Ascensão escrita por Alpheratz


Capítulo 3
Borrões e presentes




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Seus olhos estavam de um tom de castanho-avermelhado, mas ela não estava com sede. A loira fitou seu reflexo no vidro, imóvel ela mais parecia uma escultura antiga do que qualquer outra coisa. Mesmo assim, parada, ela atraia a atenção das pessoas por isso decidiu rumar para uma cafeteria.

Fazia três dias que estava liberta. Ainda tentava entender tudo o que acontecera e o melhor modo que faria isso seria escrevendo. Hábitos antigos são difíceis de perder. Acomodada numa mesinha longe da grande janela de vidro a criatura ancestral pediu por uma caneta e um papel, não precisou de moedas de ouro — digo, pedaços de papéis com números estampados para que seu pedido fosse atendido.

Enquanto esperava sentia o cheiro de café, talvez em outrora o aroma fosse delicioso, agora só parecia quente demais. Athenodora passou os dedos pelas mechas loiras e prendeu os longos fios num coque desgrenhado, mas ainda assim, perfeito. Ao que parecia as humanas da sua idade gostavam de mostrar o corpo, seu vestido longo e preto destoava completamente. Precisava de roupas novas e ia cuidar disso depois.

Um atendente sorridente e obviamente encantado lhe entregou um caderno e três canetas. Uma preta, uma vermelha e um marca-texto amarelo. A vampira agradeceu e pegou suavemente a caneta vermelha, no alto da folha pautada escreveu com uma caligrafia belíssima.

O QUE ESTÁ DIFERENTE e começou a listar.

Sede maior que o normal para uma vampira da minha idade.

Emoções latentes, como a de uma recém-criada (o que é ridículo)

Controle corporal (alteração da cor das íris, força e velocidade superiores, temperatura elevada. Sangue negro???)

Então mudou de folha e escreveu:

REAÇÕES ESPERADAS

Dimitri está me caçando. Meu rastro está confuso. Ele está sozinho, quando pegar o rastro certo o restante da guarda irá se juntar a ele.

Aro está fazendo estratégias, conhece meu jeito de pensar.

O Clã está instável.

Caius — e ela hesitou, o papel sugando a tinta da caneta vermelha e formando um grande borrão.

Athenodora suspirou e então levantou os olhos, sabia que estava sendo observada. No outro lado do recinto olhos vermelhos brilhavam, claramente ansiosos e assustados. Uma jovem a encarava de forma um tanto grosseira? Se fosse humana certamente estaria babando, mas felizmente ela era uma vampira. Nova, pela maneira que reagia. A loira arqueou a sobrancelha esquerda de forma elegante e sem pronunciar uma palavra chamou a mulher até si. Como se hipnotizada linda negra avançou.

Quando a cadeira enfim parou a ancestral sorriu docilmente, como uma mãe que via o filho a muito perdido. Claramente a desconhecida não representava perigo algum, isso a loira podia afirmar de olhos fechados. Já vivera tempo o suficiente para aprender tal truque.

— Melhor fechar a boca, menina. Poderia perguntar se nunca viu uma vampira na vida, mas isso seria ridículo, só basta se olhar no espelho.

A desconhecida tinha traços claramente indianos. Seus lindos cabelos eram negros e pareciam não se decidir se eram cacheados ou ondulados, mas o mais surpreendente, sem dúvida — eram aqueles olhos grandes. Eram brilhantes e carregam neles a juventude. Athenodora apostou que ambas haviam sido transformadas em idades próximas, algo em torno dos 25 anos.

— Desculpe. — disse a recém-chegada, seu timbre era suave, mas não possuía sotaque algum — Meu nome é Lyanna… Normalmente não vejo muitos de nós, dizem que a realeza vampira, um clã Volturi, nos diz para sermos discretos. Seus olhos me surpreenderam.

A loira não pode deixar de revirar os olhos. É claro que Aro dissera que eles deviam se esconder. Quanto mais sozinhos os vampiros se sentissem, mais fácil seria controlá-los, principalmente os nômades. O que aparentemente Lyanna era.

— Relaxe, tenho certeza que eles estão preocupados com coisa maior do que você e seus olhos vermelhos.

— Adorei o seu vestido, realmente parece uma daquelas damas de antigamente. — Lyanna estava nervosa, claramente aquela mulher parecia uma daquelas deusas da Grécia antiga, aliás, ela podia muito bem ter sido a Afrodite. Tipo a Afrodite mesmo, a deusa. — Se quiser, eu posso te ajudar a escolher algumas roupas. Aliás, qual é o seu nome?

Aparentemente, fosse qual fosse o século, as mulheres sempre gostam de opinar nas roupas uma das outras. Ela poderia muito bem aceitar o convite da jovem, mas o que lhe preocupou foi a pergunta. Qual era seu nome? Antigamente, numa era ancestral, ela tinha um nome. Depois de transformada escolheu outro nome para si e era esse que usava até hoje. Agora, entretanto, Athenodora era significado de uma informação extremamente importante e que ela não entregaria a qualquer um.

— Dora. Meu nome é Dora. — respondeu a vampira loira. Dora era um nome grego, de uma menina que ela concedera a imortalidade. Também significada presente, se não estava enganada.

Ela sem dúvida daria um presente a todos os imortais.


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Notas finais do capítulo

Estou amando os comentários que recebo ♥ Espero que tenham gostado desse capítulo meio paradinho



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