O Senador Rebelde escrita por André Tornado


Capítulo 27
A mulher impossível




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A melancolia instalara-se e ele fitava o céu noturno e estrelado de Corulag, através das janelas do seu salão, envolvido nos seus pensamentos mais profundos. Tão insondáveis e escuros como a abóbada celeste que abraçava o planeta que ele habitava.

Acontecia uma festa e o anfitrião, após as apresentações iniciais saturadas de fantasia e de formalismo, refugiara-se no seu copo de whisky e numa mudez polida que o tornava distante da alegria programada da sua própria receção. Ninguém achava estranho ou procurava aproximar-se, pois o seu mau feitio começava a ser famoso. Havia até classificações para os seus humores, apostas mais ou menos dissimuladas sobre o seu estado e o nível de perigo de aproximação. Era escrutinado como um objeto de estudo, uma criatura nova na galáxia que motivava a curiosidade alheia. Ele sabia o que se passava.

Se fosse por sua vontade, Heskey deixava de dar aquelas festas – tinham perdido todo o sentido desde que regressara a casa, após a sua aventura com a Aliança, que demorara mais do que o previsto. Queria recolher-se, esconder-se do mundo, isolar-se. Onca não deixou.

— Os tempos estão mais perigosos do que nunca, senhor – explicava Onca. – Tenho conseguido afastar com algum sucesso e sem criar desconfianças posteriores e alarmes desnecessários as comissões imperiais que têm sido despachadas para Corulag. Não vêm especificamente para recolher o teu depoimento, são comissões genéricas de verificação da lealdade geral do sistema, mas têm as suas listas, as suas prioridades. As denúncias… Tem havido muitas denúncias. O juiz Omonda está a gerir esses processos sensíveis.

 - Ainda tenho de me vingar desse homenzinho desprezível.

— Não é o melhor momento, senhor. O Império contra-ataca e aperta o cerco aos inimigos. Incluindo a Aliança.

— A Aliança está segura na sua base secreta.

— Por quanto tempo? O Império tem despachado várias sondas através da galáxia à procura dos rebeldes.

— Vader continua fixado em Luke Skywalker?

— Segundo as últimas notícias clandestinas, sim.

— Notícias clandestinas…

— Não existe outra forma de obtermos este tipo de informações, que envolvem a guerra civil, senhor. Segundo a propaganda oficial está tudo bem. A galáxia nunca esteve tão pacífica e próspera como agora.

— E queres que eu pactue com essa mentira!

— Se quiseres manter-te longe de problemas, precisamos de cultivar a tua reputação de antigo senador fiel ao regime.

— Essa reputação não se mantém? Que disparate! O que mudou?! As minhas curtas férias naquele pedaço de gelo não são do conhecimento de ninguém, nem mesmo de Vader, com todos aqueles poderes usando a Força que gostam de apregoar que ele tem! Estive doente em Corulag e numa viagem de convalescença, o meu transporte foi abordado por piratas espaciais que me roubaram e me deixaram inconsciente, logo afetando a minha memória dos acontecimentos. Não foi essa a brilhante justificação que apresentaste junto do lorde negro e que me salvou da sua punição?

— Não precisas de ficar irritado, senhor. Não é o Imperador e Vader que precisamos de convencer…

— Ah, Omonda! Ele continua a ser o grande empecilho no meu caminho. Por que razão não posso agir contra ele? Explica-me outra vez, Onca!

— Podes sempre agir contra ele, mas não o deves fazer, nesta fase. Omonda sabe da tua ligação à fuga do gotal e do roubo dos planos dos compressores. Por enquanto ele não age abertamente contra ti por falta de provas. Aguarda o teu deslize… se lhe retribuíres o que ele te fez, com uma fúria desproporcional, ele arranja essas provas.

— E é por isso que devo continuar a convidá-lo para as minhas festas.

— Sim, é por esse motivo, senhor.

— Ah!! Quando é que isto vai terminar?!

— Quando a Aliança vencer. Ou quando o Império derrotar definitivamente a Aliança.

— Enquanto a guerra persistir, não vou conseguir ter descanso.

