Confusão em Dose Tripla escrita por Lelly Everllark


Capítulo 15
Drama e alguns devaneios.


Notas iniciais do capítulo

Heloooo! Voltei!
Olha que milagre? Essa semana eu me empolguei e cá estou outra vez!
Não sei se volto outra vez essa semana, mas quem sabe, não é mesmo?
BOA LEITURA!!



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Negar, negar e negar. É tudo que tenho feito nesses últimos dias. Estou negando com todas as minhas forças estar apaixonada, pra ver se assim isso deixa de ser verdade, pra ver se assim eu deixo de me importar com isso, pra ver se assim eu finalmente pare de reparar nos sorrisos de Ethan, em seus movimentos e nas coisas que diz.

  Ele é meu chefe e deve ter no mínimo alguém, uma ficante ou mesmo uma garota para sei lá, dar uns beijos quando quiser, e eu aqui fantasiando sobre sua gentileza comigo, eu realmente sou muito boba e completamente iludida. Mas o problema realmente é que nos vemos todos os dias, pela manhã e a noite nos jantares. De quem foi mesmo a ideia de jantarmos juntos todos os dias? Ah é, foi minha. Negá-lo ou ignorá-lo é tarefa difícil quando o vejo sempre.

  Eu sabia que isso tudo ia terminar mal, mas um mês, Olivia? Sério? Foi só isso que precisou para se apaixonar? Eu era um completo desastre principalmente por que nunca tinha me apaixonado antes por ninguém, não de verdade. Claro que já tive paixonites e amores platônicos, mas ficar assim boba por alguém? Nunca. Só espero que eu me desiluda logo e isso passe de uma vez.

  Por que o único final que consigo imaginar pra essa confusão toda é eu terminar sozinha e com o coração despedaçado. Por quando tudo der errado e eu for demitida vou ser a única a sofrer sozinha. Para Ethan eu não sei o que significaria eu ir embora, mas para as crianças, talvez as meninas mais que o Seth, seria tão triste quando para mim. No fim, essa coisa toda, seja o que for, vai terminar muito mal. Disso eu tenho certeza.

  - Livy, eu coloco pijama ou roupa de sair? – o grito de Charlotte do outro lado do corredor me assustou tirando-me dos meus pensamentos. Eu estava trocando a fralda de Molly na maior tranquilidade enquanto pensava nas muitas coisas que vinham rondando meus pensamentos nesses últimos dias. – Em, Livy? – a garotinha surgiu na porta do quarto da irmã onde eu estava, só de calcinha.

  Sorri olhando-a.

  - Pode colocar o pijama, Charlotte, e pare de andar pela casa assim – pedi, mas era difícil parecer séria, principalmente sorrindo como eu estava. Peguei Molly do trocador e seguimos as três para o quarto de Charlotte.

  Hoje era sexta-feira, então Lottie e Seth tinham voltado a pouco do balé e do judô, e tinham seguido direto para o banho. Em pouco mais de uma hora jantaríamos então não tinha necessidade de colocar “roupa de sair”. A única que sairia seria eu amanhã e para o último lugar na terra onde eu queria ir: a casa do meu pai.

  Finalmente o dia da festa de Erika tinha chegado e eu não podia estar menos ansiosa, na verdade minha vontade era não ir a essa palhaçada, mas eu precisava, não pelo meu pai, muito menos pela víbora que me odeia, mas pelas coisas da mamãe que meu próprio pai tinha usado para me atrair até lá. Queria ter tudo o que pudesse dela, não só as lembranças, mas os objetos que me lembravam ela também. Qualquer coisa que a fizesse parecer mais perto.

  Eu não queria ir, claro que não. Afinal, eu ia chegar lá pra quê? Fingir sorrisos para os parentes pensarem que eu, papai e Erika éramos uma família feliz? Receber olhares atravessados da mulher que roubou não só minha casa, mas também o amor do meu pai e ficar quieta? Só a ideia fazia meu estomago embrulhar. Eu não podia nem fazer uma cena, afinal, era isso que Erika queria, que eu gritasse e chorasse que ela era um monstro para ela poder sair de vitima para o meu pai como sempre. Há muito eu tinha descoberto que minha palavra contra a dela não valia nada.

