Galaxy Wars escrita por Amelie Oswald


Capítulo 2
Counting Stars - Guardiões da Galáxia Vol.1


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo fresquinho para vocês, espero que apreciem. Foi feito de coração. Boa leitura a todos ♥



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I feel something so right
By doing the wrong thing
And I feel something so wrong
By doing the right thing
I couldn't lie, couldn't lie, couldn't lie
Everything that kills me makes me feel alive

Com o olhar distante, Narissa estava sentada de modo confortável, mas não muito indicado para o bem da sua coluna, sobre a cadeira do copiloto. Uma das pernas estava jogada sobre o braço do móvel, enquanto a outra encontrava dobrada e servindo de apoio para sua bunda. Aquela posição estranha era sua favorita, mas sempre rendia muitos xingamentos da parte do Yondu por ela não estar acomodada como uma dama. Era comum vê-lo gritando na nave coisas como “Sente direito, menina” ou “Isso é jeito de uma garota sentar?” sempre que a encontrava daquela maneira. As vezes achava irritante o modo como o homem azul ficava de marcação serrada sobre ela, sobre sua maneira de sentar e até agir. Entretanto, naquele momento estava sentindo falta das broncas, algo que possivelmente nunca mais receberia graças a sua fuga com Peter Quill da equipe de saqueadores. 

— Você está brava? — Perguntou Quill quebrando o silêncio entre eles. 

— Não — Respondeu Narissa movendo os ombros com desdém — Por que acha isso? 

— Não sei, talvez por eu ter te arrastado comigo — Peter olhou para a irmã adotiva com o canto dos olhos. 

— Yondu vai superar — Ela suspirou e roeu a pelezinha do canto da unha, outra coisa que irritava Yondu — Vou sentir falta dele. 

— Estou vendo — Murmurou Quill arqueando as sobrancelhas — Ele já teria lhe dado quatro broncas. 

— Senta direito, menina! — Imitou Narrisa sem parar de mordiscar o dedo. 

— Pare de roer a unha! — Repreendeu Peter imitando Yondu. 

— Desmancha essa cara azeda quando estiver comigo — Prosseguiu a menina soltando um riso baixo. 

— Se não vai ajudar a pilotar a nave, vá atrás do Quill ver o que ele está aprontando — Peter tentou manter o personagem, mas acabou rindo no final da imitação. 

— Bem, foi o que eu fiz — Narissa parou de roer as unhas e sentou com a coluna ereta na cadeira do copiloto — Estamos fodidos, não estamos? 

— Com certeza, mas seremos pessoas ricas — Peter retirou a orbe de dentro do bolso e jogou para cima, pegando com a mesma mão — Só precisamos fazer a transição. Depois podemos ir para onde quisermos. Os irmãos Quill contra o mundo. 

— Irmãos Quill? — Narissa arqueou uma das sobrancelhas e olhou divertida para o rapaz — Por que tenho que adotar o seu sobrenome? 

— É melhor do que Udonta — Ele sorriu sem mostrar os dentes e moveu os ombros com desdém. 

— Já tenho um sobrenome. 

— Não, você tem um codinome — Insistiu Peter — É diferente. 

— Pelo menos as pessoas me reconhecem por ele — Zombou Narissa recordando de como o irmão vinha tentando fazer o seu codinome pegar todas as vezes que estava em ação — Não é mesmo, Garanhão das estrelas? 

— É Senhor das estrelas, não garanhão das estrelas — Corrigiu Peter revirando os olhos — Mas se não quer meu sobrenome, tudo bem. Duvido que encontre um melhor.  

— Você é muito sensível, babaca — Disse Narissa levantando da cadeira. 

— Onde vai? — Perguntou Quill curioso. 

— Estamos quase chegando em Xandar, preciso dar uma arrumada no visual. Estou um caco — Reclamou a garota dando com os ombros e caminhando em direção ao pequeno banheiro da nave. 

Por mais que tivesse sido criada por vários saqueadores e se comportasse como um dos rapazes as vezes, Narissa era uma pessoa vaidosa e gostava da ideia de estar sempre bem arrumada. Mantinha os cabelos presos em um rabo de cavalo na maior parte do tempo, os lábios estavam sempre com um batom rosado e as vestes, por mais que fossem velhas e surradas, raramente ficavam sujas ou com grandes rasgos. 

Entretanto, o principal motivo que a fazia desejar estar arrumada e quase irreconhecível no momento que pousassem em Xandar, era o fato de que ela e Peter faziam parte dos criminosos procurados pela Tropa Nova e o planeta que estavam prestes a visitar era, praticamente, a capital deles. Eles precisariam ficar em guarda, estando atentos para tudo o que acontece ao redor enquanto fecham negócio, tomando todo o cuidado para não serem presos por besteira. 

