Uma Canção de Neus Artells escrita por Braunjakga


Capítulo 11
A matadora de Dragões




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I

Girona, Catalunya

9 de agosto de 1714

 

A chuva havia passado e o dia estava quase amanhecendo.

A pequena Meritxell estava sentada num banco dentro da catedral de Girona.

Ela estava um pouco mais calma depois de ter chorado muito.

Seu rosto estava sério e olhava para o chão.

Em cima do altar, estava o corpo de seu pai, morto e sem vida, cercado de Miquelets e coronelas que se esconderam do ataque de Josep.

Nesse instante, Neus se aproximou de Meritxell:

— Você tá bem?

— Não.

— Quer comer alguma coisa?

— Não.

— Você tem alguém por aqui? Tio? Avô?

— Papai era tudo o que eu tinha! Você matou ele! Não tenho mais ninguém! Eu só quero meu pai!

— O papai fez uma coisa um tanto ruim, Txell, e…

— Papai era o melhor pai que eu tinha! Você matou ele!

Neus ficou um pouco irritada:

— Txell…

— Não me chama de Txell! – Meritxell deu um tapa em Neus, saiu do banco e berrou na cara de Neus:

— Você matou ele! Traz o pai de volta!

A menina não falou um segundo da mãe.

Neus ficou irritada com o tapa e resolveu provocar:

— Mas eu matei sua mãe também!

— Eu não tenho mãe! Mãe não me dava comida! Tinha que roubar! Mãe se trancava no quarto com um cara diferente todo dia! Cadê meu pai? Traz o pai de volta!

Neus tentou insistir, mas Pau tocou no ombro da irmã e fez não com a cabeça.

De repente, uma voz saiu do alto da catedral:

— Vou realizar seu pedido, Txell…

— Quem é? – Indagou Pau.

As portas da catedral explodiram.

Lascas de madeira voaram para todo lado.

Um homem loiro de olhos azuis vestido com armadura vermelha como sangue entrou.

Era Enric Miró.

Nas costas dele, havia um arco e flecha.

Neus e Pau ficaram em alerta.

Ele nem sequer notou os dois.

Os Miquelets e coronelas que cercavam o corpo de Josep encima do altar nem reagiram, nem pegaram em armas.

Ficaram paralisados só com o terror que saía daquele homem.

Até Neus e Pau congelaram com a onda de terror. Sentiam um frio terrível na barriga, como diarreia.

Enric ficou cara a cara com o cadáver e disse:

— Levanta Josep.

Josep se levantou como se nada tivesse acontecido.

Seus olhos, que antes estavam desfigurados, agora estavam intactos, só que vazios e sem brilho.

Meritxell correu pra abraçar o pai:

— Papai!

A menina levantou os olhos cheios de lágrimas para ele:

— Por que você não me abraça também, pai?

Enric se agachou para falar com Meritxell:

— Txell, Papai tá dormindo agora, mas um dia, ele pode se levantar. Enquanto a gente espera, porque você não vem comigo? Vou te fazer uns bolos, tá bom?

— Tá...

Enric sorria.

Estendeu a mão pra ela e pegou a menina no colo.

Os três iam saindo da catedral quando Neus perguntou:

— Mas… que raios é você?

— Me encontra em Seu d'Urgell e você vai ter todas as respostas que você quiser.

Enric sorriu e os três saíram pela porta quebrada da Catedral.

 

III

Girona, Catalunya

12 de agosto de 1714

 

Três dias se passaram desde que Enric entrou na Catedral de Girona e pegou o corpo de Josep sabe-se lá para onde e para o quê.

Das janelas da sala do sobrado onde estava, Neus podia ver Miquelets e Coronelas vindos de outras partes do interior da Catalunya entrando em Girona todos os dias.

Antes eram grupos pequenos, mas agora eram numerosos como formigas.

A situação era preocupante.

Diariamente, notícias do avanço das tropas espanholas no interior do país eram escutados, mas aqueles soldados que buscavam abrigo em Girona não queriam desistir ainda.

Enquanto estivessem com um fuzil nas mãos, a esperança da república catalã não morreu ainda.

As palavras de Enric ainda estavam em sua cabeça.

