Confusão em Dose Tripla escrita por Lelly Everllark


Capítulo 14
Compras em família?


Notas iniciais do capítulo

Yes! Eu não morri! Cá estou!
Ok, talvez umas semanas atrasada, maaaaas voltei!
Eu já disse, né? Que posso até sumir, mas eu volto, a única coisa que não consigo fazer é abandonar vocês!
Só queria mesmo pedir desculpas pelo sumiço, eu comecei a trabalhar e minha rotina virou de cabeça pra baixo, e eu também estava tendo muitos compromissos no fim de semana que são normalmente os dias que eu tiro para escrever e no fim eu não tinha tempo, nem disposição, nem animo, muito menos inspiração para escrever, mas estou tentando voltar ao normal com as postagens uma vez na semana, por isso, por favor, não desistam de mim! Ainda tem muito pra acontecer em Confusão em Dose Tripla!
BOA LEITURA :D



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— Não demorem a voltar, por favor! – é como Susan se despede de nós na porta de sua casa. – Você está ouvindo certo, Ethan? As crianças vêm aqui sempre, mas você sempre tem uma desculpa. Olivia estou contando com você, traga-o aqui, Ok?

  O jeito sério e ao mesmo tempo divertido com o qual Susan me olhou, me fez corar, como se eu tivesse mesmo algum poder sobre meu chefe. Como seria eu a levá-lo a casa da mãe?

  - Isso mesmo, Livy, coloque ordem e não deixe meu irmão desnaturado furar mais com a gente! – Brianna exclamou animada depois de se despedir de Lottie e colocá-la no chão.

  - Ele ainda é meu patrão, Brianna – lembro-a que descarta a informação com a mão.

  - Grande coisa. Dá pra ver só de olhar que você é a pessoa no comando da situação. Por que você acha que Ethan teve tantas babás ou por que Charlotte e Seth vivem aqui em casa?

  - Brianna! – Ethan repreende a irmã, mas está vermelho de um jeito bem fofo quando faz isso. – Eu cuido dos meus filhos, Ok?

  - Eu nunca disse que não cuidava. Você é um ótimo pai, mas definitivamente não consegue controlá-los todos de uma vez, só aceite. Não consegue nem servir Charlotte ou mesmo comer com Molly no colo. Mamãe e Olivia fazem isso com tranquilidade.

  - Como se você conseguisse – ele retruca na defensiva como um garotinho que perdeu a discussão. É engraçado vê-los discutir assim, eu nunca tive ninguém para fazer o mesmo.

  Troco o peso de Molly de um braço para o outro, eu estou com a bebê e Ethan está com a bolsa dela e a minha, uma em cada ombro, é uma visão engraça e extremamente fofa que me faz imaginar coisas que eu não devia. São só bolsas e ainda assim é uma cena tão familiar que me assusta.

  - Bem, eu não tenho filhos, então não preciso saber disso, não pelos próximos anos pelo menos, já você... – ela deixa a sentença no ar enquanto arruma os óculos no rosto, só para receber um olhar ameaçador do irmão que faz Brianna rir e eu acompanhá-la.

  - Crianças, por favor, assim assuntam Olivia e ela não volta aqui – Susan diz e Ethan e Brianna parecem chocados com a repreensão.

  - Não somos crianças! – reclamam os dois juntos e dessa vez minha risada contagia Seth e Lottie, mesmo que a garotinha talvez nem saiba o motivo da graça.

  - Agindo assim são, com certeza são. Mas eu estava falando sério, Ethan, não demore a voltar e traga Olivia. Foi um prazer recebê-la – ela sorri me olhando.

  - O prazer foi meu, Susan. Acredite. Mas agora temos que ir, Ethan. Eu preciso ir ao supermercado.

  - Ok, tchau, pirralha. Tchau, mãe! – Ethan se despede e ganha uma careta e um beijo da irmã.

  As crianças também terminam de se despedir e faço o mesmo. Dessa vez demoramos um pouco mais para nos organizarmos no carro, afinal, Seth e Lottie não estavam conosco na vinda.

  - Todo mundo de cinto? – pergunto depois de fechar o meu próprio no banco do carona.

  - Sim! – exclama Charlotte do banco de trás. Sua animação me faz sorrir.

  - Sim – resmunga Seth.

  - Sim – confirma Ethan para minha surpresa. – E você?

  - Sim, senhor. Vamos?

  - Vamos – ele concorda dando partida no carro.

