E eram 13 escrita por Artemis Stark


Capítulo 5
Primeira hora - parte 1




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Capítulo 5

Primeira hora – parte 1

30 de Outubro de 2018

 

Alana Gaigher

Vê-lo fez com que o passado voltasse a atormentá-la. Ela já sofria com isso cotidianamente, mas tê-lo ali, tão perto... Era um castigo. Sentia raiva pelo passado, sentia raiva por ter que encontra-lo novamente.

Sempre elegante em suas roupas escuras. Os cabelos, mais longos que se lembrava, caiam de um jeito desajeitado e sensual. Os lábios finos, o corpo esguio. Os olhos cinza. Mesmo de longe podia identificar o que aquele tom significava.

— Você não pode partir, Alana.

— Quanto tempo, Leo? Por quanto tempo vamos viver assim?

— Mais alguns meses – Ele falou, segurando-a. Olhando-a – Por favor, mais alguns meses...

— Sabe que há outra alternativa.

— E você sabe que não posso arriscar – Leo encostou a testa contra a dela – Não posso arriscar te perder.

E Alana cedeu. Nos olhos dele havia paixão... e luxúria. Entregou-se ao beijo. Entregou-se a ele.

Fechou os dedos com mais força contra a pequena bolsa quando viu que ele deu alguns passos em sua direção, mas logo o ódio tomou conta de si ao ver Penny Pagot aproximando-se dele. Levantou o queixo e sumiu na multidão.

Alana procurou por Giulia. Um toque delicado em seu braço fez com que parasse.

— Desculpe, senhorita Gaigher.

— Pois não?

— Tenho um recado para a senhorita. – ela recebeu o mesmo envelope, analisando o emblema na cera.

— Quem... – ela começou, mas parou. O garçom já tinha sumido.

Enrico PIzzol

Pegou o envelope e o abriu.

“Senhor Pizzol,

O senhor é convidado para participar de uma ceia especial que será realizada na ala norte da escola. A ceia será servida às 22 horas.

Siga o mapa e mostre essa carta na entrada”

— O que é isso, Enrico? – Giulia perguntou, lendo a carta que lhe era destinada.

— Eu não sei. Não fui informado sobre essa ceia – respondeu.

— Será que mais alguém recebeu? – A pergunta dela foi respondida pela chegada de Alana, que trazia o mesmo envelope na mão.

Enrico olhou para as duas: aquilo não parecia ser um bom sinal...

Lorena Larsen

— Sem dúvida está relacionado com o jornal do meu pai... – falou, tentando entender por que ela tinha recebido uma carta e seu noivo, não.

— Bom, eu sou seu noivo. Posso tentar entrar. Eu te acompanho. – Raul afirmou.

A ala norte ficava separada por um longo corredor todo envidraçado – a sala dos troféus. Alguns archotes iluminavam o espaço, dando o tom da festa das bruxas. No fim dele, uma grande porta de madeira. Um homem velho e encarquilhado olhou para os dois.

— Convite.

— Apenas ela tem o convite, mas como eu...

— O convite é válido para uma pessoa. Sem convite não entra. – Ele voltou o olhar para Lorena – Basta passar pela porta segurando a carta, senhorita Larsen – o velho falou em um tom monótono.

Lorena olhou para a porta. A aldrava de metal tinha o formato da imagem gravada na cera do envelope: três andorinhas. Deveria ser resultado das últimas reformas, pois nunca tinha visto aquilo nos anos que estudou em Baxter.

— Espere por mim em casa, Raul.

— Mesmo? Eu posso ficar aqui – Ele falou, sorrindo. Lorena sorria também.

— Curta a festa. Nos encontramos em casa, meu amor.

Eles despediram-se e ela girou a maçaneta, entrando na sala.

Jennifer Bazzoni

— Ei! Seu velho! Abra essa porta IMEDIATAMENTE! – A loira berrava, batendo com força na porta de madeira – Isso é alguma brincadeira de mau gosto?! Não foi falado nada sobre ficar preso nessa porcaria! Eu quero...

Ela interrompeu-se ao ver a porta se abrindo.

— Bazzoni?

— Larsen? Era o que me faltava! A louca caçadora de bichos nojentos! – Exclamou, exasperada - Alguém sabe o que está acontecendo?

Jennifer ajeitou os cachos loiros e olhou a figura calada de Bruno Zanatta. Lembra-se dos tempos de escola, de que ficaram juntos, mas o homem seguiu outros caminhos.

— Não sei o que está acontecendo. Apenas recebi...