“Me encontra em Seu d'Urgell e você vai ter todas as respostas que você quiser.”

Josep tinha confessado que uma das pessoas responsáveis por aquilo era Enric Miró, o homem loiro bonito que tinha invadido a catedral e roubado Meritxell e o corpo dele.

A tentação de ir para La Seu D’Urgell era grande, mas Neus se conteve.

Podia ser uma armadilha, pois a cidade foi dominada brutalmente pelos espanhóis

Nenhum Miquelet ou coronela sobreviveu.

Por isso, Neus reuniu seu pequeno conselho de guerra naquele sobrado para decidir o próximo passo:

— Vocês ainda se lembram da Catedral há três dias atrás?

— Eu me lembro, Capitã, eu não consegui nem me mexer direito! – Disse um Miquelet.

— Eu só fiquei com vontade de ir no banheiro na hora! – Respondeu um Coronela.

Pau não se conteve e interrompeu a irmã:

— Mana, você se lembra? Ele falou Seu d'Urgell, não falou? O que a gente tá esperando, vamos pra lá agora!

Neus estava séria. Já tinha tomado uma decisão:

— Eu vou, você não vai!

Neus falou calma e friamente.

Pau abriu a boca chocado e logo depois riu, não acreditando no que escutava:

— Você só pode tá brincando!

— Você não vai, Pau! Você podia morrer quando o Josep te arremessou na parede! O que você acha que esse aí não pode fazer, hein?

— Mana! Eu também tive a casa queimada por eles! Eu tenho muitos motivos pra ferrar esse filhos da mãe!

— E esses filhos da mãe tem motivos pra acabar com você! Seu d’Urgell está sob controle do Exército!

— Eu não tou nem ai com isso! Se a gente quiser retomar o controle do interior, vai ter que ser por aí!

— Eu já disse moleque que você pode morrer, não se tocou ainda não?

— Não, não me toquei não!

Neus não se segurou diante do desafio do irmão. Sem pensar, deu um tapa na orelha do irmão forte a ponto de ele sentir vergonha de vez e sair daquela sala.

Pau se irritou mais ainda e apertou a mão da irmã com força, tentando dar o troco:

— Você tá me machucando!

— Olha aqui! – Gritou ele com o dedo apontado para a cara dela, puxando o braço da irmã. – É você quem pode morrer! A gente vai perder as cartas e nossa luta vai toda pro ralo!

— Olha aqui digo eu! O que você fez contra eles? Ou melhor, o que todo mundo aqui conseguiu fazer? – Disse Neus, apontando para os Miquelets e coronelas dentro da sala. – Ficaram tudo com o rabinho entre as pernas! Ninguém conseguiu parar o Josep! Só eu que consegui! Então vai todo mundo ficar aqui enquanto eu vou atrás desse cara! Ouviram?

Os Miquelets e coronelas não falaram mais nada.

Pau trincou os dentes de raiva e correu para fora da sala com tudo, batendo porta, revirando mesas e cadeiras.

Neus olhou Pau saindo e sentiu um pouco de arrependimento.

 

III

La Seu d’Urgell, Catalunya

13 de agosto de 1714

 

Neus pegou a carta “alada” e voou direto para Seu d’Urgell logo de manhã.

Tudo o que queria era voar, voar o mais longe de Girona que pudesse, apagar as imagens que viu naquela noite, apagar tudo o que Meritxell disse para ela, apagar a briga com Pau, apagar as mortes, as cartas Clow, a guerra.

Só que, para isso, precisava usar a mesma força que usou para enfrentar o irmão e apartá-lo de si. O irmão, o fiel companheiro que jamais machucou a irmã e sempre respeitou as decisões dela.

Tudo o que ela não queria era perder o irmão. Perder mais 50 soldados sob o comando dela, ver os coronelas mortos em Girona pesaram na decisão. Quando dormiu, chegou a ver o rosto do irmão na face daqueles corpos mortos flutuando no rio Ter.

Nem se tocou quando chegou em Seu d'Urgell.

A manhã já estava bem adiantada.

O céu estava azul e os Pirineus, ao fundo da cidade, verdes por causa do verão.

Em toda Catalunya, Neus nunca viu telhados tão inclinados.

