Retornos & Reencontros escrita por Auto Proclamada Rainha do Sul


Capítulo 1
Capítulo 1




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Arya estava em Ponta Tempestade a algumas semanas. Esperando por alguma coisa que ela não sabia muito bem o que era. Ela estava um pouco trêmula desde que chegara, observando o castelo ao longe. Aquele era o seu destino final e se perguntava porque não podia simplesmente chegar lá.

No meio do povo, ninguém falava sobre a falta de uma lady, mas muitas meninas suspiravam por seu novo lorde. Ela não podia culpa-las, afinal ela mesma suspirara por Gendry há muitos anos atrás, havia se deitado com ele há pouco mais de 5 meses e ainda tinha uma parte de sua mente que mantinha ele por perto, não apenas uma parte da mente. Ela pensava enquanto acariciava a saliência em sua barriga.

A lady de Winterfell havia passado os últimos dias se esgueirando pelas ruas de Ponta Tempestade na pele de uma velha senhora, isso era bom porque ninguém mexia com ela e todos estavam sempre muito dispostos a ajuda-la, além do que sempre podia optar por “amaldiçoar” ao invés de matar.

Já fazia alguns dias que ela circulava o castelo, controlando a rotina dos residentes e procurando uma forma de entrar sem ser percebida. Claro que podia entrar com seu disfarce idoso, mas não queria encarar Gendry com algum rosto que não fosse seu.

Ela queria vê-lo, não ser vista.

Não era a primeira vez que se esgueirar pelo castelo, tanto que já conhecia o caminho para as forjas e sabia quando ela estava em atividade. Nunca havia ido até lá, ao menos não até agora.

Mesmo depois de todas as fofocas nas ruas, Arya ainda esperava encontrar uma lady barriguda esperando o primeiro filho de Gendry. Primeiro filho legitimo do senhor da tempestade, Arya se corrigiu. Ela estranho pensar no ferreiro com qualquer pessoa.

Os castelos sempre costumam ter seus próprios ferreiros, mas naquele horário não era difícil perceber que não havia nenhum servo ali, quem estava nas forjas era o próprio senhor de Ponta Tempestade, Gendry Baratheon, sem a camisa, com os músculos expostos e suados brilhando à luz do fogo. Aquilo sempre lhe trazia um comichão entre as pernas, mesmo antes de realmente entender o que aquilo significava.

— Você pode dar um trono ao ferreiro, mas nunca tira-lo da forja — O homem se virou para ela, os olhos brilhando na meia escuridão, quase tanto quanto o suor em sua pele — Como você está?

— Porque você voltou? — ele perguntou, afundando uma espada na água fria para tempera-la.

O que ela poderia responder? Senti saudades? Queria te ver? Nada disso funcionaria depois de negar um pedido de casamento. Queria que conhecesse seu filho?

— Estava de passagem — ele deu de ombros e tirou outro pedaço de aço de dentro das chamas e começava a bate-lo. Ele era realmente lindo.

— Se quiser ficar, eu peço para prepararem um quarto para você — ele falou da forma mais neutra que podia. Arya sentia falta das brincadeiras dele.

A forja estava a todo vapor, mas a assassina ainda sentia frio. Se aproximou um pouco mais, tentando se aquecer, mas apenas o suficiente para que sua barriga continuasse escondida nas sombras.

— Lady Baratheon não irá se importar? — ela perguntou, tentando não soar enciumada, mas a ansiedade a consumia. Gendry sorriu um pouco.

— Eu ando tão ocupado em reconstruir tudo e conquistar os vassalos que não tenho tempo de procurar uma lady — ele respondeu, sem olhar para o rosto de Arya — Sor Davos acha uma boa ideia que eu procure uma lady das casas tradicionais. Acha que pode me ajudar com os lordes.

Uma coisa que Robert havia tido à seu pai tantos anos antes passou pela cabeça dela: “Eu tenho um filho, você tem uma filha. Vamos finalmente juntar nossas casas”, na época ele falava de Jeoffrey e Sansa, mas o resultado era o mesmo: um filho Stark Baratheon, o que certamente ajudaria Gendry agora. Ela pensou, passando a mão sobre seu filho agitado.

— Eu nunca poderia ser sua lady — ela falou, mais para si do que para ele, respondendo a pergunta não dita que pairava sobre eles.

— Eu não pedi isso — ele disse, finalmente a encarando diretamente.

A grossa sobrancelhas negras se enrugaram sobre os olhos. Havia algo muito diferente sobre a lady de Winterfell, mas ele não sabia dizer ao certo por conta do jogo de luz e sombra que ela insistia em manter sobre o corpo.

— Eu fui o primeiro a dizer que nós nunca seriamos uma família.

A lembrança atingiu Arya de forma dolorosa. Ela ainda era uma criança de 12 anos quando pediu que Gendry fosse com ela até Winterfell, que eles seriam uma familia e ele disse que isso nunca aconteceria, que ela sempre seria sua lady.

Ela não queria ser sua lady naquela época e também não queria ser agora, mas ela queria muito que fossem uma família, como havia proposto há tantos anos atrás.

Ele usou o antebraço para secar o suor do rosto que pingava de calor e continuou a martelar. Arya não pode conter seus impulsos. Esse era um dos problemas que viera com a gravidez, a volta dessa impulsividade que tinha na infância e havia aprendido a controlar com tanta dificuldade na casa dos assassinos.

Ela o abraçou pelas costas, beijando a parte onde sua boca estava. Não foram os beijos que chamaram a atenção do lorde da tempestade, mas sim a barriga que fazia pressão contra suas costas, ele tentou apalpa-la de forma gentil, mas mesmo assim precisava olhar em seus olhos para ter a confirmação.

Gendry se virou, encostando a testa na dela, encontrando os olhos cinzentos enquanto as duas mãos segurando a barriga proeminente. Isso queria dizer tanto que nenhum dos dois conseguia falar nada, tinham passado por tanta coisas juntos que esse era o desfecho para mais esperado. Eles haviam fugido de Porto Real, se perdido, se reencontrado, lutado contra a morte e agora estavam ali, com uma criança a caminho.

Um herdeiro Baratheon e Stark.


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Notas finais do capítulo

*O texto passou por algumas correções de palavras desde a última postagem, peço perdão pelos erros.



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