— Sei, sei – a outra cortou, impaciente. Jennifer fez um gesto para que Lorena se calasse – Acontece que estamos PRESOS aqui.

— Não estamos presos, Bazzoni. A ceia deve começar quando todos os convidados chegarem. Sirva-se de algo e cale essa boca!

Jennifer olhou com raiva para Zanatta, mas foi até a mesa, sentando-se.

— Um absurdo... Onde estão os outros convidados?

Samuel Fardin

— Alguém falou com você sobre isso, Tomas?

— Não, ninguém. Aliás, essa área estaria fechada para os convidados. Deve ser alguma surpresa planejada pela diretora – Fardin concordou, embora estivesse sentindo-se inquieto.

— Bom, - ele falou encarando a porta – só tem um jeito de saber – os dois entraram pela grande porta.

A primeira coisa que ouviram ao chegar, foi uma exclamação um tanto aguda:

— Finalmente! –  berrou Jennifer - Quem sabe quando todos chegarem esse jantar começa?

Ambos olharam para a mulher.

Samuel reparou que além dela havia Lorena, sorrindo; Pagot, que tamborilava os dedos sobre a mesa e, por último, Bruno Zanatta e Leo Malta, que estavam em pé, junto ao bar, bebendo uma dose de uísque de fogo.

Ben White

Ben caminhou até encontrar com os amigos. Ele xingava e amaldiçoava em voz baixa. Viu que seus amigos tinham o mesmo envelope nas mãos, sem saber dizer se as coisas estavam melhorando ou piorando.

— O que é isso? – O ruivo perguntou, seus olhos indo de Alana para Enrico.

— Nós acabamos de receber também. – Falou Giulia – Ninguém sabe do que se trata.

— Essa é uma ala que estaria fechada, pelo o que eu soube – Alana explicou.

— Bom,... São quase 22 horas. Melhor irmos. Sem dúvida a diretora deve estar a nossa espera – Ben concluiu.

Os quatro se dirigiram para o local indicado. Ben ia à frente, com Alana. Num gesto ousado, cruzou seus dedos com os dela. Olharam-se rapidamente e o ruivo sorriu quando ela não puxou a mão de si.

— Você não merece estar nesse lugar, Baixinha... – sentiu as lágrimas dela em seu peito e sua vontade era terminar o que começara anos atrás: socar Leo Malta – E nem merece estar com alguém como ele.

 Encontraram com o velho e passaram pela porta. Ele observou a decoração da ampla sala: abóboras, caveiras, teias... O tema do dia das bruxas era tão presente lá quanto no outro ambiente.

 

Enrico Pizzol

Seguia seus amigos, mas sem gostar realmente da sensação estranha desde que recebera o convite. Não sentia isso desde que Alana ligara para seu celular dizendo que precisavam conversar sobre Pamela Joyce tantos anos atrás.

Observou os outros convidados. Havia mais nove pessoas pela sala, uma grande mesa circular, um bar com diversas bebidas,... Ele não se considerava uma pessoa muito supersticiosa, mas as palavras de Lorena fizeram com que um arrepio involuntário percorresse seu corpo:

— Hummm... Agora somos em 13... Reunidos em uma sala fechada bem no dia das bruxas... Emocionante, não?

Henri Leibovitz

Aquele fora um convite inusitado e não poderia deixar de tirar as fotos. Trocou um olhar cúmplice com Giulia. Sem dúvida a amiga faria a festa com tantos convidados “ilustres” o espaço ideal para sua reportagem - sua entrevista estava garantida e, sem dúvida, as fotos que ele estava tirando seriam muito bem-vindas no Notícias em Foco.

Alana Gaigher

Alana não ligava para as decorações e tampouco para superstições envolvendo Lorena, dia das bruxas e o número 13.

Havia apenas Leo, parado. Separou-se de Ben, que lançou-lhe um olhar triste, mas ela não percebeu, apenas encarava o ex-namorado do outro lado da sala.

— White e sua trupe – o loiro disse, sem tirar os olhos dela, que mordia os lábios sem confiar nas próprias palavras. Não soube responder à provocação, que ela sabia ser contrária àquilo que os olhos dele revelavam.

— Você continua um idiota, Malta – Ben declarou, dando alguns passos para frente. A mão de Alana foi até seu punho, impedindo que ele continuasse.

— Não vale a pena, Ben. Deixe para lá. – Ela forçou-se a desviar os olhos de Leo – Alguém sabe o que está havendo?