Apesar de as montanhas estarem verdes, quando chega o inverno, a neve castiga a cidade com força e o rio Segre, do lado da cidade, quase sempre congela.

Neus pousou numa ponte nas margens do rio e se animou quando viu uma rua animada cheia de barracas de frutas e outros produtos, pessoas indo e vindo e as crianças brincando.

Era feira.

Neus ficou feliz, achava que as garras da Ordem ainda não tinham chegado na cidade.

Andou alguns passos na ponte sobre o rio e viu uma senhora do outro lado.

Quando a senhora virou-se e viu a farda vermelha de Neus, gritou:

— Coronelas!

As pessoas que estavam na feira fugiram na hora, derrubando tudo.

Não ficou um na rua.

— Pera aí! Eu vim aqui pra ajudar! Vocês correm perigo!

De repente, Neus se viu cercada de diversos homens e mulheres de armadura vermelha como sangue.

A maioria deles usava um saiote preso num cinturão e um peitoral, tudo para proteger a coxa de flechas e tiros.

Poucos usavam capacetes e ombreiras, mas um deles usava um conjunto de armadura completo, incluindo juntas, manopla e capa.

“Eles têm uma hierarquia!”, Pensou. “Parece que quanto mais se sobe aqui, mais peça da armadura se ganha”.

— Ora, ora, senhorita Neus Artells de Sabadell… Eu esperei você por um tempo muito, muito longo… – Disse Enric Miró, o homem loiro bonito, mais bonito e atraente que Gerard, seu namorado.

Mas o olhar dele era malicioso e obsceno, como se ele pudesse enxergar Neus nua por baixo da farda vermelha.

De vez em quando, ele lambia os beiços como se estivesse diante de um pedaço suculento de carne prestes a ser devorado.

Nunca Neus sentiu tanto nojo de um homem como ele.

— Eu também esperava ver os caras que queimaram a minha fazenda cara a cara! Ainda mais na nossa terra!

— Errada! Vocês, separatistas, andaram até agora em cantos onde vocês eram heróis e nós, os vilões, mas a lógica aqui se inverteu; O vale de Aran, Lleida e Seu d'Urgell se cansaram de vocês! Agora são terras da coroa!

— Uma terra banhada com nosso sangue você quis dizer!

— Sim, sangue de ratos! Estamos fazendo o favor de limpar o interior; os libertadores que antes prometiam um mundo de paz e prosperidade não são nada mais do que ratos que são incapazes de manter a palavra com o primeiro desafio e fogem quando nos vêem!

— Eu estou bem aqui na sua frente, te encarando, camarada! Não sou rata nenhuma não!

— E cadê o exército, hein?

— Eu não preciso deles aqui não! Vocês são tão fáceis que com um dedo eu vou varrer vocês daqui!

Enric gargalhou e parecia sentir prazer naquilo:

— Você é ousada, menina! Nesse mundo, minha cara, as coisas são feitas na base da força; quem não tem nenhuma, que não fale nada ou vai ser esmagado! Nós somos a garantia de que o Reino da Espanha terá forças para lidar com qualquer ameaça interna ou externa!

Enric sacou de imediato um arco e flecha das costas.

— Eu não sou ameaça ao reino! Eu não sou separatista! Sou tão súdita do rei Felipe terceiro quanto você deveria ser!

Todo mundo deu risada.

— Uma súdita de El Rey, capitã dos coronelas! Que maravilha!

Enric continuava zombando e lambendo os beiços.

Neus ficou séria e muito brava, sacou a carta “espada” e enfiou no pescoço dele:

— Eu não dou uma merda pra o que você pensa, imbecil! Eu só quero catar os filhos da mãe que queimaram a minha fazenda! Se eu puder levar vocês pro inferno juntos, melhor ainda!

Enric continuava a sorrir com malícia:

— Você é atrevida, Neus! Seria um prazer… um prazer mesmo, sabe? Daqueles prazeres que só um homem e uma mulher conhecem…

Só de ouvir aquela insinuação, Neus apertou com mais força ainda a espada na garganta dele, com dentes trincados.

Nem se importou com o sangue escorrendo da jugular dele, nem com o arco pronto a disparar.