  O rádio está ligado. Charlotte tenta acompanhar a música mesmo sem saber a letra e Seth está lendo uma de suas muitas revistinhas sem dar atenção a irmã ou qualquer outra pessoa no carro. Eu ainda não estou à vontade para “jogar conversa fora” com Ethan depois de ontem, por isso finjo verificar Molly a cada minuto em sua cadeirinha para não termos que estabelecer qualquer diálogo. Afinal, vamos falar sobre o que? Ainda é estranho, sobretudo por que se não fosse por Molly, talvez nós realmente tivéssemos nos beijado.

  Quando Ethan faz uma curva fechada me dou conta de que não estamos indo para casa. Olho-o para ter certeza de que talvez ela só tenha virado errado e logo vá retomar o caminho certo, mas ele continua tranquilamente no caminho errado, seguindo em direção ao centro da cidade.

  - Ethan, você sabe que sua casa é para o outro lado, certo? – pergunto só para certeza e vejo-o sorrir, ele desvia os olhos da rua por um instante para me olhar e sorrio também.

  - Sei sim, mas você não disse que precisava ir ao supermercado?

  - É, mas achei que você fosse pra casa com as crianças, eu podia voltar depois, sem problemas.

  - E me deixar sozinho com eles? Não vai rolar, hoje ainda não é domingo, portanto ainda não está de folga e por isso, vamos todos – ele decide e isso me faz revirar os olhos, às vezes Ethan parece um velho de cem anos, às vezes um garoto de dez como o filho. De repente ele arregala os olhos e me encara. – Ah não ser que você não queira. Talvez vá encontra alguém, se quiser...

  - Não, Ethan – o interrompo divertida. – Não vou encontrar com ninguém nem nada disso, mas achei que vocês talvez não quisessem se enfiar num supermercado lotado num sábado à tarde. Eu preciso ir por que Ruth só volta segunda-feira e nós precisamos de algumas coisas, só isso, mas se não se importam, por mim tudo bem.

  - A gente vai sair? – Charlotte pergunta se intrometendo na conversa e sorrio me virando para olhá-la.

  - Só vamos ao supermercado, Lottie. Por quê?

  - Por que vai ser legal sair com você e o papai. A gente sempre vai, mas ele nunca com a gente. Com os dois vai ser mais divertido.

  Suas palavras são inocentes, mas sei que pegaram Ethan desprevenido só pelo jeito com o qual ele aperta o volante. Charlotte acabou de dizer, do seu jeito fofo e sincero de jogar verdades na cara, que o pai não está presente.

  - Ethan...

  - Tudo bem - ele me corta. - Vamos logo ao supermercado.

  O resto do nosso caminho é feio em silêncio. Quando finalmente estacionamos, depois de rodarmos atrás de uma vaga, ainda não trocamos mais nenhuma palavra. Eu e Ethan descemos e vamos ajudar as crianças. Seth já se soltou do cinto e desceu do carro, estou tirando Molly da cadeirinha enquanto Ethan ajuda Charlotte.

  - A gente no mercado? Por quê? – Seth pergunta depois de olhar em volta parecendo finalmente se dar conta de que não estamos em casa. Sua expressão perdida chega a ser engraçada.

  - Viemos ajudar Olivia com algumas compras – Ethan avisa. Estou com minha bolsa no ombro e Molly no colo, depois de fechar o carro Ethan vem até mim, sorri só para testar meus nervos e pega à bolsa. Ele a coloca em seu ombro tranquilamente. – Você prefere que eu pegue a Molly?

  - Não a bolsa já está bom. Obrigada. Charlotte dê a mão para o seu pai. Ethan não saia de perto da gente, por favor – peço e quando meu chefe me olha sinto o rosto corar. É tão automático pedir a eles que fiquem por perto que me esqueci dele ali para supostamente fazer isso como pai. – Ah não ser que seu pai tenha outra ideia e...

  - Papai dá a mão, a Olivia mandou! – Charlotte me interrompe sem realmente ouvir a última parte alcançando a mão do pai. Seth está ao meu lado esperando para seguirmos, ele pode continuar me chamando de bruxa e me ignorando em algumas ocasiões, mas ao menos já está me obedecendo com mais facilidade.

  - É ela mandou – Ethan sorri pra mim e mordo o lábio desviando o olhar. Sempre que ele me sorri olhando diretamente pra mim lembro-me do nosso quase beijo e sinto o coração acelerar. – Vamos?

