro, era comum médicos serem fumantes, devido ao excesso de estresse.

— Yan, posso conversar contigo? Sobre um assunto militar. — Disse o doutor se aproximando.

— Sim, o que seria? — Perguntei de forma calma. — Algum problema no quartel?

— Não, é que fui convocado pelo General Edward Blackwood para uma missão grandiosa e até então, bem sigilosa. — Ele baforou a fumaça do cigarro. — E ele pediu encarecidamente que achasse alguém do meio médico com aptidão e disposto a encarar uma aventura grande e perigosa. Você é um dos melhores enfermeiros e um estudante de medicina voraz, nunca vi alguém com tanta vontade como você.

— Obrigado, Doutor. — Comentei de forma rápida.

— Mas como militar, estaria disposto a entrar em um campo de batalha diferente? Os inimigos são diferentes. Bem, o General irá lhe dar mais detalhes se quiser aceitar a missão, e seria de enorme prestígio quando voltares.

Por um momento breve, tive um devaneio de quando cheguei aqui, já era um jovem adolescente, lembro da minha mãe me apresentando aos meus avós, duas pessoas que nunca gostaram de mim, pois a filha tinha sido engravidada por um rapaz chinês de Hong Kong, meu vô sempre negligenciou o neto que tinha, minha vó sempre me criticava de forma até agressiva, um lar altamente pesado para uma criança que recebeu amor dos pais até os 16 anos, pois quando a Guerra Sino-japonesa estourou, meu pai foi recrutado e tivemos que fugir pra Austrália e depois ir para Londres.

— Tudo bem, Yan? — Perguntou Vincenzo me tirando do devaneio.

— Perdão, estava longe. — Comentei com um riso fraco. — Será uma honra servir ao seu lado nessa missão. O comandante será quem?

— Edward Blackwood, é um dos mais experientes estrategistas que conheço. Ligarei para ele e amanhã mesmo o levarei até ele. — Ele jogou a bituca do cigarro longe. — Ah, provei o tal Chop Suey, é muito gostoso.

— Viu? É bom variar o paladar como te falei. Qualquer dia te trago um Yakisoba que minha mãe sabe fazer, é uma delícia, é um macarrão com shoyu, legumes e carnes.

— Agora fiquei curioso para provar. Vamos, ainda temos algumas pessoas pra atender no plantão. — Vincenzo sempre sorria de forma acolhedora.

Para mim era difícil interagir com os demais soldados, sempre tentava me juntar e conversar, fiz amizades dentro do quartel. Mas Vincenzo era bem mais velho que eu, quase 40 anos e seu lado paterno era bem presente com os mais novos, sempre dando conselhos, sendo ouvinte e tentando aliviar os ambiente com suas piadas e histórias engraçadas, assim como o pequeno Richard seria num futuro que ele nem teve chance de conhecer. Essa é a vida de um médico, ter que ver de tudo e aceitar que a morte é presente, mas a esperança não pode ser perdida só por causa disso.


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