Quem somos nós? Nós somos super-heróis! escrita por Doutor


Capítulo 9
Universidade, trabalho e outras responsabilidades - parte final




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Passaram-se duas semanas desde o incidente que Cinético presenciou e tivera certa culpa. Todos os dias ele foi para o hospital e, naquele dia em específico, recebeu a notícia de que a vítima ficaria bem, apesar de um braço quebrado.

—Aliás,  por que você se preocupa com ela? Aqui diz que vocês não tem um parentesco. - disse a recepcionista do hospital. Carl ficou sem graça e pensou rapidamente em uma desculpa.

—Ela é... Minha amiga 

—Então pode entrar pra ver ela. Ela já está podendo receber visitas. - a recepcionista sugeriu, mas Carl disse que não era necessário. Porém, após várias insistências da mulher,  ele aceitou e foi para a sala aonde a moça estava internada. Carl passou o caminho todo pensando o que diria para a desconhecida.

Entrou na sala e viu a garota. Ela aparentava ter uns vinte anos, cabelos pretos bem cacheados e pele morena. Ela olhou para Carl.

—Seu amigo está aqui, Jozie. Vou sair para vocês conversarem. - disse uma enfermeira,  que se retirou. Jozie olhou para Carl e a expressão de confusa no rosto da menina era tão evidente que Carl ficou com mais vergonha.

—Eu te conheço? - por fim perguntou. 

—Não... É uma história engraçada,  sabe? A enfermeira confundiu. - disse Carl, dando um sorriso envergonhado.

Os dois ficaram se encarando por alguns segundos que pareceram horas na perspectiva do garoto. Ele tentou dizer algumas coisas para quebrar o silêncio,  mas nada adiantou. 

—Bom, vou indo. - disse ele.

—Ok.

Carl saiu da sala e usou sua super velocidade para se retirar o mais rápido possível daquele local.

***

Carl voltou para o seu quarto na universidade e se deitou na cama. Não havia mais agido como herói novamente e guardou seu uniforme dentro de uma gaveta com chave de seu guarda-roupas. 

Seguiu sua vida normalmente, estudando e procurando por um emprego. Nos finais de semana ele ia visitar seus pais. Em um desses finais de semana, ele decidiu caminhar pelo bairro aonde passara a sua infância. Foi passando por uma região mais cheia que ele viu um pequeno prédio de apartamentos em chamas. Era impressionante como as coisas ruins aconteciam perto dele. Carl não se lembrava de presenciar tantos assaltos e coisas assim antes de se tornar um herói. 

Os bombeiros já cercavam o local e algumas pessoas já haviam saído. Carl se aproximou de um dos bombeiros.

—Quantas pessoas ainda estão lá? - perguntou. 

—Não temos tempo pra isso, garoto.  Estamos ocupados, vá embora. - Carl deu meia volta, desanimado. Foi quando gritos soaram de dentro do estabelecimento. Ele olhou para trás e, por um momento, pensou em entrar lá dentro. Mas quando pensou em se movimentar, seu próprio cérebro o parou,  com pensamentos que diziam que ele não devia fazer nada.

"Eu sou só um civil"  insistiu em pensamento. Foi quando o prédio desabou que ele percebeu que não dava mais tempo de fazer nada. Tentou não ficar lamentando enquanto voltava pra casa, fixando na sua cabeça que pessoas morriam antes dele ter poderes, mas isso só piorou, pois o fez lembrar que ele tinha poderes para fazer o bem e não o fazia.

Chegou na sua antiga casa e se sentou ao lado de seu pai, que estava assistindo televisão.

—Pai. - disse. 

—Sim, meu filho?  

—Imagine que... Você tem um pão. 

—Oi? - o homem ficou confuso, olhando para o filho. 

—Só imagine. Você tem um pão e você não precisa dele. Então... Você passa perto de alguém que está prestes a morrer de fome. Não dar o pão para ele me faria culpado de sua morte? Digo, ele morreria de qualquer maneira, mesmo se eu não tivesse o pão. - após essas palavras, o pai de Carl ficou pensativo.

—Meu filho, se o destino te dar a capacidade de salvar uma vida,  então é sua culpa se você não fizer. Com grandes poderes vem grandes responsabilidades. 

—Você pegou essa frase de um filme, não?

—Não importa de onde eu peguei. - o pai do jovem desligou a televisão e olhou seu filho nos olhos. - Carl, se você tem um pão que você não vai usar, isso já te faz ter a oportunidade de ajudar alguém que precisa. A partir do momento que você tem esse poder e escolhe não usá-lo, você se torna culpado dessa escolha.

—Mas e se o pão estiver envenenado e eu não sei? E se a minha escolha acabar custando a vida de alguém? 

—Filho, não dá para salvar a todos sempre. Mas, se você deu o pão com o objetivo de fazer o bem, é óbvio que isso não te tornará mal. E caso a sua preocupação seja que o pão esteja envenenado, então você teria que tomar uma escolha difícil. 

—Qual? - Carl perguntou. 

—Comer um pedaço do pão antes, priorizando a vida de outra pessoa acima da sua. Mas nem todos tem força para isso... Mas só o fato de você estar dando o pão para o necessitado faz com que você esteja arrisco sei bem-estar por ele, pois aquele pão pode fazer falta no futuro. Lembre-se que quem tem o poder para acabar com o mal e não o faz, é cúmplice. 

—Entendo. - Carl olhou para o chão,  pensativo. O pai do jovem ligou a televisão novamente.

—Que conversa mais doida. - disse o sr. Millers enquanto Carl subia para o quarto.

***

A vida não podia estar mais tediosa. A semana começou e Carl não fazia outra coisa além de estudar e trabalhar. Havia conseguido um emprego em uma outra lanchonete e logo percebeu que Luanny estava o seguindo. No segundo dia de trabalho de Carl a garota já havia aparecido na lanchonete e foi fazer o pedido com ele.

—Oi, Carl. - disse ela, sorrindo. -Senti a sua falta. 

—Imagino... O que vai querer? 

—Eu quero saber se a gente pode sair! - a garota falou de maneira tão direta que Carl se surpreendeu. 

—Sério? Por que?

—Não sei... Você é legal. - enquanto disse isso, Carl viu um antigo conhecido entrando pela porta da frente e se sentando. 

—Não pode ser... - pensou alto.

—Mas é, eu quero sair contigo.  - Disse Luanny. Carl logo se lembrou da garota. 

—Não. Não é isso... Me dê um momento. - ele saiu do caixa e foi até a mesa. Quando se aproximou dela, teve a certeza.

—Oi, Carl. - disse Taylor, olhando para seu amigo.

—Taylor? O que você faz aqui? -Carl olhou ao redor, procurando por algo que nem ele mesmo sabia o que era. Então se sentou na mesa e sussurrou. - Por que você veio pra cá?

—Preciso de sua ajuda.

***

Carl voltou para o seu quarto pensativo. Não estava acreditando no que Taylor disse, mas por que outro motivo ele viria para Nova Iorque? 

Quando entrou, viu que seu colega ainda não havia chegado lá,  e então abriu o guarda-roupa. Pegando uma chave de seu bolso, ele abriu a gaveta e viu seu uniforme de herói.  Nesse momento, as palavras que foram ditas pelo seu pai passaram por sua cabeça. O jovem passou a mão no uniforme, sentindo a textura do tecido,  e deu um leve sorriso.


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Notas finais do capítulo

Qualquer erro, peço que avisem.



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