— Pronta para sair? — Perguntou Peter dando dois toques sutis com os nós dos dedos na porta do banheiro. 

— Um minuto — Pediu a mulher jogando água gelada sobre o rosto e secando com a toalha em seguida. 

— Não demore, ou irei lidar com nosso negócio sem você — Apressou Peter revirando os olhos. 

— Já disse que já vou — Reclamou Narissa soltando os cabelos. Ao terminar de ajeita-los com os dedos, ela abriu a porta do banheiro de uma vez, quase derrubando Peter dentro do pequeno cômodo — Vamos logo nos livrar dessa coisa. 

Os dois colocaram suas jaquetas idênticas e deixaram a nave. Caminhavam lado a lado com passos lentos, tentando se misturar no meio da multidão. Conheciam os riscos que corriam ao estar naquele planeta, principalmente Narissa, a qual sentia preocupação por ambas as partes.  

Desde o momento que se conheceram e criaram laços, Narissa era o tipo de mulher que pensava nas consequências dos seus atos mil vezes antes de agir, enquanto Peter apenas agia e seguia improvisando com o resto dos planos. Eles eram opostos que se completavam. A mulher agindo como o cérebro da relação familiar, enquanto Peter era o músculo e o alívio cómico. 

Narissa estava cansada de contar todas as vezes que precisou livrar a barra do Peter. Fosse com problemas para o lado do Yondu e até mesmo com problemas maiores, como sua dificuldade em manter o zíper fechado. Já chegou a lutar algumas vezes com as mulheres que Peter se relacionava, principalmente quando elas descobriam o quanto ele era um babaca e tentavam mata-lo. 

— Relaxa, Nari! — Sussurrou Peter cutucando a irmã adotiva com o cotovelo. 

— Eu estou relaxada — Mentiu colocando as mãos dentro do bolso. 

— Claro que está — Sorrindo, ele aproximou da mulher e colocou a mão dentro do mesmo bolso da jaqueta que ela havia enfiado a mão, entrelaçando seus dedos — Vai ser rápido, depois podemos ir para qualquer lugar que quiser. 

— Queria fazer umas apostas — Disse Narissa suspirando ao recordar do pequeno planeta a vários anos luz de distância que Yondu sempre a levava depois de uma missão perigosa. 

— Sabe que estou proibido de entrar lá, não sabe? — Peter fez careta, sabendo exatamente o local que Narissa citava. 

— Esqueci do seu caso com metade das atendentes — Narissa revirou os olhos. 

— Olha quem fala. Yondu teria te proibido de voltar lá caso soubesse do seu caso com o Stakar Ogord — Relembrou Peter, fazendo com que a morena fizesse uma careta — Honestamente, até hoje estou chocado. 

— Foi uma vez, Peter. E eu ia saber que ele era o Stakar? — Perguntou Narissa movendo os ombros com desdém.  

— O cara tinha idade para ser o seu pai, Narissa — Disse Peter fazendo caretas. 

— Você perdeu qualquer direito de criticar meus parceiros depois que saiu com aquela mulher de tentáculos — Reclamou Narissa parando por alguns instantes para brigar com Peter. Falava baixo, mas ao mesmo tempo com tom de voz enérgico. 

— Foi uma vez, Nari — Urrou Peter entre os dentes enquanto fazia careta — Prometemos nunca mais tocar no assunto. 

— Digo o mesmo sobre o Stakar — Disse Narissa colocando um ponto final na discussão e enganchando o braço no do Peter. 

De modo descontraído, eles abriram caminho no meio da multidão. Um sorriso simpático estava estampado sobre a face da garota, lançando para cada cidadão que cruzava seu caminho e a encarava por uma leve fração de segundos, antes de desinteressar e seguir. Precisava parecer discreta para a população Xandariana, de modo a não os alertar sobre sua situação criminal e as armas que carregava escondidas no corpo. 

Enquanto caminhavam em silêncio, Narissa chegou a pensar em como seria a sua vida caso não tivesse assustado as famílias que tentaram adota-la anteriormente, ou até mesmo, se ainda estivesse com seu povo. Talvez fosse como as pessoas de Xandar. Sem ter que se preocupar com um pai adotivo azul, ou com um grupo de saqueadores que possivelmente matasse ela e Peter pela traição, seria como qualquer outra pessoa. Não correria o risco de ser presa devido ao longo histórico criminal que carregava por ser uma saqueadora, nem teria de ficar preocupada com a próxima forma obscura ou perigosa de conseguir dinheiro. Talvez ela tivesse um emprego normal, amigos, família e alguém para amar. 

