E eram 13 escrita por Artemis Stark


Capítulo 1
O convite


Notas iniciais do capítulo

Era para ser do fandom HP, mas mudei de ideia....



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Capítulo 01

O convite

 

Outubro de 2018

Bruno Zanatta

Ele não pôde evitar um sorriso. Não ao ler a carta entre seus dedos. O sol da manhã incomodava seus olhos e o café preto e forte fazia com que a sua mente voltasse a funcionar lentamente.

Sorria. Não que estivesse totalmente feliz. Claro que não. Não queria participar daquilo, porém não teria como se esquivar dessa vez. Bebia o café ainda deitado em sua cama. Os lençóis tão escuros quanto sua pele.

Terminou seu café e deixou-o sobre a bandeja. Levantou-se e foi direto para seu banho. Ainda era cedo e sem dúvida seria xingado por seu amigo... Ainda mais levando as “boas” notícias...

Giulia Pizzol

Desde que soubera sobre aquela novidade vinha esperando ansiosamente pelo convite. Mal tinha dormido aquela noite tamanha a ansiedade. Sabia que estava agindo como uma adolescente, mas não ligava. Tampouco ligava para os comentários da sua amiga. Ela estava animada. Verdadeiramente animada. Cobrir um evento como aquele não seria apenas importante para sua carreira no prestigiado Notícias em Foco, como também seria, sem dúvida nenhuma, a melhor festa de reencontro dos ex-estudantes.

Pensou em acordar seu marido, mas não acordou. Ele tinha chegado tarde do seu trabalho como detetive e roncava baixinho. Giulia ajeitou as cobertas sobre ele e foi preparar um caprichado café-da-manhã antes de acordá-lo.

Ben White

A carta chegou na casa do jogador de vôlei e ficou esquecida na pequena caixa de correio. Apenas ouvia-se o som alto do ronco do rapaz.

Alana Gaigher

Pela janela viu que o carteiro depositava a carta no local indicado, porém não se mexeu. Sabia muito bem o que estava sendo entregue e não tinha a mínima pressa em pegar aquela correspondência.

Preparou seu chá com calma, enquanto as torradas eram aquecidas.

 

Leo Malta

— Acordaaaaaa!

— Isso é alguma brincadeira? – O loiro resmungou, escondendo o rosto embaixo do travesseiro.

— Não, Leozinho! – O outro homem falou, abrindo as cortinas e depois se jogando pesadamente na cama.

— Vá à merda, Bruno! Que horas são?! – Continuou falando com a voz rouca de sono, sem sair debaixo das cobertas.

— Quase oito horas – Bruno respondeu, balançando o corpo do amigo de um lado para o outro.

Quase? Hoje é sábado! Sábado, Zanatta! – Leo falou, levantando-se para interromper os empurrões do amigo. Colocou sua boxer e foi até o banheiro. Bruno seguindo.

— Eu sei. Não teria graça nenhuma eu vir te acordar durante a semana que você levanta cedo. 

— Estou de ressaca. E a mulher de ont...

O outro rapaz começou a rir escandalosamente. Leo olhou para ele, depois jogou água no rosto e vestiu uma camiseta.

— A mulher de ontem o quê? Acabou com você? Era uma chata que não queria ir embora? – Ele riu ainda mais, ignorando as feições sérias do loiro - Você pode enganar o pateta do Alan com essas lorotinhas, Leo...

— Não sei do que está falando – disse, empurrando Bruno ao sair do banheiro.

— Sabe sim. Você teve alguns casos passageiros, mas sei que anda com certos probleminhas ao sul do corpo desde que terminou com a Gaigher – Bruno falou, encostado ao batente da porta. Um belo sorriso no rosto.

Sul do corpo? Que porra é essa, Zanatta? Não tenho problema nenhum! – Leo respondeu, nervoso, colocando a calça. Jogou os cabelos para trás e saiu do quarto, sem esperar pelo amigo, que veio correndo.

— Dizem que todo homem passa por isso uma vez ou outra... Não que isso tenha acontecido comigo, não é? De qualquer forma... – Ele deu de ombros.

— Cale a boca, Zanatta. O que veio fazer aqui tão cedo? – Leo perguntou, descendo as escadas. Sabia que seu café já o esperava no escritório e foi diretamente para lá. Seu amigo não respondeu nada e apenas o acompanhou.

Leo Malta conhecia muito bem Bruno Zanatta para saber que ele não aparecera lá por acaso, tão cedo, em um sábado.

