Paradise Coast escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 8
Divagações de uma mente confusa


Notas iniciais do capítulo

https://youtu.be/XfTgCPUJwRk-Lisa canta.
https://youtu.be/kTAVFtwqplc-Lisa habilidades telecinéticas e pirocinéticas.



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P.O.V. Lisa.

Agora não sei o que é real e o que não é. Estou com medo de dormir.

—Você está bem Lisa?

—Você realmente dá a mínima, Doutora?

P.O.V. Jeremy.

Ela estava magoada. Estávamos andando de carro, o rádio estava ligado, mas de repente posso ouvir uma voz cantando por cima do rádio, outra música.

Fui abaixando a música do rádio devagar até ele ficar mudo. Era a voz da Lisa, soprano.

—O Fantasma da Ópera? Gosto deste musical.

—Eu também.

—Agora me digam, o que aconteceu? O que é real e o que foi sonho?

—Nada foi sonho. 

—Então... eu... eu... eu matei eles. Eu... eu matei eles. Eu explodi uma base militar. Sou uma assassina.

Como da última vez o pânico de Lisa começou a afetar o ambiente a sua volta.

—Posso te ajudar. Se me deixar.

—Não posso confiar em você, mas sei em quem eu posso confiar.

—Quem?

—A equipe da minha mãe. A minha mãe, ela morreu não é?

—Sim. Infelizmente sim.

O atirador.

—Eu matei ele. Sabia o que estava fazendo e sabia que era real. Eu queria matá-lo. Então matei e não senti absolutamente nada. Só raiva, sem remorso. O mesmo vale para os soldados russos.

Ela parecia estar pensando, se analisando.

—Agora parando para pensar, não sinto remorso de ter matado o general, mas os outros... ai é diferente. Vamos precisar de roupas já que eu queimei as minhas. E tivemos que deixar tudo pra trás.

—Perfeitamente justo.

P.O.V. Beverly.

Nós fizemos compras. Á quanto tempo não fazíamos compras?

Mas, desta vez foi diferente. Compramos camisetas, calças Jeans, tênis, botas. Roupas práticas. Lisa pagou tudo em dinheiro.

—Todos prontos?

—Sim. Só falta uma coisa que quero fazer.

—O que?

Perguntou o Jeremy. E em resposta Lisa pegou seu caderno de desenhos e entrou num estúdio de tatuagem.

—O que ela vai fazer lá?

—Meu palpite? Runas.

—Runas?

P.O.V. Lisa.

Sempre quis fazer tatuagens das runas dos Shadowhunters. Mas, sempre fui menor de idade e nunca tive coragem.

—Boa tarde. Em que posso ajudar?

Perguntou a mulher de cabelo azul e o corpo todo coberto de tatuagens coloridas.

—Eu quero me tatuar.

—E é a sua primeira?

—Sim.

—Tenho alguns desenhos aqui que você pode...

—Não. Eu já sei o que eu quero. Aqui.

Disse estendendo meu caderno de desenhos para ela.

—E qual delas você quer?

—Todas elas.

—Tem certeza?

—Tenho.

Tirei as minhas roupas, ficando só de roupas íntimas. E especifiquei onde eu queria que ela tatuasse cada uma delas.

—Manda ver.

P.O.V. Gisele.

Sou tatuadora a muito tempo, mas nunca vi alguém se tatuar pela primeira vez na vida, pelo corpo todo tudo de uma vez e ficar com essa cara de paisagem que esta menina está fazendo neste exato momento. É como se ela não estivesse sentindo nada.

Levaram duas horas, mas eu acabei.

—Prontinho.

—Quanto ficou?

—Duzentos.

Ela pagou em dinheiro.

—Obrigado Gisele.

—Eu não te disse o meu nome.

—Tá escrito no crachá.

Oh! Que paranoia.

—Obrigado por vir.

—Disponha.

P.O.V. Lisa.

Eu tenho alguns truques também. Eu a fiz esquecer de mim, do meu rosto, meu cabelo, minha voz.

Então, coloquei a roupa de volta e voltei para o carro.

—Você se tatuou inteira?

—Sim.

Agora estamos á caminho do laboratório da minha mãe. A Doutora Josette Kim é a responsável, quando chegamos estava tudo exatamente como eu lembrava.

—Tia Jo? Tia Jo?

—Lisa? É tão bom ver você querida. Soube do incêndio, encontraram o cadáver da sua mãe. E quem são vocês?

—Essa é minha melhor amiga, Beverly. E essa é a Doutora James e aquele é o Jeremy Peterson.

—Porque todas essas bandagens? Está ferida?

—Oh, certo. Sinto muito.

Tirei os curativos, as tatuagens já estavam cicatrizadas.

—Meu Deus! Você ás fez não faz nem cinco horas.

—Eu sei. Posso controlar meu metabolismo, posso controlar meu próprio corpo, todo ele. Preciso que me examine tia Jo. Eu dormi e matei um monte de gente. Pensei que fosse um sonho, mas não era.

—Tudo bem. Temos um novo equipamento, um eletrodo sem fio. Vai medir as suas ondas cerebrais enquanto dorme.

A tia Jo e a equipe dela ligaram toda aquela aparelhagem em mim. Me colocaram num quarto.

—Boa noite querida.

—Boa noite tia Jo.

P.O.V. Doutora Kim.

É realmente impressionante. O equipamento indica que Lisa está dormindo, mas ela está caminhando, falando e o cérebro dela não desligou completamente.

