Paradise Coast escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 5
Quem eu sou




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P.O.V. Jeremy.

Eu quero saber mais.

—Posso perguntar porque matar os soldados?

—Não foi só matar os soldados. Foi uma mensagem. Você tem alguma ideia do que eles me tiraram? A minha mãe! A avó dos meus futuros filhos! A pessoa que me acalmava quando eu estava com medo! Que me abraçava quando eu estava sozinha! A primeira pessoa que eu admirei! Minha melhor amiga! A única família que tinha me sobrado!

Ver a lágrimas de tristeza nos olhos dela.

—E porque? Para me transformar numa arma? Num monstro? Minha mãe passou toda a sua vida me protegendo dessa gente, ela não queria isso para mim. E se eu for por este caminho vai ser um insulto á memória dela. Mas, não posso deixar eles se safarem. E essa gente? Tem a tendência de se safar de tudo. Acham que seu dinheiro pode comprar o mundo. Talvez, mas não pode me comprar.

Os cabelos ruivos dela estavam molhados do chuveiro, o choro dela era compulsivo.

—Sinto muito Lisa.

Eu a abracei e ela me deixou abraçá-la. Senti minha camiseta ser molhada pelas lágrimas.

P.O.V. Lisa.

Eu sei que ele está escondendo algo, mas todos escondemos coisas. Talvez seja algo doloroso, algo que o envergonhe. Não sei. Só sei que ele está me abraçando e tem cheiro de perfume masculino, é bom. Ele é quente e confortante.

Quando finalmente consegui parar de chorar, me soltei do abraço.

—Sinto muito por encher o seu ouvido e molhar a sua camisa.

—Sem problemas.

—Sabe, acho o seu sotaque muito fofo.

Na verdade, eu acho sexy, porém vamos ficar com o fofo.

—Obrigado.

—Esse cabelo ruivo é um farol, melhor mudar.

—Vai tingir o seu cabelo?

—Quem falou algo sobre tingir? Não vou tingir, vou mudar.

P.O.V. Jeremy.

Assisti completamente atônito o cabelo dela mudar, foi do ruivo para o loiro. Como... não tem como descrever com palavras.

—Como você fez isso?

—Impulsos elétricos, cada célula conhece e conversa com todas as outras. Elas trocam mil bites de informação por segundo. Elas se agrupam formando uma enorme teia de comunicação que forma a matéria, as células se agrupam, tomam uma forma, reformam, deformam... não faz diferença. É tudo a mesma coisa. Posso controlar meu próprio metabolismo, ver através das coisas, árvores, paredes, posso ver a energia dentro do seu corpo, seu sangue sendo transportado pelas suas veias. Telepatia, telesinése, vidência, controle mental, posso até mesmo controlar o corpo dos outros.

—Controle mental?

—Projeção, indução, compulsão. Não faz diferença. Eu não sinto dor, calor, frio e se eu quiser nem sinto remorso. Eu matei o atirador por raiva e não sinto remorso, matei aqueles soldados por vingança e não sinto remorso. Ainda assim, posso sentir tudo. A rotação da Terra, o ar, a gravidade, posso ver as linhas de comunicação, me conectar com qualquer frequência que eu quiser. Não precisava matar os soldados russos, poderia tê-los feito se matar, mas eu queria matá-los.

O jeito que ela falava era como se não sentisse nada. Total indiferença.

—Mas, o que você gosta de fazer?

—Ler, gibis, revistas e artigos científicos, resolver equações, ouvir música, cantar, dançar, lutar, surfar, mergulhar, nadar.

—Bastante eclética. Personagem favorito?

—Tenho mais de um.

—Diga.

—Katniss Everdeen, Beatrice Prior, Katherine Pierce, Clary Fray. Adoro a Clary Fray. Porque ela e eu somos muito parecidas. Ruivas, estonteantemente poderosas, vemos, sentimos e fazemos coisas impossíveis.

—Você não é mais ruiva.

—Por enquanto. Você devia dormir, está cansado. E você está a salvo. Sei que está com medo, de mim. Não tenha.

Dormi. Porque estava exausto, o minúsculo quarto de hotel, a cama dura e desconfortável. Mas, estava tão cansado.

Lisa Carlton é a pessoa mais complexa que já conheci. Também, pudera.

Quando acordei minhas costas doíam. Lisa passou por mim e acenou com a mão. E pronto. Não estava mais com dor.

—Melhor?

—Sim. Obrigado.

—Vamos tomar café, pagar a conta e sair. Vou acordar a Bev.

Quando a amiga a viu, ficou surpresa.

—Você tá loira!

—Estou. Quer que eu mude o seu também?

—Não, obrigado.

Tomamos café em silêncio. Era um silêncio desconfortável para mim. Queria saber mais.

Quando ficamos só eu e Beverly. Comecei a fazer perguntas, mas não podia ir com muita sede ao pote ou começariam a suspeitar de mim.

—Como é possível alguém ser tão sensível e ao mesmo tempo tão fria?

—Lisa é uma pessoa complicada. Acho que ela é a pessoa mais complexa do mundo. Depende das circunstâncias. Mas, a coisa boa é que quando ela se importa, se importa verdadeira e profundamente. Ou ela se importa ou ela tá pouco se fodendo.

 


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