I drove all night escrita por Lux Noctis


Capítulo 1
...to hold you Tight


Notas iniciais do capítulo

Hello, esse não era o projeto principal, mas a vida ainda me bate e eu... bem, eu apanho.

Música escolhida: I drove all Night - Cyndi Lauper (1989)



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I had to escape

The city was sticky and cruel

Maybe I should have called you first

But I was dying to get to you
I was dreaming while I drove

The long straight road ahead, uh, huh”



O vento açoitava  o capô do carro, algumas gotas da chuva faziam um som quase gracioso ao cair de encontro ao vidro, mas em tudo ali era a certeza de que logo chegaria aonde mais desejava estar. Dirigia tranquilo pelas ruas, àquela hora pouco movimentadas. Apenas um descanso mais que merecido, estava na cidade vizinha à trabalho, mas até mesmo um homem como Aburame Shino cedia à saudade. Por isso dirigia, estava no carro à duas horas e quarenta e cinco minutos, e contando.

Era o desejo de chegar naquele quarto que parecia sempre tão quente, pela simples presença de seu companheiro. Até mesmo o cheiro naquele carro fazia-o devanear sobre o quão bom seria quando chegasse logo. Acelerou, ainda mantendo-se no limite de velocidade. Havia pressa, mas não tanta ao ponto de cortar caminho para a morte. Pelos cálculos, chegaria em casa por volta das duas da manhã, mas mesmo que apenas observasse Kiba dormindo, já consideraria a viagem como muito necessária.

A música que tocava na rádio fazia a mente vagar por momentos felizes do casal, desde a compra do apartamento, até mesmo o infortúnio de Kiba ao conseguir colocar uma panela quente no braço do sofá, queimando o estofado. Nem mesmo isso era uma recordação ruim. Era algo que forçava Shino a sorrir, discreto, mas um riso feliz. Eram as memórias como um casal, àquelas que se conquista com anos de companheirismo, de amor, carinho.

As mãos no volante, o polegar da destra por vezes deslizando de modo mais arrastado antes de trocar a marcha, voltando a mão ao volante, mantendo-se sempre certinho nas coisas que fazia. Quando mais uma hora de viagem se passou, levou a destra essa vez à nuca, massageando-a de modo leve, apenas para aliviar a tensão de permanecer naquela mesma posição por tanto tempo, sem descanso, ainda mais depois de um dia intenso no trabalho. Tocou ali e a memória muscular o fez arrepiar, um tão leve, sutil, mas ainda assim um arrepio. Recordou-se dos toques de Kiba, das unhas que mais assemelhavam-se à garras quando resvalavam ali de modo suave, ou mais sensual. Num piscar breve, para não perder o foco na pista, chegou até mesmo a recordar o doce sabor dos beijos, ainda mais aqueles que vinham após os morangos com chocolate, como na “Lua de Mel” do casal, um pequeno mas gracioso chalé alugado para um final de semana de carinhos trocados em meio ao nada, com muito espaço para liberdade.

Ali estava o sorriso de novo, dando as caras ao pensar que, para Kiba a liberdade vinha com a tranquilidade de sair na porta do chalé para tomar sol, com nada mais que a camisa do companheiro. Liberdade também era quando conseguiu convencê-lo a fazer amor no engawa. A construção era tão novinha e bonita, Kiba não queria perder a vista daquele lugar construído por estrangeiros que conseguiram fazer dinheiro em Sendai.

Quando respirou fundo deixou a mente livre daquelas recordações, muito embora fossem maravilhosas, não cabiam ao momento, lembrar-se dos sons, do movimento dos corpos, daquele olhar quase felino do companheiro enquanto apoiava as mãos em seus ombros para tomar impulso… no final daquela noite, Shino quem estava de cara para a paisagem, mas não tinha olhos para nada além de Kiba.

Levou a destra ao volume do rádio, aumentando-o um pouco, voltando toda sua atenção à pista, torcendo para logo chegar em casa.



“Could taste your sweet kisses

Your arms open wide

This fever for you is just burning me up inside”



Faltava pouco, e até mesmo a fina chuva havia dado trégua. O céu escuro, os semáforos que pareciam brincar com sua paciência. Shino seguia ainda recordando os momentos ao lado daquele que escolheu para compartilhar a vida. A risada de Kiba quando via algum desenho na tv, ou quando lia as tirinhas do jornal de Shino. O beijo doce pouco depois do café da manhã como uma despedida e uma promessa do que Shino encontraria ao voltar para casa.

E era exatamente o que esperava encontrar quando estacionou o carro, travando-o após deixar o veículo. O estacionamento do prédio já fazia-o sentir que estava em casa, quase lá, só faltava alguns andares. No elevador, apertou o sétimo andar, querendo o quanto antes deparar-se com a visão bonita que seria Kiba desgrenhado dormindo na cama de casal como se fosse só dele, esparramado na cama.



“I drove all night to get to you

Is that alright

I drove all night

Crept in your room

Woke you from your sleep

To make love to you

Is that alright

I drove all night”





Entrou o mais silencioso possível em casa, não precisou acender a luz da sala, deixando as chaves no pequeno quadrinho de madeira pendurado na parede próxima à porta, onde dois bonequinhos de kimono zelavam pelas chaves ali guardadas.

Quando fora a última vez que embarcou numa aventura com aquela? Ah sim, alguns anos antes de decidirem morar juntos, quando Kiba o ligou tarde da noite dizendo estar com tanta saudade que seria melhor ir vê-lo, e para poupar o namorado, Shino foi. Pegou o trem naquela época, mas ainda assim a viagem havia valido muito a pena, a noite de sexo era pra ninguém colocar defeito. Quente, forte, deixando marcas que Shino teve que esconder no dia seguinte, mas era detalhe, um que ele até gostava de recordar. A selvageria de Kiba na cama, em momentos nem mesmo o rapaz conseguia se conter.

