Galaxy Wars escrita por Amelie Oswald


Capítulo 1
Rise - Guardiões da Galáxia Vol.1


Notas iniciais do capítulo

Essa é apenas uma breve introdução sobre a personagem e sua conexão com Peter Quill. Aos poucos descobrirão mais coisas sobre ela, seu povo e sua vida com os saqueadores.

Boa leitura a todos ♥



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Nós vamos subir até cairmos
Eles dizem que nós não temos futuro algum
Eles querem nos manter afastados, mas eles não podem mais nos segurar.
Nós vamos subir até cairmos

Rise - Jonas Blue

 

Frustrada, Narissa deixou o esconderijo que ocupava a algumas horas dentro da Milano para poder esticar as pernas. Desde que viu os brilhos nos olhos de Peter Quill quando Yondu terminou de passar os detalhes do próximo saque, ela sabia que o melhor amigo estava prestes a aprontar alguma coisa. Não foi necessário obrigar o rapaz a falar seu plano usando um dos poderes que possuía, ela cresceu com Peter e, por isso, conhecia todas as suas imperfeições e manias. Principalmente quando o mesmo estava prestes a passar a perna em alguém, como era o caso naquele momento. 

— Idiota! — Crispou entre os dentes ao olhar para fora do vidro da nave. 

Como havia imaginado, Peter voou para o Planeta Morag com o intuito de saquear sozinho a mercadoria de grande valor citada por Yondu na última reunião. Seu desejo era ficar com toda a grana para si e, provavelmente, deixar a equipe. Diferente de Narissa, ele não via os saqueadores como uma família adotiva e nem era tão bem tratado como a menina. Porém isso não dava a ele o direito de passar a perna em Yondu, o homem por quem deveriam ser gratos. 

Não faziam nem dez minutos que Peter havia deixado a Milano para seguir com seu plano e  Narissa já estava entediada de espera-lo voltar. Ficou tentada em segui-lo para o pegar com as mãos na massa, mas sabia que era capaz do amigo deixa-la para trás no planeta desconhecido caso as coisas saíssem do seu controle.  

No fundo, o verdadeiro motivo que fez a morena ficar escondida de maneira desconfortável no que Peter chamava de quarto quase que por um dia inteiro, era o pensamento de ser abandonada pelo melhor amigo. Por mais que nunca fosse revelar aquilo em voz alta, ela não aguentaria permanecer por muitos dias com os saqueadores sem o idiota do Quill. Cresceram juntos como irmãos e, por mais que brigassem quase que o tempo inteiro para provar qual deles era o melhor, ela não conseguia imaginar um futuro sem ter Peter ao lado. Saber que o mesmo ansiava explorar o espaço sem a sua companhia a magoava profundamente. 

Não era a primeira vez que a largariam para trás, sua vida era marcada por abandonos. Primeiro o abandono dos seus pais quando tinha três anos, eles a deixaram no orfanato de um planeta aleatório por não ser capaz de ajuda-los a proteger o seu antigo clã das garras do tirano Thanos. No orfanato Narissa teve os piores anos da sua vida, as crianças não queriam sua amizade por não compreenderem seus poderes e a chamavam de aberração, o que era irônico vendo que existiam seres mais esquisitos que ela no mesmo ambiente. Esse trauma fez com que fugisse do local e buscasse abrigo nas ruas, onde acabou sendo acolhida por Yondu quando este viu uma pequena demonstração dos seus dedos ágeis de ladra. O Centauriano não ficou assustado quando descobriu que ela tinha poderes telecineticos, na verdade, ele a ajudou a descobrir seus outros poderes e como aquilo seria útil nos saques. Mas mesmo sendo bem acolhida pela equipe, ela temia tornar-se obsoleta em algum momento da vida e ser abandonada por todos, voltando a ser uma jovem de rua. Por isso, ela era capaz de fazer qualquer coisa, até mesmo impedir Peter de fazer toda a transação sozinho. 

Passando as mãos nos cabelos castanhos e respirando fundo, Narissa regressou para o esconderijo no alçapão da nave voltando a fundar o corpo contra o colchão fino, relaxando o máximo que conseguia naquele lugar desconfortável. Não tinha a pretensão de ser abandonada por Peter no planeta inabitável antes de entrega-lo para Yondu, ou, caso tivesse sorte, fazê-lo mudar de ideia quanto ao roubo. Ela voltou a tempo para dentro do esconderijo, pois no minuto seguinte escutou várias vozes e passos do lado de fora da nave. 

Narissa não movimentava um músculo e, muito menos, fazia algum barulho que identificasse a sua presença dentro da nave. Queria prestar atenção em cada detalhe que ocorria fora da Milano, pois caso Peter estivesse envolvido em grandes problemas, ela não hesitaria em arregaçar as mangas e ingressar numa briga que não era sua para salvar a pele do melhor amigo. 

No entanto ela considerava a reação frustrada dos outros saqueadores, de certo modo, aceitável. O trabalho que faziam era conhecido como roubo e, muitas vezes, mais de um grupo de saqueador deseja certo item, principalmente quando esse possuí valor altíssimo no mercado negro. A própria Narissa chegou a lutar com saqueadores rivais em muitos momentos da vida por certos contrabandos. 