Teria de escolher um lado, definitivamente, pensou desanimado. Bebeu um gole do whisky. O sabor foi-lhe desagradável e ele descartou o copo. Naqueles últimos dias nada o deixava satisfeito e ele sentia-se miseravelmente infeliz.

A música da festa estava também a complicar-lhe com os nervos. Já tinha solicitado que alterassem o repertório, mas qualquer ritmo ou género musical escolhido pela pequena banda amadora que fora contratada para entreter os seus convidados soava-lhe ou demasiado lânguido, ou demasiado irritante. O problema era só com ele, mas ele não evitava o mau humor de estar ali contrariado.

Apertou as mãos atrás das costas e fungou repetidamente, a tentar focar-se no céu da noite. Sempre era algo mais pacífico, inatingível, isento.

A razão concreta da sua raiva surda, que ele ia alimentando dentro de si em fogo lento, era a presença de Emile Omonda naquela festa. O convite fora enviado com o seu conhecimento, obviamente, mas ele não deixara de fazer um protesto bastante veemente e até pueril junto do ithoriano. Quando se acalmou, Onca explicou-lhe com toda a paciência as vantagens de receber o juiz, a primeira de todas sendo o defletir das desconfianças que Omonda reunia contra ele. Nunca era tarde demais para passar uma nova rasteira a Omonda quando ele se julgava numa posição cimeira. Era um autêntico jogo, em que o objetivo era ocupar o patamar mais alto. Havia uma escadaria cheia de obstáculos que tanto ele, quanto Omonda subiam e desciam. Ele tinha de tentar conservar o degrau mais alto, sempre, para poder sabotar as tentativas de subida do seu adversário. Essa analogia foi interessante e ele cedeu ao pedido de Onca.

O ithoriano estava a ficar bastante inteligente. E ele cada vez mais dependente do seu assistente pessoal. Que fosse… estava sem paciência para gastar o cérebro em esquemas. Era a melancolia, definiu. A estúpida e debilitante tristeza que o deixava inativo.

Voltou-se para cumprimentar um casal que passava perto da janela. Ouviu os comentários elogiosos à festa, agradeceu com palavras amáveis previamente decoradas, a fórmula estafada de cortesia que ele usava durante aquelas noites. Espreitou Omonda que ele vislumbrava num círculo de empresários ambiciosos da capital, que estavam a investir em fábricas de peças que melhoravam a navegabilidade das naves de assalto imperiais – compreendendo a razão da importância vital dos planos dos compressores. Omonda possuía participações em todas essas empresas, pois facilitava no quesito das licenças, assim como nos contratos vantajosos com os estaleiros onde se produziam as naves. O magistrado aumentava a sua fortuna de um dia para o outro e tornava-se a pessoa mais rica de Corulag.

Heskey não se importava, verdadeiramente. Desde que se mantivesse longe…

No entanto, Omonda queria destruí-lo e continuava a jogar o tal jogo das escadas. Via-o como o seu inimigo mais perigoso. Talvez porque ele sabia que a sua riqueza era obtida à custa de sofrimento, porque ele sabia o quão perigoso o juiz podia ser, como operava à margem das regras…

O casal afastou-se satisfeito por ter feito contacto com o anfitrião. Heskey suspirou de enfado. Deu meia volta e, de repente, sentiu uma fisgada elétrica e as suas pernas congelaram.

Viu-a! Viu-a e a sua alma incendiou-se.

A mulher passeava-se pelo salão com uma elegância de outras eras. Era uma visão de beleza e de sofisticação, tão irreal quando um fogo fátuo num pântano coberto de nevoeiro. Brilhava e iluminava onde havia escuridão. Não sabia que podia ser tão bela. Quando a vira pela última vez envergava um fardamento militar e era simplesmente vulgar. Mas usando aquele vestido de longa saia abaulada, o corpete enfeitado com pedrarias, o cabelo penteado como o de uma princesa, em tranças elaboradas, tornou-se uma visão irresistível.

Apeteceu-lhe dançar. Estalou os dedos e pediu ao androide mordomo que a música mudasse para um registo mais animado, parecia que estavam num funeral. O androide foi de pronto até à banda. A melodia jovial encheu o salão e ele saltitou, subitamente despojado do peso das suas penas, até à mulher.