Ali estava, graciosamente dormindo, todo esparramado na cama, com uma estrela do mar. De bruços, com uma das camisas velhas de Shino e nada mais que um lençol fininho lhe cobrindo o corpo. Não conteve a necessidade de se aproximar e abaixar-se rente a cama para selar os lábios no pescoço alheio, ouvindo um gemidinho muito sonolento. Kiba demoraria a acordar com incentivo, muito mais se Shino permanecesse em silêncio. Optou então por um banho rápido para livrar o corpo do cansaço da viagem de carro. Quando saiu enrolado na toalha, Kiba já se mexia mais na cama, como se o corpo o alertasse de que não estava só. Ainda assim não esperou, ajoelhou-se na cama, seguindo para ficar sobre Kiba, deixando o peso do corpo de modo sutil sobre o dele. Sentindo o cheiro de morango na pele bronzeada, o mesmo cheirinho que tinha naqueles cabelos desgrenhados que caiam sobre o travesseiro e rosto de Kiba.

Mais um beijo no pescoço, esse agora com uma leve mordidinha no final, fazendo com que Kiba resmungasse um “hn”, em meio ao sono.

—  Shino? —  perguntou incerto e com a voz arrastada. Oras, quem mais poderia ser? Apenas ele teria a chave de casa, ainda mais aquela hora… que horas eram? Kiba olhou para o criado mudo ao lado da cama, tentando identificar os números no despertador digital; duas e pouca da manhã, ele não conseguiu ver mais que isso. —  O que está fazendo aqui uma hora dessas? — Questionou tomando ciência de que de fato era o corpo de Shino sobre o seu, e isso nem se devia à ereção que despontava e o cutucava, longe disso. Era o calor daquela pele ainda úmida pelo banho, era o cheiro, era a forma como os lábios tocavam sua tez e o faziam desejar mais.

—  Saudade.

Monossilábico, a boca ocupava-se com outras coisas que não falar. Ocupava-se com buscar os lábios de Kiba, e a destra ajudou nisso ao tocá-lo de modo gentil no rosto. Apoiou a mão na cama, dando espaço entre seu corpo e o de Kiba para que o menor pudesse se virar e ficar de frente, voltando a deixar que pesasse sobre o dele.

—  Eu sei que sou irresistível, mas poderia ter esperado até de manhã para vir pra casa. —  Embora a boca dissesse aquilo, os atos de Kiba eram bem contraditórios. Comemorava a presença de Shino naquele quarto, fazia isso enlaçando as pernas na cintura dele, puxando-o para mais perto, roubando-lhe um beijo, não tão doce pois tinha muito mais desejo que candura. —  Dirigiu a noite toda, tsc! Deve estar cansado, né. — Era apenas para checar, a ereção não deixava que Shino mentisse, poderia de fato até mesmo estar cansado, mas excitado também, e dormir daquele jeito era bem complicado.

—  Não tanto, ainda tenho energia pra uma coisinha ou outra. —  respondeu beijando-lhe os lábios em seguida, acariciando o rosto que tanto sentiu falta naquela semana corrida. Moveu o corpo, como se já estivesse consumando o ato que o fazia ferver em desejo. Sentiu sua ereção coberta pela toalha resvalar em algo igualmente rijo.

Os toques tinham pressa, Kiba levou a canhota até a beirada da toalha, puxando-a para que pudesse vislumbrar aquele corpo de pele tão branquinha, de músculos não extravagantes, mas muito bons de explorar, com as mãos ou com os lábios. Sorriu quando o membro ereto tocou sua coxa, fazendo arfar e pensar em como sentia falta daqueles toques.



“What in this world

Keep us from tearing apart

No matter where I go I hear

The beating of your heart

I think about you

When the night is cold and dark

No one can move me

The way that you do

Nothing erases the feeling between me and you”



Shino puxou a peça íntima de Kiba, não querendo que ele se desfizesse da camisa velha. Ele ficava tão bonito usando ela, e sexy. Definitivamente ficava sexy. Apenas precisou erguê-la um pouco, puxando-a para cima para que não cobrisse o quadril de Kiba, possibilitando então que os pênis intumescidos friccionassem, causando um calor ainda maior nos corpos, um desejo em febre.

Beijos, dedos chupados e muito bem escondidos em outra cavidade… A noite prometia, e por sorte cumpria!

Suor, precisariam de mais um banho depois daquilo. O movimentar da cama indo de encontro à parede, tirando de Kiba muito mais que gemidos, às vezes risadas pelo som que deixava claro que naquele quarto havia sexo. Os olhares trocados, os sussurros em promessas de amor. De pensar que ao longo da semana as noites de Shino eram frias, não pelo clima, mas sim pela ausência daquele que conseguia incendiar suas veias e fazê-lo um homem que permitia-se levar por impulsos sexuais. Ninguém nunca tinha conseguido isso.

No fim havia de fato valido a pena dirigir a noite toda para chegar em casa, para voltar ao lar. Para no fim envolver Kiba em seus braços e ser recebido pelo calor dele. Pelo cheiro, pelo som daquela risada que lhe trazia uma nova brisa.

Assim como em todas as vezes, aquela noite viraria uma recordação para o casal. Aquele casal que vivia não só de ‘flashbacks’, como sempre criando novos.



“I drove all night to get to you

Is that alright

I drove all night

Crept in your room

Woke you from your sleep

To make love to you

I drove all night... to hold you tight.”


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