Ai. Minha cabeça dói.

O que aconteceu mesmo? Hm. É mesmo. Francis abusou do meu sangue mais uma vez. Essa tontura sempre vem quando acordo. Ele não devia ter me feito dormir, minha lição de casa não se faz sozinha. Apesar de que bem que eu gostaria. Levantei com cuidado e ao ver que não estava mais tonta, pulei da cama indo até minha escrivaninha, pegando minha bolsa e meus papeis de álgebra para resolver aqueles cinco malditos exercícios. O engraçado é que eu odeio matemática, mas ela não me odeia. Sempre tiro notas altas e não sei como. É estranho. Mas é assim mesmo, tanto que meus amigos ficam bravos comigo por isso. Sempre achando que estou colando de alguém.

– Lotty!

Eu realmente não tenho sossego nem na minha própria casa.

– O que foi? – respondi em um tom mais baixo, sem me importar muito.

Alice abriu a porta como um furacão e entrou no quarto, pulando em cima de mim.

– O Erick tá ai. Ele quer saber das coisas da banda Lotty, afinal o festival é daqui a pouquinho, não é?

– Não se mete a onde não é chamada pirralha! – disse irritada arrancando a macaca de cima de mim – Mas, obrigada. Pode avisar que estou descendo.

– Tá bom!

E lá se foi pelo corredor, contente e saltitante o meu segundo maior pesadelo na face da Terra. Coloquei de volta as minhas coisas na escrivaninha e quando ia descer acabei deixando todos os papeis caírem.

– Droga.

Me abaixei para pegar os papeis e por causa da pressa acabei cortando o meu dedo em uma das folha.

– Ai ca--... duas vezes droga!

Falei um pouco mais alto segurando meu dedo que pingava algumas gotinhas de sangue. E logo, o sangue suga dos olhos cintilantes já estava lá. Segurava minha mão e analisava meu dedo como se fosse um corte grave. Era só a preocupação com o desperdício.

– O que está fazendo aqui? – falei rápido tirando meu dedo da mão dele.

– Boas noticias, você vai sobreviver. – ele disse calmo se levantando.

– Estou falando serio, sai!

Me levantei indo até a porta, mas a droga do dedo não parava de sangrar e com certeza era por isso que Francis já estava na porta, bloqueando a minha passagem.

– Eu sou o médico aqui, então eu digo quando você pode sair.

Não tinha jeito. Sempre seria assim. Não existe conversa com ele. Francis sempre vinha com alguma coisa para rebater o que eu falava. Olhei para ele derrotada e estendi minha mão, deixando o dedo indicador perto da boca dele.

– Vai logo! Tem um amigo meu lá embaixo me esperando e eu não posso demorar muito Francis.

Ele ficou ali, me encarando com aquele olhar tenebroso que eu não gostava nenhum pouco. Senti meu coração acelerar e lembrando que ele podia escutar meus batimentos cardíacos, virei o rosto para o outro lado, olhando para a parede. Não demorou muito para que meu dedo estivesse na boca dele. Mas como era só para limpar o sangue, logo soltou minha mão e se afastou. Pegando meu rosto e o virando, forçando-me a encará-lo.

– O jeito que você fica irritadinha me anima. Mas nunca esqueça que, quando se trata de nós dois, eu estou sempre no comando. – disse ele, em tom ameaçador.

Sempre vi os vampiros como caçadores sem coração. Tecnicamente é verdade, e como são esses Don Juan's eu não faço a menor idéia. Será que eles podem amar ou sentir alguma outra coisa além de atrações físicas e obsessão por sangue?

– Entendo. Mas eu sou humana e talvez você não entenda o quanto ameaças ou. - dei uma pausa - apenas um olhar pode mexer com a gente. Agora se me der licença eu preciso mesmo ir, você não quis me ajudar com a letra, agora preciso encarar de frente os meus problemas, que a propósito você não deve ter.

– Como você é ingrata Lotty. – ele se aproximou do meu ouvido - Se olhar direito, está segurando uma coisa que deixei aqui para você hoje mais cedo. – ele terminou irônico.

Francis se afastou e arrumou alguns fios do meu cabelo que estavam bagunçados.

– Realmente não entendo e nunca vou entender, mas não sinto inveja de vocês por isso. São coisas um pouco inúteis na minha opinião. Prefiro a minha existência. A vida que levaria se fosse humano seria chata e patética. Vocês aqui são a prova disso.