Tomou-lhe mão, osculou-lhe os dedos. Fê-la rodopiar para lhe admirar a figura.

Kiiara, a espia imperial, sorria-lhe com enlevo.

Onca não lhe tinha falado daquele convite – só iam às suas festas quem era convidado a comparecer e era ele, pessoalmente, que assinava cada convite. Portanto inferiu que ela estaria ali de forma clandestina. Roubara o convite a alguém, a quem, ele não saberia dizer, pois assim que fechava a lista dos convidados esquecia-se de alguns nomes que eram menos importantes para o seu círculo de influências. Ou então nem sequer precisara de roubar o convite. Iludira a segurança e entrara no salão com todo o descaramento daqueles expressivos olhos grandes.

Heskey tomou-a nos braços e começou a dançar com ela.

Fazia uma eternidade que não dançava com uma mulher! A última vez acontecera… oh, tinha acontecido havia tanto tempo! Em Coruscant, no bailado de abertura da última legislatura oficial do Senado Imperial. Dançara… com Leia Organa.

A mulher era uma excelente dançarina. Admirou-a por isso. Respondia aos seus movimentos deixando-se conduzir, mas também se impunha com uma leveza graciosa obrigando-o ao esforço de a acompanhar, de corresponder aos seus passos exímios. Era maravilhoso dançar com alguém que conhecia o ofício.

Sorriu-lhe.

— Minha cara, nunca julguei que aceitasses comparecer à minha festa. Vieste de tão longe. A viagem não beliscou a tua lendária beleza. Estou encantado com a tua presença.

Ela sorriu-lhe de volta. Estava mais do que ciente de que estava ali contra o conhecimento do anfitrião. Continuava a ser uma perigosa espia imperial e estaria em Corulag nessa condição – uma armadilha doce que lhe estavam a estender, muito provavelmente a mando do asqueroso Emile Omonda. Tencionava apanhá-lo através da distração do amor. Ele adorou esse novo desafio. Seduzir a esquiva mulher e evitar ser seduzido.

Ela respondeu-lhe, mirando-o através das pestanas:

— Senador Heskey, é sempre um prazer estar na tua companhia.

— Muito obrigado, Kiiara. A minha festa tomou novos brilhos, sem dúvida.

— Danças maravilhosamente bem, senador.

— Apenas Heskey, por favor. Tu também és uma excelente parceira de dança. Quando pensas em atordoar-me com a pistola laser que guardas na tua bolsa?

— Primeiro quero que me ofereças uma bebida.

— Com certeza.

Ele inclinou-a, presa no seu braço firme. Os seus rostos ficaram incrivelmente próximos. Soaram aplausos e foi então que ele se apercebeu de que estavam a rodopiar no centro do salão e que tinham assistência. Era a primeira vez que dançava numa das suas festas, que exibia os seus dotes de bailarino, a fluidez do seu corpo esguio que era tão maleável quanto o seu fervor diplomático. Ser político também implicava saber bailar ao som da música vigente.

— Os teus exageros nunca te causaram dissabores?

— Tenho tido sempre a sorte de o meu assistente pessoal estar um passo atrás da minha sombra, a limpar os vestígios dos meus erros – respondeu ele, endireitando-a, puxando-a para si. Colaram os corpos e prosseguiram a dança. Ele tentava passos desconcertantes para ver se corrigia algum tropeção inesperado. Ela não vacilava. – Então, os meus exageros sempre me foram… vantajosos.

— Estás disposto a tentar comigo?

— A tentar errar ou a tentar vencer?

— As duas coisas, Heskey.

— Oh! Gostas de esticar os teus limites.

— Se não fosse intrépida… não seria o que sou.

— Não me infundes receio, se estás com essa dúvida às voltas na tua linda cabeça. O que sinto quando te tenho aqui, na minha mansão, nos meus braços, a dançar perante todas estas testemunhas… o que sinto é curiosidade. Até onde estás disposta a ir?

— Até ao fim, Heskey. Até à vitória.

— Aceito o repto, Kiiara.

A música terminou e ela soltou-se airosamente dos seus braços. Heskey fez-lhe uma vénia e ela devolveu-lhe a mesma deferência. Soltou-lhe a mão, relutante, aplaudiu-a discretamente. Inclinou-se e segredou-lhe:

— És uma mulher impossível.

