Quem somos nós? Nós somos super-heróis! escrita por Doutor


Capítulo 2
Universidade, trabalho e outras responsabilidades - parte 1




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O despertador tocou, tirando Carl de seus devaneios. Naquele momento,  a mente do jovem se focou na porta do banheiro. Alex, o colega de quarto de Carl, pulou da parte de cima o beliche e correu em direção à porta, com Carl logo atrás.  Os dois se seguraram e tentaram se empurrar, numa luta desnecessária para ver quem entrava no banheiro primeiro.

Alex era mais alto e mais forte que Carl, que não conseguiria vencer uma luta sem usar seus poderes. O corpo magro do jovem fez ele ceder e deixar Alex entrar no banheiro.

Os dois jovens costumavam brigar muito para ver quem usaria primeiro o banheiro após o despertador tocar. Tudo isso começou quando,  em um dia qualquer, Carl acordou antes do despertador e foi tomar banho. Durante o banho, enquanto escutava o rádio, escutou sobre um crime que estava ocorrendo e, por mais que estivesse aposentado, seguiu seu instinto de herói. Mas antes que Carl pudesse desligar o chuveiro, vestir uma roupa e ir resolver o crime, seu colega de quarto acordara e começara a bater na porta. O herói, desesperado, saiu pela janela, deixou o chuveiro ligado e, usando sua super velocidade, entrou no dormitório pela porta principal, vestiu as roupas e foi correndo, numa velocidade que superava facilmente a do som, até o local do crime. Demorou alguns vários minutos para derrotar o vilão e, quando voltou para o banheiro com o chuveiro ligado, seu parceiro já batia com tanta força na porta que era perigoso que ela fosse derrubada. Naquele dia, Alex chegou atrasado na aula e os dois ficaram brigados por alguns tempo. Para resolver a  briga, os dois fizeram um acordo que só poderiam entrar no banheiro após o despertador tocar. O problema é que no primeiro dia após esse acordo, o colega de Carl entrou no banheiro primeiro e decidiu se vingar,  ficando lá até o momento em que a aula estava prestes a começar. Desde então,  quem entrava primeiro no banheiro sempre fazia o outro se atrasar de propósito. Tentaram resolver o problema fazendo o despertador tocar mais cedo, mas de nada adiantou. Então, apesar de amigos,  os dois se tornavam rivais quando o despertador tocava.

Dessa vez, Carl era o infeliz que não havia conseguido entrar primeiro. O jovem deu uma batida na porta e ficou irritado,  enquanto Alex gargalhava durante um banho longo.

O jovem, sem paciência para chegar atrasado, vestiu uma calça,  uma camisa pelo avesso e um tênis e saiu. 

Se retirando do prédio aonde ficavam os dormitórios, ele caminhou até a estrutura do departamento de engenharia. Ainda faltavam duas até o início das aulas, mas o garoto precisava esfriar a sua cabeça. Então,  no meio do caminho, desviou-se para a lanchonete da universidade. Lá, ele pegou algumas panquecas e café puro sem leite e se sentou em uma mesa.

—E aí, sua putinha! - soou uma voz conhecida para Carl. Ele olhou para traz e viu Tyson, um colega de ensino médio que agora cursava sociologia na mesma universidade. Carl o cumprimentou e disse para Tyson se sentar na mesma mesa.

—Então,  quais são as novidades? - perguntou para o amigo que acabara de chegar. 

—O pessoal da fraternidade Alfa-Sigma-PI vai dar uma festa hoje e... Que merda é essa de camisa pelo avesso? - Tyson perguntou, percebendo a vestimenta de Carl.

 

—Nem me importo... Continue. - Carl deu de ombros e bebeu o café. 

—Bom, estava pensando em irmos lá. Fui convidado. - Tyson deu um tapa nas costas do amigo. Carl o olhou e bebeu o último gole de café. 

—Sabe que não gosto de festas, né? 

—Isso porque você é um viadinho. Mas se você aparecer lá hoje, perde esse cabaço em minutos... Agora vou tomar meu café. - Tyson se levantou e se retirou da mesa.

O jovem Daniel se levantou e foi servir mais um pouco de café para si, mas acabou derramando uma bela quantia do líquido no chão. Carl saiu da lanchonete sob as reclamações do zelador, que limpava a sujeita de café que ele havia feito no chão. 

O dia se seguiu chato e monótono como sempre. Pelo período da manhã,  o jovem fez a suas aulas e, no período da tarde, foi para seu emprego no fast-food mais próximo. Carl não imaginava que se manter numa universidade fosse ser uma tarefa tão onerosa, mas ela melhor se ocupar com isso do que ser tentado a resolver crimes.