— Agora eu vejo… Essa é a arma mágica que vocês roubaram dos ingleses! Foi com essa arma que vocês derrotaram o Josep! Vamos ver do que ela é capaz!

Enric fez um gesto e os soldados da Ordem avançaram contra ela.

Neus sorriu, agachou-se e paredes de labirinto surgiram entre ela e os soldados, exceto Enric que ficou cara a cara com ela.

Gritos de agonia eram ouvidos dentro das paredes e uma espécie de “sombra” surgia de cima das paredes de vez em quando.

Depois, as paredes sumiram e pouquíssimos soldados daquele grupo apareceram, todos com pescoço quebrado.

Enric aplaudiu:

— Impressionante! Eu trouxe cem homens e mulheres comigo, agora só tem dez! Que poder interessante!

Asas invisíveis apareceram nas costas de Enric e ele investiu tudo contra Neus, como um touro, empurrando ela.

Neus levantou o braço esquerdo e parou Enric.

— Um escudo invisível! Vamos ver quanto ele vai aguentar!

Enric flutuou ao redor de Neus e começou a disparar com o arco. Disparava e corria contra ela, mas Neus sempre se definida.

— Vai aguentar o suficiente!

— Vai ficar só na defesa? Uma hora o poder mágico se esgota e vamos ver se esse escudo vai aparecer pra te salvar!

“Ele tem razão”, pensou.

Enric investiu novamente e paredes de labirinto cercaram Enric.

— Tão fácil!

Enric subiu, mas as paredes acompanharam a subida. Quanto mais Enric voava, mas as paredes cresciam.

— Mas que droga!

— Tava fácil, né? – Disse Neus, atrás de uma parede.

Uma das paredes que cercava Enric se abriu.

Neus saiu de lá com tudo, voando e com a espada rosa em suas mãos em chamas. Ela bateu com tudo na cara de Enric como se tivesse dado uma paulada nele.

Sangue saiu da boca dele.

Enric se irritou:

— Maldita!

Enric correu atrás dela e bateu de cara com a parede de labirinto.

Resolveu descer.

Neus saiu de outra parede e golpeou-o pela nuca e depois fugiu.

Enric bateu de cara com a parede de novo.

Neus saiu por uma terceira parede e atingiu Enric por trás, rompendo a ombreira e a pescoceira da armadura com a espada flamejante, perfurando seu ombro.

Enric soltou um longo grito de agonia!

— MAS QUE DROGA!

Uma bola de fogo saiu da boca de Enric.

Como uma explosão, ele soltou as chamas e queimou um quarto das paredes de labirinto.

O labirinto pegou fogo por um tempo e depois desapareceu quando as rochas começaram a derreter.

Assim que desapareceu, Neus apareceu na frente de Enric, ofegante e cansada:

— Quase que eu viro churrasco! Você é pior que o Josep, imbecil!

— Acabou o gás, Neus, assim tão rápido? Agora você vai ver do que esse imbecil é capaz!

Era a chance de Enric.

Soltando a mão no ombro ferido, correu com tudo contra Neus, ignorando a dor.

Uma espécie de massa negra sem forma agarrou os pés de Enric antes que ele acertasse Neus.

Era a carta “sombra”

Enric tropeçou.

A carta “sombra” cobriu todo seu corpo, tentando sufocá-lo.

Enric conseguiu tentou lutar contra a “sombra”, sem sucesso.

— Eu ainda tenho gás pra mais!

— Você ainda não viu do que eu sou capaz…  

Neus correu com a carta espada em chamas assim que ele falou.

Um círculo mágico aparecesse sobre os pés de Enric.

O círculo era de linhas negras que brilhavam, cheio de desenhos desconhecidos para Neus.

O círculo mágico apareceu também no ar, em cima de Enric, junto de outro e mais outro círculo mágico.

Uma descarga elétrica atingiu Enric.

O poder da descarga elétrica foi tão forte que parecia ser um raio que desabou dos céus.

A carta “sombra” desapareceu.

A armadura vermelha também desapareceu.

Agora, o corpo de Enric estava coberto por uma armadura negra que não brilhava com a luz. Veias negras cobriram seu rosto e um par de chifres surgiu em sua testa, negros como a armadura.

