A fotógrafa (Dastan e Tamina) escrita por Lydi


Capítulo 8
Capítulo 8 - Mulher acorrentada


Notas iniciais do capítulo

Beta: Cici1971



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Início do Flashback:       

A jovem fotógrafa ainda não acreditava que estava fazendo estágio na empresa dos seus sonhos, a Alamut News. Tudo graças ao seu esforço, dedicação e apoio do seu namorado. Ele apoiou sua carreira desde quando eram apenas amigos no ensino médio e começaram a namorar na faculdade.

Após trabalhar em um evento de gala, Tamina foi chamada na sala do chefe que queria conhecer a dona das fotos que o surpreendeu. Ela então entrou na sala nervosa e encarou o homem que estava distraído fazendo algo no computador. "Bom dia, o senhor mandou me chamar?" Disse firme tentando não mostrar nervosismo.

Kosh olhou para direção daquela voz e seus lábios se separaram já que a beleza da jovem ia além do comum. Rapidamente se levantou para guiá-la até um assento. O empresário ficou um longo tempo conhecendo sua nova funcionária, dona de um sorriso encantador. Imediatamente providenciou algumas papeladas e logo a contratou. A moça se encheu de alegria e ganhou o resto do dia de folga para comemorar essa vitória. Correu para o carro a fim de fazer uma surpresa para o namorado e comemorarem juntos.

A morena abriu a porta de sua casa devagar, sem fazer barulho, tirou o salto e caminhou na ponta dos pés. Logo notou que o ambiente estava bagunçado, alguns cigarros recém tragados na mesa de centro e em um deles com marcas de batom. Havia também algumas peças de roupas espalhadas pelo caminho. Respirou fundo, subiu as escadas e viu a porta de seu quarto semiaberta de onde podia se ouvir alguns ruídos de prazer sexual.  Enquanto sua mente dizia para não ir, seu corpo a levou automaticamente para testemunhar o que sua mente não queria aceitar. Lá estava o rapaz que namorava há tempos com outra mulher.

Tamina engoliu em seco, levando uma das mãos até a boca para se impedir de chorar. Desceu correndo as escadas, pegou a bolsa e saiu pela porta a batendo com toda a força que tinha.

Tendo que lidar com a separação, ela começou a notar o assédio de seu patrão. Ele sempre vinha com presentes, palavras de sedução e a segurava pelo braço nos corredores da empresa. A bela fotógrafa tentava fugir de tudo isso e conhecendo sua fama com as mulheres, sabia que iria ser só mais uma de sua lista e não queria se rebaixar a isso. Porém, quanto mais o ignorava, mais o homem se sentia atraído.

Fim do flashback

A jovem moça acordou no meio da noite com um pulo, corpo suado e lábios secos. Novamente sonhara com aquela sala e as mãos grandes daquele bárbaro sob seu corpo. Embora não tivesse acontecido, em seu sonho Kosh sempre tentava dominá-la e em muitas vezes ele conseguia tê-la. Aquelas palavras malditas ficavam ecoando em sua mente "Se você abrir a boca eu mato você." Desde então, suas noites eram assim. Sempre os mesmos pesadelos com o mesmo homem a ameaçando e tentando agarrá-la a força. Tamina então chorou alto com os joelhos dobrados até o queixo e lágrimas escorrendo pelo rosto.

Com receio de voltar a dormir e ter novamente aquele maldito pesadelo levantou-se. Resolveu colocar uma calça legging, tênis e vestiu um casaco. Ainda estava escuro, mas era o horário de muita gente ir trabalhar. Decidiu então caminhar para distrair a mente. Colocou o fone de ouvido e selecionou sua playlist de Tears for Fears. Ao som de sua banda favorita começou a caminhar. Era algo que não fazia há muito tempo. Começou com leves corridinhas pelo Parque Holland. O vento soprava gelado naquela manhã e ainda bem que estava bem agasalhada. O parque era um círculo e seus passos logo foram se acostumando com a rota.

A morena fechou os olhos quando a música chegou ao refrão. Nesse momento, distraída com a letra, foi puxada pelo braço de forma generosa. Imediatamente abriu os olhos assustada com a ação.