A batalha do lado de fora da Milano parecia animada devido ao som de todos os tiros, resmungos e explosões, principalmente pelas explosões. Por alguns segundos ficou com inveja do Quill por ter uma luta animada, mas não interferiu, aquele tipo de situação servia para dar um castigo ao homem por pensar em roubar de Yondu. 

O estrondo alto de algo caindo dentro da nave revelava que Peter conseguiu chegar em segurança para dentro da Milano, da mesma forma que a decolagem abrupta da nave acompanhada pelas risadas histéricas do rapaz significavam que a missão que o levava até Morag havia sido completada com sucesso. Ele estava em posse do tal Orbe ansiado por Yondu e os outros saqueadores. 

No exato momento que Narissa deixava o esconderijo para surpreender Quill e impedi-lo de seguir com o plano, a Milano foi atingida pelas águas de um gêiser, deixando de funcionar e caindo direto em direção ao chão de Morag.  

Aquele imprevisto pegou ambos de surpresa. A mulher não conseguiu chegar à parte superior da Milano, ficando com as costas coladas no canto da parede enquanto usava dos poderes telecineticos para impedir que as quinquilharias do melhor amigo caíssem sobre seu corpo e a matassem prensada. Ela não podia fazer nada para ajudar Quill, além de torcer que ele recuperasse o controle da nave antes eu ambos morressem naquele planeta destroçado. Jamais perdoaria Peter caso aquele fosse seu último dia de vida, de todas as mortes que imaginou, morrer com a queda de uma nave não fazia parte do plano. 

Para sua felicidade, aquele não era o último planeta da galáxia que visitaria. Após alguns segundos em queda livre, que mais pareceram uma eternidade, Peter conseguiu recuperar o controle da Milano e fazê-la, finalmente, deixar Morag e toda a confusão que estavam envolvidos para trás. 

— Puta merda! — Urrou Narissa caindo de barriga para baixo sobre o chão da aeronave. Ela teve tempo apenas de levar os braços em frente ao rosto, não se importava de machucar o antebraço, punhos e cotovelos, mas a vaidade impedia que permitisse qualquer tipo de lesão na face. O tombo, com certeza, deixaria roxos que demorariam para sair. Sem permitir a recuperação total do fôlego, ela rumou para a parte superior da aeronave, aquele era o momento de surpreender o melhor amigo — Peter! 

— Narissa! —Retrucou o homem levando a mão ao peito após dar um pequeno sobressalto. Ao menos ela conseguiu assusta-lo com sua presença. —A quanto tempo está aqui? 

—Desde que resolveu fugir — Ela cruzou os braços sobre o peito e aproximou dele, sentando ao seu lado no chão — Você é um idiota, Quill! O que houve em Morag? 

— Tive problema com outros saqueadores. Você poderia ter me ajudado, sabia? — Peter inclinou a cabeça para o lado, pousando sobre o ombro da Narissa. 

— É, eu poderia. Mas não quis — Com a mão, ela empurrou a cabeça do Quill e voltou a ficar em pé — Não acredito que depois de todos esses anos você foi capaz de trair Yondu. 

— Não traí o Yondu — Ele rebateu levantando do chão e indo atrás de Narissa. — Não sei se sabe, mas ele me sequestrou. 

— Ele te acolheu — Crispou Narissa — Da mesma forma que fez comigo. 

— Não, o nosso caso é diferente. Eu fui abduzido, você foi adotada por ser útil — Disse Peter no mesmo timbre de voz que Narissa. A fúria da menina emanava através dos belos olhos verdes — Eles gostam de você, diferente de mim. De você e dos seus poderes Jedi. 

— Nem todos, a maioria tem medo deu mim, por isso não entram no meu caminho — Reclamou a menina sentando a mesa — E pare de falar isso, já disse mil vezes que não sou nada desses Jedis que você sempre fala. 

— Como não? Você tem até um sabre de luz — Ele apontou com os quatro dedos para o objeto que lembrava uma lanterna e estava preso no cinto da jovem. 

— Isso aqui... — Ela empunhou o objeto e apertou um dos seus botões, revelando uma faixa de luz verde afiada como mil navalhas — Não é um sabre de luz. É uma arma de energia cósmica, pertenceu ao meu pai. 

— É a mesma coisa que um sabre de luz — Falou Peter gesticulando para que ela guardasse o objeto de volta no coldre — Agora guarde isso, antes que você destrua alguma coisa. 

— Eu deveria destruir a sua cara, seu imbecil —Retrucou a menina desligando o aparelho. 

Sem compreender direito os motivos que levavam Narissa ficar irritada com ele, Peter chegou a abrir a boca para responde-la. Mas fechou quando viu a tela de um dos aparelhos da nave piscar, anunciando que estava recebendo uma ligação. 

— É o Yondu! — Disse Narissa vendo a foto o Centauriano. 

— Não, não atende... — Peter começou a falar, mas foi ignorado pela morena. 

— Ops! — Ela moveu os ombros com desdém e sorriu sarcástica. 