Neus sentiu um poder mágico maligno e assombroso vindo de Enric, maior que o próprio poder mágico dela.

Tremeu:

— Mas… mas… que diabos é você?

— O diabo, minha cara, como você mesma disse! Agora vou mandar você pro inferno!

As águas do rio Segre se agitaram, ondulando, borbulhando e subindo a uma altura de dez metros acima do chão.

Só um poder mágico enorme poderia fazer aquilo.

Bolhas de água estavam flutuando no ar.

Enric estalou os dedos e juntou as bolhas na cabeça de Neus.

Um capacete de água envolveu a cabeça da garota.

Neus arranhava o pescoço tentando respirar.

— É divertido ficar sem ar, né? Vou esmagar o seu pescoço como você fez com minhas tropas!

De repente, uma estaca de madeira perfurou o ombro de Enric onde Neus o feriu antes.

Enric ficou empalado.

Era Pau, descendo de um pássaro de madeira que ele havia criado.

A bolha de água estourou e Neus se ajoelhou no chão, tossindo:

— Pau!

— Neus!

Os dois se abraçaram.

— Seu moleque! O que você tá fazendo aqui? – Disse Neus, sorrindo e surpresa.

— O mesmo que você: salvando todo mundo! – Disse Pau, excitado.

De repente, Neus soltou um grito de Agonia.

Uma flecha atingiu suas costas.

Ouviu até o barulho do osso dos ombros rachando.

Enric estava em pé, com o arco nas mãos, mas ainda com a estaca atravessada no tronco.

Ele arrancou a estaca aos poucos.

Uma espécie de sangue negro gosmento envolvia a madeira:

— Eu vou disparar mais três flechas, três flechas e vocês vão pro inferno!

A flecha mágica que Enric atirou ardia como ferro em brasa. A dor era insana e Neus estava fraca.

A raiva de Neus foi maior que a dor.

Trincando os dentes, ela juntou toda a energia mágica das Cartas Clow na espada rosa em suas mãos.

Uma espécie de arco íris apareceu na lâmina.

Um pequeno galho de árvore até cresceu na sua ferida no ombro.

O poder de Neus cresceu tanto de uma hora para outra que ultrapassou o poder mágico de Enric. Neus acabou perdendo a consciência no processo

O sorriso malicioso de Enric desapareceu do rosto dele:

— Como ela conseguiu fazer isso?

Pau arregalou os olhos:

— As cartas tão dando poder pra ela!

Neus correu contra Enric.

Enric disparou e disparou contra Neus, mas a coronela rebatia as flechas malignas como bolas de baseball.

— Não pode ser! Não pode ser! NÃO PODE SER!

A espada atravessou armadura negra e saiu do outro lado de Enric, partindo-o o corpo dele em dois.

A armadura se desprendeu do corpo de Enric e apareceu na frente dele.

Depois, a armadura brilhou vermelha como sangue de novo e voou rápido pelos ares.

Neus se ajoelhou no chão e vomitou. Um vômito preto como sangue podre.

Pau ficou preocupado:

— Mana!

Neus se levantou com dificuldade, apoiada no irmão.

Estava trêmula.

— Eu tou bem, Pau… Acho que isso é consequência daquele ataque…

Pau olhou para o corpo caído no chão de Enric com raiva.

Ele ainda tossia sangue, mesmo com o corpo repartido.

Pau e Neus franziram as sobrancelhas e estranharam quando viram carne e músculos crescendo como planta nas metades repartidas de Enric.

As duas partes se uniam e se regeneravam.

Enric já não sorria mais.

Um círculo mágico marrom apareceu na palma da mão de Pau e uma estaca de madeira saiu de lá.

Pau deu alguns passos e ficou encarando Enric.

— Você tá vivo ainda?

— Eu sou de carne e osso, rapaz! Não pense que eu sou um zumbi como o Josep…

Pau levantou a estaca e quis enfiar na cabeça dele com tudo.

Enric não temia morrer. Estava sério e sereno.

A mão de Neus impediu que ele continuasse:

— Deixa ele, Pau! Vamos prender ele e ver o que ele tem a dizer, ele tá fraco mesmo!

 

Continua…


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