Ele se afastou e falou algo parecido com “Até mais” só que em outra língua e sumiu. Como assim estou segurand--..

– A letra. É a letra da música? - berrei, incrédula.

Olhei para baixo, atenta a letra e era a mesma música que tinha sonhado antes. A mesma letra. Agora eu estava me lembrando. E essa é a letra de Francis? Fiquei pasma. Ele acabou de facilitar minha vida e agora devo um monte de coisas para ele. Isso é bom porque tenho a letra e ruim porque estou devendo até meu pescoço para ele por ter me tirado dessa furada. Sinto que foi tudo um plano para ficar endividada com ele e não ter como escapar de dar meu sangue por livre e espontânea pressão.

Desci as escadas praticamente voando e quando cheguei na sala, Erick e Loki estavam sentados no meu sofá fazendo aquele social entre amigos. Loki foi o primeiro a se levantar e ao meu encontro. Me abraçando. Provavelmente tentando me confortar pelo que iria acontecer. Há! Mas ele não sabia que eu já tinha a minha pequena e linda letra escondida nas mãos. Erick foi o segundo. Se levantou e veio até nós com o seu simples “olá”.

– Desculpa. Eu sei que você queria muito conversar isso amanhã com todo mundo, mas não dá Lotty. Temos um show a programar e em duas semanas, que já será pouco. Então por favor, conte o que está acontecendo e sem rodeios. – disse calmo, arrumando seus óculos.

– Tá, eu digo, é o seguint. Eu não tinha conseguido escrever a letra, ta legal? Não até agora.

– Eu sabia. – Erick começou furioso – Você começou a enrolar e tudo por causa do que? Alias, de quem né!

– Calma Erick, você não escutou o “não até agora” ? – Loki falou calmo como sempre, mas ainda sim, surpreso.

Loki. Sempre ele me salvando nos piores momentos. Qualquer dia desses eu juro que penso em contar a ele esse outro problema com o Francis.

Mas agora, foco!

– É, isso mesmo. Está aqui a letra – Me aproximei de Erick, praticamente tacando a letra na mão dele – Me lembrei hoje a tarde. Deveria me agradecer, afinal, foi tarde mas está ai.

Fui grossa. Mas quando tenho razão ou preciso destruir os argumentos de alguém por uma boa causa, ninguém é páreo para o meu modo ranzinza. E muito menos Erick que morre de medo de que eu fique brava ou brigue com ele. Pude escutar um risinho perto de mim e olhei para Loki, vendo aquele sorriso alegre andando por sua boca, ele já sabia o que vinha em seguida assim como eu.

Me virei novamente, encarando Erick e todo o seu espanto, enquanto lia a letra, depois de alguns segundos, ele começou a ficar vermelho e finalmente me encarou.

– E então? – Perguntei sarcasticamente, cruzando os braços.

– Perfeita! Você é genial Lotty. Aqueles babacas do colégio vão cair com essa letra e já temos a melodia. Vai ficar perfeito!

– E então? –continuei no mesmo tom – Não está se esquecendo de nada não?

– Desculpe por ter sido rude com você Lotty, eu estava nervoso e – ele continuou sem jeito.

– Tudo bem Erick. – disse sorridente.

Impressionante como o clima entre nós três ficou bem mais leve depois dessa conversa. Erick foi embora rápido e Loki ficou para o jantar.

– Como consegue agüentar esse povo todo nas suas costas por causa de uma música? – ele perguntou calmo e bem pensativo.

– Loki, eles que estavam certos. Eu só estava enrolando e eles sabem o quanto eu odeio enrolação. Simplismente não estava sendo eu. – falei por fim.

– Complicado, mas compreensível.

– É isso o que eu sou.

O tom foi meio convencido, mas tenho certeza de que ele entendeu, Loki entende tudo, na verdade é o único que entende e depois vem Charlie. Depois do jantar Loki foi embora e eu terminei de arrumar as coisas para amanhã. Já esta na hora de dormir.

Coloquei o pijama e fui me preparar para dormir. Com a cabeça no travesseiro, torci para não estar tão grogue quanto nos outros dias, para que quando Francis viesse eu pudesse agradece-lo. Era a primeira vez que tinha feito algo bom por mim sem nenhum motivo e eu ainda queria perguntar o porque.

