Paradise Coast escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 20
Paradise parte II


Notas iniciais do capítulo

https://youtu.be/NkpQsmAkAVw-Khan canta.
Emir é um tipo de pássaro que existe em Astória, mas não na Terra. E eles estão em Zênite.



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P.O.V. Elisa.

É estranho ter uma filha de vinte e poucos anos, já ter feito amor com este mesmo homem e ainda assim... perder sua virgindade de novo. Eu senti falta de estar assim. De me sentir amada, aquecida.

Estar deitada no peito dele, ouvindo seu coração batendo. Acho que vai levar um tempo para eu me acostumar a vê-lo assim pálido com os olhos azuis fluorescentes.

Ouvi-o começar a cantar. Não conhecia aquela música, mas tenho certeza absoluta que é inglês.

—Lisa acha que você é solitário. Você está feliz?

—Estou feliz neste exato momento, nos braços da minha amada Doutora humana trazida de volta da morte.

Eu ri.

—Ainda não acredito que uma coisa assim seja possível. Tudo isso.

Estava em outro planeta em um quarto com uma inteligência artificial que o controlava e era comandada pela voz de seu ocupante. Todos esses vestidos e acessórios diferentes, povos, uma sociedade. É inacreditável.

Então um guarda vem correndo, gritando alguma coisa e tenho quase certeza que é sobre a Lisa. Nos levantamos, corremos, socorremos ela e felizmente ela voltou a si.

—Ai Graças á Deus!

—Apesar das partes constrangedoras, é bom estar de volta.

—Claro que é.

Eu tinha que perguntar ao Khan se ele tinha... bem, considerando este corpo que eu habito devem saber do que estou falando.

—Você quer saber se ele me clonou.

—Como você...

—Clonou?

—Sim. Clonei.

—Humanos?

—A mesma composição genética de agora.

—Ótimo. Porque, a verdade é que... eu gosto de ser uma híbrida. E á propósito, como eu não fico grávida?

—O que?

—Métodos contraceptivos?

—Oh, sim. Isso. Não se preocupe, você não ficará grávida.

—E como você sabe?

Sim, como ele sabe?

—A sua presença de quarto cuidou disso.

—Como?

—É uma substância que você inalou durante o ato.

—Mas, eu não inalei nada!

—É incolor e inodora. Impede a fecundação.

P.O.V. Lisa.

Eu fui drogada por uma Inteligência Artificial?!

—Eu fui drogada por uma Inteligência Artificial?! Que merda! E se ela me faz inalar essa coisa, como algum dia eu vou ter um filho, se toda vez que eu transar vou ter que inalar sei lá o que é isso ai?!

—Você terá que ordenar que Sandy não use o método contraceptivo.

—Ótimo. Agora eu tenho uma babá eletrônica literalmente! Um mundo controlado por máquinas! Parece a droga do Exterminador do Futuro!

Eu sai soltando fogo pelas ventas. Meu, como eu to pistola.

Andei pelos enormes e longos corredores do Palácio, andei, andei e andei até... me perceber que estava mais calma e perdida.

—Ótimo, agora eu estou perdida. Literalmente.

Me sentei numa mureta e respirei fundo. E comecei a cantarolar uma música qualquer.

P.O.V. Felicius.

Estava retornando aos meus aposentos após uma revigorante caminhada quando ouço um som que nunca ouvi antes. Era uma canção e como era naquela língua que apenas cinco pessoas neste planeta sabiam falar, presumi quem cantava.

Então, eu a vi de pé dançando, rodopiando no balcão. Mas, ela parou e olhou para o horizonte, para as luas. Debruçou-se sob ele perdida em seus pensamentos que eram um mistério para mim.  Apoiou a face, sob a mão. Os cabelos brilhantes cor de fogo com cachos bagunçados e o traje branco como as penas duma Emir.

Então, ela começou a falar.

—Ai que vida mais louca. No começo do ano tudo com o que eu tinha que me preocupar era ir á faculdade, passar nas provas e servir mesas no café, mas agora? Agora sou uma Princesa e tenho todas essas pessoas dependendo de mim. Sinto falta do sol, da praia, do mar. E até da areia que grudava no meu pé toda vez que eu saia da água, lembro como eu achava irritante, como era áspera e incômoda. Como eu reclamava de ter que tirar o sal do cabelo, mas agora? Daria tudo para voltar e ver o mar de novo, surfar, nadar, catar conchinhas na beira do mar. E quanto á aquele sobrinho da Rainha?

Oh, ela estava falando de mim.

—Ele é um gato, mas... estava só me usando para obter vantagem. Mas, se eu perdoei o Jeremy... não deveria perdoar o Felicius também? Talvez ele só... estivesse perdido, sozinho, foi influenciado pela Una ou sei lá.

Perdoar. Em inglês quer dizer absolver da culpa, conceder anistia.

—Você me perdoaria?

Ela se assustou, mas olhou pra mim.

