Uma Canção de Neus Artells escrita por Braunjakga
I
O corpo de Uxue caiu duro no chão.
Enric sorria.
Os soldados de elite estavam em alerta.
Neus estava chocada e Gerard achou motivo pra atacar Enric:
— Você ficou louco, é?
— Você não sabe de nada, Gerard! É impossível um Interventor matar outro… daí, eu resolvi sair da Ordem... um pouco…
Gerard apertou as mãos e todos viram um par de luvas pretas nas duas.
— Eu sei sim… matar um Interventor da Ordem é a ruína, não é?
Gerard fez um sinal e os soldados de elite da Ordem atacaram Enric.
Enric levantou a mão no ar e um relâmpago de cor negra caiu, matando todo mundo.
— Mas o que…
Gerard, do nada, ajoelhou no chão e colocou as mãos na cabeça.
— Minha cabeça… tá explodindo...
Uma fúria tomou conta de Gerard.
Seus braços e pernas queimavam. Seu peito estava tão apertado que não conseguia respirar.
Faíscas vermelhas saíam de seu corpo.
Até mesmo Neus ficou preocupada e chegou perto dele:
— Gerard, o que tá acontecendo?
— O que tá acontecendo, minha cara, é aquilo que seu namorado não sabe; quando todos os Interventores da Ordem morrem, o último que sobrou fica com a força de todo mundo… Isso é tão incontrolável pro Gerard que ele não sabe o que fazer… Falta foco. Pra mim, isso sobra…
Enric estendeu a mão e chamou:
— Espada "Eguzki", venha pra mim!
A espada de Zigor veio até a mão direita dele.
— Escudo "Lúa chea", venha a mim!
O escudo de Pietra voou para o braço dele, como se fosse atraído por um ímã.
Gerard levantou a cabeça, trêmulo e agonizante para Enric.
— Com isso, eu me torno o Interventor geral da Ordem, agora você, Gerard, não passa de uma mera fonte de energia que eu vou usar…
Enric voltou-se para Neus.
Uma energia sinistra percorria o corpo de Enric e fazia Neus arrepiar da cabeça aos pés.
De repente, o braço esquerdo dele e a mão direita explodiram.
Ele perdeu o braço e a mão na hora.
Agora era Enric quem se ajoelhou no chão.
— Mas… hein?
A espada de Zigor e o escudo de Pietra voaram para Gerard, que conseguiu se levantar.
Os olhos dele brilhavam em vermelho:
— Você não é o Interventor geral, eu sou!
— Agora pergunta pra sua dignidade se ela te deixa fugir do destino?
Enric sorriu.
A mais de Gerard tremia. Faíscas elétricas saíam dela e seus olhos choravam lágrimas de sangue.
Ele resistia.
— Não tem jeito de parar isso? – Perguntou Neus.
— Fique quieta aí no seu canto e espera ele cortar sua cabeça, aí você vai parar ele…
Neus entendeu o que ele quis dizer.
O báculo em forma de espada e as plumas ainda estavam em suas mãos.
Os olhos azuis de Gerard brilhavam mais vermelhos ainda. Chifres cresceram em sua testa e escamas começaram a cobrir a pele de seu pescoço e seu rosto.
Os dois correram um contra o outro.
Gerard e Neus golpearam gume contra gume.
Se afastaram, Gerard deu um corte de baixo para cima e um de cima para baixo. Neus se defendeu com a espada na horizontal.
A Coronela deu um, e mais outro e mais outro corte na horizontal e isso só afastou Gerard, que se defendia com a enorme espada reta na vertical.
Assim que achou uma brecha, Gerard golpeou com tudo a espada em Neus. Aquilo poderia cortar ela se não tivesse levantado o braço coberto de plumas.
A espada bateu no chão e fez um buraco.
Vendo que Neus se afastava, Gerard pulou no ar, rodopiou e atacou Neus com mais força.
Neus se defendeu no começo, mas o impacto da espada no seu braço foi forte demais. Das outras vezes, se defendeu pulando.
Gerard e Neus foram de encontro um com o outro.
Espada trombou contra espada, rosto se aproximou de rosto, os dentes rangendo.
O choque das espadas liberou um estrondo que varreu o campo onde estavam.
Os miqueletes, coronelas e soldados da Ordem próximos que chegavam perto para ajudar, tombaram.
Espada continuou a bateu contra espada e os dois se defendiam como podiam diante de tamanha pressão.
Asas de dragão de verdade cresceram nas costas de Gerard e seus pés viraram pés de dinossauro.
Gerard ganhou impulso e velocidade para atacar Neus.
Pulou, girou e rodopiou no ar como tinha feito antes, arrastando Neus a cada golpe de espada.
Dos pés e das costas de Neus saiu uma crosta de plumas para igualar com as de Gerard.
Neus também pulou e os dois se trombaram de novo e ficaram golpeando as espadas no ar.
Gerard achou uma brecha e golpeou o braço cheio de plumas de Neus, mais uma vez.
Golpeou e golpeou ainda mais até Neus agarrar a espada de duas mãos e puxar Gerard como tinha feito com Luna.
Socou o rosto dele com a mão livre, mas, diferente do que aconteceu antes, o rosto transfigurado de Gerard não ficou machucado:
Gerard aproveitou a distração de Neus e socou o escudo com tudo na cara dela.
Deu um, dois, três socos e derrubou ela no chão.
Neus sentia a dor, mas não estava machucada.
— Parece que em você doeu também, Gerard…
O interventor chorava lágrimas de sangue.
Ele levantou a espada e correu contra Neus.
A Coronela ainda ficou no chão.
Gerard se aproximava e estava prestes a cortar Neus pelo meio.
Neus então pulou do chão e cortou a barriga dele, num golpe rápido com a espada.
Gerard cambaleou.
Era sua chance.
Neus desceu a espada nas costas dele como uma paulada.
Gerard tombou e parecia que não ia se levantar mais.
Ele podia mexer as pernas e bater as asas, mas parecia que havia se entregado.
Neus hesitou:
— Gerard!
Foi só gritar para que o escudo de Pietra e a espada de Zigor flutuasse no ar e atacasse ela.
Neus se defendia dos ataques como podia.
— E agora isso? Como é que se luta contra isso? – comentou.
As duas armas se moviam com violência no ar, golpeando o báculo espada e as plumas escudo no seu braço.
Já era demais para Neus e ela estava cansada.
O machucado que Luna fez ainda doía e já tinha usado muito de seu poder mágico se defendendo dos ataques fortes de Gerard.
De repente, Enric agarrou Neus por trás e tapou a boca dela com a luva negra que usou para matar os soldados de elite da Ordem.
Ela resistia.
— Você pensou mesmo que aquilo ia me deixar sem braços e sem mãos, é? Eu passei minha vida inteira planejando acabar com vocês, com a ordem… Eu não ia deixar que uma droga dessas me deixasse inválido!
Neus conseguiu dar uma cotovelada nele e se soltou.
Tentou correr até Gerard para ver como ele estava, mas trombou com um homem de armadura de como sangue.
Era Zigor.
— Já acabou, Neus.
— Mas, como!
— Eu já estou morto faz tempo…
— Esse cara matou sua amiga, Zigor!
Enric fez um sinal para Enric acabar com a luta imediatamente.
— Essa é a Ordem, Neus!
Zigor levantou a mão e a espada grudou nela como ímã.
O interventor do País Basco desceu a espada com tudo na cabeça dela.
Continua…
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