  Para minha surpresa as crianças me olham em busca de uma confirmação e aceno com a cabeça, só então eles começam a andar. Os dois seguem a minha frente com o pai e sigo-os tentando acalmar o coração e não imaginar mais coisas do que meu emocional aguenta.

  Ethan foi levado pelo tsunami Charlotte e não teve outra escolha se não acompanhá-la e responder as perguntas animadas da garotinha, não era bem um diálogo já que o mais velho mais ouvi do que falava, mas nenhum dos dois parecia realmente preocupado com isso. Eu gostava de observá-los, todos eles, mas a relação de Ethan com os filhos realmente me encantava. Seth foi ficando para trás até que finamente estava o meu lado. Não achei que era intencional até ele me olhar.

  - Por que meu pai veio? – o garoto perguntou para minha surpresa.

  - Como? – devolvi sem entender trocando Molly de braço, a bebê em meu colo estava brincando com o meu pingente de coração se divertindo e me babando toda sem se importar com nada. Eu a beijei só pela sua fofura.

  - Meu pai, ele nunca vem, por que ele veio? A gente vai no parque, no mercado, na escola tudo sem ele.

  - Ele... Ele... – eu não sabia o que responder, sobretudo por que Ethan tinha ouvido, eu sabia que sim, ele e Charlotte não estavam tão à frente e só o jeito como seus ombros ficaram tensos, mesmo de costas pra mim eram prova suficiente. O que dizer a um garoto depois de uma pergunta dessas? Eu não sabia o que tinha acontecido com essa família antes de eu chegar então não tinha ideia de como haviam chegado a isso, de que o simples fato de Ethan estar indo ao mercado com os filhos era uma grande coisa.

  - Em, Olivia, por quê? Por que hoje ele veio? – dessa vez não era o monstrinho sem coração perguntando, não era o encrenqueiro que me olhava com deboche. Era só o Seth, o garoto de dez anos que queria atenção e não sabia como exigi-la, que não sabia demonstrar afeto ao pai e que também não sabia recebê-lo dele. Eu queria abraçá-lo, mas isso o assustaria, por isso apenas me abaixei para ficar da sua altura e olhá-lo nos olhos.

  - Ele veio por que quer passar mais tempo com vocês. Ele veio por que queria conversar com você. Vou te contar um segredo: ontem ele ficou muito triste quando chegou em casa e não viu nem você nem sua irmã. Seu pai já estava todo ansioso para jantar com vocês. Tenho certeza de que ele não foi embora por que queria passar o máximo de tempo que conseguisse com vocês. Então é por isso que ele veio hoje. Por isso vai lá e faça como Charlotte e converse com ele. E Seth, se você quer sair com seu pai, basta pedir a ele, aposto que ele vai adorar a ideia.

  Minha sugestão e minhas palavras fizeram o garoto sorrir e seus olhos se iluminarem. Ele não disse nada, mas sua reação já me deixou feliz o suficiente. Seth só assentiu e seguiu até o pai que tinha parado mais a diante com a irmã, se para nos esperar ou ouvir nossa conversa eu não sabia. Quando ele os alcançou segurou a mão de Ethan para sua surpresa, e vi um sorriso enorme se abrir no rosto do mais velho. Meu chefe se virou para me encarar e disse uma única palavra sem emitir som algum em meio ao sorriso “Obrigado”.

  Assenti apertando Molly contra o peito, se mais algum deles dissesse qualquer coisa eu provavelmente choraria, por eles e por mim, pelo meu pai e nossa relação. Eu só não entendia Seth, como me via um pouco no garotinho. Eu só tinha sido trocada na adolescência, ele só tem dez anos e aparentemente já teve momentos bem ruins com e sem o pai e isso tudo era uma droga.

  Depois de todo o drama nós finalmente conseguimos chegar ao supermercado. Ethan nos conseguiu um carrinho com cadeirinha para bebês e eu forrei a manta de Molly antes de colocá-la. Ethan empurrava o carrinho, Seth ia ao seu lado, eles não estavam tendo nenhum diálogo emocionante, mas o silêncio parecia confortável, já Charlotte ia à frente comigo, quase saltitando ao meu redor.

  - Podemos levar ceral, Livy? E geléia? Eu quero geléia – a garotinha fez bico com o pote na mão, eu peguei o pote e devolvi a prateleira.

  - Nós já temos geléia. Mas o cereal está acabando.

