A garotinha de olhos ônix olhou satisfeita para os alvos presos nas árvores ao seu redor. Todos possuíam uma ou mais kunais fincados bem no meio do alvo, graças aos ensinamentos do seu irmão mais velho.

— Sasuke, Emi! – Itachi chamou alto – É hora de irmos.

— Não! – Sasuke negou, inflando as bochechas, emburrado

— Você prometeu nos ensinar um novo jeito de lançar as shurikens. – Emi resmungou, cruzando os braços enquanto batia o pé no chão, irritada

— Eu tenho que me preparar para uma importante missão amanhã. – Itachi lhes explicou, com um sorriso doce nos lábios

— Você está mentindo... – Os gêmeos resmungaram, juntos

Ao ver seu irmão mais velho lhes chamar com a mão, a garotinha sorriu e correu em sua direção, logo atrás de Sasuke.

— Desculpem, gêmeos. – Itachi disse, antes mesmo dos dois se aproximarem o suficiente e então, cutucou suas testa, uma de cada vez, conforme costumava fazer – Talvez mais tarde.

Emi Uchiha resmungou, enquanto massageava a testa.

— Irmão, olhe isso! – Sasuke disse, antes mesmo de sair correndo entre as árvores

— Ei! – Itachi gritou, preocupado – Não seja imprudente, Sasuke...

[...]

O braço de Emi Uchiha estava cansado de tanto ela segurar a camiseta de seu irmão mais velho, tudo isso porque ela não podia ser levada em suas costas, pois era Sasuke quem estava sendo carregado.

Ele havia torcido seu tornozelo na floresta e mesmo assim, estava risonho.

— Você torceu o tornozelo, pelo que está rindo? – Itachi lhe perguntou, segurando a risada, enquanto eles caminhavam – Será que fez isso de propósito pra eu te carregar?    

— Não. – Sasuke negou, no mesmo instante – Eu só estou feliz porque vou entrar para a academia amanhã. Talvez eu possa te alcançar um pouco.

— Irmão... – Emi disse, levantando o olhar para o rosto de Itachi – Você vai nos treinar de novo amanhã?

— Claro... – Ele respondeu, afirmando com a cabeça – Mas lembrem-se, eu tenho missões a fazer, e amanhã é o primeiro dia na academia de vocês.  Nós três estaremos bem ocupados de agora em diante.  

— Tudo bem... – Ela murmurou de volta, desviando o olhar – Contanto que nós três possamos ficar juntos de vez em quando.

— Hm...

— O que foi, Sasuke? – Itachi lhe perguntou, parando de andar

— É aqui, não é? – O garoto perguntou, olhando para o edifício bem ao lado de onde eles haviam parado – O lugar onde o papai trabalha.

— Esse é o quartel general da Força Policial de Konoha. – Itachi explicou

— Ah... – Emi murmurou, alternando o olhar entre eles e o edifício – Então é aqui mesmo.

— Eu estava curioso faz um tempo. – Sasuke comentou – Por que o emblema Uchiha é o símbolo da força policial?

— O que? – Itachi perguntou, surpreso – Você percebeu?

— É claro. – Sasuke respondeu no mesmo instante – Emi e eu estávamos conversando sobre isso outro dia.

— Não conseguimos chegar a nenhuma conclusão...

— Bem... É verdade? – Itachi disse, risonho – Simplificando, parece que nossos ancestrais formaram e organizaram essa força policial. Então, eles usam o emblema da nossa família como símbolo dessa organização. O clã Uchiha vem sendo responsável pela proteção da ordem pública da Vila a um bom tempo. O emblema do nosso clã é também o símbolo do nosso orgulho. Apesar de o clã Uchiha ter diminuído, mesmo hoje, a maioria dos nossos trabalham aqui, dedicados em preservar a paz e segurança da nossa Vila. Os únicos shinobis que podem criar leis são os membros do nosso clã. Afinal, só excelentes ninjas são capazes de prevenir crimes que outros ninjas podem cometer.

— O papai é mesmo incrível! – Emi disse, risonha e orgulhosa, antes de olhar para o prédio com o símbolo do seu clã – Irmão, você vai trabalhar aqui também?