Demorei a cair no sono. Acabei tendo um pesadelo. Um homem com uma capa preta, cobrindo todocseu rosto, estava segurando Charlie pelo pescoço. Ela estava morta. Dava para perceber isso pela cor da pele, pálida, assim como a de Francis. Não conseguia me mexer, meus pés estavam presos no chão e os corpos dos meus amigos foram aparecendo. Um a um. E assim o homem de capa balbuciou alguma coisa, mas eu não conseguia escutar. A voz estava muito distante e quando eu menos esperava.

– Lotty. – Escutei alguém me chamar. – Lotty!

– O que é! O que foi? – Falei meio assustada, me sentando na cama.

Charlie que estava no meu quarto. Deveria ter entrado pela janela.

– O que foi? Está tendo crise de sono de novo? Porque eu demorei para dormir Charlie, estou falando sério, precisa ser algo bom.

– Desculpa. É que não sei o que fazer, para ser sincera. Não sei mesmo.

Ela levantou a mão que estava com o celular e lá estava escrito “Quer ir comigo no festival?”. Achei curioso, o remetente era familiar. Aliás, o remetente era de Aaron. Esfreguei os olhos e olhei para Charlie, que não sabia o que fazer. O rosto dela estava todo vermelhinho e com uma tremenda expressão de dúvida.

– Como assim não sabe o que fazer? Aaron está te convidando para ir junto com ele. – falei com o jeito mais calmo que conhecia.

– Mas eu não sei porque ele fez isso, afinal o festival não é pra você convidar as pessoas, se for assim então eu vou convidar o James! – Ela falou emburrada.

– Charlie, esquece o James. Ele nem sabe que você gosta dele, e são 3h da manhã. Vou ter um dia cheio, sei lá, manda que vai pensar.

– É uma boa!

Charlie pegou o celular de volta e ficou teclando o mais rápido que podia. Me deu um beijo de boa madrugada e saiu pela janela feito louca, falando obrigado. Tadinha. Charlie toda cheia de amores por James e Aaron ali, sem desistir de um dia conquistar o imenso coração dela. Sinto até um pouco de inveja de como Charlie é disputada, e de como ela facilmente se apaixona. Não me apaixono facilmente, até antes de ter o meu namorado, Alex, eu era assim. Meu coração sempre foi bem fechado. Mas é engraçado ver como as coisas rodam ao redor dela e ela nem ao menos se da conta de que está metendo os pés pelas mãos. Mesmo assim está sempre sorridente e de bom humor, tentando levantar o meu, já morto, junto.

Já pensei em dizer a ela para se declarar para James, mas pobre Aaron, imagine se ela é rejeitada? A grande sacada da novela mexicana é que nenhum deles sabem de nada. Apenas sentem e a maior incógnita de todas é James, que não demonstra nada por Charlie e nem por ninguém.

Loki pensa diferente. Acha que ela deve dar uma chance a Aaron, se ele fosse louco o suficiente para se declarar para ela. No final das contas tudo o que posso fazer é torcer por ela e pensar que uma hora essa historia se resolve. Mas de uma coisa eu tenho certeza, alguém sairá muito ferido disso, assim como no meu caso, que...

– Já acordada?

...tenho um vampiro que se alimenta de mim e me enche o saco.

– Ah não. Volta outra hora, eu preciso mesmo dormir, estou cansada e já já vou acordar. Mas perai, você veio mais cedo hoje. – falei confusa - não me diga que sua fome está aumentando, assim vai me matar!

Eu devia estar hilária. Afinal ele não conseguiu se conter e começou a rir enquanto olhava para mim. Qual era graça?

– Ai ai, Charllote, minha pequena e charmosa Charllote. – ele começou, se aproximando de mim a pequenos e lentos passos - Sim, eu vim mais cedo.

– Charlie foi o meu motivo de acordar. – falei rápido, cortando aquele clima estranho.

– Motivo?

Ele parecia mesmo interessado. Qual é a desse cara?

– Ela veio aqui pedir conselhos sobre problemas amorosos.

Após minha resposta, ele se aproximou rápido, puxando meus longos cabelos para o outro lado, deixando o meu pescoço ali, desprotegido e pronto para a mordida. É verdade, sentimos coisas maravilhosas enquanto um vampiro está nos mordendo, cheguei a ler que tem pessoas que se viciam e Francis confirmou isso para mim, mas não gosto dessa sensação. Ela é falsa. Não é algo que eu tenha naturalmente, que eu queira sentir, principalmente por ele, que não é nada mais do que um assassino sangue frio. Em termos.

