Third Chance escrita por Bruna


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Ai vai o alerta mais uma vez: Spoilers de Ultimato.

Resolvi dar um jeitinho no final nada agradável que a Marvel deu para o nosso herói.

Espero que gostem!

Boa leitura!



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Recomeçar sem o Tony era uma tarefa difícil para Pepper. Foram muitos anos juntos, muitas coisas vividas, mas ela precisava seguir adiante. Afinal, existia uma linda garotinha que precisava dela.

Com a volta de todos aqueles que desapareceram com o estalar de dedos de Thanos, havia muito o que se fazer. Durante os cincos anos seguintes ao ocorrido, Pepper e Tony resolveram se afastar e viverem mais reclusos. Pepper parou de trabalhar, afinal, muitos dos funcionários das Indústrias Stark não existiam mais, a empresa reduziu drasticamente sua produção. Muitas coisas mudaram.

Por incrível que possa parecer, aqueles tinham sido anos maravilhosos para ambos. Apesar de todas as perdas, eles se sentiam com sorte de ainda terem um ao outro, e uma filha que preenchia todo o vazio que eles sentiram quando tudo aconteceu.

Seis meses se passaram desde a morte de Tony. Pepper voltou ao trabalho, procurando tornar a vida daquelas pessoas que estavam de volta, o mais normal possível. Matriculou a pequena Morgan em uma escola perto da empresa, apesar de saber que Tony não era a favor de que a filha fosse tão cedo para escola, porém ela queria que a garota sentisse, o menos possível, a morte do pai, de quem era tão apegada. Ela tentava, mas não estava sendo fácil.

— PAPAAAIIIIIII

Pepper acordou assustada com os gritos da filha e correu ao seu quarto para ver o que estava acontecendo.

— O que foi filha? – Disse Pepper se sentando na cama da menina. Morgan rapidamente se jogou em seus braços chorando copiosamente.

— Eu sonhei com o papai. A gente estava brincando no jardim, quando um monstro apareceu e levou ele para longe. – Respondeu mais calma, mas ainda chorosa.

Naquele momento Pepper percebeu que a filha, provavelmente, estaria ouvindo histórias sobre a morte de Tony, já que ela, nem ninguém do convívio delas, havia contado como tudo aconteceu. Pepper achava que ela era muito nova para saber como tudo ocorreu. Resolveu que contaria quando Morgan atingisse uma idade que pudesse entender melhor as coisas. Não pôde evitar que algumas lagrimas escorressem de seus olhos, pois além da enorme saudade que sentia de Tony, era doloroso ver o sofrimento da filha. Secou as lagrimas antes que Morgan as percebesse e ficasse ainda mais fragilizada.

— O que você acha que dormir com a mamãe hoje? Te deixo dormir no lugar que o papai dormia. – Foi a única maneira que Pepper encontrou para acalmar a menina e a si mesma.

— Pode ser. – Apesar da proposta da mãe, ela sabia que aquilo não diminuiria a saudade do seu papai. A garota era esperta demais.

No dia seguinte, Pepper resolveu colocar um porta retrato no criado mudo do quarto de Morgan. Era uma foto dos três juntos em um dia ensolarado de piquenique. Pepper esperava que ela se sentisse mais perto de Tony ao olhar para aquela foto todas as noites. Funcionou! Morgan não mais acordava gritando pelo pai. Ainda relatava que tinha sonhos com ele, mas eram bons. Pepper achava estranho o fato delas sempre sonharem juntas com ele, eram sonhos diferentes, mas acontecia nas mesmas noites. Para ela, isso só comprovava a enorme sintonia que existia entre os três.

Nos dias que se seguiram, nada de anormal aconteceu. Elas sempre recebiam ligações de alguns dos Vingadores perguntando se elas estavam bem e se precisavam de algo. Com o tempo, essas ligações foram se espaçando até cessarem. Os únicos que permaneciam ao lado delas constantemente era Happy, Rhodes e Peter Parker. O último sempre conseguia arrancar gargalhadas sinceras da pequena Stark, eles se davam muito bem.

Até que num sábado, Pepper recebeu visitantes inesperados. Estava sentada na varanda, retomando sua leitura sobre compostagem enquanto Morgan brincava no jardim, quando viu um carro se aproximando. Logo reconheceu que era o carro de Rhodes, mas se surpreendeu ao ver quem o acompanhava. Clint e Scott.

— Olha mamãe, é o tio Rhodes!