—Atrasado de novo, Carl! - gritou o chefe do jovem quando o mesmo entrou na lanchonete. O sr. Hopkins logo colocou o boné no seu empregado e mandou ele ir pro caixa. Hopkins era baixinho, gordinho e careca, com um grosso bigode preto e olhos pretos. O chefe se dava bem com todos os seus funcionários,  mas Carl o provocava muito com seus atrasos constantes. 

Carl se sentou no caixa e começou a atender. Fez isso durante duas horas, até uma determinada cliente surgir. Não era uma cliente desconhecida, mas sim uma que frequentemente ia para o local naquele mesmo horário era sempre ia no caixa de Carl. Era Luanny, uma garota razoavelmente baixa e magra, de cabelos negros, olhos azuis e pele branca.

—Oi, Carl! Boa tarde. Como você tá? - perguntou a jovem.

—Normal, Luanny. E você?  Vai fazer seu pedido? - a garota deu um sorriso e olhou para o cardápio de hambúrgueres.

—Tô bem e vou, sim. Mas antes... - ela voltou a olhar para Carl. Nesse momento, a televisão começou a passar uma notícia que chamou a total atenção de Carl Daniel. Um sequestro ao trem cento e vinte e dois, na estação do Brooklyn, estava deixando um número considerável de reféns. 

Nesse momento, as memórias que tanto atormentavam Carl vieram em sua mente. Os corpos de alguns colegas heróis, montanhas cidadãos mortos, a explosão... 

O garoto balançou a cabeça e voltou a prestar atenção na realidade. 

—...eu sei que você tem dezenove anos e eu tenho vinte e um, mas... - dizia Luanny.

—Oi? - Carl voltou à realidade e percebeu que deixara a garota falando sozinha. Luanny fez um olhar confuso, então Carl apenas confirmou com a cabeça. - É... Idades diferentes. 

—Sim! - disse a garota,  com a empolgação renovada. - Mas não acho que isso seja um problema para... - nesse momento,  Carl olhou para a televisão e viu que não poderia ignorar aquele sequestro.

—Só um momento,  Luanny. Já volto. - o garoto tirou o boné com a logo da lanchonete e saiu, deixando Luanny confusa e desapontada.

—Vou descontar do seu salário! - gritou Hopkins enquanto Carl já saia da lanchonete e corria.

Correr era uma sensação boa.  Saber que poderia atingir velocidades incríveis apenas correndo sempre trazia um sentimento de liberdade para o jovem que vivia preso na rotina. Mas também trazia as lembranças que tanto tentava ocultar.

Carl tentou e conseguiu ignorar essas lembranças,  focando sua mente no metrô e nas vítimas. Demorou uma fração de segundo para chegar em um beco próximo a entrada da estação. O local estava cheio e, nesse momento,  o garoto se arrependeu de ter jogado a sua roupa de herói no sótão da casa de seus pais. Ele entrou na multidão que estava ao redor da entrada da estação, impedida de adentrar no local pela polícia. Ele olhou ao redor e viu um garoto com uma máscara de brinquedo do antigo herói Punho de Fogo. Ignorou as memórias de seu antigo amigo e foi até o garotinho.

—Ei, garoto. Cinco dólares pela máscara. - ofereceu.

—Trinta! - disse o garoto. Carl deu uma risada, mas a expressão do garoto demonstrou a seriedade na barganha.

—Malandro! - disse Daniel, tirando os trinta dólares e entregando ao garoto, que deu a máscara.

O jovem correu em uma velocidade normal até o beco mais próximo e vestiu a máscara, que estava suja de catarro e saliva em seu interior. Amaldiçoando o menino em sua mente, Carl usou sua super velocidade e entrou na estação sem ninguém perceber.

Ele parou no local aonde o trem estava parado e havia certo movimento lá dentro. O herói entrou no metrô, usando a sua super velocidade.  Vendo todos em super câmera lenta, ele identificou os cinco sequestradores. Tirando as armas dos homens e levando para próximo dos policiais, ele os imobilizou com fita adesiva logo em seguida. Depois voltou para o local do beco aonde estava.

Tudo isso fora em um piscar de olhos. Carl voltou para a multidão e não demorou muito até os reféns começarem até sair da estação e contarem que os bandidos foram imobilizados em um piscar de olhos.  A polícia também notara as armas que haviam surgido repentinamente próximas à eles.

Carl decidiu que já podia se retirar quando a polícia adentrava na estação para prender os bandidos. Ele tirou a máscara babada enquanto olhava a situação. Sorrindo, ele voltou correndo para o trabalho, imaginando a bronca de Hopkins.


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Notas finais do capítulo

Qualquer erro de português e crítica construtiva, sintam-se a vontade para colocar nos comentários.



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