Um risinho delicioso escapou-se dos lábios vermelhos dela.

Foram juntos até um dos androides que serviam bebidas. Ele notou que Onca observava-os apreensivo. Apesar de parecer sereno, a bainha das suas vestes compridas oscilava, o que indicava que o ithoriano estava aos pulinhos, incapaz de sossegar os pés. Isso era sinal de que estava inquieto, daí a sua apreensão. A espia imperial não estava nos seus planos para aquela noite, o que conferiu um outro nível àquele desafio. Heskey tinha o sangue a ferver nas veias, o coração batia forte, a duplicar os batimentos. Ele sozinho conseguiria dar conta daquela jovem mulher que o provocava e que o fazia sentir-se vivo. Precisava disso para afastar a melancolia daqueles últimos dias, o desânimo e a ausência de propósito. Julgara-se sozinho e isolado, agora via que tinha mais importância do que julgara e iria provar ao Império que não estava disposto a render-se sem luta.

A faísca que jazera adormecida, desde que regressara a Corulag, despertava.

Ele iria provar de que estofo era feito.

Entregou um copo esguio a Kiiara e retirou outro para si. O androide afastou-se com a bandeja vazia. A bebida consistia numa mistura de cerveja de especiarias com um licor mentolado, aromatizado com uma baga especial que era importada de uma das luas de Antar, um gigante gasoso. Era um cocktail que não estava ao alcance de todas as bolsas. Esperou impressioná-la, mas Kiiara bebericou o líquido sem dar a entender que reconhecia a bebida ou sequer que estaria admirada com o sabor que lhe invadiu o palato.

— Não te vou atordoar. Não, por enquanto – justificou ela, provocando-o. – Costumo primeiro analisar com bastante detalhe os meus alvos. Encontrar-lhe os pontos fracos e depois desferir o golpe de misericórdia.

— Julguei que já o tivesses feito no asteroide 777. Por que motivo não me denunciaste a Vader, a bordo da Executor? Tu sabias o que verdadeiramente aconteceu… depois combinaste tudo com o meu assistente e salvaste tanto a tua pele, como a minha. Não falhaste, mesmo que não tivesses feito o que era mais certo.

— A minha missão não se podia concluir ali, Heskey. Que graça é que isso teria?

— Oh, ficaste interessada.

— Bastante. És uma presa que vale a pena capturar.

— E se acontecer o contrário? Se for eu a capturar o predador?

— Veremos. Aceitaste o jogo… Qualquer jogo que valha a pena tem dois jogadores.

— Ou mais jogadores.

— Não me vais partilhar, Heskey. Tenho a certeza disso.

— O que procuras em mim?

— Alguém que me pode proporcionar momentos de grande prazer.

Ele bebeu metade da bebida, ocultando como ficou espicaçado com tamanha ousadia.

— Gostas demasiado do que fazes…

— Os meus dias nunca são monótonos, garanto-te.

— Sei que és uma espia.

— Sou tua inimiga, senador? – Ela arqueou as sobrancelhas, espremeu os lábios num trejeito mimado. – Servimos os dois o Império.

— Sim, servimos os dois o Império. Mas ambos temos os nossos segredos. Ganha aquele que os desvendar primeiro no outro. Essa é a proposta. Agrada-me, minha querida.

— És sempre tão seguro de ti em relação às mulheres.

— Sou irresistível.

— Eu também, querido.

Afastou-se depois de lhe piscar o olho. Heskey seguiu-a com os olhos até deixar de a ver. Apercebeu-se de que estava a sorrir, mas não conseguia desmanchar essa expressão feliz, que lhe arrepanhava os músculos da cara e lhe afetava a visão. Largou o copo na bandeja de um outro androide. Onca aproximava-se, mas ele afastou-o com um gesto da mão. Naquela questão ele teria a última palavra. Ele e a Kiiara era um assunto, bem, era um assunto dos dois. Estava disposto a percorrer o caminho até chegar ao fim. E se no fim estivesse o abismo, então apenas nessa altura convidaria Onca a tentar o salvamento.

