Bonnie estava sendo metralhada por tantas palavras de Caroline que era difícil raciocinar direito. Caroline ao mesmo tempo que contava sobre sua viagem já emendava na história de Stefan e entre as duas histórias ainda encontrava fôlego para fazer inúmeras perguntas a Bonnie. Elena tentava entrar na conversa, mais era quase que impossível com sua amiga loura que não ficava quieta um minuto. Elena resolveu deixar as duas amigas batendo papo enquanto preparava com a ajuda de Lily alguns aperitivos para degustar com suas amigas.

— Ela não cansa de falar? – Damon se aproximou sentando em uma das cadeiras da ilha da cozinha.

— Pior que não. – Elena respondeu soltando um riso. Fazia tempo que Damon não via um sorriso verdadeiro no rosto da garota.

— Não consigo entender como o futuro advogado tem paciência. – Damon disse se referindo a Tyler.

— Porque ele a ama ué. – Elena respondeu terminando de arrumar os alimentos na bandeja. Damon tratou de pegar um cokkie dos tantos que havia na bandeja e Elena bateu em sua mão o olhando com cara feia.

— Ei. Doeu. – Damon disse fazendo um pequeno bico para a morena.

— Isso é para as garotas. – Elena falou arrumando os cokkies para mais distante de Damon.

Damon balançou a cabeça dando risada e começou a saborear o cokkie.

— Obrigada. – Elena disse lançando um olhar para Damon.

— Pelo o que? – Damon sabia que ela estava se referindo a Bonnie, mas queria ouvir mesmo assim.

— Por trazer a Bonnie para cá.

— Eu só a encontrei “perdida” no aeroporto e resolvi dar uma carona, você sabe que eu sou uma pessoa muito solicita. – Damon falava com pura ironia.

— Eu sei que a história não é bem essa, ela nos contou que você ligou para ela e lhe confidenciou tudo o que estava se passando comigo. – Elena agora estava olhando bem no fundo daqueles olhos azuis.

— Pensei que ela soubesse ser discreta. – Damon estreitou o olhar para Elena.

— Acho que você não pediu segredo quanto a isso. – Elena pegou a bandeja e se retirou da cozinha indo de encontro com suas amigas que estavam na sala de visitas.

As garotas passaram aquela terça – feira toda colocando o papo em dia, era indescritível a força que suas amigas tinham para animar Elena. Com suas duas melhores amigas ela conseguiu não pensar em como estava sentindo a falta de seu ex namorado, ou até mesmo se sentir triste, ela apenas confabulava sobre tudo o que ocorreu em sua vida nos últimos dias e ouvia atentamente cada detalhe das viagens que Bonnie fez com sua avó e com Lucas.

(...)

Elena havia acabado de terminar sua conversa no telefone com sua amiga Hayley e decidiu começar a arrumar suas roupas em sua pequena mala, já que o dormitório do campus abriria na semana seguinte. Ao arrumar seus pertences a garota encontrou uma foto sua de infância em uma das gavetas do criado do mundo de Stefan. Elena automaticamente voltou para o dia em que ela mesma deu aquela fotografia para Stefan.

FLASHBACK:

— É você? – Stefan perguntava com o álbum de fotografias em seu colo.

— Sim. Acho que eu devia ter uns dois anos nessa foto. – Elena respondeu organizando algumas fotografias em outro álbum.

— Até que era bonitinha. – Stefan disse fazendo uma careta para Elena. Elena se levantou do chão e se ajoelhou ficando mais próxima de Stefan que estava sentado na poltrona do quarto de Elena.

— Ei. Eu era uma gracinha. – Elena pegou das mãos de Stefan a fotografia e ficou se olhando.

— Posso ficar com ela? – Stefan perguntou a Elena pegando novamente a fotografia.

— Quer uma foto minha quando criança? – Elena não via nenhum problema naquilo, só não entendia o porquê.

— Sim, para comparar quando tivermos uma filha. – Stefan disse com um lindo sorriso em seus lábios. Elena não soube o que falar naquele momento, uma das poucas certezas que Elena tinha na vida era que ela queria ser mãe, desde criança ela tinha um toque maternal e aquilo só foi aflorando mais com o tempo, mas ela não imaginava que Stefan também partilhava do mesmo desejo, e ainda mais ao lado dela.

— Você não quer filhos? – Stefan perguntou um pouco receoso, pois ele estava pensando se teria falado demais e assustado sua namorada.

— Claro que quero, eu amo crianças. – Elena disse ainda paralisada.

