Retornos & Reencontros escrita por Auto Proclamada Rainha do Sul


Capítulo 13
Capitulo 13




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Sansa não permitiu que Jon seguisse com Davos e Gendry, em vez disso, o levou até as cozinhas onde o calor era quase sufocante. Ela mesma cuidou do olho ferido de seu rei, colocando compressas de água quente sobre ele aos poucos.

— O que você veio fazer aqui? — ela perguntou em um tom baixo, pressionando gentilmente um pedaço de estopa contra o inchaço — Eu falei para ficar em Porto Real.

— Você sabia esse tempo inteiro — foi a única resposta do antigo bastardo Stark — E nunca me contou! Você preferiu mentir para mim.

— Jon, você viu o que fez no corredor? — ela perguntou, a voz um tom acima esperando que ela entendesse o seus medos — Vocês dois poderiam ter se machucado de verdade! Pior do que um sobrinho bastardo é um sobrinho órfão.

Aquelas palavras o pegaram quase desprevenido. O fizeram pensar em Rhealla sozinha em Porto Real, a menina que nunca iria conhecer a mãe, uma sombra de Daenerys Targaryen, carregando a imagem de uma mulher que nunca conhecera.

— Rhealla — ele falou baixinho, entendendo que o medo de Sansa era muito maior do que o filho do senhor da tempestade.

— Sim, se você morrer ela não terá mais ninguém — respondeu a ruiva, encarando os olhos cinzentos com uma dor que lhe partia o coração.

— Nada disso vai acontecer com Rhealla — ele respondeu, segurando as duas mãos de Jon, os olhos dele tentavam passar uma confiança que não existia na realidade.

— Você não pode prometer isso — ela disse se soltando dele — Não enquanto sai lutando com qualquer um sem motivo.

Uma pausa longa se fez presente. Estavam apenas os dois nas cozinhas, a maior parte das criadas estava perambulando perto do quarto onde Arya estava e os homens ocupavam o grande salão, se preparando para comemorar ou lamentar o que viesse a seguir.

— Rhealla também foi concebida em matrimônio — foi tudo que Sansa falou após o longo tempo que permaneceram calados, ouvindo o crepitar do fogo.

— O que você quer dizer com isso? — Jon perguntou um pouco perdido no raciocínio de sua irmã de criação.

— Quero dizer que é mesmo com Arya e Gendry — ela respondeu simplesmente — Essa criança foi concebida da mesma forma que Rhealla e será amada da mesma forma que sua filha.

— Não tente fazer isso, Sansa — ele repreendeu, encarando os grandes olhos verdes da irmã de criação.

— Então qual é a diferença? — ela retrucou, virando-se sobre os calcanhares de modo que os longos cabelos de um vermelho vivo voassem ao seu redor — Porque da onde vejo é a mesma coisa.

— Eu e Dany nos casamos antes que qualquer um pudesse dizer que ela estava grávida, Arya e Gendry não se casaram, está ai a sua diferença — ele respondeu, confiante de que isso poderia ser o que faria Sansa entender seu ponto, mas a ruiva não parecia com muita vontade de entender.

— Ninguém precisa saber, Jon — ela puxou uma das cadeiras da mesa onde os criados comiam e se sentou para tentar explicar o seu ponto — A maior parte das pessoas fora desse castelo não sabem nada sobre Arya, muito menos que ela está aqui em Ponta Tempestade.

O rei parecia confuso com aquelas informações, sem entender o que se passava na mente brilhante de sua mão enquanto tentava explicar todos pontos de seu raciocínio.

— Nós esperamos a criança nascer e Arya se recuperar e então realizamos um casamento simples, apenas para constar nos livros de registro.

A ideia de Sansa não era ruim, muitos casamentos haviam sido realizados em sigilo e dado origem a crianças que poderiam parecer bastardos e o próprio rei Aegon era prova disso, tanto que nunca conseguira deixar de usar o nome pelo qual lhe chamaram a vida toda: Jon Snow.

Mas havia uma coisa o incomodando no fundo da mente, algo que ele já havia visto acontecer com sua mãe e com a mãe de sua filha. Jon simplesmente não conseguia garantir que sua querida Arya sairia viva daquele parto e isso o machucava mais do que qualquer coisa. Ele tentou não falar sobre isso, tentou receber a ideia de Sansa da forma mais neutra possível, mas suas feições lhe traíram, porque logo Sansa voltou a falar.

— Qual o problema? — ela perguntou, mas o tom não era agressivo, muito pelo contrário. Os dedos finos e delicados roçaram a face machucada com carinho.

— Nós não sabemos se Arya vai sobreviver — ele respondeu simplesmente — Minha mãe não sobreviveu, nem Daenerys.

— Elas não são a nossa Arya — ela respondeu com simplicidade — Ela encarou a morte mais vezes do que qualquer pessoa no mundo, você precisa confiar nela, está bem?

— Certo — ele respondeu simplesmente, segurando a mão que ainda estava em seu rosto — Algumas coisas ninguém precisa saber não é mesmo?

— Se isso é um sim, você está certo — ela respondeu, em uma atitude ríspida, afastando a mão da dele — Existem coisas que ninguém precisa saber.

— Sansa — ele chamou baixinho, tocando os quadris da garota — Nós nem ao menos conversamos sobre…

— Porque não há sobre o que conversar, Jon! — ela o cortou. Preferiria não pensar naquele assunto, não mais pelo menos — Nós somos família e não precisamos de mais complicação do que já temos.

— Sansa eu não sou seu irmão — ele falou como se isso mudasse alguma coisa, como se tornasse tudo mais simples.

— Mas é meu primo e cresceu como meu irmão — ela respondeu, sem se alterar com o que o homem lhe dizia — Tente entender o meu lado.

Ele segurou o rosto da mulher com uma das mãos, acariciando as bochechas com cuidado e carinho antes de voltar a falar qualquer coisa e a abraçou. Ela tinha os olhos marejados de uma forma que ele nunca vira antes, era uma tristeza profunda que não poderia ser expressa em palavras.

— Eu amo você — ela sussurrou, o abraçando pela cintura — Mas enquanto algumas coisas não precisam ser conhecidas por outras pessoas, outras coisas deveriam existir.

— Eu fui casado com minha tia — ele retrucou baixinho, falando contra os fios avermelhados — Nós tivemos uma filha saudável e doce. Os Targaryens casaram entre si por milênios e continuamos aqui. Eu amo você e vou aceitar a sua decisão, mas eu quero que pense bem antes de me dar uma resposta definitiva, está bem?

Ela assentiu enquanto ele beijava o topo de sua cabeça e se afastar, saindo pela porta que entraram.


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