— Eu vi, filha. Vai lá falar com ele! – Respondeu Pepper ao ver que Rhodes tinha parado o carro. – Sem correr, Morgan Stark! – Dessa vez ela gritou, mas a pequena não lhe deu ouvidos. – Igualzinha ao pai. – Pensou ela.

Morgan se jogou no colo de Rhodes. Ele a pegou fazendo-a girar no ar. Morgan ria bastante, adorava que fizessem isso com ela. Quando Rhodes a colocou no chão, ela finalmente percebeu que o “tio” não estava sozinho.

— Princesa, esses são meus amigos Scott e Clint. Lembra deles?

— Um pouco. – Morgan respondeu timidamente.

Os outros dois sorriam e a cumprimentaram. Se impressionaram com a semelhança dela com Tony, e se surpreenderam com o quanto ela tinha crescido.

— Seu cabelo é diferente. – Disse Morgan a Clint que ainda estava com o cabelo moicano.

— É sim! Você gostou? – Respondeu Clint quando já estavam se aproximando de Pepper.

— Não! – Morgan respondeu tão espontânea e inocentemente que fizeram os três homens gargalharem.

— Morgan, filha! Tenha educação! Desculpa Clint, essa menina é terrível. – Disse Pepper o cumprimentando.

— Não tem problema, Pepper. A Laura e as crianças me disseram a mesma coisa. Vou mudar o corte em breve. – Falou Clint arrancando um pequeno e raro sorriso de Pepper. Ultimamente, só Morgan tem conseguido tal façanha.

— A sinceridade espontânea parece ser herança genética. – Disse Rhodes se referindo a Tony, enquanto acariciava a cabeça da menina e depositava um delicado beijo no rosto de Pepper.

— Quem dera se todos tivessem a inocência das crianças. Boa tarde, Sra. Stark! – Foi a vez de Scott se manifestar.

— Boa tarde, Scott! – Respondeu Pepper erguendo a mão para cumprimentá-lo. – Não precisa de toda essa formalidade, me chame apenas de Pepper. – Scott deu um sorriso e aceno de cabeça em resposta.

— Vamos entrar! – Convidou Pepper.

Os visitantes a acompanharam e Morgan entrou na frente com a mãe, segurando em sua mão. Pepper estava estranhando aquela visita, sabia que eles não estavam ali atoa. Desde que Tony morreu, Clint a visitou poucas vezes, mas com Scott não manteve contato. Eles não eram próximos, porém Scott a avisou, na cerimonia de despedida de Tony, que ela poderia lhe procurar se precisasse de alguma coisa.

— Vocês aceitam um suco, café...?

— Café! – Respondeu Rhodes quando percebeu que os outros dois estavam sem graça.

— Eu vou pedir para trazerem. Só um minuto. – Pepper se retirou indo até a cozinha para pedir a sua funcionária que fizesse e servisse o café das visitas. Durante aqueles anos, eles tinham uma funcionária apenas para fazer o serviço doméstico mais pesado, Pepper fazia questão de comandar a cozinha, recebendo a ajuda de Tony muitas vezes. Porém, agora precisava de uma empregada por mais tempo e que ela fizesse mais coisas na casa, pois Pepper voltou ao trabalho, e porque não sentia mais vontade de cozinhar, já que não teria a companhia de Tony na cozinha e os elogios dele a respeito da comida.

Quando Pepper voltou a sala, percebeu que Morgan estava interagindo com os rapazes. Ela se juntou a eles, e passaram a conversar sobre a nova escola de Morgan. Até que a funcionária serviu o café para os adultos e suco para Morgan.

— Ebaa amo suco de morango! – Morgan se apaixonou por morango desde a primeira vez que Tony deu a ela para experimentar. Escondido de Pepper, é claro! Desde então, não podia faltar morangos na geladeira da família, mesmo Pepper sendo alérgica à fruta.

— Beth, por favor, leva a Morgan para tomar o suco na cozinha e aproveita e faz um lanchinho para ela.

— Cheeseburguer, mamãe? – Perguntou Morgan com os olhinhos brilhando. Pepper se lembrou de Tony no mesmo instante. Não só por ambos terem o mesmo gosto, mas também por Morgan ter o mesmo olhar pidão e irresistível de Tony.

— Só se me prometer que vai comer toda a comida no jantar. – Pepper tentava negociar. A menina tinha preferência por comidas nada saudáveis.

— Prometo! – Morgan cruzou os dedinhos na frente dos lábios. Pepper sorriu.

— Pode fazer um cheeseburguer para ela, Beth, por favor.