  Livrei-me desses pensamentos quando tive que ajudar Charlotte com a blusa do pijama na qual ela tinha ficado presa. Remoer a merda que havia virado minha vida nos últimos anos, não a faria melhor, então simplesmente deixei pra lá. Ia me preocupar com isso quando estivesse na casa do meu pai. A única parte divertida disso tudo, tinha sido a expressão surpresa de Ethan quando pedi o sábado de folha para passar o fim de semana lá. Achei que seus olhos fossem cair das orbitas. Felizmente depois de se recuperar do choque de que eu não estaria aqui nem sábado, nem domingo, Ethan me liberou. Susan e Brianna iriam ajudá-lo então no fim, não seria um grande problema.

  O problema mesmo era que eu não queria ir. Mas fora isso, eu teria o fim de semana de folga, o que eu estava precisando, só que para dormir uns dois dias seguidos ou quem sabe maratonar umas séries e não me estressar com Erika e sua cara feia, principalmente depois de viajar até onde meu pai morava por mais de três horas dentro de um ônibus.

  Finalmente depois de resolver o desastre do pijama consegui descer com as meninas, Seth já de banho tomado e usando um pijama do homem-aranha estava cochilando no sofá com uma de suas revistainhas caída sobre o peito. Sorri com a cena, ele devia estar mesmo cansado para capotar assim. Charlotte tinha trago uma boneca do quarto e encontrou outra sobre o sofá, pegou as duas e foi brincar no tapete sem se importar com o irmão dormindo no sofá ao seu lado. Coloquei Molly em seu cercadinho na sala, lhe dei sua bonequinha de morder e beijei seus cabelos antes de deixá-la com os irmãos.

  Fui até a cozinha para encontrar Ruth fazendo o jantar com sua típica expressão mal humorada de quem não queria, de jeito nenhum, bater um papo, por isso enchi um copo de suco e voltei para a sala para sentar no sofá menor – já que Seth tinha ocupado o outro -, e observar Charlotte brincar e Molly se mexer e fazer barulhos ininteligíveis.

  Mesmo do sofá eu continuava a olhar para o batente que separava a cozinha da sala. Podia ter pouco tempo que eu vivia aqui nessa casa, mas a cozinha dos Price, pra mim, já tinha uma história. Principalmente entre mim e Ethan, não havia acontecido nada de fato, mas foram momentos dos quais vou me lembrar pra sempre. Nosso esbarrão na minha primeira noite, nosso quase beijo, as conversas, eram tantas coisas que sempre que me lembrava sorria, mesmo que depois de tudo tenhamos feito um acordo mudo de não tocar no assunto, fingir que nada aconteceu não era fácil, mas como ninguém falava nada, apenas continuávamos a conversar normalmente.

  Eu não sabia se teríamos outra oportunidade de continuarmos o que começamos na cozinha há algumas semanas, e pra falar a verdade eu não sabia nem se queria outra oportunidade. Afinal, sem beijá-lo eu já estava assim, imagina se eu tivesse a oportunidade de provar o gosto dos seus lábios? Meu pobre e bobo coração não aguentaria, disso eu tinha certeza. Por isso, acho que no fim não termos outra oportunidade e apenas continuarmos fingindo que nada realmente aconteceu, era o melhor. Pra mim, para Ethan e, sobretudo, para o meu coração.

  - Livy, a gente vai demorar pra comer? Cadê o papai? – Charlotte perguntou deitada no tapete entre suas bonecas me encarando. Passei o copo vazio de uma mão para outra sorrindo para a garotinha com os cabelos loiros espalhados no chão.

  - Vamos comer assim que sei pai chegar e eu não sei onde ele está. Deve estar chegando.

  - Mas demorando! – ela choraminga se sentando. – Eu com fome agora.

  - Eu também, Lottie, mas vamos esperar ele, pode ser?

  - Por quê? – ela insistiu vindo até mim e puxei-a para o meu colo depois de colocar o copo em cima da mesa de centro.

  - Por que senão esperarmos ele, ele vai ficar triste e chorar bem assim – faço careta e imito um choro bem exagerado apenas para fazê-la rir.

  - Vocês não podem falar mais baixo não? – Seth reclama se sentando no sofá coçando um olho. Seu cabelo está amassado para um lado e sua cara feia completa o quadro fofo. Estou tentada a dizer isso a ele apenas para vê-lo ficar ainda mais irritado.

  - Que eu saiba sofá não é lugar de dormir, principalmente antes do jantar – comento e ele me olha feio. – O quê? Só estou dizendo a verdade. E nós nem estávamos falando alto, estávamos, Lottie?