— Talvez... – Itachi respondeu

— Você deveria! – Sasuke disse, quase que no mesmo instante – Quando eu crescer, eu também farei parte da força da policial! E amanhã, nosso pai vai a cerimonia de entrada. Será o primeiro passo para o meu sonho.

— Estou tão animada para o papai ir nos ver... – Emi disse, risonha – É uma pena que você não possa ir, irmão...

[...]

Ao ver o portão de entrada para o seu Distrito, Emi largou da camiseta do seu irmão e correu em direção ao portão, mas parou logo quando viu seu pai aparecer dali de trás, com os braços cruzados e sério.

— Você está atrasado. – Fugaku disse, para seu filho mais velho – O que está fazendo? Precisamos conversar. Venha logo.

— Papai...

Eles o seguiram em silêncio, fazendo o caminho de volta para casa. Assim que chegou em casa, Emi tirou suas sandálias e seguiu seus irmãos e seu pai em direção à sala, onde ali, se ajoelhou ao lado deles, em frente ao seu pai.

— Assim espero de um filho meu. – Fugaku disse, após alguns minutos em silêncio, ainda mantinha seus braços cruzados e seu olhar fixo em seu filho mais velho – Apenas meio ano como Chūnin, e já está nesse nível... Para a missão especial de amanhã, eu decidi ir com você. – Ao ouvir aquilo, a garotinha olhou brevemente para seu irmão gêmeo, triste – Se conseguir cumprir a missão, Itachi, você será oficialmente aceito para a ANBU. Você entende, não é?  

— Não precisa se preocupar comigo. – Itachi lhe disse – E além do mais...

Itachi olhou para Sasuke, lhe incentivando a falar primeiro.

— Hm... – Sasuke murmurou – Pai... Amanhã...  

— A missão de amanhã não é importante só para você, mas também para todo o nosso clã. – Fugaku disse, interrompendo Sasuke

— Então, eu acho que não poderei ir a esta missão. – Itachi disse

— VOCÊ FICOU LOUCO? – Fugaku berrou, perplexo – Você sabe que esta missão é muito importante!

— Amanhã, eu iriei para a cerimônia de entrada do Sasuke e da Emi na Academia. – Itachi disse, surpreendendo a todos – É preciso que um parente compareça à cerimônia. Papai, você recebeu o aviso, não foi?

Fugaku se levantou, após fechar os olhos por um momento.

— Entendo. – Ele disse, sério – Eu irei à Academia.

O coração de Emi quase explodiu de felicidade, por isso, ela se levantou depressa e correu em direção ao seu pai, risonha, para lhe abraçar.

— Emi, ajude Sasuke a colocar um pouco de gelo na perna esquerda. – Seu irmão mais velho lhe disse, antes que ela alcançasse seu pai e então, ela parou no meio do caminho e concordou com a cabeça

— Tá bom!

Mesmo que tudo estivesse bem naquele momento, ela não poderia deixar de pensar que seu irmão mais velho estava diferente.

[...]

A garotinha estava tão animada, olhando para o Terceiro Hokage de perto, junto com seu irmão gêmeo e várias outras crianças que também iniciavam a Academia naquele dia. Ela deu uma olhada para o lado, além das crianças e sorriu, quando viu que seu pai ainda estava ali, olhando-os.

— Todos, parabéns por terem sidos aceitos. – O Terceiro Hokage disse, com um pequeno sorriso nos lábios – Daqui pra frente, trabalhem duro para seguir o caminho shinobi. Sei que todos irão contribuir para o futuro de Konoha.  

Após o discurso do Hokage, ele fora embora, pois como já tinha ouvido falar, ele era um senhor muito importante. E agora, Emi se encontrava ao lado do pai e irmão gêmeo, conversando com homens que ela ainda não conhecia.

Eles provavelmente eram os senseis da Academia.

— Me lembro quando Itachi foi aceito. – O homem dizia, antes de desviar seu olhar entre os gêmeos – Era esperado que os dois fossem aceitos, já que são irmãos.

Emi sorriu minimamente.

— Obrigado por cuidar deles três. – Fugaku lhe disse, sorrindo

— Não, não, nada disso! – O homem disse rindo – Ainda não houve nenhum gênio como Itachi, desde que ele se formou.

— Também não precisa exagerar tanto... – Fugaku comentou

— Não, não, não, não! – O homem negou, encarando os gêmeos – Tenho grandes expectativas para eles também!  