Ela pigarreou e segurou as lágrimas que queriam escorrer por sua face, estava sensível e não poderia demonstrar aquilo. Suspirando, tentou pensar em outra coisa, mais precisamente no trabalho que estavam prestes a fazer e no dinheiro que receberiam como recompensa. Logo ela e Peter estariam longe de Xandar, com dinheiro suficiente para não se preocuparem com o próximo trabalho por um bom tempo. Com certeza ela compraria algo que a agradasse, como por exemplo, uma jaqueta novinha em folha ou um vestido, a tempos ela desejava ter um belo vestido. 

— Pronta? — Perguntou Peter antes de ingressarem no local de trabalho do Corretor. 

— Pronta — Assentiu Narissa forçando um sorriso. — Depois daqui, vamos beber. 

— Com certeza — Concordou Peter assentindo animado com a ideia. 

Narissa soltou do braço do Peter e juntos ingressaram na loja de penhores. O rapaz segurava a Orbe em segurança nas mãos, enquanto a mulher deixava os braços relaxados. Precisavam demonstrar tranquilidade para fechar aquele negócio, caso contrário todo o trabalho teria sido em vão. 

— Senhor Quill! Senhorita Morningstar — Cumprimentou o Corretor de modo simpático. 

— É senhor das estrelas — Murmurou Quill tentando não parecer irritado por não ter sido tratado pelo seu codinome, como havia acontecido com a irmã. Ele aproximou da mesa e colocou o objeto sobre — A Orbe, como solicitado. 

— Onde está Yondu? —Perguntou o Corretor instantaneamente. Narissa chegou a desconfiar que aquilo aconteceria, pessoas como o alienígena sentiam de longe o cheiro de problemas e desvios de planos quase que no mesmo instante que os negociantes entravam pela porta. 

— Ele queria estar aqui, manda todo o seu amor — Mentiu Narissa com naturalidade, parando ao lado do irmão. 

— E pediu para dizer que você tem as melhores sobrancelhas do negócio — Completou Peter charmoso, elogiando o comprador. O xandariano sorriu, ficando mais interessado no objeto que seria negociado. 

Eles observavam o Corretor analisar cuidadosamente o objeto em suas mãos. Mas ele parecia estar enxergando mais do que aquela casca, era como se estivesse vendo dentro do objeto. Narissa e Peter trocaram olhares curiosos, querendo saber o motivo de todos estarem desejando aquele orbe. 

— O que é isso? — Perguntou Peter sem conter a curiosidade. Narissa pensou em repreende-lo, porém a curiosidade falava mais alto e, talvez, ela que tivesse feito a pergunta caso Peter tivesse ficado em silêncio. 

— Faz parte da minha política nunca discutir sobre meus clientes e seus negócios — Respondeu o corretor calmamente. 

— Sim. Bem, nós quase morremos para conseguir pegar isso — Disse Peter dando um pouco de créditos do roubo para Narissa. 

— Um risco do oficio, tenho certeza — Disse o Corretor com desdém. 

A garota chegou a abrir a boca para pedir o pagamento do objeto e poderem sair o mais depressa possível daquele planeta. Mas antes que dissesse qualquer coisa, Peter prosseguiu com sua curiosidade, falando mais do que deveria sobre os eventos que passou para roubar o objeto. 

— Alguma aberração com cabeça esquisita — Falou Peter tranquilamente — Trabalha para um cara chamado Ronan. 

— Ronan? — Perguntou o Corretor e Narissa ao mesmo tempo. 

O nome de Ronan fez com que ambos sentissem medo, Narissa tinha conhecimento sobre o homem, pois foi ele que destruiu todo o seu povo a mando do Thanos. Onde ele passava deixava para trás um rastro de morte e destruição. Aquele orbe deveria conter algo extremamente precioso, principalmente se Ronan estava atrás do mesmo. 

— Sinto muito, senhor Quill e senhorita Morningstar — O Corretor empurrou o orbe de volta para Peter, enfiando no meio do seu peito — Mas não quero participar dessa transação se Ronan estiver envolvido. 

— Compreendo — Disse Narissa mordendo o canto do lábio. 

— Ei, eu não compreendo! — Disse Peter enquanto era enxotado da loja junto com Narissa pelo Corretor — Quem é Ronan? 

— Um fanático de Kree, indignado com o tratado de paz. Ele não descansará até que a cultura de Xandar, minha cultura, esteja completamente extinta.  —Ele exclamou com temor enquanto empurrava os irmãos porta a fora. 