— Quill? —Chamou Yondu com expressões irritadiças na face. Como Narissa havia previsto, ele não estava contente com a ausência do Quill. 

— Oi, Yondu! — Cumprimentou Quill com desgosto na voz. 

— Eu estou aqui em Morag e não vejo sinal de você, da Narissa e de Orbe nenhum — Reclamou o Centauriano. 

— Nós estávamos perto. Quisemos poupar o seu tempo — A voz de Quill soava calma e serena, como se não estivesse fazendo nada de errado ao passar a perna em Yondu. 

— Onde vocês estão, garoto? — Perguntou Yondu frustrado. 

— Eu sinto muito por isso, mas não vamos te contar — Respondeu Peter tomando o controle da situação. 

— O que? Não... — A virada de jogo pegou Narissa despreparava. Ela estava no local para impedir que Quill seguisse com seu o plano idiota de roubar do Yondu, não para ser cumplice. Mas tanto o azul quanto o humano ignoraram o que ela estava prestes a falar em sua defesa. 

— Eu penei para a gente fazer essa transação... — Yondu começou a falar, mas foi atrapalhado por Quill que o respondia no mesmo tempo em que levava a bronca. — E agora vão me botar para fora? 

— Penou? Sério? Fazer ligações é penar? — Ao mesmo tempo que Yondu reclamava, Peter estava respondendo com a mesma intensidade e tom de voz. 

— Não tenho nada a ver com isso — Narissa havia acabado de ficar em pé e gesticulava irritada, tentando recuperar a imagem de boa saqueadora da equipe. 

— Claro que tem, a ideia foi sua — Mentiu Peter convicto olhando para a mulher por alguns segundos. 

— Não... — Rebateu a menina quase suplicando, mas o loiro apenas revirou os olhos e voltou a encarar a tela onde a imagem de Yondu estava passando. 

— Saqueadores não fazem isso um com o outro. Temos um código — Falou Yondu com uma mescla de irritação e decepção no tom de voz. 

— É. E esse código é “roubar de todos” — Disse Peter sobrepondo a voz do azul. 

— Quando eu te busquei lá na Terra... 

— Me buscou — Ironizou Peter ao escutar as palavras. Mas Yondu ignorou e prosseguiu com o diálogo de sempre, até Narissa já estava cansada daquele discurso sobre como o Centauriano salvou a vida do humano. 

— E aceitei Narissa em nossa tripulação... 

— Eu? — A mulher arregalou os olhos, aquela era a primeira vez que Yondu a colocava no meio do discurso que, normalmente, envolvia apenas Peter Quill. 

— Meus rapazes queriam devorar vocês. Eles nunca tinham provado carne humana antes e, muito menos, carne de Kasdan. — Prosseguiu Yondu ignorando os comentários de ambos — Eu os impedi, estão vivos graças a mim. Eu vou encontra-los... 

Antes que Narissa pudesse responder qualquer coisa em sua defesa, Peter desligou a chamada de vídeo na cara de Yondu. Deixando a jovem mulher perplexa com a audácia do melhor amigo. Agora não só havia virado cumplice de Quill, como era motivo da fúria de Yondu. Duas coisas eu havia tentado, de todas as formas, impedir de acontecerem. 

— Porque você vez isso? — Ela deu a volta na mesa, caminhando até Quill e o estapeando — Não tenho nada a ver com isso. 

— Claro que tem — Falou o humano segurando ambas as mãos da Kesdaniana antes eu ela deferisse mais tapas pesado em seu tronco — Está aqui comigo, estamos juntos nessa. 

— Não! Eu vim impedi-lo de trair Yondu — Resmungou Narissa conseguindo se soltar das mãos do Peter. 

— Que pena, agora é a minha cumplice — Peter moveu os ombros com desdém. 

— Porque, Peter? Porque? — Ela perguntou quase aos berros. 

— Simples, Narissa. Você viria atrás de mim de qualquer maneira, só estou garantindo que não sairá do meu lado. — O humano olhava profundamente dentro dos olhos verdes da alienígena. — Qual é, Nari? Vai dizer que gostava de dividir nave com um monte de homem grosseiro? 

— Eles são a minha família — Disse a mulher quase aos berros. 

— E você é a minha — Rebateu Peter com o mesmo tom de voz utilizado por ela. 

Aquelas palavras pegaram a jovem mulher de surpresa. Não esperava que Peter fosse dizer algo assim logo na primeira discussão séria que tivessem por motivo de traição. Pela primeira vez, a falastrona estava sem respostas. Um silêncio incômodo começou a surgir entre eles e Narissa sentiu a obrigação de quebra-lo. 

—Então... — Começou a dizer pensando nas palavras que usaria. 

— O que? — Perguntou Peter um pouco mais calmo. 

— Vamos levar o Orbe ao nosso contato em Xandar? — Ela deu um passo para a frente e sorriu com sutileza. 

— Vamos — Assentiu o loiro retribuindo o sorriso e relaxando os ombros. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham apreciado a leitura. O próximo caminho virá em breve. Mil beijos, com todo o amor do mundo, Amelie Oswald ♥



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