— Tornem-se um shinobi e uma kunoichi excelentes, assim como seu irmão se tornou. – Fugaku disse, desviando seu olhar para Emi e Sasuke  

— Sim... – Os dois murmuraram

Na sala de aula, Emi se sentou ao lado de seu irmão gêmeo, o qual estava um pouco emburrado e ela sabia exatamente o porquê, já que assim como ele, também não gostava de ser comparada diretamente com seu irmão mais velho sempre que era mencionado que eles eram irmãos.

— Ei... Eles são Uchihas, né? – Uma das crianças sentadas atrás deles murmurou, mas ainda assim, ela escutou

— É.

— Então eles devem ser incríveis...

— É, provavelmente.

Sasuke se levantou.

— Vamos, Emi.

A garotinha se levantou e pegou na mão de seu irmão, deixando-o conduzi-la pela sala, em direção a saída, já que era o intervalo. Naquela tarde, ela observou seu irmão treinar o intervalo inteiro.

[...]

Emi caminhou com cuidado, enquanto arrastava seu cobertor de volta para seu quarto, ela parou de andar assim que notou a sombra do seu irmão dentro da sala de estar, com seu pai do lado. Mas no mesmo momento que pensou em entrar lá e saudar o irmão, ela repensou, pois os dois aparentavam estar em meio a uma conversa.

— Assim espero de um filho meu. – Fugaku dizia – Você foi aceito na ANBU. Sabia que poderia contar com você.

[...]

Emi lançou a shuriken em direção ao alvo preso na árvore e evitou sorrir, quando errou propositalmente o meio do alvo para o canto. Ela deu uma pequena olhada para trás, onde do outro lado, Sasuke treinava seu lançamento de Kunais e pelo que ela via, estava indo mal.

— Eu sou péssimo. – Sasuke disse, cansado, após lançar a ultima kunai e errar seu alvo – Desse jeito... Não.. Ainda não...

— SASUKE!

Emi correu ao seu encontro, quando o viu despencar em direção ao chão. Assim que chegou perto dele, se ajoelhou no chão e tocou em seu rosto. Ele havia desmaiado de cansaço. Nem se ela quisesse poderia coloca-lo em suas costas e carrega-lo de volta a Vila, ela era menor do que ele e ele era muito mais pesado do que ela.

[...]

— Crianças, vocês precisam descansar no dia livre da Academia! – Mikoto disse, sorrindo carinhosamente para eles, enquanto cuidava do machucado de Sasuke – Não precisam ficar se esforçando tanto.

— O irmão... – Sasuke murmurou, segundos depois – Ele se formou na academia em apenas um ano.    

A garotinha suspirou, pois então era por isso que Sasuke sempre lhe chamava para treinar durante a tarde, após a academia.

— Mas os tempos mudaram um pouco. – Mikoto lhe disse – E também.. Ele era especial.

[...]

A garotinha de olhos ônix se ajeitou em seu banco, ao lado de seu irmão em sua classe da Academia. Seu sensei estava ajeitando alguns papeis na frente da sala e provavelmente logo começaria a aula.

— Muito bem, irei entrega-los o boletim do primeiro semestre. – O sensei disse após alguns momentos em silêncio, enquanto levantava uma pilha de papeis

Ela esperou pacientemente até ter seu boletim em suas mãos e ao ver suas notas, um pequeno riso escapou pelos seus lábios. Emi trocou de boletim com seu irmão gêmeo e ambos riram, enquanto se encaravam.

Eles possuíam as melhores notas de toda a classe, em todas as matérias.

[...]

Ao chegar em casa, Emi e seu irmão gêmeo logo trataram de apresentar seus boletins perfeitos para seu pai. E, ajoelhada logo a sua frente, observando ele ler e reler seus boletins, a garotinha não podia estar mais ansiosa.

Depois de mostrar ao seu pai, ela com certeza mostraria para Shisui.  

Ele ficaria orgulhoso.

— Continuem assim, – Fugaku disse, fazendo o que parecia ser um pequeno sorriso – e poderão um dia serem iguais ao seu irmão.

Toda a animação de Emi fora para o espaço, enquanto ela observava seu pai deixar os boletins no chão, se levantar e caminhar para fora de casa.