— Mas... – Stefan sabia que a garota estava encucada com algo.

— É que eu não sabia que você também tinha esse desejo. – Elena pronunciou as palavras calmamente.

— Eu sempre gostei de crianças, mas tenho que admitir que comecei a pensar em constituir uma família depois que você entrou na minha vida.

Era nítido o brilho nos olhos de Elena, seu sorriso sendo esculpido em seus lábios facilmente.

— Eu te amo. – Elena disse apoiando suas mãos nos joelhos de Stefan, assim ficando mais próxima dele.

— Eu amo você demais, e mal posso esperar para construir uma linda família com você. – Stefan segurou o rosto de Elena e colou seus lábios com o da garota.

— Quero muitos filhos contigo. – Stefan disse pausando o beijo.

— Eu quero tudo com você Stefan. – Elena agora elevou suas mãos até a face do rapaz e ficou acariciando cada detalhe de seu rosto.

— Vou amar ter várias Eleninhas e Stefinhos correndo pela casa. – Stefan disse entre risos.

— E eu vou amar ter você ao meu lado para cria – lós. – Elena se sentiu tão feliz naquele momento, feliz com a promessa de um incrível futuro ao lado do homem perfeito.

Ao relembrar aquele lindo momento o coração de Elena doeu, e ela percebeu que aquela promessa estava muito distante, ou talvez nem acontecesse.

Elena sentiu uma enorme necessidade de estar com Stefan, pelo menos ver ele. Ela pegou sua bolsa e deu partida no carro em direção ao hotel que Stefan estava hospedado. Elena demorou apenas alguns minutos até chegar em seu destino. Ela ficou um tempo dentro do carro, decidindo se entraria ou não no hotel, ela sabia que Stefan estava lá, pois da onde ela estava dava para ver perfeitamente o carro de Stefan estacionado. Elena viajava em seus pensamentos quando avistou com um pouco de dificuldade Stefan chegando no hotel com algumas sacolas e acompanhado. Elena esfregou os olhos para vê se de fato estava enxergando aquela cena, e constatou que era real: Stefan estava acompanhado de Rebekah.

Parecia que Elena havia levado um forte soco no estômago, ela sentia vontade de vomitar vendo aquela cena, vendo Stefan com aquela garota, vendo que ele estava seguindo em frente. Elena ligou o carro e saiu apressadamente, ela não podia ficar mais nem um minuto ali, ela estava tão triste, tão desacreditada. Ela dirigia em meio a forte chuva que caia naquela noite.

Elena ao chegar na mansão dos Salvatores saiu subitamente de dentro do seu carro e ia se encaminhado para o interior da casa, quando escutou uma voz familiar:

— Elena. – Damon gritou saindo do seu carro.

Elena apenas se virou e encarou o moreno. Não havia tempo para ela limpar suas lágrimas ou disfarçar sua tristeza. Ela só queria chorar, desabafar.

— O que aconteceu? Eu estava saindo do bar e vi você passando em alta velocidade. – Damon se explicava assustado com a feição de Elena.

— Está tudo errado Damon, não era para ser assim. – Elena falou com uma voz de choro.

— Você encontrou o Stefan? Ele foi grosso com você? Foi isso? – Damon questionava Elena, ambos ainda na frente da mansão.

— Foi mais do que isso Damon, ele quebrou meu coração novamente. – Elena não conseguiu se conter e desabou. Damon foi de encontro a garota e a envolveu em seus braços. Elena se segurou firmemente em Damon e liberou suas lágrimas mais e mais.

— Ele está seguindo em frente Damon. – Elena falava ainda abraçada a Damon.

— Vamos entrar, lá dentro você me conta tudo. – Damon pediu todo molhado pela chuva.

Damon tratou de ir até seu antigo quarto pegar alguma roupa para se trocar enquanto Elena tomava um banho quente. Damon aproveitou a ausência de Elena para preparar um chá para a garota se acalmar.

— Beba um pouco, vai te fazer bem. – Damon entregou a xícara com o chá para Elena.

Elena deu alguns goles, mas nada a faria se sentir melhor depois da cena que ela havia visto.

— Ele está com a Rebekah Damon. – Elena falou séria.

— Elena por mais que a Rebekah queira isso o Stefan jamais vai consentir. – Damon disse se sentando numa poltrona bem em frente a Elena.

— Porque você tem tanta certeza disso? – Elena queria saber por que Damon estava tão seguro de suas palavras.

