Solta o som escrita por Cínthia Zagatto


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

CONVITES E AVISOS

Olá, meus amores! Chego com muitos convites para fazer.

SERRA DA MANTIQUEIRA - FLIMA (24/08)

Se alguém morar perto de Santo Antônio do Pinhal, eu estarei na FLIMA no dia 24 de agosto, sábado. O horário ainda não foi confirmado, mas vai ser no período da tarde. A entrada para a atividade é gratuita e os detalhes logo vão estar no meu Instagram cizagatto. Me sigam ou chamem por lá para saber como me encontrar.

RIO DE JANEIRO - BIENAL (30/08 a 08/09)

Alguém aí do Rio? Eu estarei por aí durante todos os 10 dias de bienal do livro. Aqui vão meus horários oficiais de autógrafos caso queiram vir me ver em algum deles:

Dia 31/08 (sábado) às 15h tem lançamento de "Quem rabiscou aqui?" no estande Rico/Eu leio Brasil. Pavilhão verde R 40.

Dia 01/09 (domingo) às 14h tem lançamento de "24 horas com meu ídolo" no estande da Libre.

Dia 06/09 (sexta) às 14h tem autógrafos de "Cor não tem gênero" também no estande Rico/Eu leio Brasil. Pavilhão verde R 40.

Você pode me encontrar no R 40 todos os dias com todos os meus livros. Se eu não estiver por lá ou se quiser combinar um horário para não correr o risco de nos desencontrarmos, é só mandar mensagem no Instagram cizagatto que eu dou um jeito de aparecer. Eu provavelmente vou estar off do Nyah durante os dias no Rio, então não garanto responder as mensagens aqui.

PRÓXIMA ATUALIZAÇÃO
É por isso também que eu volto no dia 29 para a atualização do capítulo 8, em vez de dia 1º.

Estou ansiosa para ver alguns de vocês por aí. Mil beijos.



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Era normal que houvesse saído de um quarto do alojamento no meio de uma festa, não era? E que houvesse ido diretamente para o seu próprio quarto e escondido o que havia acontecido de um dos únicos amigos que havia feito por ali, certo? E que de repente seu computador estivesse entupido de músicas da Aretha Franklin e que, partindo das dela, em apenas uma noite, houvesse se afundado em uma coleção de músicas antigas, que agora estavam por toda parte em seu mp3?

Não importava que ele parecesse tão velho quanto elas, a ponto de a qualidade do som se tornar cada vez pior. Enquanto entrava no banheiro do prédio de teatro, Bonnie Tyler e aquela letra absurdamente depressiva vinham sendo sua companhia mais agradável pela manhã. E quando tirou os fones do ouvido para guardar o aparelho no bolso e não fazer malabarismos ao tentar se aliviar da última lata de refrigerante que havia tomado ainda nas primeiras horas do dia, descobriu que deveria mesmo era ter ficado com Total Eclipse of the Heart gritando dentro de sua cabeça.

— Ele foi embora.

— Cala a boca, que implicância.

— Tô te falando, cara, ele foi embora. Caiaque subiu com Ítalo e ele largou a garota lá no meio e foi embora.

— Para de chamar ele de Caiaque, cês tão criando um casal que não existe.

— Ele largou a menina e foi embora! Não tô implicando, todo mundo viu!

— Cês tão tudo chapado, isso que cês tão.

— Eu não sei por que você tá em negação, Cauê!

— Negação do quê? De que ele gosta do menino? Ele tá com a Joana desde o ano passado, cara.

— Não sei se ele gosta do menino, mas que ele quer o mesmo que todo mundo quer com o menino, ah, ele quer!

Uma risada contida enquanto a porta batia. Era Cauê indo embora sem responder. E, enquanto Caíque olhava para o vaso sanitário e esperava a porta bater pela segunda vez após o outro garoto usar a pia, precisou se concentrar a fim de lembrar que precisava usar o vaso sanitário.