—Você queria fazer aquilo? Foi cúmplice da sua tia ou foi só um peão na mão dela?

Tirei a minha capa e escalei o parapeito do balcão.

—Tá louco?! Vai cair dai e se matar!

—Sou melhor atleta do que pensa.

Ela me ajudou a terminar de escalar.

—Estava me espionando, me escutando detrás da porta é, seu sem vergonha?

Perguntou rindo.

—Eu estava retornando aos meus aposentos, mas o que você está fazendo aqui?

A bela Khalissa, fechou seu estranho casaco cruzando os braços sob o mesmo e sentou-se dizendo:

—Eu... descobri que a Inteligência Artificial do meu quarto, Sandy me fez inalar contraceptivo sem eu saber, fiquei... pistola da vida com isso e sai andando. Ai eu me perdi.

Então a voz ecoou pelos corredores.

—Khalissa!

O cabelo dela estava amarrado ainda que solto.

—Semi-preso.

—O que?

—O meu cabelo tá semi-preso.

—Senhorita! Lisa!

—Eu tenho que ir.

Ela tentou sair e vi que seu enorme casaco de seda arrastava no chão.

—Não é um casaco, é um robe. E... estou de pijama na frente de um cara, que vergonha.

Eu a segurei, segurei sua mão.

—Espere, não vai me deixar aqui sem uma resposta vai?

—E... qual seria a pergunta?

—Me perdoa?

—Você não respondeu a pergunta anterior.

—Admito, planejava destronar você, mas você não é nada do que minha tia disse que seria.

—Isso é bom?

—É.

—Bem, obrigado então. E você está perdoado.

Ela tentou sair de novo.

—Vai simplesmente deixar-me aqui? Tão insatisfeito?

—O que acha que eu sou, uma prostituta? Mas, só por mera curiosidade que tipo de satisfação você teria esta noite de mim?

—Um beijo.

Os passos ficaram mais altos, os saltos dos sapatos batendo no piso e a voz junto com eles.

—Khalissa?! Minha Senhora?

—Ai Misericórdia! Se ela me acha aqui, com você e com essa roupa ainda por cima... vai tirar todas as conclusões erradas!

Disse em pânico, virando a cabeça olhando para trás e então para mim.

—Ai Romeu e Julieta versão Alienígena. Que seja.

Então, ela concedeu-me meu pedido, mas não como eu esperava. Um beijo, mas na bochecha. E saiu correndo, os pés descalços. Enquanto corria seu robe se movia como uma cascata d'água, seus cachos cor de carmim pareciam flutuar assim como ela.

—Isso pode ser apenas um sonho, muito lisonjeiro e doce para ser real. Á qualquer momento posso acordar com Una gritando em meus ouvidos.

De repente me veio a mente uma frase que ela usou. Romeu e Julieta, versão alienígena.

—Romeu e Julieta? E quem pelos Deuses seriam estes?

No momento em que entrei em meus aposentos, procurei no banco de dados.

—Computador, pesquisa.

—Modo pesquisa selecionado. Por favor, diga o assunto e ou objeto de pesquisa.

—Romeu e Julieta.

—Por favor, aguarde pesquisa em andamento.

Quando acabou não podia ter ficado menos satisfeito com o resultado.

—Lamento, não há referências no banco de dados.

P.O.V. Lisa.

Felizmente eu encontrei a Magdalia antes que ela me achasse conversando com o Felicius.

—Onde esteve?

—Eu comecei a caminhar e me perdi.

—Certo. Vamos, você tem de se trocar para sua aula de auto-defesa.

—Certo. Posso ao menos comer?

—Sim, é claro.

Me troquei, tomei café e fui me encontrar o Philias, o treinador real. Chefe dos exércitos. Ele me ensinou golpes novos e como usar as armas de plasma.

—Seus golpes da Terra são uma vantagem para você. Nenhum Zenetiano ou Astoriano conhece.

—Obrigado Philias.

—De nada, Vossa Alteza.

Treinamos por meio ciclo, isso é... duas horas. Até eu ter outro compromisso. Aulas de etiqueta.

Sentar corretamente, usar os talheres certos para cada tipo de prato, dançar as danças típicas dos dois planetas. Zênite e Astória.

Pelo o tanto que meu cabelo cresceu acho que já estamos aqui a uns dois meses. Depois de um dia cheio, voltei para o meu quarto e deitei na minha cama.

—Agora eu me deito para dormir, se eu morrer antes de acordar... peço ao Senhor para minha alma guardar.

Disse pouco antes de apagar. Sonhei que estava na praia, pegando onda, tomando sol, dançando no estúdio de balé.

Então, eu acordei. E lá estavam as luas e aquele céu que não era azul.

—Malditas luas estúpidas. O sol é mais bonito, ele é quente e radiante, vocês são só... idiotas.

Ai eu percebi. Eu estava cansada desse planeta. Queria ir pra casa.


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