— Se você que ajudou a organizar essa merda não sabe, acha que alguém vai saber, Gaigher?-  olhou irritada para Leo, lembrando-se do que porquê terminaram, de tudo que passou.

— Parem com isso! – Penny interviu, levantando-se – Fomos chamados para um jantar. Alguma coisa chata da diretora, apenas isso.

Bruno Zanatta

O rapaz olhava e estudava todas as expressões e palavras trocadas entre o amigo e a ex-namorada. Dois teimosos, sem dúvida. No entanto, esse jantar reservado talvez fosse útil para alguma coisa.

— E quando esse jantar começa? Estou com fome e esses aperitivos não darão conta. Ainda mais com Gaigher e Pizzol – declarou de forma debochada, fazendo referência a infância e juventude dos dois.

Dessa vez foi Ben que impediu o amigo de avançar.

— Parece que a escola não acabou! – Giulia exclamou. Bruno encarou-a, notando que ela ficou levemente corada.

Apesar de o clima parecer tenso, tudo aquilo parecia diverti-lo. Sua atenção e a dos outros convidados foram para a mesa circular. No centro dela havia uma delicada estátua de três andorinhas. As pequenas aves ganharam vida e levantaram voo, circulando todo o amplo salão.

— Mas que merda é essa? – Bruno falou. Seus olhos seguiram o movimento dos pássaros e todos os outros convidados e convidadas faziam o mesmo. Henry capturava diferentes momentos com sua câmera: as aves pousaram em um esqueleto, Ben foi até lá e encontrou um papel enrolado. Bruno pegou uma das aves.

— Um brinquedo...

— Vocês que ajudaram na organização dessa festa – Penny falou de forma autoritária – Podem explicar o que está acontecendo? Eu tenho um trabalho a fazer, sabiam? – Ben passou o papel para Enrico, que o abriu.

Bruno rolou os olhos e falou:

— Será que você poderia abrir a boca para falar algo útil? Não percebeu que ninguém aqui tem ideia da merda que está acontecendo? – Penny olhou para antigo colega de maneira ofendida, mas ele ignorou o olhar – O que está escrito, Pizzol?

                Enrico Pizzol

O jovem detetive já tinha lido o bilhete e o segurava com raiva. Não conseguia acreditar e só pensava que aquilo era, sem dúvida, alguma brincadeira muito sem graça.

— Enrico? – Giulia falou, ao seu lado. – O que está escrito?

Não me interessam heróis ou falsos heróis.

O que me interessa é a verdade. A sinceridade.

E todos aqui têm uma mentira. Um segredo muito bem escondido...

Não me importam revelações, nem perdões, nem redenções.

O que eu quero é punição. E até às 22 horas do dia 1º de novembro... Todos estarão mortos.

Ele terminou de ler, mas seus olhos ainda estavam presos no papel.

— M-mortos? – Noah balbuciou.

O salão caiu no mais completo silêncio.

Noah Aires

— M-mortos? – ele repetiu com a voz mais esganiçada e mais trêmula.

— Deixa de ser idiota, Aires – Leo falou, terminando seu uísque em um único gole. – Na certa é alguma brincadeira babaca típica de festa de Halloween. Ele colocou o copo sobre o balcão do bar e foi até a porta, batendo com força.

Alana apenas rolou os olhos e indagou:

— Bazzoni praticamente perdeu a mão esmurrando essa porta. Você vai tentar a mesma prática que ela?

Noah olhava nervoso de um para outro sem acreditar que aquilo estava acontecendo, mas sabendo que era verdade. Aquilo estava acontecendo. Seu segredo... Revelar não adiantaria nada, pelo o que a carta dizia. E parecia que todos ali tinham algo oculto também...

Uma discussão acontecia, mas ele estava imerso em seus pensamentos até que foi interrompido por um barulho de algo se chocando contra a mesa.

— CALADOS!

Penny Pagot

— Ninguém te nomeou chefe de nada, Pizzol. Quem pensa que é para nos mandar calar a boca?

— Fica quieta, Pagot! – Giulia falou.

— Por favor! – Alana pediu – Vamos tentar manter a calma.

Penny olhou para Bruno que tinha um sorriso torto nos lábios.

— E você? Está rindo do quê?

— Penny, Leo está certo. Não passa de uma brincadeira babaca. Provavelmente algum plano idiota de união de ex-estudantes que eram inimigos na época da escola. O jantar será servido dentro de... – ele consultou o próprio relógio e notou que estava parado. Então olhou para um grande relógio que havia na parede, todo decorado com temas que remetiam ao dia das bruxas – De cinco minutos... Por que não comemos, bebemos, conversamos civilizadamente e esperamos para sair?!

