Confusão em Dose Tripla escrita por Lelly Everllark


Capítulo 8
Folga e negociação.


Notas iniciais do capítulo

Olá amores!
Vooltei e nem demorei tanto assim dessa vez!
Espero que gostem do capítulo!!
BOA LEITURA :3



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De todas as coisas estranhas que fiz desde que comecei a trabalhar para Ethan, essa com certeza estava sendo a mais esquisita. Hoje era domingo, meu dia de folga e como eu não tinha dinheiro, nem amigos, nem lugar para ir, estava sentada de forma despreocupada no enorme sofá da casa do meu chefe, mas essa era só o início das coisas estranhas.

  Ver Ethan passando pra lá e pra cá com Molly no colo, usando bermuda e camiseta era muito estranho também, Seth tinha ido para o seu quarto depois do café e até agora não tinha dado o ar da graça outra vez, já Charlotte desenhava apoiada na mesinha de centro tranquilamente. Quando a pequena terminou se virou para me encarar.

  - Livy você vai sair?

  - Não, por quê? - devolvi a pergunta desviando os olhos da TV para olhá-la também.

  - Por que o papai disse que hoje você não ia estar aqui pra cuidar de mim, da Molly e do Seth. E eu e o Seth ia ter que ajudar ele a cuidar da Molly. Mas você aqui e não foi pra lugar nenhum - seu tom é quase acusador e prendo o riso. É verdade que eu devia sair na minha folga, mas pra onde eu iria? No momento eu não tenho muitas opções, na verdade, eu não tenho opção nenhuma.

  - Eu ia sair, juro que ia, mas achei que ia sentir tantas saudades de você e dos seus irmãos que resolvi ficar. Mas hoje vou ficar vendo televisão e seu pai vai cuidar de você e dos seus irmãos, o que acha?

  - Que o Seth vai ficar no quarto dele o tempo todo por que ele não conversa muito com o papai. E acho também que a Molly vai chorar se você não pegar ela. Você gostou do meu desenho? - Charlotte estica a folha a minha frente e encaro seus traços meio disformes, mas extremamente encantadores enquanto penso em suas palavras. O que será que havia realmente entre pai e filho?

  - Seu desenho está lindo, você é mesmo muito boa e se quer saber, acho que Seth vai ter que descer para almoçar - finjo sussurrar e ela ri concordando.

  - Vou dar meu desenho pro papai, você acha que ele vai gostar? Eu desenhei todo mundo.

  - Ele vai amar – digo com sinceridade, se tem uma coisa que tenho certeza é que Ethan é apaixonado pelos filhos, todos eles, mesmo que aparentemente não saiba expressar isso muito bem.

  - Quer ver? – Charlotte pergunta vindo se sentar ao meu lado não me dando espaço para recusar. – Aqui é o papai, o Seth, eu – ela vai apontando as formas no papel que pra mim diferem apenas no tamanho e na cor. – E aqui tem você e a Molly no seu colo.

  - Eu? – pergunto surpresa. E ela faz que sim me olhando.

  - Tava desenhando todo mundo que mora aqui em casa. E você mora aqui. As outras não dava tempo de morar que nem você faz – ela diz simplesmente descendo do sofá e voltando aos seus lápis e papéis.

  Minhas conversas com Lottie eram sempre assim, ela dizia coisas simples cujo peso nem tinha ideia. Era estranho pensar que eu fazia parte realmente da vida dessa garotinha. Eu mal tinha controle da minha vida e aparentemente era importante o suficiente para fazer parte da de Charlotte, era assustador. Eu era só a babá, esse tipo de coisa não devia me deixar assim tão feliz, devia?

  Sai dos meus devaneios quando ouvi o choro de Molly. E pequena berrava a plenos pulmões e quem a ouvisse jurava que estava sendo agredida. Ethan voltou da cozinha com a bebê no colo ninando-a, mas ela não parecia disposta a parar de chorar. Ele me olhou e dei de ombros com um meio sorriso, sua careta de desespero me fez rir ainda mais. Ele parecia não ter ideia do que fazer e isso era estranho, ele não tem outros dois filhos que também já foram bebês algum dia?

  - Olivia dá pra fazer a Molly parar? Minha irmã chorando! – Seth surgiu no topo da escada gritando e sorri. Era sempre assim. Ele até podia não gostar de mim, mas era apaixonado pelas irmãs e toda vez que elas choravam ou queriam alguma coisa ele vinha até mim como se suas irmãs não soubessem reivindicar o que queriam por si sós. – Ah... – ele olhou de mim para o pai que ninava Molly que ainda chorava. – Ela com o papai.

  - É ela... Nós estamos tentando – Ethan não sabia o que dizer e Seth ainda no alto da escada não parecia saber se, se juntava a nós na sala ou não.

