Quem somos nós? Nós somos super-heróis! escrita por Doutor


Capítulo 10
Irmãos Adams - parte 1




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Alane estava em seu quarto, um cômodo com paredes azuis, livros no chão, quadrinhos sobre a escrivaninha do computador e action figures de Doctor Who em cima de uma estante. Quem entrava lá,  achava que o quarto era do irmão mais velho da garota, mas sempre se impressionava quando a mãe de Alane dizia que o quarto era da caçula.

Ela tinha quatorze anos, baixa e muito magra, cabelos curtos e negros como carvão, com as pontas pintadas de roxo, olhos azuis claro e grandes e uma pele bastante clara. Era tímida e possuía poucos amigos, diferente do irmão.  Alan estudava na mesma escola que a garota,  mas já estava no último ano. Tinha dezessete anos, alto, com os mesmos olhos azuis, cabelos tão negros quanto que sempre estavam bagunçados, um corpo forte e atlético e uma pele branca razoavelmente bronzeada. Ambos, apesar de parecerem apenas jovens comuns, eram muito mais do que isso.

Alane assistia à um episódio de Doctor Who quando seu celular tocou, assustando a garota.

—Alô! - atendeu,  irritada por ter sido obrigada a pausar o episódio. 

—Aonde você tá? Eu e a Hanna já estamos aqui, te esperando! - soou uma voz masculina do outro lado da linha. Era Steve. Alane levantou em um susto e olhou para o relógio. Eram quase seis da tarde.

—Droga! Já tô indo! - a garota desligou o telefone e correu desajeitada pelo quarto,  procurando por uma calça descente, já que estava apenas de calcinha e uma camisa preta e velha. Vestiu um jeans preto e tênis,  e então pegou uma mochila que estava em cima da cama.

—Mãe, tô saindo! - gritou do quarto.

—Vai aonde, Anny! - disse a mãe da garota. 

—Encontrar meus amigos! 

—Ok! Mas nem pense em pular do prédio de novo! - ordenou, mas Alane já estava abrindo a janela do quarto.

Viviam em um apartamento no décimo andar de um prédio em Boston. A garota deu um sorriso e sentou na janela, sentindo as pernas fora do quarto, o vento daquela tarde fria batendo em seu rosto. Ela sorriu e pulou para o teto do prédio a frente,  que ficava um pouco abaixo da janela de seu quarto. 

O pulo da garota foi impressionante. Nem mesmo um atleta adulto conseguia pular de um prédio para o outro, que estavam sete metros distantes um do outro. Enquanto caia em direção ao outro prédio,  ela sentiu o frio em seu rosto. Seus sentidos ativados a mil, escutando coisas a quilômetros de distância.  Seu nariz capaz de sentir o cheiro de um hambúrguer específico em um fast food que estava a um quarteirão dali. Os vários cheiros, barulhos e sensações foram uma confusão em sua cabeça, mas a garota se concentrou e tudo voltou ao normal, com exceção da sua audição. Com os olhos fechados,  ela fez algo que adorava muito: se guiar adorava traves dos sons, como um morcego. Seus pés pousaram na superfície do teto e ela continuou correndo, com os olhos fechados. Pulando de prédio em prédio,  a garota se guiava somente pela audição.

Ela sentiu que estava chegando no momento favorito desse percurso. O momento que ela mais amava. Deu um salto e abriu os olhos. O prédio logo a frente estava em uma distância que ela, claramente, não alcançaria. Alane deu um sorriso e olhou em um ponto específico do teto. Nesse momento,  ela sentiu como se uma força impressionante comprimisse seu corpo ao nível de uma partícula e, no instante seguinte,  essa mesma força o expandia. Mas agora, ela já estava no ponto para onde havia olhando. Havia se teletransportado. Deu um sorriso de satisfação e quase tropeçou pela velocidade extra que o teletransporte havia dado a ela. Parou de correr e deu uma leve respirada. Já havia percorrido alguns quarteirões e tinha certeza de que estava perto e, por mais que sua resistência física fosse acima da média,  ela se cansava. Nesse momento, se lembrou do irmão. Alan também em era especial como Alane. Ele também tinha poderes que descobriu da pior maneira.

Os dois eram jovens. Alane tinha cinco anos e seu irmão, oito. Moravam em uma casa no Texas e estavam sozinhos naquele dia. Alan inventou de cozinhar algo e acabou incendiando a casa. A primeira coisa que passou pela sua cabeça foi salvar a sua irmã e foi isso que fez. Correndo para o quarto de Alane, ele pegou a garota no colo e correu para fora. 

