E eram 13 escrita por Artemis Stark


Capítulo 6
Capítulo 6 - Primeiras horas - Parte 2




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Capítulo 5

Segunda hora – Parte 2

30 de Outubro de 2018

 

Jennifer Bezzoni estava morta.

O grito de Penny morreu em sua garganta e jogou-se sobre o corpo da amiga. Leo levantou-se, todos se afastaram e um silêncio pesado e mórbido pousou sobre todos.

Enrico pegou seu celular, tentou fazer ligação, mandar alguma mensagem avisando sobre o que tinha acontecido, porém, não havia sinal.

— Que estranho – murmurou, mas foi ouvido por todos.

— O que houve? – perguntou Tomas, também segurando o próprio telefone.

— Não tem sinal – os outros convidados pegam rapidamente seus aparelhos, alguns começam a andar pelo ambiente, procurando por qualquer mudança: nada acontece.

Bem vai até a porta e começa a bater com força, chamando pelo velho do lado de fora, mas recebe como resposta apenas o mesmo silêncio que abraçou a todos após a constatação da morte de Jennifer.

Alana foi até as janelas, apesar de conseguir abri-las, grades os prendiam ali dentro. Olhou para fora, mas estava em um andar alto, o som da música chegava até eles e o pátio lá embaixo estava deserto.

— Você é professor dessa merda. O que inventaram? – Leo avançou sobre Noah que recuou alguns passos.

— Não estou sabendo disso. De nada disso – olhou para o corpo inerte sobre o chão, os olhos ainda abertos, mirando o teto em um estado de desespero e dor. Bruno ajoelhou-se ao seu lado e abaixou suas pálpebras. Todos estavam em absoluto estado de choque.

— Precisamos colocá-la no freezer – Lorena falou, encarando a mesa cheia de comida, a taça caída com o líquido mortal pingando sobre o tapete.

— Você é louca mesmo, Larsen – murmurou Samuel.

— Não. Não sabemos quanto tempo ficaremos aqui e precisamos conservar o corpo dela para a família.

— Bruno, ajude-me – Leo pediu, segurando o corpo por baixo dos braços. Seu amigo pegou seus pés – Tem um na cozinha. Colocamos as comidas para fora e deitamos o corpo dela lá dentro. Larsen está certa.

Os dois sumiram pela porta da cozinha, enquanto Alana pegou o copo com um guardanapo. Respirou fundo, porém, o veneno era inodoro. Enrolou o copo no guardanapo e deixou-o sobre uma cristaleira.

— Como podemos comer mais alguma coisa depois do que aconteceu? – Giulia perguntou, abraçando o marido. Enrico retribuiu o abraço, depois foi até a garrafa recém-aberta e falou:

— Não toquem em nada que colocarmos aqui – também a pegou com um guardanapo de pano, deixando-a ao lado da taça.

— Parece que o uísque não foi contaminado – Bruno disse, ao voltar. Leo encheu seu copo e voltou a beber, passando a mão pelo rosto. Estavam lá e agora não tinham como sair.

— Será como uma roleta russa – Tomas disse, servindo-se de uma garrafa de vinho que ninguém tinha tocado. Todos o olharam, com a voz presa de que parasse, porém ele foi mais rápido. Ingeriu o líquido rapidamente. Nada se passou.

— Precisamos pensar com calma – Alana disse, sentando-se. Bem surgiu com um copo de uísque que ela bebericou, fechando os olhos com força.

— Está calma porque não foi uma amiga sua. Não foram seus amigos.

— Penny – Leo falou em tom de censura indo até a ex-noiva – Não é hora.

— Não foi uma amiga minha, mas não quer dizer que não me importo, Pagot. Estamos presos aqui, sem celular ou qualquer meio de nos comunicarmos com o lado externo. 

— Alguém, por certo, sentirá nossa falta – Henri disse, sua câmera pendurava desligada pela primeira vez em seu peito.

