Opostos que se repelem e o estigma do Príncipe

O cabelo fora de controle escondia seu rosto enquanto abaixada, ela conferia os cadarços. Em que esbarrou mesmo? Página virada, hora de jogar. Enzo ajeitou os óculos no rosto bonito. Esquecer as lentes em casa estava se tornando um hábito chato. O professor colocara as classes do terceiro pra jogar vôlei, juntos. Porque tudo tinha a ver com rivalidade. Ser o melhor. Ser o primeiro. Seu pai acreditava naquelas baboseira, também. Um dia seu velho o aceitaria? Às vezes, o rapaz se perguntava. Mas de qualquer forma, não era o momento pra aquilo.

Enzo apenas observava dos bancos laterais. As regras eram discutidas entre os dois líderes e o educador. O Capitão do time o chamaria primeiro. Ele era o maior. Gostava de usar óculos, ao contrário da maioria e só os tirava para jogar seu amado basquete, mas já os havia guardado. Dava tempo de se aquecer um pouco antes do jogo iniciar, assim como via Valentina fazer, dando pequenos saltos no mesmo lugar e balançando os braços. A moça revirou os olhos, impetuosa, alongando o corpo bonito distribuído em seus 1,80 de altura.

—Que cara de idiota é essa, pára de babar na Valente, otário! - Davi trouxe um pescotapa ao amigo, que esperava seu nome ser chamado em primeiro, mas foi o segundo. Miguel, o Capitão do 3a, queria Valentina no seu time. Óbvio.

Sem graça pelas próprias constatações, Enzo seguiu para o time rival. Não deveria esquecer-se  ser mais humilde se quisesse… Onde o Capitão era Yuri. O japa o olhou, contente de poder escolhê-lo. Ele também não sabia a máquina imbatível que Valentina costumava ser.

—Não tô babando em ninguém. - Cochichou, e o colega balançou a cabeça, como uma mãe que não acredita no que o filho diz.

—Tá sim. A Maria já contou pra meio mundo do encontrão de vocês.- Enzo revirou os olhos. Claro que a colega não conseguiria guardar nada pra si.-A gente tá apostando com o Will em quanto tempo ela vai quebrar seu nariz.

—William e as apostas dele.- Resmungou, se posicionando na quadra e respirando fundo. Aquele não era seu jogo, mas pelo menos iria se movimentar um pouco.

Já na primeira bola, um levantamento de Gabriela para Valentina resultou em uma bola cruzada que foi direto pro fundo oposto da quadra . Valente vibrou. Quase na linha. Um timing perfeito. Os do outro time a olharam assustados enquanto os seus comemoravam. Aquele jogo daria um bom aquecimento para o treino da tarde.

Enzo quase babou outra vez. Que outras surpresas a menina guardava para si? Uma em formato de bola, no meio da sua cara.

Ótimo, todo mundo havia percebido. Inclusive ela.