Tampouco foi por acaso que se calou de repente. E Leo compreendeu muito bem a presença do amigo e a repentina risada assim que viu a carta que o esperava sobre a mesa.

— Não acredito... – Ele foi até a mesa e rasgou o envelope sem nenhuma delicadeza. Tirou o convite e leu, depois releu – Eles farão essa palhaçada de reencontro no dia das bruxas mesmo?

— Sim... Farão. – Bruno controlou a risada ao falar, depois se sentou em uma cadeira – Preparado para reencontrá-la?

— Eu já a vi algumas vezes... – Leo serviu uma xícara de café para si mesmo e outra para Bruno, que aceitou. O loiro deu um gole da bebida e depois se sentou do outro lado da mesa, de frente para seu amigo.

— Você ainda gosta dela.

Leo encarou a íris escura diante de si. Seu melhor amigo. Seu único amigo, na verdade. E mesmo assim escondia a verdade que não podia esconder. Ainda gostava dela.

— Não fale merda, Bruno.

—Eles estão me acusando de desvio de dinheiro.

—Isso é impossível! – Alana exclamou, puxando o documento da mão dele, que notou como os olhos dela percorriam as palavras de forma rápida e atenta. E como aqueles olhos castanhos não acreditavam no que liam.

— Parece que é possível...

— Malta, você ajudou a resolver toda a corrupção, entregou conhecidos, você até entregou ...

— Sua lógica é muito comovente Gaigher, mas ela não apaga o passado da minha família – Leo respondeu, friamente – Sabe o que enfrentei ao não seguir os negócios e, depois disso, ainda...

— Não apaga, mas... Tem uma lista de nomes de diversas empresas e pessoas físicas,

— Eu sei ler, Gaigher! – interrompeu, irritado, dando um forte soco na mesa e levantou-se. Eles se olharam. Leo respirou lentamente, tentando se acalmar. Sentou-se novamente – Você me garantiu que nada aconteceria comigo. Garantiu que se eu entregasse... – Leo parou quando a viu rolar os olhos.

— Ah, e foi só por isso que resolveu não seguir os passos da sua família?

— Você sabe que não foi só por isso, Gaigher! Sabe que resolvi jogar tudo no ventilador para proteger minha mãe.

— E a você mesmo – Ela completou. Leo levantou uma sobrancelha.

— Sim. – Respondeu, dando de ombros – E a mim mesmo, qual problema nisso? Não sou um maldito herói. Nunca escondi isso. - Inspirou fundo, não queria brigar - Mais café? – Leo ofereceu.

— Prefiro chá.

— Aqui só tem café – ele rebateu, o tom arrastado que tornava sua fala levemente arrogante. Encheu a xícara dela e colocou dois torrões de açúcar. Alana aceitou em silêncio.

— É apenas jogo político, Malta. Você sabe disso.

 Leo realmente sabia que era político, pois quando resolver entregar os negócios podres de seu pai o mercado ficou desequilibrado. Seus adversários e concorrentes estavam se aproveitando da crise no império dos Malta, afinal o único herdeiro havia escolhido outro caminho.

— A política cansa. – O loiro notou que ela bebericou o café para esconder o sorriso. Sem dúvida era engraçado e irônico um Malta cansado da política, mas ele estava cansado da política. E mesmo assim se via no meio dela. Mais uma herança do seu pai, que essa hora, claro, apodrecia na prisão... E sem regalias.

— Eu vou te ajudar, Malta. – Alana terminou seu café e deixou a xícara sobre a mesa. Não esperou por agradecimentos, pegou suas coisas e abriu a porta para sair. Quando fez isso, viu Bruno Zanatta. Cumprimentou-o com um curto aceno de cabeça e foi embora.

— Já contou para ela?

— Contei o quê?

— Leo e Alana... – O rapaz começou a cantar – sentados embaixo da árvore...

— Vá a merda, Bruno!

Lorena Larsen

Lorena olhou-se no espelho, ajeitando seu cabelo. Foi até a cozinha, tirar qualquer coisa pré-pronta do congelador.

Ajeitou as fotos de seus amigos, olhando atentamente para todas. Não reparou na porta abrindo-se e em um homem não muito alto e extremamente magro entrando. Ele tinha um óculos colorido e um tanto quanto escalafobético pendurado no pescoço. Usava uma roupa de diversos tons de verde. Os cabelos eram de um loiro escuro e estavam sujos de grama e terra.