— Ou não – o olhar distante de Lorena, agora estava repousado no ponto em que Jennifer morreu – Se alguém teve tempo e escrúpulos para organizar tudo isso, sem dúvida pensou em como explicar nossa ausência.

As pessoas não costumavam concordar muito com Lorena Larsen, mas ela estava certa. Do lado de fora, o senhor não estava mais sozinho. Três homens altos e fortes, sem emitir som algum, ocultavam a porta com um dos armários. Nesse mesmo momento, Íris Montezano lia um requintado bilhete que explicava a ausência de alguns estudantes, entre eles os descendentes dos Cinco Originais, alguns estudantes que também tiveram algum destaque em Baxter e Gaigher e Pizzol. Os dois foram os primeiros bolsistas que fizeram com que a cada ano, apenas mais vagas surgissem.

A carta explicava que um dos doares e mantenedores, que gostaria de manter-se anônimo, convidou 13 estudantes para encontrarem-se num local próximo. Uma festa privada que visava estabelecer a paz depois de tantos anos de desentendimentos. Ísis leu e releu a carta, procurou pelos jovens na pista, porém não os achou.

Sorriu brevemente. Sabia que há 10 anos aquele pequeno e destacado grupo havia sido causa de orgulho e vergonha para Baxter. Talvez aquela fosse realmente uma excelente ideia. Olhou para o relógio: 23 horas e 12 minutos.

— Vocês sabem que sala é essa, afinal? – Enrico perguntou, mirando Leo e Bruno. Seu olhar também se dirigiu à mulher e ao amigo.

— Só de ouvir falar – Leo disse tomando um lugar à mesa, afrouxou a gravata – A escola foi construída há alguns séculos, por cinco famílias que foram negadas em outras escolas. Então nossos antepassados, compraram essa antiga mansão com ares de castelo. Com o passar dos anos, a escola foi ganhando fama, famílias ricas da redondeza começaram a inscrever seus filhos, professores viam aqui um lugar de prestígio para lecionar.

— Aos poucos, a mansão foi perdendo seu ar de casa e adquirindo sempre uma arquitetura moderna. Os quartos iam transformando-se em salas de aula, laboratórios – continuou Bruno – quartos escuros para revelação de fotografias e tudo que veem hoje.

— O espaço dela foi ampliado nas últimas décadas, porém, algumas salas ou melhor, quartos – Giulia falou – Nunca foram mexidos, mantiveram-se fechados. Eram usados para reuniões dos fundadores, depois mantenedores, diretores.

— Como essa? – Alana perguntou.

— Sim – Leo respondeu, sem olhá-la – No entanto, ficou fechada por muitos anos. Nas últimas décadas as reuniões foram transferidas para a sala da direção.

— Nem sabia que ainda existia esse espaço – Ben colocou sua mão no ombro da amiga, que o tocou gentilmente.

— Precisamos comer alguma coisa, não tem jeito – Giulia disse. Noah serviu-se de um pedaço de carne e todos voltaram a se sentar.

— Você e Enrico são pais – deu uma mordida e nada aconteceu. Aos poucos, outros foram pegando pedaços de comida e nada mais aconteceu.

Alana, Ben, Giulia, Samuel e Noah começaram a recolher pratos, talheres e taças.

— Sobrou bastante coisa. Vamos deixar essa separada, pois sabemos que não está envenenada.

— Sempre dizendo o óbvio, Pizzol – Bruno provocou.

— Preciso deitar. Minha cabeça está doendo – Penny deitou no primeiro sofá que achou, enquanto os outros terminavam de recolher tudo e levar até a cozinha. Leo pegou as tigelas com comidas e colocou-as na geladeira, organizando-as na primeira prateleira. A cozinha lembrava uma cozinha profissional, havia vários fogões, outras duas geladeiras, dois freezers grandes.

— Pelo menos não vamos morrer de fome ou sede – Leo constatou, depois explicou onde tinha organizado a comida – Precisamos pensar em um jeito de sair daqui.

