O Senador Rebelde escrita por André Tornado


Capítulo 11
A tranquilidade do retiro




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O terraço da mansão era o seu refúgio predileto. Aí mandara erguer uma estufa, uma estrutura de metal e acrílico que filtrava os raios solares e que mantinha uma temperatura agradável no interior claro e transparente, mesmo em dias mais nublados. Um pequeno jardim fora plantado e crescia luxuriante em canteiros delimitados por muretes de pedra. Um caminho de mármore serpenteava por entre as plantas e havia, no centro, uma pequena praça, também empedrada, equipada com mesas e cadeiras reclináveis, uma pérgula coberta por um toldo onde ele passava as suas tardes. Na maioria das vezes, lendo. Noutras vezes, dormitando. Em poucas ocasiões, de cabeça vazia de tudo.

O planeta Corulag era uma ecumenopolis, assim como Coruscant – uma imensa metrópole cobria a totalidade da superfície dos continentes que se encontravam densamente urbanizados. O planeta situava-se na rota de comércio Perlemiana, no sistema de Corulus, no setor Bormea que fazia parte da Concha Ringali. Originalmente fora uma colónia de Coruscant, mas obtivera a sua independência administrativa, jurando-se leal à capital republicana que se transformou, mais tarde, na sede do Império Galáctico. A sua casa situava-se na capital, Curamelle, e foi ali que passou a sentir-se bem. Heskey forçou-se a gostar de Curamelle, pois anos antes tinha imaginado outro lugar para assentar. Tudo menos na capital de Corulag – um qualquer mundo do núcleo longe da influência do poder, da riqueza e da futilidade, um mundo aprazível, descontraído e colorido.

O fim do Senado Imperial, todavia, ditou-lhe o destino e ele aceitou-o com um encolher de ombros e um suspiro conformado. Regressou à casa de família e ocupou-se de uma espécie de redecoração para torná-la mais suportável e, de certo modo, sua. Era o último descendente da sua linhagem, filho único, e não havia mais ninguém para lhe fazer companhia. Tinha conhecimento da existência de uns primos, de uma tia velha, de outros parentes cujo grau desconhecia. Todos eles estavam demasiado longe e desinteressados, não corria o risco de os ter a visitá-lo ou a censurá-lo devido às suas opções, qualquer coisa relacionada com a delapidação da herança.

Correra bem nos primeiros meses-padrão. Gastou algum dinheiro, distraiu-se com a escolha de materiais e com a contratação dos empreiteiros, decoradores, carpinteiros, técnicos. Quis fazer tudo à moda antiga, supervisionando as obras, opinando e fazendo as alterações que julgava necessárias. O terraço foi a sua primeira ideia. Seguiram-se quartos simples, uma sala interativa, uma biblioteca, um salão social. Não pretendia distrair-se com receções longas, mas tinha sido senador e aconteceu que os ilustres de Corulag quiseram dar-lhe as boas-vindas. Ele não podia tornar-se eremita desde o início, pois precisava de manter o seu estatuto e a aparência de ser alguém influente, com ligações ao trono imperial.

O ithoriano que fora o seu assistente pessoal ajudara-o na tarefa de remodelação da casa. Onca inculcava-lhe algum juízo e ponderação, naqueles momentos em que só lhe apetecia rasgar com toda e qualquer convenção, fazer tudo à sua maneira e explodir com metade da propriedade para criar um novo espaço, despojado e atípico. Onca acabou por ser útil a moderar os seus acessos de impaciência e, no fim, ele reconhecia que tinha ficado bastante melhor como fora sugerido do que como ele tinha pensado.

A mansão tornou-se num exemplo de requinte e da nova arquitetura de Curamelle. Uma vez que o planeta vivia, essencialmente, de trocas comerciais, os negociantes enriqueciam rapidamente e eram usualmente ostensivos, arrogantes e competiam entre si para demonstrar as suas mais recentes conquistas, em matéria de luxo e de excentricidade. Heskey não se pautava por esses valores, mas seguiu a indicação de Onca que lhe disse que devia exibir-se como um senador do Império. Isso não era contraditório com o seu desejo de discrição. Pelo contrário, iria ajudá-lo a cultivar o seu lado privado. A lógica cativou-o e Heskey passou a reservar a manhã dos seus dias para atender peticionários e bajuladores, que se inscreviam numa lista controlada por Onca. A agenda rapidamente era preenchida com pessoas influentes de Corulag, não apenas residentes de Curamelle, também residentes de Tasjon, Adjesk e Ghargit, que Heskey recebia com a maior naturalidade e cordialidade.