— Porque por mais que eu tenha magoado ele, ele jamais pagaria na mesma moeda. O papel de irmão egoísta só é meu e não dele. – Damon explicou olhando atentamente para Elena.

— Então você acha que eles são só amigos? – Elena perguntou não acreditando muito.

— Eu sei que a Rebekah sempre sentiu alguma coisa pelo Stefan, porém também sei que ele só tem sentimentos de amizade por ela. Vai por mim, eles não estão juntos romanticamente.

— Não te incomoda saber que ela gosta dele e que ela está com ele nesse exato momento? – Elena questionou o moreno terminado de tomar seu chá.

— Não. – Damon respondeu seco.

— Por que não? – Elena definitivamente não conseguia entender a relação de Damon com Rebekah.

— Porque ela não é a mulher por quem eu estou apaixonado. – Damon confessou.

Elena sentiu sinceridade demais naquelas palavras, e por mais estranho que parecesse ficou com medo. Medo de que Damon fosse mais afundo no assunto e isso acabasse envolvendo ela, ou até mesmo que eles se aproximassem mais.

Lily e Giuseppe adentraram na mansão conversando alto e aos risos. Lily logo avistou seu filho com Elena e foi de encontro a eles.

— A noite foi boa hein? – Damon disparou a Lily.

— Foi ótima meu fi... – Lily parou por um instante, ela sabia que as coisas entre ela e Damon ainda não estavam resolvidas, que ainda existia um abismo entre eles. Lily então formulou a resposta: - ...Damon. Mas e o que vocês estão fazendo?

— Apenas conversando, mas já estou de saída. – Damon falou se levantando.

— Você está bem Elena? – Lily percebeu o semblante triste da garota.

— Não, mas vou ficar. – Elena disse trocando um olhar confidenciado com Damon.

Damon se despediu do pessoal e se retirou. Lily ficou contando a Elena como tinha sido seu jantar com alguns velhos amigos. Lily estava tão feliz que Elena não quis preocupar sua ex sogra com sua conturbada noite, e resolveu não contar nada sobre Stefan e Rebekah.

No dia seguinte Lily e Giuseppe estavam se preparando para irem visitar alguns parentes em Chicago, quando Lily deu uma excelente ideia a Elena: Convidar Bonnie e Caroline para dormirem juntas com ela naquele sábado.

Elena a principio ficou meia receosa de estar abusando da hospitalidade de Lily e Giuseppe, porém Lily a convenceu a fazer uma pequena festa do pijama para suas amigas já que Elena não queria ir para Chicago com eles.

Elena foi levar os Salvatores até o aeroporto e na volta encontrou Caroline para comprarem algumas coisas para a noite das meninas.

O dia passou rápido e a noite começou com as três amigas fazendo as unhas e conversando sobre vários assuntos, mas o assunto que predominava era sobre Stefan.

— Ai amiga se ele estiver com aquela loira oxigenada ele decaiu no meu conceito. – Caroline falava sobre Stefan estar com Rebekah.

— Eu juro que quero acreditar que eles são só amigos. – Elena confessava.

— Eu acho que eles são só amigos. – Bonnie se expressava. Caroline e Elena olharam surpresas para Bonnie.

— O que? Mulher não pode ser amiga de homem? – Bonnie questionou não entendendo aquele olhar.

— Não é isso, é que você falou muito segura. – Elena rebateu.

— Fica tranquila amiga, eles são só amigos. – Bonnie finalizou.

— Eu espero, mesmo não acreditando muito em amizades entre homem e mulher. – Caroline pontuou.

— Você e o Stefan são amigos. – Elena relembrou a loura.

— Elena e Damon também. – Bonnie também lembrou Caroline.

— Para toda regra há uma exceção. Eu e o Stefan somos amigos de verdade, agora Elena e Damon sabemos muito bem que é uma amizade colorida. – Caroline avaliou estreitando o olhar para Elena.

— Caroline. – Bonnie repreendeu Caroline.

— Você está enganada Car. O Damon ultimamente tem sido apenas meu amigo, sem segundas intenções. – Elena disse tentando fazer com que Caroline entendesse sua relação com Damon.

— Você que pensa. – Caroline retrucou.

— Ai chega de falar de garotos. A festa do pijama é pra ser divertida e não um debate sobre garotos. – Bonnie disse se levantando do chão.

— Concordo. Vamos jogar quem quer ser um milionário? – Elena já foi pegando o jogo enquanto as outras garotas se ajeitavam no grande tapete da sala de visitas.