Mas antes que ele começasse, e acredite já estava começando, queria agradece-lo. Não teria como agradecer depois.

– Antes. – falei baixo - Queria ter agradecer por ter me dado a letra da musica, isso foi muito diferente da sua parte.

Minhas palavras foram sinceras, e aquilo encheu meu coração de alegria e minha consciência de um conforto inimaginável. Mas era só isso, e iria passar, aquele sentimento passaria depois que Francis me mordesse. Não teria sentido agradecer depois. Pronto, agora ele podia acabar, literalmente, com o meu pescoço que eu não me importava. Só queria dormir para logo.

Mas, não foi isso que aconteceu.

Francis soltou meu ombro, a onde estava se apoiando, e se afastou. Estranho, ele não costuma fazer isso. Me virei para encará-lo, mas ele já não estava mais lá. Tinha desistido de me morder. Era isso? Na verdade, sempre que eu era sincera com um sentimento bom, ele fugia.

Ao acordar foi tudo normal, normal demais. Me levantei, tomei banho, me troquei, tomei café com meus pais e a pirralha da minha irmã e depois me encontrei com Charlie e Loki para ir caminhando ao inferninho da escola.

Fico pensando se falei alguma coisa errada para Francis, porque na verdade ele sempre está ali me fazendo sentir um lixo, apenas comida e quando eu agradeço ele some? Será que isso é muito estranho para ele?

– E então. – falei, me intrometendo na conversa deles - vocês querem ir ver o primeiro ensaio da banda hoje?

– É a primeira vez que te vejo tão entusiasmada desde o seu problema – Loki disse animado.

– Mas é claro que vamos Lotty! – Charlie falou quase gritando – Não vou perder por nada vocês ensaiando.

– James tocando, você quis dizer né. – Loki disse com uma pitadinha de humor na voz.

Nossa conversa girou em torno disso até chegarmos na escola. E durante as aulas foi como sempre, pessoas comentando, fofocando, tacando papeis. E eu lá tentando entender a droga do problema de álgebra. Mas um dos papeis que veio parar na minha mesa era azul, um bilhete de Loki? Mas ele é o aluno mais exemplar que conheço e ai ele me manda um bilhete em plena aula de matemática com a professora Gabriela que ele tanto adora?

Ai tem coisa.

Abri o papel e li : “Sabia que você ia ler se fosse de Loki. As 14h depois do almoço lá em casa Lotty”. Olhei quem tinha mandando.

James.

É, agora que Charlie não perdia esse ensaio por nada. Eu ia responder, mas fiquei com medo da professora me pegar e o pior, eu não terminar aquele problema e acumular meu dever. Então joguei o papel em qualquer lugar e continuei ali escrevendo.

O período de aulas acabou rápido. Foi a primeira vez que sorri enquanto comia, conversava e batia nos meninos e gritava com Charlie. Acho que estava voltando a ser uma adolescente normal com alguns probleminhas que ainda podiam ser resolvidos. Meu momento depressão estava finalmente acabando, e ainda confesso foi por causa daquela letra que Francis deixou em cima da minha escrivaninha. Ele até que me serviu para alguma coisa.

Bom, o resto das aulas foram chatas (tirando a dobradinha de história) e quando tocou o sinal anunciando o final do dia letivo. Quase pulei da cadeira de tanta alegria. Meu momento estava quase chegando, o que eu esperei por tanto tempo.

– E ai meninos. – falei me aproximando - Animados?

– Bastante garota, pode apostar nisso! – James foi o primeiro e bem animado por sinal.

– Estamos todos animados, isso não muda nada sobre nosso prazo. – Erick começou atazanando.

– Nós sabemos disso, mas podemos recompensar poxa! Não é? – Jack falou sorridente, dando uma chave de braço em Erick.

– Chega. Vamos logo porque estamos perdendo tempo. – Aaron falou meio tímido olhando para Charlie.

Todos foram na frente, eu ainda fiquei lá esperando Loki sair da sala, ele estava em um momento complicado. Tabatha, a menina mais fofa que conheço. Gosta dele desde o jardim da infância, mas ele nunca soube e só agora no ultimo ano ela veio se declarar para e pedir para que a levasse ao festival. Porque será que as pessoas sempre deixam para falar e fazer essas coisas justo quando tem um evento escolar? O ruim é que ele me contou que não esta interessado em ninguém a dois dias atrás. Então está meio óbvio que ela vai levar um pé na bunda.