Era importante manter contactos, quer pelo facto de o nome da sua família ter ainda algum peso político no sistema, quer pelo facto de usufruir dos dividendos de ter sido um político de Coruscant.

Uma vez em cada lua dava uma festa, para dar uso ao salão social. Os convites eram sempre distribuídos criteriosamente, novamente com o conselho de Onca. Evitava-se encher a casa daqueles que a frequentavam mais vezes, ou com aqueles que eram demasiado insistentes em afirmar a ligação ao seu nome. Tentava-se um equilíbrio para espicaçar a competição entre os peticionários e para que se soubesse que ninguém tinha tratamento privilegiado junto do senador. Heskey divertia-se com os preliminares das festas, sabendo quem iria irritar e quem iria satisfazer. Depois, na ocasião em si, rodeado de pessoas, cansava-se rapidamente e fugia dos seus próprios convidados. Valia-lhe Onca que era um excelente anfitrião e mantinha toda a gente contente e apaziguada. Por ele, despachava-os todos no início da festa.

Fora destes dias agitados em que se mostrava ao mundo, que até não eram assim tantos e que não causavam grande mossa nos seus planos, bem vistas as coisas, Heskey dedicava-se ao ócio sem remorsos. Deleitava-se sobremaneira com as regras que ele ditava e que seguia escrupulosamente, assim definindo uma rotina diária para si. De manhã recebia as suas visitas, escolhidas por Onca. À tarde, após uma refeição ligeira, seguia para o terraço. Passeava-se entre a vegetação ali plantada, observava o crescimento das plantas e o desabrochar dos primeiros botões. Terminada essa inspeção ocupava uma das cadeiras. Na mesa um refresco, um acepipe, algum petisco delicado proveniente de um planeta distante. Distraía-se com um hololivro, ou mesmo um raro livro físico, mergulhando nas suas páginas, redescobrindo um novo prazer na leitura de histórias de ficção. Usava um holopad para conhecer as notícias da galáxia, sempre sublinhadas pelas loucuras de Palpatine que dera rédea solta a Vader. O seu mais obscuro e perigoso agente perseguia os descontentes com o regime e os castigava com uma justiça rápida e sempre dúbia.

Quando se aborrecia, punha-se a contemplar a cúpula abobadada da estufa, o céu através do vidro, reclinado na cadeira, mãos com os dedos entrelaçados sobre o peito, a cabeça vazia de pensamentos. Contava as nuvens, perdia-se no firmamento azul, ouvia a própria respiração e existia. Era só isso. Estava ali, vivo e tranquilo.

Relegara para prazo incerto a compilação das suas memórias. Por enquanto, apenas desejava repousar e não fazer nada que o incomodasse. Tinha a convicção de que uma vez que se abalançasse a escrever a sua autobiografia iria irritar-se, entristecer e enlouquecer. Então, vinha a adiar a tarefa.

Gostava de apreciar o terraço sozinho, mas nalgumas ocasiões Jotassete estava com ele. O androide acabou por se converter numa espécie de companhia e ele conversava com o robot durante os serões, enquanto apreciava um bom whisky corelliano após o jantar que era invariavelmente farto, com criações esquisitas dos cozinheiros que procuravam agradá-lo para continuar ao seu serviço – mas ele mudava o pessoal das cozinhas com frequência, não porque desaprovava as refeições confecionadas, mas porque gostava apenas de variar. Corria, contudo, a noção de que ele era cruel e insatisfeito, um pequeno déspota que reinava solitário na sua mansão.

Tentou aproveitar o manancial de informações dos bancos de dados de Jotassete. Um dia, fechara-se na biblioteca com a unidade J7-21 e solicitara tudo o que se relacionava com alguns nomes de que se lembrava, antigos senadores. Também incluiu nomes de personalidades de Corulag, para divertimento. Ao fim de algumas explorações exaustivas e esquematizadas, desistiu porque o que obtinha era tão escasso e fútil que não podia ser usado ou sequer aproveitado.