— Faço sim! – Respondeu Beth com entusiasmo ao ver o sorriso no rosto da patroa.

— Segura meu suco, por favor, Beth! – Beth tirou o copo das mãos de Morgan e seguiu para cozinha. Morgan pulou do sofá e foi até a poltrona que Pepper estava sentada, depositando um beijo molhado em sua bochecha.

— Obrigada mamãe! Te amo.

— Também te amo, meu amor!

Morgan saiu correndo para a cozinha.

— Já estou desistindo de pedir para ela não correr. – Disse Pepper sorrindo e balançando a cabeça.

— Ela é uma criança linda e inteligente. Parabéns, Pepper! – Falou Clint.

— É ela quem tem me mantido de pé desde que perdi o Tony. Não tem sido fácil, mas nós vamos ficar bem. -  Pepper tinha um brilho de tristeza no olhar. – É um pedacinho dele. – Pepper abaixou a cabeça e secou uma lágrima solitária que teimava em cair.

Se fez silencio na sala. Rhodes também estava emocionado. Tony era como um irmão para ele. Na cabeça de Clint passou todos os momentos que teve com Tony, se lembrou da sua genialidade e generosidade. Scott, por sua vez, não tinha nenhuma proximidade com Tony, mas aprendeu a respeitá-lo durante a empreitada de derrotar Thanos, lamentava muito sua morte.

— Mas a que devo a visita de vocês? Tenho certeza que não vieram só para saber como estamos, tenho mais alguma coisa aí. – Pepper resolveu quebrar o silêncio.

Eles se entreolharam. Rhodes decidiu ir direto ao assunto.

— Pepper, o Scott junto com o Dr. Pym, conseguiu refazer o túnel quântico. Ele funciona...

— Eu sei como ele funciona. O Tony me explicou.

— Porém, para conseguir voltar no tempo, precisamos da tecnologia que o Stark desenvolveu. Os que nós usamos há alguns meses, foram danificados na batalha. – Scott explicou.

—Nós sabemos que o Tony fazia um backup de todos os projetos que ele criou. Se você deixar a gente acessar os arquivos dele... – Clint falou.

— Por que vocês querem viajar no tempo outra vez? – Pepper tinha lágrimas nos olhos, estava entendendo onde eles queriam chegar, mas precisava da confirmação.

— Nós podemos trazer ele de volta, Pepper. – Rhodes esclareceu.

Eles a relembraram que acessar o passado não alteraria o presente e tudo o que aconteceu. Poderiam acessar um ponto do passado antes da batalha e trazer Tony de volta, porém, dependendo do momento do passado que fariam isso, Tony poderia não se lembrar dos últimos acontecimentos.

— Como vocês tem tanta certeza que isso pode dar certo? – Pepper não queria criar falsas expectativas.

— O Thanos do passado conseguiu vir para o presente. Se não tivesse sido derrotado, ainda poderia estar vivendo no nosso tempo. A filha dele, Gamora, está vivendo no presente, porém ela veio do passado com ele. – Explicou Scott.

— Por um motivo que não sabemos, ela não foi dizimada com o estalar do Tony. – Completou Rhodes.

— Onde ela está? – Pepper ainda duvidava, mesmo sabendo que Rhodes não mentiria sobre isso para ela. Era bom demais para ser verdade.

— Voltou para o espaço com a Nebulosa. Não sabemos o paradeiro delas. – Clint esclareceu.

Pepper se levantou e começou a andar pela sala, pensando em tudo que eles tinham dito.

— Vamos tentar fazer o mesmo com a Natasha. – Tornou Clint.

Rhodes se levantou e foi até Pepper, segurou em seus braços e disse:

— É a nossa chance de trazer ele de volta. Devemos pelo menos tentar! – A essa altura Pepper já deixava as lagrimas rolarem livremente.

— A Morgan merece ter o pai de volta! – Clint apelou. Sem a tecnologia do Tony não conseguiria trazer sua amiga de volta.

— Me acompanhem. – Pepper disse após pensar por uns instantes.

Ela os levou até a garagem da casa, onde Tony trabalhava e guardava seus projetos.

— Sexta-feira, conceda a eles acesso ao projeto do Tony sobre viagem no tempo.

Imediatamente a IA mostrou tudo a respeito da criação de Tony.

Scott extraiu tudo que era preciso para produzir o dispositivo necessário para a viagem.       

— Pepper, consegui pegar todas as informações. Um de nós entrará em contato com você quando tudo tiver pronto. – Disse Scott sério.

— Tudo bem, eu aguardo! – Pepper estava ansiosa.