"Calma, sou eu."

"Dastan?" Ela respirou profundamente tentando se recuperar do susto. "Tá me seguindo?"

"Não! Sempre venho caminhar aqui na praça antes de ir trabalhar. Aquecimento... Eu trabalho ali, esqueceu?" O moreno apontou para a academia do outro lado da rua. "Desculpa se eu te assustei. Quando te reconheci, lhe chamei várias vezes e você não ouvia."

"Fones." Respondeu sorrindo.

"Nunca te vi caminhando por aqui." Disse surpreso enquanto alongava o braço.

"Eu não tenho esse hábito. Hoje foi uma exceção."

"Posso te acompanhar?" Perguntou se posicionando ao seu lado.

"Se eu disser NÃO você vai me acompanhar de qualquer maneira." Tamina começou a caminhar e o belo rapaz a acompanhou se mantendo no ritmo para ficar ao seu lado.

"Conheço uma pista boa para caminhar" ele a guiou para uma faixa a fim de atravessar a avenida.

"Você aprendeu a geografia da cidade?" Perguntou surpresa em um tom brincalhão.

"Talvez… Vamos!" Dastan segurou a mão dela puxando-a para atravessar a faixa antes que o sinal abrisse. Assim que eles chegaram do outro lado ela notou que ele ainda a segurava fazendo-a se sentir segura e se esquecer dos problemas que a assolavam.

"Como é ter o emprego que todo homem sonha ter?" A morena resolveu provocá-lo para quebrar o silêncio.

O moreno riu pensando no que ela exatamente queria dizer. "Eu sou instrutor nessa academia e dou aula para um grupo de pessoas. E sim, a maioria são mulheres" disse revirando os olhos sabendo que não podia negar isso. "Sou personal de um atleta daqui de Londres, por isso decidi vir para cá com meus irmãos. Tus e sua família queriam fugir dos assédios dos fãs americanos e Garsiv gerencia uma empresa aqui." Ele viu a mão dela se separar da dele e não conseguia entender porque Tamina sempre levantava um escudo para não se aproximar. Continuaram então caminhando lado a lado e o americano aproveitou a oportunidade da pergunta para provocá-la também.

“E você? Deve amar o que faz não é?” Dastan arqueou uma das sobrancelhas.

“O que você quer dizer?” Ela perguntou parando a caminhada.

“Ah, eu vi as fotos em sua parede, aqueles modelos…”

A britânica o interrompeu “Isso é trabalho e sou bastante profissional. Não pense que eu ataco os modelos depois da sessão de foto.” diz asperamente.

“Eu não pensei isso.” Ele voltou para o lado dela “Só quis brincar com você. Também levo meu trabalho a sério…” Como não obteve resposta, resolveu não continuar mais com essa conversa.  “Quero saber se vai estar livre hoje à tarde.” perguntou enquanto examinava o rosto surpreso dela por conta da pergunta.

“O que pretende?” A morena indagou boquiaberta e Dastan percebeu que não expressou exatamente o que queria dizer e logo procurou se justificar.

“O que eu quero dizer é que eu tenho algo para te mostrar” Na verdade queria presenteá-la, mas a conhecendo sabia que se dissesse isso ela iria recusar. “Envolve o seu trabalho.” Respondeu antes que fosse questionado. “E também preciso cumprir o desafio que me propôs, lembra?”

“O que? achei que você tinha esquecido ou estava brincando.” Diz revirando os olhos para ele e ganhando em troca um sorriso de sua parte.

“Não mesmo.” Respondeu rindo de sua reação. “Então, vai estar livre?”

A fotógrafa cruzou os braços sob o peito, levantou uma sobrancelha e acenou com a cabeça. O moreno amava o seu jeito debochado de confirmar as coisas.

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A jovem inglesa olhou pela janela que tinha vista para a rua e encarou o céu nublado se lembrando da previsão que passara na TV hoje cedo. Seria um dia de chuva forte na cidade e os avisos eram para ficar em casa.