Ainda esperou um tempo ali dentro. Imaginou que isso fosse fazer com que saísse despercebido, mas não aconteceu. Enquanto se afastava pelo corredor, esquecendo de lavar a mão, de fechar o zíper da calça, de colocar para dentro do bolso os fones pendurados até a altura do joelho, escutou um murmúrio. “Que merda, ele tava lá dentro.” E lá estava o rosto para a voz que escutaria pelo restante do fim de semana. Dentro do metrô para a rodoviária, do ônibus para o interior, na buzina da avó para avisar que havia chegado para buscá-lo, no almoço tardio do qual mal comeu, embora houvesse passado a última semana quase em jejum graças à aparência da comida do campus, e então da torneira enquanto ajudava com a louça.

— Fora os gêmeos, o que tem acontecido? Conta pra vó.

E Caíque saberia interpretar de longe aquela pergunta. Enxugando os pratos que ela lhe passava e os posicionando com cuidado no armário espremido debaixo da pia, ele próprio tentou organizar as informações antes de entregar a ela. Eu gosto de um garoto que não gosta de garotos, mas acho que ele tá brincando comigo? Que presunçoso. Não havia sinal nenhum de que Rômulo estivesse brincando com ele, exceto, bem, exceto todos. Exceto como se sentia quando ele o olhava – mas talvez fosse culpa sua mesmo, não dele. Exceto como ele o chamava para festas em que estaria com a namorada – mas talvez ele estivesse apenas sendo educado, porque, afinal, o amigo dele agora estava envolvido com um dos seus amigos. Exceto pelos boatos correndo pelos banheiros da faculdade – e que não eram também culpa de Rômulo. Exceto por todas as coisas que gostaria de enxergar onde não existiam de fato.

— Sabe aquele garoto que ajudou a gente a carregar as coisas pro carro depois da audição?

— Aquele moreninho?

— Negro, vó. Ele é negro.

Vó Dirce assentiu em silêncio enquanto ensaboava alguns copos, os olhos sempre vindo buscar os seus, atenta a tudo o que dizia.

— Acho que gosto dele — continuou antes que perdesse a coragem de admitir em voz alta. Porque agora parecia de verdade. E, embora fosse de verdade, nem ele mesmo conseguiu enxergar o problema nisso ao falar assim, então continuou. — Ele tem uma namorada. Uma garota.

— Ué, mas eu tive a impressão de que vocês...

Caíque assentiu em silêncio. Se por um breve instante sua avó também havia percebido, talvez não fosse apenas ele próprio e o garoto do banheiro. Mas era Cauê quem deveria conhecer Rômulo a fundo, não era? Então deveria ser quem estava mais certo entre os quatro.

— É, eu também, mas eu acho que sou só o novo projeto dele. Todo mundo sabe quem é o Caíque das audições, e ele é o veterano famoso, então é ele quem tem o direito de ser o amigo do Caíque das audições.

— Ele disse que quer ser seu amigo?

Caíque riu pelo nariz. Imaginou se, muito anos atrás, quando a avó era adolescente, os garotos diziam uns aos outros quando queriam ou não ser amigos.

— Ele me chama pras festas. No começo da semana, quinta, aí hoje. Quando eu chego lá, ele tá com a namorada.

— Então é por isso que você tá aqui.

Silêncio. A última coisa que queria dar a entender era que a opção de voltar para o interior por um fim de semana era a última em sua lista de prioridades; que estava ali porque algo estava dando errado em São Paulo, não porque gostaria de passar um tempo com a avó.

— Eu vim te ver.

— Sabe, filho? A vó não é boba — ela comentou enquanto fechava a torneira e ia enxugar a mão em outro pano de prato mais seco. — E a vó também sabe que fugir desse garoto não combina muito com o que ela conhece de você.

Fugindo, ele escutou de novo, como um eco que tinha sua própria voz. E pensou pela primeira vez que talvez a avó estivesse errada sobre ele. Havia fugido de casa, das amigas do colégio, do adorável Lorenzo e os outros colegas da escola de artes, do próprio Danilo e então de Ítalo. Havia passado a adolescência arrastando relacionamentos esquisitos por toda parte, até que não conseguia mais sustentá-los, e estava cada vez mais cansado deles. Então talvez, agora, pudesse dizer que havia se tornado mesmo muito bom em fugir antes que eles começassem de novo.


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