—Inacreditável!

—Ela acaba de entrar no sono R.E.M.

Então, suas ondas cerebrais ficaram mais altas de repente, um pico. Lisa caiu no chão, escorregou pela parede. Estava assustada, seus batimentos estavam alterados.

—Mamãe! Mamãe!

Lisa começou a destruir os equipamentos. A botar fogo no laboratório.

—Lisa! Lisa!

Fui atacada. Lançada longe pelos poderes telecinéticos de Lisa, ela não sabia que eu era eu.

—Quando Lisa dorme sua parte consciente e inconsciente se fundem.

—Você assassinou a minha mãe e eu vou te matar por isso.

Ela começou a levitar, suas mãos estavam em chamas.

—Você vai queimar desgraçado por assassinar a minha mãe!

Eu teria sido incinerada se o garoto não tivesse entrado no caminho.

—Lisa! Lisa, você está sonhando. Está dormindo. Está tendo um pesadelo.

—Eles não assassinaram minha mãe?

—Você sabe quem sou eu? Com quem está falando?

—Jeremy.

—Bom. Isso é bom. Sou eu.

—Eles não assassinaram a minha mãe?

—Sim. Sim sua mãe foi assassinada por um franco atirador russo, mas ele está morto. Você o matou. Cortou a cabeça dele fora.

—Bom.

—Sabe onde está?

—Em casa. Eu vejo o corpo dela no chão.

—Não. Você não está em casa, estamos no laboratório. O laboratório da Doutora Kim.

Ela começou a se acalmar, a descer, as chamas começaram a apagar.

—Você não é um espião não é? Foi outro sonho.

—Sim. Foi. Foi outro sonho.

Menino, ai é que o fogo acendeu mesmo.

—Mentiroso! Vou atirar bolas de fogo em você e te afogar em ácido!

Disse Lisa atirando bolas de fogo no garoto. Felizmente ele se esquivou.

—Nada vai te livrar da responsabilidade pelo o que você fez! Você me iludiu, você mentiu pra mim. Você me enganou.

A raiva foi virando tristeza. E o fogo apagou. As habilidades de Lisa sempre tiveram uma linha direta com suas emoções.

Então... ela apagou. Dormiu como uma pessoa comum.

—Bom, parece que isso não vai mais acontecer. O inconsciente deixou sair tudo o que ela reprimiu.

O laboratório ficou destruído, mas pelo menos ninguém saiu ferido.

—Tem alguém ferido?

—Ela me queimou. Felizmente não foi tão feio.

Lisa dormiu por três dias direto. Quando ela acordou, comeu e viu a perna de Jeremy.

—Parece que eu acertei.

Ela se aproximou dele.

—Relaxa. Eu sou... realmente uma tola.

P.O.V. Jeremy.

Ela removeu delicadamente os curativos.

—O que está fazendo?

—Eu posso controlar o corpo dos outros, lembra?

Lisa se quer tocou em mim, apenas olhou para o ferimento e eu senti a cicatrização. Assisti atônito uma queimadura de terceiro grau cicatrizar em segundos. O ferimento sumiu sem deixar vestígio.

—Porque me curar?

—Porque não? Minha mãe não me criou para ser uma arma, ela não queria isso. Queria que eu usasse o meu poder para ajudar as pessoas, curar, salvar. Não para destruir. Admito, cometi uns erros no caminho, matei uns soldados e joguei bolas de fogo em você. Mas, você mereceu.

A expressão no rosto dela era de deboche.

—Como você curou o meu ferimento?

—Você é feito de células. Células estão vivas, elas reformam, deformam, transformam. Não faz diferença. Mandei as suas células reformaram e pronto. Todo D.N.A. é igual só o que muda é a organização celular. A maneira como as células se organizam. Um lagarto e um ser humano tem mais em comum do que você pensa. Cães, gatos, lagartos, lagartixas, aves. Não faz a menor diferença.

—Está me dizendo que nós e todos esses bichos somos iguais?

—Basicamente. Os impulsos elétricos que você tem no seu corpo, eles também tem, o D.N.A. As células se agrupam e formam uma teia de comunicação gigantesca, maior do que a internet. E esta teia por sua vez forma a matéria. Nada é sólido de verdade. As células se reúnem, assumem uma forma, se deformam, reformam como eu já disse não faz diferença. É tudo igual. Os seres humanos se consideram tão únicos e especiais que basearam toda a sua teoria de existência em sua singularidade.

Ela pegou um lápis e o lápis flutuou.

—Um é sua unidade de medida, mas na verdade não é. Não existem números, nem letras. Nós enquanto humanos codificamos nossa existência em números e letras e leis matemáticas para esquecermos sua insondável e imensurável escala.

—Lisa?

—O que?

—Se os humanos não são a unidade de medida e o mundo não é governado por leis matemáticas, o que governa tudo?

—A única coisa pela qual vale á pena lutar, matar. A coisa que vocês sempre querem, mas nunca tem o suficiente. Tempo. O tempo é a única unidade de medida real, o tempo da legitimidade é a prova da existência da matéria, da nossa existência. Sem ele, não existimos.

Era um raciocínio louco.

—Loucura e genialidade são características muito frequentemente encontradas na mesma mente. Quando Pitágoras disse que a Terra era redonda, acharam que ele era doido. E ele estava certo. Quando Copérnico disse que a Terra girava em torno do sol e não o contrário, acharam que ele era doido e no fim ele tava certo.

 

 

 


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