Sentada ali, sozinha como sempre, fechou os olhos e os pensamentos se dirigiram a Dastan.  Lembrou-se que ele vinha hoje, mas com o céu parecendo que o mundo iria acabar, ficou em dúvida. Ela desejou que o moço viesse, no entanto preferiu não alimentar tal esperança.

Ao olhar novamente para a rua, viu um carro luxuoso se aproximar. Era ele... Levantou-se da cadeira e correu para a porta na expectativa dele lhe chamar. Quando as batidas vieram, Tamina sorriu, demorando propositalmente para atendê-lo. Ela não queria parecer ansiosa e nem alimentar o ego daquele homem. Na quinta batida, atendeu. “Achei que não estava.”

“Estou aqui” Disse sorrindo e reparou em como ele estava arrumado, de camisa branca, calça social preta, cabelo penteado para trás e uma caixa branca embaixo do braço. “Entre.” o convidou abrindo passagem. “Achei que não viria por conta da tempestade”

"Nesse país vive chovendo… Espera" Dastan parou de falar e ficou sério. "Tempestade?"

"Sim” Ela confirmou rindo. "Foi perigoso ter saído de casa."

"Se preocupando comigo?" o belo rapaz se aproximou da jovem mulher.

"É cautela!"

"Um pouco de preocupação."

"Você é muito convencido."

O homem esticou as mãos com a caixa. "Abra!"

"O que é?"

"É uma bomba!" Zombou "Abra logo."

A fotógrafa pegou o objeto com cautela, desmanchou o pequeno laço que o envolvia e abriu. Um suspiro escapou de seus lábios e os olhos se iluminaram com o presente. "Isto é uma… Polaroid?" Sua boca ficou aberta por um longo tempo.

Dastan nunca a tinha visto tão feliz e seu coração pulou com a visão. Esta foi a primeira vez que sentiu alegria em trazer um sorriso para alguém. O moreno podia ser ele mesmo ao lado dela e temia que não pudesse ser digno dela.

"Onde você achou?"

"Existe uma loja em Nova York que vende todos os tipos de coisas, principalmente antigas. Resolvi ligar para lá e perguntar se tinham uma dessas câmeras que revelam fotos instantaneamente. E eles disseram que tinham uma Polaroid. Então, paguei o frete mais caro para ser entregue o mais rápido possível." Era lindo ver o brilho nos olhos dela.

"Mas espera, por quê…"

"Não começa... Eu não consigo mais olhar para uma câmera e não me lembrar de você. Por favor, aceite o presente sem cerimônia." diz empurrando a caixa para mais perto dela. "Repita comigo O-bri-ga-da!" Disse separando as sílabas.

A moça riu do modo infantil dele, respirou fundo e disse: "obrigada!" Respondeu sentindo as bochechas arderem. "Isso vai para minha coleção."

"Não vai usar?" Perguntou vendo-a caminhar em direção ao seu pequeno lugar de trabalho.

"Usar?" Tamina se virou para o moço.

"Eu estava pensando em uma sessão de fotos com a câmera." Ele se aproximou arrumando a camisa. "Eu serei o seu modelo."

"Oh!" Sua boca abriu em surpresa. "Então, era essa sua ideia?"

"Sim, eu vou te mostrar que isso não é tão difícil. Afinal, foi você quem me desafiou."

A morena fechou os olhos se lembrando vagamente daquelas palavras e logo veio o arrependimento por tê-lo provocado. "Certo, eu vou montar um pequeno cenário com luzes e te instruir." Ela pensou que no final isso poderia ser divertido.

"Como posso ajudá-la?" Perguntou vendo-a correr de um lado para o outro.

"Só me ajude com essas luminárias, pois são um pouco pesadas. Eu vou ajeitar um fundo branco." Dastan pegou alguns tripés que estavam num armário perto do pequeno escritório. Tinha muita coisa de fotografia ali, portanto, pegou com cuidado os objetos para não deixá-los caírem.

O rapaz observou a fotógrafa trabalhar no cenário, deixando o fundo branco e ligando as luminárias de LED fazendo o ambiente ficar mais claro.

Quando tudo estava pronto, eles admiraram o trabalho. "Vamos começar?" Ela perguntou ansiosa para usar a Polaroid. Dastan assentiu e foi para o centro do cenário. "Esse lugar é todo seu, fique à vontade."