– O que está fazendo ai sozinha? – uma voz irritantemente família veio de trás de mim.

Era Alex e ainda por cima sozinho. Aquilo não era nada bom. Estar sozinha com o seu ex gostoso em um corredor sem ninguém nunca éa melhor opção.

– Estou esperando o Loki. Está conversando com a Tabatha. – falei seca me virando para ele.

– Que cara de poucos amigos é essa? – Ele perguntou animado se aproximando de mim – A Tabatha? A mesma menina feinha que gosta dele a tempos?

Ele começou a rir e a me lembrar das piadas que faziam dela quando éramos mais novos. Cruel, eu era muito cruel.

– Escuta, o que quer aqui Alex? Acho que a sua hora já passou e a Sarah deve estar te esperando, por isso passar bem!

Acabou saindo um pouco mais afiado do que planejei. Dava para perceber o quanto eu estava abalada com a presença dele ali. Me virei para ir embora. Ficar ali que nem trouxa com aquele clima tenso no ar só iria piorar o meu bom humor. Mas quando dei os primeiro passo, Alex me puxou pelo braço com força e me colocou contra o peito dele.

– Nossa, quanto tempo não te sinto assim, abraçadinha comigo. – ele disse calmo - sinto saudades de você baixinha. Porque não?

Eu queria mesmo me soltar, mas meu coração estava pulsando e eu sei porque. Ainda sinto alguma coisa por esse cafajeste. Mas que droga! Por mais que eu queira sair eu também não quero. Aqueles braços fortes me agarrando e aqueles olhos verdes se derretendo de paixão falsa, por mim. Ah, como eu sinto falta dele e dos meus tempos de menina popular. Esperai, mas o que estou falando? Eu superei isso, vou me soltar e--

Quando menos esperava ele já estava lá, com a ponta de seus lábios se colando aos meus. Pedindo passagem com a língua. Sério, ele tinha mexido com a garota errada. No dia errado. Comecei a me debater e a virar o rosto, mas ele continuou tentando me beijar. Afastei o corpo o máximo que podia e gritei o primeiro nome que me veio a cabeça.

– Loki! Socorro!

Meu grito de desespero devia ter tirando a atenção dele na conversa e eu sinto muito Tabatha, mas o meu problema está sendo um pouco mais sério agora. E mesmo gritando Alex não tinha me soltado, mas pelo menos eu tinha conseguido me virar de costas para ele.

– Pense bem Lotty. Todos os momentos. – ele falou todo manhoso.

– Nem que você me force a tomar soda cáustica! – gritei ainda mais irritada. – Sai! Me larga!

Alex estava começando a me machucar quando escutei a porta da sala se abrir. De lá saiu Loki, que praticamente voou no pescoço de Alex, dando um soco certeiro que fez ele me largar.

– E não se meta mais com a minha amiga! Tá ouvindo? Ela é minha! – ele gritou irritado.

Só deu para ver Alex correndo para o outro corredor assustado. Quando tudo se acalmou, Loki veio até mim e perguntou calmamente.

– Está tudo bem Lotty? Você está tremendo.

– Não é nada. É só que – disse gaguejando.

Quando fui ver, era verdade. Loki estava me segurando tentando parar a tremedeira. Minha respiração estava terrível e meus nervos em frangalhos. Como isso foi acontecer justo quando consigo me recuperar? Tudo começou a vir a tona e eu só pensava em uma coisa :Eu quero me matar.

Loki continuou ali, me olhando docemente esperando que eu falasse alguma coisa.

– Não acha que “ela é minha” ficou um pouco pesado? – disse em tom sarcástico.

– É, mas na hora da raiva não é mesmo? – ele respondeu rindo, sem graça – Desculpa Lotty, mas você sabe que eu tenho ciúmes de você e da Charlie por serem minhas melhores amigas. Mas está melhor?

Não.

– Claro! Apenas me tire daqui e avise os meninos que vou precisar de um hora para me recompor.

Fomos até a porta onde estavam todos, mas Charlie veio correndo, aos prantos até mim e Loki.

– O que foi menina? Você está branca. – falei preocupada.

– É a sua irmã Lotty, ela sumiu! Não está em lugar nenhum e sua mãe foi avisada de que um homem foi pega-la na escola e ninguém faz ideia de como deixaram ela ir com ele.

A frase de Charlie foi o suficiente para acabar com o meu dia. Francis, o que foi que você fez com a minha irmã!