— Fizemos um acordo — Insistiu Peter relutante em sair da loja sem o dinheiro. 

— Essa é uma pessoa do lado ruim, um lado que prefiro não estar — Retrucou o Corretor. 

— E o nosso lado? — Perguntou Quill quase aos berros. 

— Tenha um bom dia, senhor Quill, senhorita Morningstar! — Dizendo isso o Corretor terminou de enxotá-los para fora da loja e fechou a porta na cara de ambos, impedindo que regressassem para dentro. 

— É, Senhor das Estrelas! —Gritou Peter batendo na porta como se fosse adiantar de alguma coisa. 

— Ninguém se importa com seu apelido estúpido — Resmungou Narissa grudando o irmão pelo antebraço e o forçando a sair de perto da porta antes que chamasse atenção. 

— Eu me importo — Reclamou o homem. 

— Você tinha que continuar falando, não é? — Disse Narissa irritada ao irmão — Puta merda, se dissesse antes sobre Ronan já estaríamos com o dinheiro agora. 

— O que quer dizer com isso? — Perguntou Peter com o mesmo tom irritado que a mulher. 

— Que estamos fodidos, Peter. Isso que quero dizer — Respondeu a outra gesticulando frustrada. —É por essas e outras que sou o cérebro da nossa relação. 

— Está dizendo que sou burro? — Perguntou Peter irritadiço. 

— Estou! — Gritou Narissa em resposta. 

— O que aconteceu? — Perguntou uma mulher verde parada próximo a eles. 

Por alguns instantes os irmãos ficaram em silêncio, apenas observando aquela mulher diferente que haviam encontrado. Não sabiam dizer por quanto tempo ela estava parada ao lado deles, escutando toda a discussão entre eles.  A mulher mastigava casualmente um lanche, olhando de um para o outro, sem se importar com quem responderia sua pergunta. 

— Uh... Esse cara acabou de desistir de um acordo meu e da minha irmã — Peter explicou levemente sem jeito. Narissa revirou os olhos, deixando com que ele lidasse com a situação, qualquer coisa o nocautearia ali mesmo. — Se há uma coisa que odeio, é um homem sem integridade. 

— Por favor... — Sussurrou Narissa de modo inaudível enquanto revirava os olhos discretamente. Aquelas eram belas palavras vindas de um saqueador. 

— Sou Peter Quill — Apresentou o rapaz cheio de charme, tentando seduzir aquela bela mulher verde para cair em seus truques.  — Mas as pessoas me chamam de Senhor das Estrelas. 

— Ninguém te chama assim — Reclamou Narissa irritada com a conversa banal. 

— Cale a boca — Ordenou Peter sussurrando para Narissa, a qual lhe mostrou o dedo do meio. 

— E você? — Perguntou a mulher verde educadamente para Narissa. 

— Morningstar! — Respondeu cruzando os braços sobre o peito — Vamos embora, Quill. 

— Vocês dois... — Ela aproximou sensualmente de Peter, já que Narissa não estava dando abertura para a aproximação — Vocês parecem pessoas honradas. 

— Bem, eu não diria isso... — Disse Peter sedutoramente enquanto jogava a orbe para cima, ainda tentando impressionar a desconhecida. 

— Peter! Vamos! — Ordenou Narissa entre os dentes, mas ele simplesmente ignorou. 

— As pessoas dizem isso sobre nós, mais sobre mim se quer saber — Prosseguiu Quill — Mas não é algo que diríamos sobre nós o tempo todo. 

No mesmo instante que ele aproximou mais da desconhecida, a mulher chutou o seu estômago com força enquanto retirava a orbe da sua mão, fazendo com que Peter caísse com tudo sobre Narissa, a prendendo embaixo do seu corpo. Os dois urraram de dor enquanto a mulher saiu correndo com a orbe em mãos. 

— Tá feliz, idiota? — Perguntou Narissa fazendo caretas devido a dor e o peso do irmão sobre ela. 

— Não — Reclamou Peter com a mão sobre o estômago. 

— O que está esperando? Vamos atrás dela — Ordenou Narissa empurrando o irmão de cima. 


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Notas finais do capítulo

tradução do trecho da música: Eu sinto algo tão certo
Fazendo a coisa errada
E eu sinto algo tão errado
Fazendo a coisa certa
Eu não poderia mentir, não poderia mentir, não poderia mentir
Tudo que me mata me faz me sentir vivo

Espero que tenham gostado, em breve postarei o próximo capítulo. Se preparem pois ele estará cheio de ação ♥ Mil beijos, com todo o amor do mundo, Amelie Oswald ♥



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