  - Oba! – ela comemorou correndo até as caixas coloridas assim que entramos no corredor.

  - Seth ajude sua irmã, sim? – Ethan pediu e o garoto assentiu indo até Charlotte que parecia eufórica demais para escolher apenas um só.

  - Quantos nós podemos levar? – Seth perguntou segundos depois com duas caixas de marcas diferentes nas mãos, Lottie estava segurando uma terceira. Os dois me olhavam com expectativa.

  - Ethan? – tentei incluí-lo, mas ele me olhou surpreso.

  - Não tenho nem ideia. Três caixas é muito ceral? – ele me olhava de volta e sua expressão entre o pânico e o divertimento era muito fofa.

  - Pra esses dois monstrinhos comilões? Não mesmo. Podem levar as três – decidi por fim e as crianças comemoram com gritinhos animados, até mesmo Seth, o que me fez sorrir abertamente. Ethan que olhava de mim para as crianças, e parecia quase hipnotizado por alguma coisa que só ele era capaz de ver, sorria, um sorriso bobo, e seu eu fosse sonhar um pouco, diria que era quase apaixonado.

  - Mas e a geléia? – Charlotte perguntou outra vez e sorri para ela entes de responder.

  - Não.

  - Mas... Livy! – choramingou e eu ri.

  - Eu já disse que não, tem geléia lá em casa. Agora vamos que o que eu realmente vim comprar são fraldas para Molly e carne para o jantar.

  - Papai? – Charlotte tentou uma última vez e eu arqueei uma sobrancelha para Ethan quando ele me encarou. Se ele fosse dar tudo que Lottie pedisse ela acabaria mimada e egoísta. Mas a filha não era minha no fim das contas, então não podia dizer nada.

  - A Olivia disse que não, então não. Vamos pegar as fraldas para sua irmã. Talvez na próxima se não tivermos geléia em casa.

  - Promete? – agora a garotinha está olhando para nós dois eu e Ethan trocamos um sorriso.

  - Prometemos – dizemos juntos e essa cena toda é tão coisa de família que me assusta. Eu não posso ficar me envolvendo assim, por que no fim, serei eu a sair machucada.

  - Ah que linda a bebêzinha de vocês – uma mulher diz de repente se aproximando e sorrindo para Molly e em seguida para mim e Ethan. – Vocês têm filhos lindos.

  - Eu não sou... – começo, mas Ethan me interrompe e sorri para a mulher.

  - Obrigado.

  A mulher sorri mais uma vez para a bebêzinha e as crianças antes de se afastar.

  - Por que não disse a ela que eu era a babá? – perguntei quando começamos a seguir em direção ao corredor onde encontraríamos as fraldas de Molly.

  - Para encurtar as explicações. Por quê? Te incomodou tanto assim? – ele pergunta preocupado e sorrio.

  - Não, não me incomodo, só fiquei curiosa. Faça como achar melhor, eu não me importo – digo sinceramente. Amo essas crianças o suficiente para não ligar mesmo para isso, e para, quem sabe, imaginar que se as coisas fossem diferentes, talvez eu pudesse ser realmente a mãe deles, mas isso é claro, é algo impossível de acontecer.

  - Papai, Livy e chocolate, a gente pode levar? – Charlotte pergunta depois de parar no meio do corredor e se virar, no instante seguinte estou acompanhando Ethan numa gargalhada. Nem Seth consegue não sorrir para a irmã.

  - Se Lottie tiver chocolate, eu também quero – o garoto anuncia e por mim, dessa vez, só por eles me fazerem sorrir assim eu não ligo a mínima para levarem uma barra ou duas. Um pouco de chocolate não é o fim do mundo, principalmente entre sorrisos e expressões tão divertidas.

  E é quando Ethan nega o chocolate e eu intervenho intercedendo pelas crianças garantindo que eles merecem ao menos uma barra cada um é que sei que estou ferrada, e os amo. Todos eles, Ethan ainda não está incluso no pacote, mas isso, se depender do meu coração idiota, é por pouco tempo, por que no minuto em que ele me sorri no meio do corredor do supermercado no meio dos filhos depois de uma discussão sobre chocolate, sei que estou apaixonada por Ethan Price e tenho certeza de que isso não vai terminar bem. Nada bem.


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Notas finais do capítulo

E foi isso, espero que tenham gostado, comentem!
Beijocas e até logo (eu espero), Lelly ♥