Ficara desapontado, claro. Esperava obter algum segredo obscuro que lhe desse alguma vantagem estratégica, no caso de precisar nalguma situação futura onde teria de limpar o seu nome. Mas em abono da verdade, ele estava limpo e ninguém o tinha importunado em Corulag depois de ter saído de Coruscant – e nem sequer a pequena aventura em Ferth lhe beliscara a reputação, pois permanecia no segredo das estrelas. E essa fora uma das razões porque desistiu de processar Ambarine pelo rapto. Se apresentasse o caso, teria de dar grandes explicações…

O único percalço que sofrera por aqueles dias e que lhe podia ter trazido dissabores fora a intimação que recebera para comparecer perante a comissão imperial que investigou as suas ligações a Bail Organa e a Alderaan. O aspeto curioso foi que a entrevista decorrera na sua casa.

As perguntas foram lacónicas e ele respondeu a todas com uma tamanha honestidade e pedantismo que não o voltaram a incomodar. No fundo respondeu quase igual ao que tinha contado a Mon Mothma e não mentira, em ambas as situações. Era amigo de Bail Organa, mantinha boas relações quando faziam parte do Senado Imperial, conhecia muito bem a filha, Leia Organa. Em relação ao encontro que tinha em Alderaan no dia em que o planeta foi destruído, desconhecia o seu teor. De resto não havia qualquer prova da sua colaboração, direta ou indireta com a Aliança – ou se os membros da comissão teriam, porventura, alguma indicação de que ele estivera em Ferth e que acontecera uma reunião secreta com a organização. Nunca lho deram a entender e essa sua falha no currículo não o afetou em nada.

No fim, tudo ficou esclarecido. O processo que o ligava a Bail Organa foi encerrado. Ele estava inocente, o traidor do Império Galáctico estava morto e não havia mais nada para investigar ou esclarecer. Caso resolvido.

No panorama geral, as novidades que vinha recebendo desde que iniciara o seu aprazível refúgio deixavam-no apreensivo e intrigado, pois sabia que nem tudo estava a ser contado com a verdade dos factos. A propaganda imperial impregnava cada notícia e havia uma sensação de que por detrás da aparente normalidade, a raiz e o núcleo da instituição Império começava a apodrecer, atingidos pela doença insidiosa que Palpatine queria erradicar da galáxia a todo o custo.

Pelos vistos, a Aliança conseguira mesmo deitar as mãos aos planos da Estrela da Morte e num ataque desesperado e afortunado destruíra a super-arma do Império. Se Bail Organa e Alderaan tinham sido pulverizados, a filha, Leia Organa, estava viva. Por obra de algum estranho milagre tinha-se evadido da sua prisão e escapara da sentença de morte que pendia sobre si. O nome da princesa continuava a ser mencionado com respeito e admiração e Leia Organa era um dos mais importantes membros dos rebeldes. Estes, perseguidos implacavelmente por Vader, espalhavam-se pela galáxia, em vários esconderijos, que permaneciam secretos, até à data. Em resumo, a guerra civil prosseguia, em ataques típicos de guerrilha, em diversos pontos das regiões galácticas, mas oficialmente a paz permeava os sistemas e os tempos eram de ordem e de paz.

Heskey conhecia o que se passava por meio de Onca, que tinha acesso a um canal de comunicação clandestino que difundia informações sobre a rebelião. Ele pedira para saber sobre a Aliança, pois achava que não se podia distanciar do que ia acontecendo na guerra civil, ainda que tivesse recusado fazer parte desta organização, ainda que nada se passasse de acordo com os canais noticiosos sancionados por Coruscant. Precisava de saber o que acontecia para, num momento futuro qualquer, saber o que fazer quando colocado perante a escolha referida por Mon Mothma.