Estava alcançando a saída quando um pedaço de madeira caiu em sua perna,  derrubando-o. Gritou para sua irmã sair e a pequena garota assustada o fez. Alan fez muito esforço para levar a madeira. Sentindo que seus cabelos e seu corpo começaram a pegar fogo, o garoto sentiu uma dor absurda que o atrapalhou mais ainda de levantar a madeira. Alane gritava e chorava, enquanto as chamas consumiam a pele do garoto. 

Os bombeiros chegaram e um deles levantou a madeira, tirando o garoto em chamas da casa e apagando o fogo, enquanto os outros paravam o incêndio.  

Havia horríveis queimaduras pelo corpo de Alan. Queimaduras que o tornaram irreconhecível. Queimaduras que doíam tanto que o garoto desejou a morte e, de acordo com os bombeiros, a morte chegaria para ele rapidamente. 

Mas quando a certeza da morte chegava na mente do garoto, seus olhos, cegados pelas chamas, voltavam a enxergar. A dor em seu corpo diminuiu gradual e rapidamente até sumir. Alan se levantou e viu sua irmã e o bombeiro que o salvou. Ambos estavam perplexos, abismados. 

Alan ficou mais perplexo ainda quando olhou suas mãos e tocou em seu seus rosto. Tudo havia voltado ao normal. O garoto se curou. 

Alan sempre soube que era diferente,  pois não seu seus cansava ao correr. Quando brincava com os outros garotos de sua vizinhança, ninguém conseguia correr mais que ele,  pois o garoto nunca se cansava. Ele nunca estava ofegante e sempre demonstrava um vigor muito grande. Quando ia para uma piscina,  era capaz de passar quanto tempo quisesse debaixo d'água, sem respirar. Ele sentia a dor nos pulmões e as náuseas de ficar sem ar, mas não morria. Mas foi nesse incêndio que o garoto descobriu suas habilidades.

A partir deste momento,  ele tentou dar atenção a irmã caçula,  para ver se ela era como ele. Alane também era especial desde sua infância, mas não sabia. Ela tinha super sentidos, mas para ela, seus sentidos eram normais, pois não conhecia a limitação doa outros. Achava que todos tinham uma visão de águia como a dela e, quando visualizava pássaros voando muito alto no céu,  apontava para a sua mãe ver, mas a mulher não via nada. Também era capaz de saber o almoço de sua casa no caminho de volta para a escola, apenas sentindo o cheiro. Mas foi quando tinha dez anos que os poderes realmente se tornaram evidentes. De um instante para o outro, os sentidos da garota começaram a agir descontroladamente. A bagunça de sons, cheiros, noção de equilíbrio e tudo mais deixaram a garota assustada e confusa nos primeiros dias, deixando-a trancada no quarto e tendo crises de choro. Nessa época,  Alane descobriu que também tinha a capacidade de teletransportar para qualquer lugar que estivesse em sua visão. 

Sua mãe obrigou Alane a ir para escola. Chegando lá,  os vários sons de pessoas conversando durante o intervalo deixaram a garota louca. Ela olhou ao redor, desejando sair daquele lugar. Quando olhou para o campo de futebol através de uma janela, teve a sensação de ser comprimida e expandida e, em um piscar de olhos,  estava no campo de futebol da escola.

Alan, já sabendo que aquele era a habilidade especial da garota,  decidiu ensiná-la a concentrar-se no que queria sentir. Ele acalmou a irmã e disse para usar a imaginação, procurando um som em específico no meio da mistura de sons que atormentavam a garota. Alane seguiu essa dica e, quando percebeu, estava apenas escutando a música na qual direcionou a sua concentração. 

Após aprender isso, a garota começou a andar ouvindo música em todos os lugares. Quando não escutava música, assistia à suas séries ou, caso estivesse na escola, prestava atenção na voz do professor.

Foi exatamente o que fez quando desceu do prédio para a calçada da rua. Alane tirou seus fones e os colocou nos ouvidos. Caminhou alguns metros até chegar na entrada de um shopping. Lá,  Steve e Hanna a esperavam. Steve era um jovem muito alto e magro, com óculos redondos e cabelos loiros lambidos. Hannah, a irmã de Steve, era loira, com bochechas rosadas e um belo e animado sorriso. Ela tinha quinze anos, enquanto o irmão tinha dezoito.

Alane se aproximou dos dois, tirou um dos fones de ouvido e os cumprimentou. 


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Notas finais do capítulo

Qualquer erro, peço que avisem.



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