Em boca fechada não entra mosca escrita por Lux Noctis


Capítulo 1
... nem bolo.


Notas iniciais do capítulo

Não betada, sorry, a preguiça é maior e eu nunca leio o que escrevo.

+Inspiração: um post no FB.



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Estava tudo tão silencioso que o som mais alto ali era o de sua respiração pesada. Estava sentado, mantendo a compostura à toda força que tinha, enquanto mantinha os olhos longe daquela figura que representava naquele momento certo perigo.

Assistia-o andar de um lado ao outro, como se buscasse a melhor forma de abordá-lo, chegava até mesmo a sentir os pelinhos da nuca arrepiarem com o olhar que recebeu, mesmo sob os óculos escuros. Precisou morder o lábio inferior para que nenhum ruído lhe escapasse. Fosse aquele gritinho tempestivo e agudo quando ele se aproximou, ou o sorriso que desafiava-o para saber até onde ele estaria disposto a chegar.

—  Pode me ameaçar a vontade, eu não abro a boca! —  abriu a boca apenas para dizer que não a abriria, típico de Kiba. Engoliu em seco quando viu o semblante sério do outro, quando notou que a mão direita deslizava para trás de seu corpo, tateando em busca de algo. Quando viu o metal brilhar contra a luz, estreitou o olhar, desafiando-o de fato a ir além. —  Nada que você faça, me deixará disposto a dizer uma só palavra!

—  Isso é o que veremos. —  O tom grave trazia aquele arrepio de volta à nuca de Kiba, a sensação de que em outras circunstâncias ele adoraria aquele timbre sussurrado em seu ouvido.

A faca fora girada entre os dedos, não de modo exibicionista, era mais um ato automático. Tão logo levou o indicador da outra mão, encostando-o à ponta, apenas para verificar se estava afiada o suficiente para o que pretendia fazer.

—  Eu não sou X-9! —  Kiba elevou a voz, ganhando em troca um olhar por cima do óculos, olhar aquele que lhe fez sorrir de modo tão involuntário. Era a expectativa que o corroía?

Sentiu-se subestimado quando não mais viu o rosto bonito, digo, sério do outro. E sim suas costas, como se sua presença ali sequer fosse notada, ou como se nem ao menos fosse importante. Era sempre uma pedrinha jogada na janelinha de vidro do seu ego inflado.

O aroma veio antes de precisar ver do que se tratava. Morangos! Aquilo era um golpe tão baixo, que sequer estava acima da terra! Não podia ser, o cheiro era de morango com chocolate, e disso Kiba sabia bem, sendo essa sua sobremesa favorita da vida! Quando o outro voltou a ficar de frente para si, tinha agora um pedaço de bolo cortado num pratinho e um garfo ao invés da faca.

Engoliu em seco, mas a vontade era de engolir o bolo! Parecia molhadinho na medida, com tantos morangos graúdos, com chocolate no recheio. Apetitoso demais para apenas assistir. Assistir babando e suando, claro.

—  É bolo… —  cessou sua pergunta quando o garfo tocou a massa fofa, umedeceu os lábios vendo o chocolate cair pela lateral do garfo enquanto era erguido para seguir para a boca de outra pessoa, que não a sua! Que lástima! —  É bolo de massa de pão de ló? — Ah não! Aquela massa era uma perdição de tão levinha, enquanto o morango por cima dava um toque especial àquele recheio de chocolate trufado.

—  É bolo para quem fala. —  Havia um vestígio pouco de um sorriso de quem se divertia às custas dos outros. Fazendo assim o sacrifício de levar mais um pedaço de bolo para a boca, deliciando-se enquanto assistia Kiba quase babar enquanto chegava para frente na cadeira de madeira. —  Me diz o que eu quero saber, e esse bolo é todo seu. — Mais uma garfada, e dava pra ver como era um sacrifício cruel e doloroso, Kiba estava então pensando em se sacrificar no lugar dele, como o bom herói que era!

—  Em boca fechada não entra mosca! —  disparou num momento fugaz de atino. Estava prestes a entregar sua parceira de crime, seria ultrajante!

—  Nem bolo.

Ele estava certo, não entraria bolo na sua boca, se ele continuasse com ela fechada. Respirou fundo então, deixando de lado toda sua dignidade. Era fácil comprá-lo com coisas de comer, agora um bolo com morangos e recheio de chocolate trufado e massa de pão de ló? Aquilo era apelar demais.

—  Ela está… —  olhou para o lado, como se fosse acometido por uma enorme vergonha. Esperou que ele se aproximasse, ainda com o prato em mãos, ainda com um morango graúdo e absurdamente vermelho. Esticou a mão na maior velocidade que pode, roubando para si o morango que sim, estava delicioso. Jogando-o na boca de uma tacada só, não tinha tempo a perder, levantando-se e tentando correr. Uma tentativa em vão, sabia desde o princípio, mas ainda assim arriscou. —  Ela está atrás de você.





 

 

 

Sayuri pulou agarrando-se às pernas do pai, fazendo um curioso barulho de um ronronar, que ela depois esclareceu ser um rugido. Shino riu por mais uma vez a pequenina conseguir capturar o policial malvado que tentava a duras penas tirar informações de seu papai!

A cena na cozinha dos Inuzuka-Aburame era de pura graça, Shino agarrado a Kiba, com ambos os braços envoltos na cintura do marido, enquanto o mesmo fingia tentar fugir, quando na verdade afundava-se cada vez mais nos braços do amado. E a pequenina agarrada à perna do pai, junto com seu fiel escudeiro, a pelúcia tão surrada que ela arrastava para cima e para baixo pelas orelhas.

 

Quando limparam a pequena bagunça do pratinho que fora basicamente jogado na mesa, prepararam-se para comer o bolo escolhido por Sayuri como uma surpresa para Kiba. A filhotinha sempre trazia algo diferente quando saia a tardinha com Shino para uma volta no parquinho próximo à casa da família. Agora com mais um filhotinho a caminho, Kiba não saia tanto, ficando cansado no fim da tarde.

A festa era contínua naquela família que logo cresceria mais um pouquinho.

Festas curiosas e inusitadas, encenações de primeira também, sim senhor! E muito, muito amor.


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Notas finais do capítulo

Felizinha porque, embora curtinha, consegui finalizar algo.
Há um tempinho que tudo o que começo, fica inacabado no GDocs.