  - Vem Seth, ver os desenhos de Lottie e assistir televisão comigo – convidei e ele fez careta, mas vi quando deu um meio sorriso ao descer as escadas.

  - O que a Molly tem? – Charlotte perguntou olhando para o pai. Ethan ainda tentava acalmá-la sem muito sucesso.

  - Não sei princesa. Já perguntei, mas ela não parece disposta a me dizer o que é.

  - Talvez seja fome – comentei e os dois olharam pra mim. Dei de ombros. – Essa pequena glutona adora comer e já é quase meio dia. Mas ela já deve ter comido então às vezes é outra coisa.

  - Ela não comeu – é Seth quem responde se sentando no tapete perto da mesa de centro ao lado da irmã. – Você foi tomar banho naquela hora e o papai tava falando no telefone com a Molly no colo, mas não deu mamadeira pra ela.

  - Merda – ouvi Ethan praguejar, ele olhou para a bebê que ainda chorava e depois pra mim. – Eu fui falar com Célia sobre o hotel e esqueci que ela comia antes da hora do almoço.

  - Bem, é só alimentá-la que ela para de chorar. Molly é a bebê mais boazinha que já conheci.

  - Certo eu vou fazer isso – ele diz determinado, dá dois passos em direção à cozinha depois se vira outra vez para me encarar. – E como eu faço isso?

  Sua pergunta me fez rir.

  - Olivia!

  - O quê? – perguntei tentando controlar o riso, sua expressão entre irritação e medo conseguia deixá-lo muito fofo. Como era possível? Esse homem era um verdadeiro perigo. - Você é o pai! O mínimo a se esperar é que soubesse como preparar uma madeira pra ela.

  - A mamadeira eu sei preparar, mas onde eu deixo ela? Como vocês fazem isso? Você e a minha mãe? Quase fazem parecer que cuidar deles é fácil.

  - Sua mãe eu não sei, mas eu aprendi fazendo. Leve-a com você, ponha na cadeirinha, ou coloque-a aqui no cercadinho e peça para Seth ficar de olho ou ainda peça a Ruth alguns minutos do seu precioso tempo. São só alguns minutos. Posso perguntar como não sabe dessas coisas?

  Ele suspirou colocando Molly na cadeirinha que estava perto do sofá. A bebê voltou a chorar a plenos pulmões e aquilo estava acabando comigo, não tardaria a pegá-la para acabar com essa aflição. Eu era mesmo muito mole. 

  - Digamos apenas que nos últimos tempos nenhuma babá tinha ficado tempo suficiente para ter folga. E muito tempo atrás quando isso acontecia minha mãe me ajudava, mas hoje nem ela nem Brianna puderam vir.

  - Entendo – comentei quando ele começou a se afastar com a bebê que ainda chorava. A pergunta não era bem por que ele estava sozinho. Era mais por que ele parecia perdido com Molly, mas ele não tinha entendido, sorri ao pensar nisso, no fim, não era da minha conta.

  - Livy, eu com fome, quando a gente vai comer? – Charlotte perguntou de repente largando seus lápis para me olhar.

  - Não sei, Lottie. Hoje é o papai que vai cuidar disso, lembra?

  - Mas você não saiu – ela insiste. – E quem cuida disso é você!

  - Eu sei, mas hoje...

  - Ela de folga, Lottie. Hoje ela não é obrigada a cuidar de nós – Seth diz me cortando sem desviar os olhos da folha na qual desenha.

  - Não entendo – a pequena diz fazendo bico e vindo até mim, não resisto e puxo-a para o meu colo beijando seu rosto. Isso a faz sorrir. – Eu com fome, Livy – ela choraminga e suspiro ficando de pé e trazendo Charlotte comigo.

  - Tudo bem, vamos lá à cozinha ver com o seu pai o que ele vai fazer.

  - Eba!

  Sigo para a cozinha com Charlotte no colo e a coloco no chão assim que chegamos. Ethan está de pé perto da porta dos fundos dando mamadeira para Molly e falando ao celular com ele preso entre o ombro e a orelha.

  - Certo, certo... Mas hoje não posso. Ok, já entendi, não, tudo bem, eu resolvo. Até – ele suspira ao desligar e faz um malabarismo para conseguir colocar o celular sobre a abancada. A bebê em seu colo suga a mamadeira avidamente e ele finalmente me olha. Os olhos me desconcertando como sempre. – Você aceitaria trabalhar hoje por horas extras, Olivia?

  Sua pergunta me pega de surpresa, claro que não tenho nada pra fazer, mas é meu dia de folga. Não sei se tenho interesse em trabalhar.

  - Por quê? É meu dia de folga e eu tenho coisas pra fazer.

  - Claro que tem – ele sorri divertido e reviro os olhos. – Posso perguntar por que ainda está aqui se tem tantas coisas assim para fazer?