— Vai dar certo, Pepper! Tenha fé na física quântica! – Falou Rhodes tentando aliviar a tensão da amiga.

— Tudo que eu mais quero é ele aqui comigo. Está difícil sem ele. – Disse Pepper com os olhos marejados.

— Aguenta só mais um pouco, logo ele estará aqui te enchendo a paciência. – Dessa vez Rhodes conseguiu arrancar um sorriso dela.

— Até disso eu sinto falta!

Quando retornaram para sala, encontraram Morgan desenhando em seu caderno. Pepper se aproximou da filha e lhe beijou a cabeça, pensando que logo Tony estaria com elas outra vez.

— Mãe, o papai não gostava que ficassem mexendo nas coisas dele na garagem. – Sussurrou Morgan. Nada passava despercebido por ela.

— Eu sei, mas é por uma boa causa. Fica tranquila! – Pepper sussurrou de volta percebendo que a pequena sentia ciúmes das coisas do pai. Ela também sentia, não deixaria ninguém mexer nos arquivos de Tony se não fosse por um bom motivo.

Apesar dos sussurros, todos ouviram o que elas diziam, e acharam graça em como Morgan era protetora com os pertences de Tony.

Nos dias que se seguiram, Pepper não parava de pensar na possibilidade de ter Tony de volta. A saudade que sentia dele doía muito, chegava a ser insuportável. Sentia falta dos braços dele em volta dela, do cheiro que ele emanava, do som da voz, da risada, sentia saudade até das manias e chatices dele.

Se apaixonou por ele assim que o viu pela primeira vez, mas pensou que era só atração física, afinal Tony era um homem exuberante e tinha uma fama muito boa entre as mulheres. Com o tempo, essa atração evoluiu, se tornou preocupação, cuidado, assim ela pensava. Só se deu conta de que o que sentia era amor, quando ele foi sequestrado.

Quando ele voltou, não era mais o mesmo homem. Estava mais humano, consciente do que queria deixar como legado para o mundo. Passou a se dedicar ao trabalho como Homem de Ferro, ajudando as pessoas, e por mais que achasse isso perigoso, essa mudança dele só a fez amá-lo ainda mais.

Talvez porque se acostumou a disfarçar os sentimentos por tanto tempo, ela não conseguia mostrar em palavras o quanto amava ele, mas tinha certeza que Tony sabia do seu sentimento. Ele reconhecia esse amor, através dos gestos e atitudes dela.

Depois do que houve em Sokovia, Pepper tentou fazê-lo parar, mas não conseguiu, o que acabou separando os dois. Ela não aguentava mais ver ele definhar dentro de uma oficina, perdendo os melhores anos de sua vida. Não aguentava mais sentir medo de perdê-lo toda vez que ele saia em uma missão.

Mas eles se amavam, não conseguiram ficar muito tempo longe um do outro. Pepper acabou entendendo que ele tinha a necessidade de terminar uma missão que nem ele mesmo sabia do que se tratava, caso contrário, ele não conseguiria relaxar. Decidiu conviver com isso, pois seu amor por ele era maior que tudo. Não desistiria de ficar ao lado dele. O amor que sentiam, superava as angústias e medos. E então ele a pediu em casamento e ela pensou que ele sossegaria um pouco. Doce engano.

Quando ele entrou na nave e desapareceu por dias, ela reviveu o pesadelo do sequestro dele. Foram dias de incerteza e medo, mas ela sentia que ele voltaria para ela. Assim como a primeira vez, Pepper sabia que ele estava vivo. E ela estava certa.

Poucos dias depois que Tony voltou, ela descobriu que estava gravida. Ele ainda estava se recuperando do tempo que passou no espaço quando ela passou mal na frente dele. Tony se preocupou e pediu para ela ser examinada. Pulou de alegria quando a gravidez foi comprovada. Pepper teve medo. Como conseguiriam criar um filho com o mundo naquele caos total?

O entusiasmo de Tony a contagiou. Ele não queria mais perder tempo, se casaram pouco depois. Tony decidiu deixar a equipe e eles se refugiaram num lugar mais afastado. Tudo estava correndo bem, até Rogers o procurar. Pepper tinha consciência de que Tony precisava ajudar. Eles tiveram sorte, mas muitas pessoas se foram, inclusive Peter Parker, que era muito importante para Tony. Pepper tinha conhecimento do risco que tinha de perder Tony, mas no fundo tinha esperanças de que tudo ficasse bem.


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Notas finais do capítulo

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