Naquela fase continuava a não se arrepender de ter recusado trabalhar para a Aliança – podia fazê-lo, cogitou numa daquelas suas receções em sua casa, enquanto bebericava o seu licor de gojyriana, tomado por um tédio medonho. Podia ser um dos membros secretos da Aliança e passar-lhes informações que ia conseguindo naquelas festas, à custa da impertinência saloia da elite de Corulag. Depois encolhia os ombros e achava que estava bem como estava, sem qualquer responsabilidade ou pecado que lhe pudesse trazer dissabores, já que a sua vida era bastante satisfatória. Ele controlava todas as variáveis e isso deixava-o confortável. O conforto era fundamental, era o padrão pelo qual se regia e que o ajudava a definir se estava feliz, ou não.

Aquele dia estava particularmente quente. O céu apresentava-se límpido e a temperatura no interior da estufa era de tal forma elevada que ele usava uma indumentária mais leve e nada característica dos seus gostos – manga curta, calças largas de um tecido claro, sandálias. Agarrou no copo húmido e bebeu um pouco do refresco doce recoberto com uma fina camada de neve, importada de um planeta qualquer remoto. Um capricho caro que ele cultivava com um prazer secreto. Não havia neve em Corulag, um planeta que era conhecido pelas suas vastas planícies urbanizadas. Portanto, toda a neve que os ricos usavam nas suas bebidas para acalmar o calor vinham de planetas distantes, de sistemas inóspitos, paga a peso de ouro, pois acondicioná-la e transportá-la requeria um certo nível de tecnologia que era dispendiosa.

— Vou pedir ao Onca que prepare uma viagem até Kallis do Sul. O que achas Jotassete? – disse ele, recostando a cabeça no travesseiro, fechando os olhos.

— Será uma boa ideia, senador – respondeu o androide que estava ali com ele, com as suas luzes intermitentes a piscar devagar. – O que podemos encontrar em Kallis do Sul?

— Uma floresta de bambu.

— Muito interessante, senador. Não sabia que em Corulag existiam florestas.

— Temos florestas e oceanos. Só a terra firme está densamente urbanizada. Já Coruscant não tem qualquer espaço natural. Todo o massivo continente que recobre o planeta foi edificado e daí que o local tenha sido escolhido para ser o centro do poder político na galáxia. É uma imagem imponente. Coruscant deixa-nos essa impressão avassaladora… de esmagamento. E grandiosidade épica. Coruscant fica-nos eternamente gravado na memória. Um androide tem essa capacidade intrínseca, de guardar memórias?

— Negativo, senador.

— Bem me parecia. Vocês só são aquilo para que estão programados…

— Os nossos circuitos moldam-se conforme o que é integrado no nosso processador. Sou uma base de dados, senador. A minha função é registar dados, proceder a análises, fazer interligações lógicas. Não me cabe… guardar memórias. Nem consigo entender o conceito. A memória é um dado?

— Sim, Jotassete… Podemos afirmar que a memória é um dado. Um conjunto de memórias é um conjunto de dados. Informação que o nosso cérebro filtra, processa, releva, enaltece.

— Coruscant está então no seu banco de dados.

Heskey riu-se, sem mostrar os dentes.

— Coruscant ficou obviamente registado no meu banco de dados. Mas não é um lugar de que sinta saudades… ou seja, não pretendo regressar nos tempos mais próximos. Não deixei nada de indispensável para ser resolvido em Coruscant, logo não preciso de lá voltar. Talvez mais tarde, quando Palpatine achar que já está há demasiado tempo no trono imperial.

E aquela era uma afirmação sediciosa que o divertiu ainda mais, porque sabia que Jotassete também não estava programado para perceber esse tipo de discurso e registá-lo como um traidor. Estava sempre seguro na companhia do androide e por isso gostava bastante de o levar consigo para o terraço, quando pretendia relaxar. Já Onca esgotava-o. Nunca iria dispensar o ithoriano, pois era diligente, sagaz e incansável, habituara-se ao seu assistente e nem sequer se imaginava a viver sem o ter a organizar-lhe a porção da sua vida mais séria, precisamente porque ele precisava de ter alguém que se ocupasse da parte aborrecida e responsável da sua existência, com todas as obrigações inerentes, mas Onca representava precisamente esse cenário inflexível e ele sentia-se esgotado com tudo o que era suposto ser. Por causa do seu nome, da sua reputação, da sua influência e tudo o resto que ganhara por ter nascido um Heskey e por ter sido senador imperial.