— Boa noite, Lorena!

Ela saiu do seu devaneio, em partes, e virou-se para ele:

— Boa noite, Raul! Algum sucesso em encontrar novas espécies de insetos?

— Não achei nenhum, possivelmente terei que realizar outra viagem!

Lorena sorriu, mantendo seu olhar sonhador.

— Falarei com meu pai para fazermos uma matéria sobre isso na próxima edição do Raríssimos.

— Seria ótimo! – Ele sorriu, aproximando-se e dando-lhe um beijo – Vou tomar um banho.

Ela o seguiu, lançando um último olhar para as fotos.

— O convite da festa chegou. Eles adiaram o reencontro para realizá-la no Dia das Bruxas.

— Interessante. Bem no Dia das Bruxas?

— Também achei interessante...

Lorena tirou a roupa e entrou no banho com seu noivo.

Alana Gaigher

— Nós temos que deixar isto aqui mais seguro. Os troféus fazem parte da história da Baxter e sabemos que há alguns anos tentaram vandalizar exatamente essa área – Alana falou, olhando a planta da escola.

— Estas entradas aqui. – Disse Adam, responsável pela segurança do colégio há 20 anos, apontando para alguns pontos – São bem guardadas por câmeras e alarmes.

— É preciso deixar seguranças de plantão. Sabe que já entramos aqui quando...

— Você e seus amigos não eram adolescentes comuns, Alana. – Ele falou, com um pequeno sorriso no rosto - Mas eu concordo com você. Será uma boa experiência para os seguranças em treinamento e em começo de carreira.

Henri Leibovitz

— Você não vai como fotógrafo, sabe disso.

— Eu sei, mas você também sabe que não posso ficar sem minha câmera. Serão fotos informais... E quem sabe eu não consiga flagrar algo interessante? – Os dois riram – Queria poder cobrir esse evento assim como você.

— Sabe porque fui escalada, Henri...

— Mesmo assim! Até parece que não está animada!

— Claro que estou! - A ruiva disse, entusiasmada – Sei que fui escolhida porque darei informações mais... pessoais sobre Enrico, só que é o tipo de evento que eu preciso para ser promovida.

— E Enrico concorda com isso?

— Não, claro que não. Ele nunca gostou disso, no entanto... – Ela deu de ombros – Antes eu do que outra repórter que não saberia a hora de parar com as perguntas...

Giulia foi interrompida pela porta que foi subitamente aberta.

 

Penny Pagot

— Você não quer ser transferida para a França?

— Claro que quero!

— Então vai precisar comentar sobre os vestidos do baile de reencontro do colégio Baxter. Eles representam o pilar da nossa sociedade.

— Blá, blá, blá... Isso é chantagem!

— Como se você não estivesse familiarizada com isso, senhorita Pagot.

— Em fazer, não sofrer – Ela olhou para as longas unhas vermelhas – Tudo bem... Mas eu preciso mesmo trabalhar com ela? – Não obteve resposta da sua chefe. Simplesmente levantou-se e saiu da sala. Seus saltos ressoavam pelo chão do Notícias em Foco. Chegou ao seu destino e abriu a porta de repente. Viu o olhar surpreso e depois raivoso de Giulia Pizzol.

— Parece que vamos trabalhar juntas, traidora.

Jennifer Bazzoni

— Não, não... Quero que passe esse creme antes dos outros – disse, de forma enfática.

— Senhorita Bazzoni...

— Levy! Além de ser sua chefe, sou sua cliente! E meu cabelo precisa estar PER-FEI-TO para a noite do dia 31!

— Temos mais de 20 dias... – O funcionário falou.

— Eu sei, mas preciso me preparar desde já! E você é o melhor!

— É claro que sou, querida!

— E Annie... – A loira falou para maquiadora que passava – Você fica responsável pelo salão enquanto estou ocupada.

 

 

Leo Malta

Vestia seu jaleco branco por cima de suas roupas pretas. Ele não era o médico mais simpático, mas sem dúvida era um dos melhores. Seus tratamentos eram rápidos e eficientes.  Recebia uma vez ou outra reclamações sobre comentários sarcásticos. Seu chefe chamava sua atenção, mas ele não se importava, estava lá para curar, salvar vidas e não fazer amigos.

De amigos já bastava Bruno Zanatta.