Na sala, todos procuravam por frestas, portas, janelas que poderiam estar sem grade ou qualquer grade solta. Não havia meio de sair.

— Quem pode ter feito isso? – Tomas perguntou, bebendo um copo de água. Todos os homens já tinham tirado seus paletós e gravata. As mulheres tiraram os sapatos de salto.

— Não sabemos, mas, de acordo com esse bilhete, está relacionado com nosso passado na escola – Alana falou, relendo o bilhete – O que será que significam essas andorinhas? – ninguém respondeu.

O relógio badalou meia-noite, de forma estrondosa, assustando a todos. O cansaço já pesava no ombro do grupo, onde a noite de alegria, dança e reencontro estava se tornando cada vez mais densa.

— Melhor não dormirmos todos ao mesmo tempo – sugeriu Lorena - Posso ficar acordada no primeiro turno, além disso, não há muito lugar para deitar – um resmungo de Penny, fez com que todos olhassem para ela, que se virou no sofá, uma das mãos caindo para o lado.

Tomas deitou-se no outro sofá, enquanto Samuel ajeitava-se numa poltrona. Nenhum dos dois conseguiu pregar os olhos. Enquanto isso, Ben puxou Alana para um canto e disse em voz baixa:

— Precisamos encontrar um jeito de sair daqui. Nossos celulares funcionaram lá fora e agora...

— Agora penso para que um plano tão elaborado? Por que assassinar um de nós nessa festa? Aqui dentro? Quanto ao celular, precisamos procurar onde estão escondidos equipamentos que bloqueiam o sinal – sua feição de seriedade mudou ao observar o amigo – O que foi?

Ben esboçava um pequeno sorriso, orgulhoso daquela que se tornou a pessoa mais especial e importante em sua vida.

— Alana, - a chegada do casal Pizzol interrompeu qualquer coisa que o ruivo diria – pensou em tentar localizar os bloqueadores de sinal, não é?

— Sim, mas a luminosidade aqui não facilidade nem o estado em que estamos. Talvez quando amanhecer... – inclinou a cabeça para o lado, vendo as outras pessoas reunidas em pequenos grupos. Lorena Larsen andava sozinha, atenta a todos os objetos decorativos.

— Vou tentar dormir – Bruno disse, indo até o sofá onde Penny dormia – Levante os pés, Penny. Dê um espaço para mim – assim que moveu o corpo da moça, ela caiu no chão, sem abrir os olhos, sem fazer qualquer som a não ser o impacto seco de seu corpo.

Rapidamente o rapaz inclinou-se sobre ela e pegou seu pulso. Leo já estava ao seu lado, fazendo a mesma ação com o outro braço da moça.

— Não me digam... mas como? – Noah indagou, sentindo um frio percorrer seu corpo.

— Afaste-se, Bruno – Leo pediu e começou a olhar o corpo da mulher. Alana e Enrico aproximaram-se – Vejam – falou, encontrando a ponta de uma pequena agulha no pescoço.

— Estava escondida no sofá. Poderia ser qualquer um de nós – Alana falou, aproximando-se do estofado. Bruno passou a mão pela cabeça e foi em direção ao banheiro, sentindo-se mal, sentindo-se sem chão.

Enrico passou a mão pelo ombro da mulher que segurava a mão de Ben. O mais completo e pesado silêncio caiu novamente sobre eles. Apenas o tique taquear do relógio era ouvido.

Faltam onze....

A voz surgiu alta e forte, Bruno apareceu com o rosto úmido, assustado pela frase.

— De onde veio essa merda? – olharam ao redor e notaram as pequenas caixas de som. Logo uma música começou a tocar, fazendo com que Lorena, Giulia e Tomás levassem as mãos até os ouvidos.

— QUE MERDA É ESSA, SEU FILHO DA PUTA! – Leo gritou para uma das caixas.

— Essa música – Ben começou a falar e todos olharam para ele – É a trilha do filme...

— Sexta-feira 13 – finalizou Alana.


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