Jotassete era uma máquina que tinha a capacidade de comunicar e isso era o suficiente para distraí-lo.

— Isso não é aborrecido? – perguntou. – Apenas ser a programação incutida nos circuitos? Não há espaço… para a imaginação. Claro que eu sei perfeitamente que os androides não possuem imaginação.

— Tal como as memórias, também essas impressões humanas só existem se estiverem programadas. Não creio que alguém que antipatize com o Império Galáctico goste de Coruscant e lhe cole adjetivos abonatórios, senador.

— Coruscant também foi a capital da Antiga República – justificou, levantando uma sobrancelha, admirado com a ousadia de Jotassete. – Coruscant será um símbolo para os republicanos que secretamente ainda anseiam pelo regresso da antiga ordem política.

— Provavelmente, senador. Talvez Coruscant já seja demasiado imperial e menos republicana, nos tempos que correm. Então, Coruscant não será um lugar imponente e avassalador, de acordo com as suas palavras, mas um lugar decadente e horrível.

— E se o Império Galáctico for derrubado, irá encontrar-se uma nova sede para a Nova República.

Lembrou-se que Mon Mothma pertencia a Chandrila. Seria um bom centro político da galáxia. Chandrila era um local sofisticado e bonito, intocado pelos vícios imperiais, nada decadente e longe de ser horrível. Olhou o androide de esguelha. Estaria a unidade a aprender, de alguma forma, a conversar sobre política por estar a conviver demasiado consigo? Era uma noção interessante.

Resolveu mudar de assunto. Não pretendia que o robot armazenasse esse tipo de questões na sua base de dados.

— Talvez façamos um piquenique, em breve, em Kallis do Sul – disse, retomando a ideia inicial. – Desde a minha infância que não visito essa floresta. Será uma boa ideia. Vamos sair de casa, sair de Curamelle e Onca vai celebrar o facto, pois diz que estou a transformar-me num eremita! Devo apaziguar o meu ithoriano, para que ele não deixe de seguir os meus caprichos… pois que tenho muitos e não quero mudar este meu feitio difícil.

— Não sei o que é um piquenique, senador.

— É um passeio. E no meio do passeio, sentamo-nos a descansar e comemos qualquer coisa, só para dizer que não estamos simplesmente parados e a olhar para nenhures. Não me importo com a contemplação… aliás, gosto bastante. Tenho passado muitas horas, nestes dias, a contemplar e a pensar. Sabe bem descansar a cabeça, arejar os neurónios.

— Afirmativo, senador.

— Pode ser que lhe tome o gosto… a seguir a visitar Kallis do Sul posso arriscar fazer um cruzeiro curto no oceano que banha as costas dessa floresta. Já li algures, numa publicidade bastante colorida no meu holopad, que se fazem passeios de barco de dois e três dias-padrão pelos mares de Kallis do Sul. Com tudo incluído. Assim, já não teríamos de levar a nossa própria comida, como sucede com um piquenique. Teríamos uma cabina com um terraço semelhante a este onde passaríamos as noites. E há festas a bordo, com música e jogos. Não que esteja ansioso por esses convívios com gente idiota, mas de qualquer modo seria um programa diferente… não concordas, Jotassete?

— Concordo, senador. Nunca estive num cruzeiro.

— Nem eu. Já viajei tanto pela galáxia afora, mas nunca com fins recreativos. Era sempre em trabalho. Para encontros de Estado, para fugir de gente incómoda que me queria cobrar uma qualquer exorbitância nos meus tempos de jovem inconsequente…

Sim, era uma excelente ideia. Heskey animou-se com a perspetiva de ir viajar pelos mares de Corulag. Sempre quisera fazê-lo, quando era menino. Sonhava com aventuras sobre as ondas, ver o sol a pôr-se no horizonte marítimo, o cheiro fresco do mar.

Uma coisa de cada vez. Primeiro, queria ver como estava a famosa floresta de bambu.

Bateu com as mãos uma na outra, esfregou-as.

— Muito bem, Jotassete! Amanhã iremos ao mercado. Vamos comprar as vitualhas para o nosso piquenique, vais conhecer o oceano. Depois, logo se vê sobre esse cruzeiro.

— Concordo, senador.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Passeio no mercado.



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