Zanatta e suas brincadeiras estúpidas sobre sua virilidade.

Jogou seu jaleco sobre a cadeira de sua sala, um pequeno privilégio por ser o chefe do departamento de neurologia. Deixou a cabeça cair nas mãos e voltou ao passado...

— Você é louco! – Ouviu-a dizer entre seus lábios.

— Sim, eu sou, Gaigher... Louco e... – O loiro mordiscou a orelha dela – Tarado por você... – Ela riu.

— Giulia pode bater na porta a qualquer momento! Ou pior, Ben! – A frase dela apenas arrancou uma risada dele.

— Não tenho tanta sorte. Se fosse ele, faria questão que te visse assim: entregue para mim.

— Você não tem jeito – Alana falou, mas também sorria.

— Claro que não. Por isso você não vive sem mim. Agora, cale-se.

Ele beijou-a com sofreguidão e paixão velada.

Enrico Pizzol

— E a segurança?

— Enrico, – Adam falou – eu e Alana estamos cuidando disso. Não se preocupe...

— Não é preocupação. Estou cansado dessas comemorações... A escola acabou para nós e ficam querendo reviver o passado.

— A diretoria e a mídia querem focar o lado cheio do copo. Você, a senhorita Gaigher e o senhor White receberão um prêmio pelas conquistas desde que se formaram aqui. Desde que descobriram...

— Essas premiações... – O moreno falou, bufando – Quando isso terá fim?

— Dez anos é pouco tempo, Enrico. As pessoas querem manter a tradição da Baxter.

— E tornar a mim e aos meus amigos em fantoches faz o “grande colégio Baxter” ganhar dinheiro... – afirmou.

— Exatamente. Vocês e Leo Malta.

— Claro – Enrico ajeitou seus óculos e cruzou as mãos sobre o colo – O herdeiro que abriu mão da sua fortuna e entregou toda a corrupção da empresa familiar – O tom irritado era perceptível e o outro entendeu.

Enrico e Leo nunca se entenderiam...

— Você é um covarde que está fazendo isso apenas porque sua vidinha foi ameaçada! – Enrico cuspia as palavras.

— Os motivos das minhas ações importam se estou ajudando, Pizzol? – Leo perguntou, irritado – Eu entreguei toda a documentação sobre os desvios!

— Enrico! – Adam falou, cortando o que quer que fosse que o rapaz diria – Leo Malta está certo. Cada um tem seus motivos para fazer parte disso. Ele está nos ajudando.

— Você não passará disso: um espião! Não espere encontrar amigos aqui, Malta.

— Jamais esperei isso, Pizzol.

Alana Gaigher

Ela olhava para o calendário. Faltavam 10 dias. E, dessa vez, não teria como fugir dele. De Leo Malta. Os dois tinham um acordo silencioso sobre esses eventos: ela chegava no começo da festa e ia embora algumas horas depois. Já ele, chegava ao meio das festividades.

Só que Alana sabia que rever Leo era sempre um misto de emoções.  A frieza dele a incomodava, principalmente por saber quão quente ele poderia ser...

— Cinco dias, Gaigher – Ele disse, encostado de forma desleixada contra a parede. Ela assustou-se, alcançando spray de pimenta que carrega na bolsa.

— Que susto, Malta! – Alana exclamou, olhando para os lados – O que faz aqui?

— Posso te garantir que não vim aqui para ver o Pizzol – respondeu e ambos começaram andar pelos corredores escuros da construção até que Alana se sentiu puxada. Depois os lábios quentes dele em seu pescoço a fizeram suspirar.

— Alguém pode nos ver.

— Ninguém passa por aqui uma hora dessas.

— Leo... – Ela falou, meio sem voz, ao sentir a língua dele percorrendo seu pescoço – Eu trabalho aqui! – Só que não fazia esforço nenhum para impedir os toques dele sobre o tecido de sua roupa.

— Você não se importou com o local onde eu trabalho quando foi me visitar usando apenas lingerie, botas e um sobretudo – Alana notou o tom divertido e excitado na voz dele.

— Isso é uma vingança? – Alana perguntou, arranhando as costas dele.

— Sim, isso é uma vingança, Gaigher. Maltas sempre se vingam. Lembre-se disso.

 


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Notas finais do capítulo

N.A.: Tenho mais 3 caps, mas estou editando essa história que está parada há mais de sete anos... Qualquer comentário é um incentivo! Obrigada, bjs bjs, Ártemis.