  - Não! – ela grita animada me fazendo rir e Seth revirar os olhos. Molly já está ficando impaciente no cercadinho, por isso decido tirá-la de lá. Coloco Charlotte no chão e vou pegar a bebêzinha fofa que já tem todo meu coração.

  - A gente já vai comer? – Seth pergunta depois que estou com Molly no colo. Ele e Lottie me olham em busca de ma resposta.

  - Boa noite! – Ethan cumprimenta assim que passa pela porta, para meu alivio.

  - Finalmente! – é como o cumprimento. – Aí o pai de vocês crianças, então já vamos comer sim.

  - O que foi que eu fiz? – Ethan me olha curioso e Charlotte já está pendurada em seu pescoço.

  - Demorou – é a garotinha quem responde. – Eu com fome, ainda bem que chegou papai. Por que a Olivia disse que a gente tem que esperar por você, se não o senhor chora.

  - Ela disse é? – ele me olha e dou de ombros sorrindo.

  - Vamos comer então? – convido-os deixando o assunto das supostas lágrimas de Ethan pra lá.

  - Sim! – as crianças comemoram e hoje Ethan não vai ter nem mesmo os dez minutos habituais para tomar banho e se trocar, por que é arrastado pelos filhos que falam juntos e não tem muito mais que ele possa fazer além de acompanhá-los.

 Quando chegamos à cozinha Ruth está terminando de desligar o último fogo do fogão.

  - Já ia procurá-la – ela olha diretamente pra mim. – O jantar está pronto. Fiquem à vontade. Com sua licença, Sr. Price, eu volto amanhã – ela se despede de Ethan depois de se virar para encará-lo e sai sem esperar por uma resposta.

  - A simpatia dela às vezes me surpreende – digo com ironia e Ethan sorri. Seu sorriso sempre parece demais pra mim. – Vamos comer de uma vez? – convido quando seu olhar sobre mim começa a me causar calor.

  - Eba, comida! – a alegria de Charlotte me ajuda a não pensar muito em seu pai.

  Mas há um momento de constrangimento quando tenho que dar Molly para Ethan segurar uma vez que não trouxe sua cadeirinha. Quando finalmente a bebê está no colo do pai é que posso servir os mais velhos. Coloco comida para todos, inclusive Ethan, é mais fácil e provavelmente vai evitar algum desastre no fogão. Quando me sento estendo os braços para que ele me dê Molly outra vez.

  - Isso é só para jogar na minha cara que você consegue comer e segurá-la ao mesmo tempo, não é? – ele pergunta como um garotinho que perdeu uma brincadeira e sorrio ajeitando a bebê em meu colo. Depois de comer vou dar sua mamadeira uma vez que ela comeu antes de eu trocá-la mais cedo.

  - Também – admito com um sorriso que por fim o faz sorrir junto comigo. – Mas é mais por que assim é mais fácil de nós dois comermos. Se quiser posso dá-la a você e você se vira.

  - Ok, já entendi, não falo mais nada – ele levanta as mãos em sinal de rendição me fazendo rir.

  - Papai é verdade que amanhã a Livy não vai aqui em casa? – Charlotte olha para Ethan em busca de uma resposta e Seth faz o mesmo.

  - Contou a eles? – meu chefe me pergunta e dou de ombros.

  - Sim, hoje mais cedo. Afinal, não posso simplesmente sair sem falar nada.

  - Em, pai? – Lottie insiste e Ethan suspira.

  - É verdade sim, ela vai para a casa do pai dela fazer uma visita. Mas como ele mora longe ela não vai conseguir voltar no mesmo dia. Então ela vai amanhã e volta domingo – ele resume a história e sorrio. Achei melhor assim, dizer que só ia visitar, nada de explicar em detalhes o motivo da minha ida até lá. Não valia a pena.

  - Mas ela volta, né? Você volta , Livy? – Charlotte não dá tempo ao pai para respondê-la, apenas se vira para me encarar a espera de uma resposta com seus imensos olhos azuis suplicantes. Queria simplesmente poder dizer que não vou mais, seria infinitamente mais fácil.

  - Volto, meu amor. Claro que volto. Vai ser rápido, mas é que meu pai mora longe, lembra que já te falei também, pra você e pro Seth? Ele mora longe por isso vai demorar. Mas eu com certeza volto. Domingo estou aqui e vou cozinhar pra vocês, o que acha?

  - Que queria ir com você – ela diz simplesmente me fazendo rir e Ethan arregalar os olhos parecendo constrangido.