Dizendo isso ele foi até uma cadeira e puxou-a.

— Alana... – ele disse puxando uma cadeira e olhando para a ela, que apenas continuou parada – Achei que fosse mais educada. – Dizendo isso, ocupou o lugar. Os outros permaneceram onde estavam. Ele ainda tinha um sorriso divertido no rosto.

Leo Malta

Olhava para todos analisando cada um dos presentes. Seus olhos repousaram em Alana com o passado voltando com força. Eles se evitaram por tanto tempo, mas agora era inevitável.

— Nunca dará certo, Malta!

— Você não vai nem tentar, Gaigher?

— Isso é apenas um jogo para você, não é? Uma brincadeira? Um desafio?

— Você sabe que é mais do que isso! – Leo exclamou, os olhos brilhando de raiva.

— Ah é? – ela não disfarçou a ironia – Você vai casar com a Pagot!

— Já disse que esse casamento nunca vai acontecer! Eu vou terminar... – Ele respirou fundo e pareceu pensar sobre as próximas palavras – Alana, eu preciso de você...

— Leo, não posso continuar desse jeito... Chega.

— Apenas mais dois meses, meu julgamento vai terminar e poderemos ficar juntos.

— Se precisa de mim, por que está noivo dela? – Alana cruzou os braços e Leo passou a mão pelos cabelos, nervoso.

— Nós já conversamos sobre isso. O pai da Penny é um excelente e influente advogado. Se eu terminar com a filha dele antes do casamento, minha passagem para prisão estará garantida.

— Eu posso te ajudar! Enrico... e a família de Ben... – A risada dele a cortou – Isso não é piada, Leo. Você poderá ser solto.

— Não, não poderei. Dois meses... Estou te pedindo mais dois meses, Alana.

— Não. Eu já te dei muitos meses, Leo. Muitos anos... Está acabado – Ela terminou de jogar suas roupas em uma mala.

— Se você sair, não quero te ver nunca mais! – Ele gritou, furioso e magoado. Ferido e humilhado.

— Eu tampouco quero te ver Leo Malta! Já chorei muito por você – limpou as lágrimas – E essas serão as últimas! – os dois gritavam, nervosos.

E ela foi embora.

Olhou para todos com atenção:

Seu único amigo naquele recinto olhava a tudo de forma divertida e incrédula, como se aquilo não passasse de alguma diversão para alguém que não conheciam. Ponto que ele também concordava.

Giulia e Enrico estavam de mãos dadas, conversando em voz baixa. Ele analisava a carta, provavelmente procurando alguma pista que revelasse quem enviou e estava por trás daquela brincadeira. Leo balançou a cabeça com um pensamento: sempre bancando o herói.

O cabeça laranja, agora famoso jogador de volêi, tinha as duas mãos nos bolsos e estava visivelmente desconfortável. Mirava o chão e, ocasionalmente, olhava ao redor, preocupado.

Mas não tão nervoso quanto Aires. O professor de Baxter suava muito e tinha as mãos sobre a mesa, rasgando um guardanapo em vários pedaços intermináveis. O que será que ele temia?

Acendeu um cigarro e continuou sua observação.

Larsen... Parecia alheia a tudo, porém andava pelo ambiente, mexendo em diversos móveis: abria gavetas, armários. Tocava as ridículas decorações.

Pagot e Bazzoni ajeitavam os cabelos e tamborilavam a mão na mesa. Ora analisando a unha, ora consultando os ponteiros. Leo sorriu maldosamente, sabendo que a preocupação de ambas era não mostrar aos outros o vestido e o cabelo que deviam ter passado horas arrumando.

Leibovitz. Notou que, pela primeira vez, desde que entraram naquele salão o fotógrafo desligara sua câmera. Ele olhava para os Pizzol sem saber o que fazer ou esperar.

Caliari e Fardin estavam sentados lado a lado. Era possível notar certa tensão na fisionomia deles. Ambos conversavam em voz baixa... O que poderiam estar dizendo?

Sua atenção foi até Alana. Ela andou até um lugar vago e sentou-se. Olhava para cima, um gesto típico de que estava confusa. Pensativa. Aquilo realmente não estava nos planos dela.

Linda.

Ela piscou – como saída de um devaneio, mexeu-se desconfortavelmente e olhou diretamente para ele. Leo não desviou os olhos. Talvez Bruno tivesse razão: o baile era o lugar perfeito para reconquistá-la.