Ficara mais leve e distraído, estimulado até à espinal medula. Queria mandar toda a gente embora da sua casa para poder relembrar aquele momento mágico em que dançara com Kiiara e apercebera-se de que tinha falta daquela fragrância muito própria da promessa de uma paixão desvairada. Entregar-se naquele mergulho, de olhos fechados e alma despida.

E nem se apercebeu da aproximação do juiz.

— Uma mulher fascinante.

Encarou Emile Omonda com uma careta. Nem procurou ser simpático. A relação entre eles nunca mais fora como antes. Era impossível fingir que mantinham uma amizade, ainda que de circunstância, quando os dois sabiam o que se passava e procuravam não revelar a verdade com receio de que fosse demasiado cedo.

— Omonda, diz exatamente o que pretendes.

— Oh, Heskey! O teu temperamento será a tua ruína.

— E a crença na tua invulnerabilidade será a tua.

— Estamos os dois vulneráveis – ciciou o juiz, ríspido, mudando para uma carranca. – Cuidado, muito cuidado. Tens a mais mortífera espia imperial no teu encalço e tens os meus informadores a escrutinar os teus passos. Algum dia vais cometer o erro fatal que te vai entregar nas minhas mãos. E não serei tão misericordioso, desta segunda vez.

— Estás a ameaçar-me na minha própria casa – devolveu ele, enrouquecendo a voz. – É preciso descaramento! Nada tens contra mim e nada encontrarás. Irei divertir-me com a tua espia e vou desfazer-me dos teus informadores, um por um.

— Vader sabe.

— Vader não sabe de nada! Se soubesse, não me teria deixado partir da Executor. Seria seu prisioneiro e objeto das suas vis torturas. Darth Vader não é brando com quem passa pelos seus interrogatórios.

Omonda abriu um sorriso sardónico.

— Vader sabe que estiveste com a Aliança… está a usar-te para chegar até aos rebeldes, mas como gozas de imunidade diplomática não pretende afrontar-te diretamente. Deixa-te solto, preso na sua trela, para que cometas o engano que te denunciará como o reles rebelde que sempre foste. A tua estreita ligação com Bail Organa de Alderaan denuncia-te, desde o primeiro dia. Eu sei que contactas com a Aliança, que recebes mensagens frequentes de Mon Mothma de Chandrila e que financias secretamente os mon calamari que estão a colaborar com o reforço da armada da Aliança. Oh, vês como estou bem informado?

— Não devias ter revelado o tanto que conheces sobre as minhas supostas atividades… que não passam de mentiras bem urdidas pelos meus inimigos que só pretendem os teus favores.

Emile Omonda respirou fundo, erguendo o queixo. Puxou pelas abas do casaco, ajeitando-o ao corpo anafado. Estava bastante mais gordo desde que ascendera na sua carreira.

— Um dia, vais implorar-me para que te ajude. Nesse dia, irei recordar-te desse teu orgulho.

— Se Vader não sabe de nada, tu sabes ainda menos do que Vader. Tem uma boa noite, juiz Omonda. Peço-te que te retires da minha casa. Ou daqui a cinco minutos-padrão mandarei Onca chamar os seguranças para que te escoltem educadamente até aos portões. Não tolero ébrios nas minhas festas.

— Eu não estou embriagado! – rebateu Omonda, indignado.

Heskey deixou-o a bufar de raiva.

Procurou por Kiiara, mas já não a encontrou.

Bebeu sozinho um magnífico whisky corelliano no balcão que se debruçava sobre as veredas do jardim, a ver Emile Omonda a abandonar a sua propriedade, seguido por alguns aristocratas que ele sabia serem os seus mais recentes aliados. Novos inimigos, alguns deles. A maioria tinha demasiado medo para se declarar abertamente contra ele – eram os cobardes do costume, os indecisos que ele podia reconquistar com o suborno certo.

Continuava a ser tudo demasiado igual ao que fora no Senado Imperial.

Kiiara já se tinha ido embora. Aparecera, fizera contacto, deixara a sua marca e sumira-se, para o deixar curioso e ansioso.

Um excelente desafio. Que ele iria cultivar, saboreando cada etapa arriscada.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Decisões.



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