As meninas passaram boa parte da noite jogando vários jogos. Conversaram mais um pouco e extravasaram no karaokê. Elena e Bonnie ouviam Caroline cantar uma música meio que dramática quando foram surpreendidas por uma voz masculina:

— Não acredito que essa poluição sonora está vindo daqui. – Damon disse debochando da voz de Caroline.

— Vai te catar. Sabemos muito bem que eu sou a que canta melhor aqui. Certo garotas? – Caroline indagou. Elena e Bonnie se olharam e caíram na risada.

— Acho que já sabemos a resposta. – Damon disse vitorioso.

— Suas cretinas. – Caroline pulou em cima das duas amigas que estava sentadas no tapete.

As meninas se recompuseram e Elena se levantou indo em direção a Damon.

— E você faz o que aqui?

— Vim pegar minhas peças de roupa que ainda estão aqui. – Damon se encaminhou para o andar de cima e Elena retornou para suas amigas.

As garotas foram para cozinha e começaram a “atacar” as pizzas que elas haviam pedido. Depois de alguns minutos Damon reapareceu.

— Quer pizza? – Bonnie ofereceu.

— Não BonBon, valeu. – Damon respondeu.

— Desde quando você chama ela de BonBon? – Caroline perguntou incrédula, pois aquele apelido era delas.

— Desde quando eu sei que esse é o apelido dela ué. – Damon deu de ombros.

— Tem certeza que não vai querer? Aproveita que pedimos bastante. – Elena aconselhou mostrando o tanto de pizza que elas haviam pedido.

— Não mesmo, muito carboidrato para esse corpinho aqui. – Damon disse apontando para seu corpo definido. Caroline revirou os olhos e Elena e Bonnie deram risadas.

— E também eu já vou indo. – Damon completou.

— Com esse temporal que está caindo? Tá doido? Fica conosco. – Bonnie disse. Todos se olharam e Bonnie percebeu que talvez Elena não ficasse a vontade com a presença de Damon ali.

— Ele pode ficar certo? – Bonnie perguntou olhando para as amigas.

— Não, afinal é uma festa de meninas, ele não faz muito o estilo Taylor Swift. – Caroline ironizou.

— Valeu pelo elogio Barbie. – Damon fez uma careta para Caroline.

— Damon a Bonnie tem razão. Está caindo o mundo lá fora, por que você não fica e espera a chuva passar? Aliás precisamos de mais uma pessoa mesmo para jogarmos o próximo jogo. – Elena disse já arquitetando a próxima atividade da noite.

— Ir para casa em meio a tempestade ou ficar e encher o saco da Miss Califórnia? Decisão difícil, mas vou ficar e passar uma adorável noite com minha amiga Caroline. – Damon falou fazendo biquinho para Caroline.

— Me ame menos Damon. – Caroline saiu batendo o pé como se fosse uma menininha emburrada e aquela cena fez com que Damon e as meninas rissem.

A noite seguiu entre jogos e uma boa parte deles Damon jogou em dupla com Bonnie e Elena com Caroline. Era uma verdadeira disputa de ego a competição entre Damon e Caroline. Hora Caroline vencia e ficava debochando de Damon, e na outra hora Damon que vencia e ficava tirando sarro da loura.

— Último jogo da noite: Adivinhe o filme. – Bonnie explicava.

— Mas agora iremos mudar as duplas. Eu faço com Bonnie e Caroline com Damon. – Elena frisou.

— Por que eu tenho que fazer dupla como ele? – Caroline indagou.

— Porque vocês jogando um contra o outro é muito perigoso. É uma disputa de ego muito grande e irritante. – Bonnie resumiu o que Elena queria fazer.

O jogo começou e Damon ficou de fazer as mimicas para que Caroline adivinhasse, e foi ai que Bonnie e Elena perceberam que aquela tinha sido uma má ideia já que a dupla não perdia uma rodada se quer. Final do jogo ficou o placar de dez á quatro para Damon e Caroline e eles vibraram com a vitória.

— Somos implacáveis, não perdemos nenhuma. – Damon falava comemorando com Caroline.

— Somos muito bons jogando juntos. Como seria nossos shipers? – Caroline questionou pensativa.

— Shipers? – Damon perguntou bem confuso.

— Quando junta o nome do casal para se tornar um só. – Bonnie explicou de cara um pouco amarrada por causa da derrota.

— Damoline! – Caroline gritou.