  - Olivia... – ele começa, mas o corto ainda achando graça.

  - Tudo bem. E quem sabe na próxima? – digo a Charlotte que aceita minha resposta com um aceno de cabeça, pois a boca já está cheia de comida outra vez. Olho para Ethan e ele nos observa sorrindo. O sorriso perfeito que ele sempre parece ter ao nos olhar me desconcerta de um jeito bom, mas que ainda assim, me deixa um pouco assustada, por que às vezes acho que estou vendo coisa onde não há nada. – Tem certeza de que não tem problema eu sair amanhã?

  - Claro que não, Olivia. Você cuida muito bem das crianças, está sempre aqui e às vezes acho que trabalha mais do que deveria então é aclaro que não tem problema sair um fim de semana.

  - Tudo bem então – digo por fim quase decepcionada. Por que se Ethan não me deixasse sair eu ao menos teria uma desculpa para não ir. – Se precisar de mim, pode me ligar ou, quem sabe, ir até lá – digo sorrindo antes de voltar minha atenção ao meu prato e a bebê em meu colo.

  Eu havia dado a ele o endereço da casa do meu pai, era para ser uma brincadeira, mas como era em outra cidade eu não via problema, não era como se Ethan com todos os seus compromissos fosse ir até lá. De qualquer forma, se tudo desse certo, no domingo de manhã eu já pretendia estar de volta, eu só não voltaria sábado mesmo por que o último ônibus saia cedo demais e se eu não ficasse até o fim da festa os parentes perguntariam e eu não estava a fim de me explicar pra ninguém, caso contrário meu pai e Erika não teriam tanta sorte.

  O resto do nosso jantar é feito entre perguntas de Charlotte, alguns comentários de Seth que parece cada vez mais a vontade na presença do pai e Ethan tentando acompanhar tudo o que os filhos dizem. Quando terminam, as crianças levam seus pratos a pia e quando os quatro seguem para a cozinha eu limpo tudo, hoje Ethan vai dar a mamadeira para Molly por isso posso me dar ao luxo de enrolar limpando a cozinha. Dessa vez não há um grande motivo por trás da erolação, só quero mesmo deixar pai e filhos algum tempo sozinhos. Por que quando eu tiver que ir embora daqui, se eu souber que eles estão bem juntos, parte do meu coração vai se sentir melhor ao estar deixando-os. Mesmo que no mais, ele vá estar despedaçado.

  Quando chego à sala a cena a minha frente me faz sorrir, Ethan está deitado no sofá maior com Charlotte erolada ao seu lado e Molly sobre o peito. Seth está no outro sofá numa posição parecida com a que eu o encontrei mais cedo, só que dessa vez sem a revistinha. Os quatro dormiam e não resisti a tirar uma foto e mandar para Brianna, sua resposta é imediata, “Que fofos!”. Eu posso ouvi-la claramente dizendo isso com sua empolgação costumeira que Charlotte aparentemente herdou.

  Estou decidindo quem eu acordo primeiro quando Ethan pisca me encarando. Sua expressão confusa me faz sorrir verdadeiramente quando me lembro de uma cena extremamente parecida com essa que vivemos aqui nessa mesma sala.

  - Eu apaguei por muito tempo? – ele pergunta com uma voz rouca extremamente sexy que me faz imaginar coisas. Nego com a cabeça.

  - Não. Foram só alguns minutos, que tal levarmos eles para a cama?

  - Ótima ideia. Pode pegar Molly aqui?

  - Claro. – Vou até ele pegar a bebê e quando me inclino meu cabelo escorre por sobre o rosto e toca seu peito, seus olhos azuis intensos acompanham cada movimento, seguro Molly e me afasto num pulo depois disso, mas não sem antes sentir seu perfume fresco e amadeirado. – Vou indo, você traz os dois, por favor? – peço e corro escada acima sem esperar uma resposta.

  Os pelos arrepiados e o coração acelerado são só mais alguns sinais de muitos, que toda essa situação ainda vai terminar muito mal. E no meio disso tudo não sei nem o que é pior, eu ter que ir até a casa do meu pai ou essa situação toda com Ethan onde, no mínimo, a única me importando com esses pequenos momentos, sou eu.


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Notas finais do capítulo

Enfim, só queria dar um "Oi" e pedir para comentarem!
Beijocas e até, Lelly ♥
PS: Espero que tenham gostado do capítulo, o que vocês acham que essa festa de aniversário da madrasta má da Olivia vai render?