"Posso ficar pelado?" ele brincou.

"Como eu disse, esse lugar é todo seu." repetiu sendo séria, demonstrando que é profissional. "Você pode se sentar no chão, usar tudo que estiver perto de você. Mostre-me seu talento, Senhor Modelo." Tamina provocou fazendo-o se lembrar do por que estava ali.

O americano tentou puxar da memória algumas poses que Tus fazia e tentou imitá-las. Sempre quando sentia o flash sob si, rapidamente mudava a posição. Quando ficou sem ideia, pegou os objetos deixados ali e os usou como havia sido instruído anteriormente.

A moça usava sua agilidade para capturar os momentos certos no ângulo perfeito. Ela estava amando fazer aquilo, ainda mais com uma câmera que sempre teve vontade de manusear. Cada clique podia se ouvir um barulho gratificante da máquina expelindo a foto. Logo depois o sacudia no ar para a imagem se formar com mais rapidez.

"Agora, deixe-me fazer uma coisa." Ela sugeriu. Ele observou a fotógrafa correr para uma nécessaire e tirou algumas maquiagens. "Você se importa se eu passar um pouco de base e um iluminador em sua face?"

O moço ergueu as sobrancelhas, surpreso com a sugestão dela e sentou-se na cadeira para ficar na sua altura. “ok”

“Prenda o ar em suas bochechas enquanto eu passo uma base.” Ele fez e Tamina se manteve em uma distância segura não querendo se aproximar muito dele. Passou o pincel no produto e esticou os braços a fim de chegar até o seu rosto. Dastan notara a distância e a puxou pela cintura para se aproximar mais. Seu rosto se encontrou com o decote dela e a proximidade fez sua cabeça girar com seu perfume. “É melhor assim para alcançar meu rosto.”

Ela encontrou seus olhos azuis que eram lindos e hipnotizadores, mas sacudiu a cabeça e começou a maquiá-lo. A jovem era calma e tinha leveza em suas mãos ao passar o pincel. O moreno observava de seu banco as suas sardas e via como aquilo combinava com o rosto dela dando lhe certo charme. Novamente olhou para seus seios que subiam e desciam conforme ela respirava que o faziam desejar beijar aquela pele branca. Tamina então passou o dedo indicador nos lábios dele e depois escorregou para uma cicatriz logo acima de sua barba.

“É por isso que você está rebocando a minha cara? São essas cicatrizes feias?” Ele perguntou enquanto descansava uma mão nas costas dela.

“Se fosse a minha outra câmera não ia precisar de maquiagem, era só editar no Photoshop” as palavras eram brincalhonas e provocantes, no entanto não tinha força em sua voz, pois estava perdida com a proximidade daquele homem.

O rapaz não conseguia rir. Estava próximo demais, bêbado de prazer... Queria beijá-la, morder seu pescoço e tê-la em seus braços... Foi quando seu dedo indicador alcançou o lábio inferior da morena que respirou intensamente nervosa com seu gesto.

“Dastan…” disse enquanto se apoiava em seus ombros. De repente, o ambiente fora preenchido com um grande flash e logo em seguida um estrondo com barulho de chuva; o som ensurdecedor assustou a jovem que se inclinou para cima dele que a agarrou para que ela não caísse. Seus lábios estavam a alguns milímetros de distância.

"Tamina" ele sussurrou seu nome quase para tirá-la do transe e beijar seus lábios, porém não o fez, pois não se achava digno dela e queria sua permissão. Olhou então para os olhos avelãs da moça que o encarou com o mesmo sinal de desejo. “Você me rejeitaria?” perguntou com uma voz cheia de desejo. A fotógrafa ficou paralisada. Ela não viu Dastan, mas sim Kosh, pois foram as mesmas palavras que o maldito usara naquele dia fazendo-a se lembrar de toda a cena da briga que tiveram. Nervosa, empurrou o homem a sua frente fazendo-o cair para trás e correu para o seu quarto trancando-o.  

O moreno se levantou assustado com sua ação e foi até a porta de seu quarto.


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Notas finais do capítulo

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