Alana Gaigher

Mexeu-se desconfortavelmente na cadeira, aquela típica sensação que temos quando sentimos que alguém está nos olhando. Ela não precisava pensar e nem estudar o ambiente para saber quem era.

Leo Malta

Saudade. Raiva. Desejo. Ciúmes... Paixão... Decepção.

— O que eu tenho para te dizer não é fácil, mas será a única alternativa para eu não ir para cadeia.

— Estou trabalhando em sua defesa. Enrico vai testemunhar em seu favor, dizendo que quis entregar a corrupção da sua família. Ben também, além disso tem seu pai que...

— Não adianta, Alana. Minha família tem espiões. Eu... - Leo passou a mão pelo rosto. Tomou um gole do vinho enquanto Alana olhava cada movimento dele. Algo estava errado. Muito errado. Estavam na casa dele. O jantar romântico que ambos prepararam, mas ela sentira a tensão. Só que sabia que Leo sempre precisou de um tempo dele, um tempo único para compartilhar aquilo que o incomodava.

— Eu posso... Eu quero te ajudar – Ela falou, um fio de voz.

— Eu sei – Leo sorriu. Um sorriso triste, ela notou – Infelizmente não é o suficiente, mas tem um jeito... Um jeito de ir a julgamento ou até me livrar das acusações...

— Um jeito? – ela notou a mudança no tom de voz.

— Penny. O pai dela é um bom advogado. Um advogado influente. – Alana abriu a boca para protestar – Ele pode me ajudar, mas o preço dele é que eu e Penny nos casemos.

— Mas isso... Isso é um ultraje...

— É única alternativa. Eu aceitei, Alana– Segurou-a quando ela levantou-se e passou por ele, indo em direção à lareira. – Espere...

— Esperar? – Doeu em Leo as lágrimas nos olhos dela – Eu aceitei, mas desde que eu seja inocentado ou as acusações sejam retiradas. Não terei nenhuma relação com Penny. Podemos continuar juntos.

— Juntos? E seu sogro-advogado vai aceitar você namorando comigo e noivo da filha dele? – Leo desviou dos olhos dela. – Você quer manter nosso relacionamento escondido?

A troca de olhares não passou despercebida por ninguém. Leo lembrou-se como ela foi embora, como ele correu atrás, como concordaram em continuar o relacionamento... Penny fingia não saber. E foi ela que quebrou o silêncio:

— Ficaremos aqui? Sem tentar nada?

Ben White

— Deve ser alguma besteira, trote de dia das bruxas – Ele andou até a cadeira ao lado de Alana e sentou-se – Vamos todos sentar e quem sabe assim, a comida não chega.

Todos concordaram em silêncio. Assim que todos sentaram, uma porta abriu. Ele foi até lá, seguido por todos. Havia uma cozinha, repleta de fornos, geladeira e comidas. Apesar dos protestos de Penny e Jennifer, ambas ajudaram a esquentar e levar as travessas para a sala principal.

                Penny Pagot

Serviu-se gentilmente. Embora contrariada. Não era seu plano que o estabanado do Noah estivesse ao seu lado. Estava mais irritada ainda com a troca de olhares entre Leo e Gaigher. Bufou, servindo-se de um espumante.

Todos estavam tensos e conversam em voz baixa.

Até que o constrangedor jantar foi interrompido por um grito abafado. Ela olhou para seu lado direito e, imediatamente, cuspiu o líquido que acabara de colocar na boca.

Notou o óbvio: tudo ficaria ainda pior.

 

Thomas Caliari

Levantou-se e tentou segurar Jennifer, mas ela foi ao chão, tombando com a cadeira. Todos estavam em pé. Thomas ajoelhou-se, mas não tinha ideia do que fazer. Sentiu seu corpo ser empurrado para trás e caiu sentado.

Leo Malta

Ajoelhou-se ao lado do corpo, que estava duro, paralisado. Logo Alana estava ao seu lado.

— Ela não consegue respirar – Alana inclinou-se para fazer respiração boca-a-boca, sentiu a mão de Leo impedindo.

— Jennifer foi envenenada, não pode fazer isso – começou então, uma massagem cardíaca, sabendo que não seria o suficiente, no entanto precisava tentar.

— Jenny... Jenny está realmente... – Penny falou, levando a mão à boca. Leo sentiu a mão de Bruno em seu ombro, fazendo com que parasse seu movimento. Ele e Alana olharam-se, porém logo Ben estava ao lado dela, puxando-a para cima.

Jennifer Bezzoni estava morta.


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