  - É que eu estava pensando em sair depois do almoço – invento. É meio patético não ter nem para onde ir na minha folga.

  - É sério? – Ethan pergunta sem o tom de brincadeira. Quero negar, mas ele não me dá chance. – Por que eu precisava mesmo ir até o hotel durante algumas horas. Aconteceu o problema e tenho que resolver. Mas se você não pode tudo bem, é sua folga, eu penso em...

  - Eu não tenho nada pra fazer – admito o cortando e sentindo as bochechas corarem na medida em que Ethan me olha com uma sobrancelha arqueada. – E não ouse falar nada sobre isso que mudo de ideia.

  - Não vou falar – ele diz prendendo o riso. Reviro os olhos diante da sua cara de pau. – Te pago as horas extras e...

  - Não quero hora extra – digo decidia depois de um instante. Ethan me lha confuso e sorrio. – Quero companhia para jantar.

  - Como!? – ele pergunta surpreso e noto como a frase saiu e coro até a raiz dos cabelos.

  - Não, não, não, não! – vou dizendo enquanto nego com os braços. Quase tropeço em Charlotte tentando me afastas de Ethan. – Não é isso! Eu só estava falando das crianças! Fazer companhia as crianças, só isso.

  - Companhia as crianças? – ele se aproxima alguns passos, mas ainda está muito longe de mim que agora estou perto da porta de saída da cozinha em direção à sala outra vez.

  - Você é o pai delas. Por que não janta com elas? Uma conversa não mataria ninguém. Lottie adora falar sobre o dia dela, Molly aposto que não negaria um colo e Seth, bem, vocês poderiam ter algum assunto – comentei e vi o semblante de Ethan mudar e fiquei com medo de ter ido longe demais, não era da minha conta afinal. Ah, dane-se! Esses dois precisam conversar e eu estou aqui, no que eu puder ajudar, vou ajudar!

  - Um jantar? – ele perguntou e neguei com a cabeça.

  - Nós jantamos as sete, você chega às nove. Você pode chegar mais cedo e nós comermos mais tarde, as oito todo dia, o que acha?

  - Todo dia? Mas são apenas algumas horas! – Ethan reclama e dou de ombros.

  - Essa é a minha proposta. Não quero as horas extras, mas você sempre pode achar alguém que queira. Lottie – chamei a pequena que assista nossa conversa calada. Ela me olhou. – Hoje a Ruth não vem, o que acha de me ajudar com o almoço? Não sei se o seu pai vai querer comer, mas podemos fazer para nós duas e o Seth, o que acha?

  - Vamos cozinhar! – ela comemorou indo buscar os aventais, Susan tinha feito um sob medida para a pequena e ela adorava usá-lo.

  - Macarrão? Carne? Purê de batatas? – eu ia pensando em voz alto enquanto fingia não ver Ethan com cara de choque no meio da cozinha terminando de fazer Molly arrotar.

  - Eu aceito – ele diz depois de uns minutos quando já peguei todas as panelas que vou usar e já coloquei meu avental e o de Charlotte. Sorrio me virando para encará-lo. – Não foi você quem venceu. Fui eu quem decidiu que essa opção era a melhor.

  - Claro que sim – é a minha vez de segurar o riso e ele revirar os olhos. Ethan caminha até mim parando a minha frente. O riso se vai, seu perfume me envolve e não sei em que pensar. Talvez se eu já tivesse tido algum namorado o efeito dele sobre mim fosse menor. Mas como não notar esse homem lindo quando ele é um tipo de sonho saído dos romances que leio?

  - Aqui – ele me estende Molly e pego a bebêzinha mecanicamente. Seus olhos grudados aos meus é demais para mim. Desvio para a bebê em meu colo e sorrio para ela tentando não pensar em nada. – Volto para o jantar.

  - As oito – consigo dizer quando ele já está se afastando e Ethan se volta apenas para sorrir para mim e me deixar maluca. Um sorriso como esse já era sacanagem!

  - Você vai fazer o almoço sim ou não, Olivia? – Seth perguntou surgindo na cozinha depois que o pai saiu e respirei fundo me livrando dos meus devaneios. Eu tinha que cuidar das crianças, não do pai delas. – Eu vi o meu pai saindo. Achei que você ia sair hoje.

  - Não precisa me lembrar disso – resmunguei. – Eu vou fazer o almoço. Pegue a cadeirinha da sua irmã e traga aqui, por favor. E nada de reclamar, por que quanto mais me atrapalhar mais demorou pra fazer a comida então, me ajude que eu ajudo todo mundo.

  - Argh! Já vai sua bruxa! – ele reclamou indo fazer o que pedi e eu sorri divertida.

  Agora era esperar para ver o que aconteceria daqui para frente.


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Notas finais do capítulo

E então?
Quero opiniões, o que vai ser desses cinco com esses jantares?
Beijocas e até, Lelly ♥