— Damoline? Credo, parece nome de produto de cabelo. – Damon falou com uma cara feia. Elena e Bonnie caíram na gargalhada.

— Nosso shiper é poderoso, não fale assim. – Caroline cruzou os braços e deu um leve empurrão em Damon com o ombro.

— Ok. O que importa é que vencemos. Sabia que você não fazia o tipo de loira burra. – Damon envolveu Caroline com um braço e beijou sua cabeça.

— Eca, vou ter que lavar o cabelo agora. – Caroline disse saindo de perto de Damon.

— Chega de jogos, vamos animar isso aqui. – Bonnie já foi colocando uma música animada e puxou Elena e Caroline para dançar. As meninas ficaram dançando e Damon ficou observando de longe. Era inevitável ele não reparar na beleza de Elena, e especialmente naquela noite ela parecia mais bonita do que o normal, talvez fosse por causa do sorriso estampado em seu rosto. Elena se afastou da meninas e foi até Damon.

— Vai ficar só olhando ou vai dançar também? – Elena perguntou.

— Faz tempo que eu não te via assim. – Damon confessou.

— Assim como?

— Assim com esse sorriso maravilhoso no rosto.

Elena sentiu suas bochechas corarem, porém tentou não dar muita atenção aquele elogio.

— Para de ser chato e vem dançar. – Elena pegou na mão de Damon e o arrastou para junto das meninas. Damon nem se deu ao trabalho de resistir muito, até porque tudo o que ele queria era ficar perto de Elena.

O quarteto ficou dançando um longo tempo, Elena estava tão animada naquela noite, por uma noite ela podia dizer com toda certeza que estava bem, podia sorrir verdadeiramente.

Já passavam das duas da madrugada, quando as meninas resolveram arrumar as cobertas para dormirem na sala mesmo.

— Acho que agora deu minha hora. – Damon disse chegando mais perto da janela para ver se a chuva havia parado.

— Ainda está chovendo forte, tem certeza que quer dirigir no meio desse caos? – Elena perguntou preocupada.

— Preciso ir Elena, já estou com sono.

— Por que você não dorme aqui? – Elena perguntou e viu no rosto de Damon a expressão de surpresa.

— Porque eu acho que não seria uma boa ideia. – Damon respondeu rapidamente.

— Por que não? – Elena esperou ele responder, porém ambos ficaram em silêncio.

— Damon a noite foi bem divertida, e não tem nada demais você dormir aqui, afinal essa ainda é sua casa lembra? – Elena o encarou.

— Obrigada por me permitir participar dessa noite. – Damon agradeceu.

— Eu que tenho que lhe agradecer. – Elena se aproximou um pouco mais de Damon e viu que era necessário especificar o agradecimento, já que o rapaz parecia não ter entendido pelo o que Elena estava lhe agradecendo.

— Obrigada por trazer minha melhor amiga, obrigada por fazer meu lanche com um montão de picles e obrigada por se preocupar comigo. – Elena disse pegando em uma das mãos de Damon. Ela não sabia ao certo o que estava fazendo, ela só sabia que naquele momento sua vontade era ter qualquer contato com a pele de Damon. Damon ficou olhando para a mão de Elena sobre a sua e pensou por um momento em beija – lá, mas sabia que se fizesse aquilo no momento de fragilidade da garota, talvez perdesse a confiança que estava ganhando dela.

— Não tem que me agradecer por nada, você merece ser feliz Elena, merece tudo de melhor que o mundo tem para oferecer. – Damon estava se segurando para não avançar nos lábios da garota.

— Já está tudo arrumado. – Bonnie apareceu fazendo com que Elena retirasse sua mão rapidamente da mão de Damon.

As garotas se ajeitaram sobre o tapete bem macio e as muitas cobertas para dormirem, enquanto Damon se acomodou em seu antigo quarto.

(...)

Elena abriu os olhos com um pouco de dificuldade por causa da enorme quantia de luz do sol que adentrava pela sala, aos poucos Caroline e Bonnie também despertaram. As garotas foram fazer suas higienes matinais e se surpreenderam ao se depararem com Damon na cozinha fazendo panquecas.

— Bom dia dorminhocas. – Damon cumprimentou virando uma panqueca no “ar”.

— Nossa, você é bom hein. – Bonnie elogiou seu mais novo colega.

— Já me disseram isso. – Damon piscou para Bonnie.

— Quer ajuda? – Elena perguntou.

— Você pode ir fazendo o suco. – Damon apontou para as laranjas já cortadas.

— Nem vem que eu não vou ajudar em nada, durante a manhã tenho um péssimo humor. – Caroline já foi logo avisando.

— Só pela manhã? – Damon ironizou.

— Vou esperar na sala. – Caroline se retirou com cara de poucos amigos. Bonnie acompanhou sua amiga enquanto Elena distribuía as laranjas no espremedor elétrico.

— Dormiu bem? – Damon perguntou de costas para Elena.

— Sim, o tapete é bem confortável. E você? – Elena também não se virou para ver o rosto de Damon.

— Como um anjinho. – Damon disse esculpindo um enorme sorriso em seus lábios, realmente a noite anterior havia sido boa.

Elena e Damon foram surpreendidos por Stefan que entrou na casa pela porta dos fundo, aonde o primeiro cômodo que dava acesso era a cozinha.

— Bom dia. – Stefan disse sério. Elena ficou paralisada, não sabia o que dizer ou o que falar, era a primeira vez que ela via Stefan depois do término, fazia praticamente duas semanas que ela não o via cara a cara. Damon parou até de fazer as panquecas e ficou encarando seu irmão.

— Bom dia. – Elena respondeu seca. Damon não respondeu nada, apenas assentiu com a cabeça para Stefan.

— Veio fazer o que aqui? – Elena não conseguiu manter sua boca fechada.

— Vim pegar algumas roupas. – Stefan se limitou a responder somente o necessário.

— Fica e toma café com a gente. – Damon se intrometeu. Elena o olhou não sabendo se aquela era uma boa ideia ou não e depois de alguns segundos voltou seu olhar para Stefan.

— Obrigada, mas não quero atrapalhar o café do casal. – Stefan respondeu sério e ao mesmo tempo frio.

— Stefan não tem casal nenhum aqui. – Elena respondeu, ela não conseguia acreditar que Stefan ainda pensava aquilo sobre eles.

— Elena eu e você não temos mais nada, você não me deve satisfação de com quem fica ou não. – Stefan ameaçou sair, porém Elena começou a falar.

— Você tem toda razão. Eu tenho o direito de seguir minha vida, assim como você está seguindo a sua com a Rebekah. – Elena naquele momento queria ter sido madura o suficiente para não jogar aquilo na cara dele, mas ela não conseguiu.

— Do que você está falando? Já foi contar mentiras para ela Damon? – Stefan se aproximou mais do casal.

— Já vi que vai sobrar para mim e eu não tenho tempo para esses dramas adolescentes. – Damon disse largando as coisas em cima da pia e se retirando daquele ambiente.

— Ele não me disse nada, eu vi com meus próprios olhos, ou vai negar que na sexta você estava com ela? – Elena foi bem firme e bem segura de si.

— Ela é apenas minha amiga, porém não preciso mais lhe dar satisfações, e se você acredita ou não é um problema seu. – Stefan encarou Elena. No fundo ele não estava com raiva dela ou de Damon, ele estava com ciúmes, ciúmes de que de fato Damon estivesse conquistando o coração de Elena.

— Amiga com benefícios? Que nem ela era do Damon? – Elena questionou bem séria.

— Apenas minha amiga. Não que nem você e o Damon. – Stefan disse entre dentes.

— Como assim que nem eu e o Damon? – Elena queria ver até aonde ele iria chegar.

— Você sabe muito bem como. Aposto que já devem ter dormido juntos. – Stefan disse expressando todo o seu ciúmes e rancor. Ao ouvir aquelas palavras Elena ficou com tanta raiva que automaticamente avançou sua mão dando um tapa na cara de Stefan.

— Eu posso ter beijado e me agarrado com o Damon, mas isso foi quando nós estávamos separados. Você não tem o direito de me fazer parecer uma vagabunda. – Elena disse com os olhos marejados. Elena se virou e ameaçou ir em direção a sala, porém ela parou e se voltou novamente a Stefan.

— Faz o que você quiser da sua vida Stefan, eu cansei de tentar lhe provar o meu amor. Se é ela que te faz feliz, que você seja muito feliz. – Elena saiu em direção a sala deixando Stefan parado no mesmo lugar, ainda digerindo as últimas palavras de Elena.

Naquele momento Stefan percebeu que tinha perdido a mulher da sua vida, mas não era isso o que ele queria? Ele não queria que Elena seguisse sua vida sem ele? Ou será que ele apenas dizia isso para se blindar de qualquer decepção que a mulher que ele amava poderia lhe fazer passar futuramente?