Meu Disfarce escrita por Ariane Munhoz


Capítulo 1
As coisas acontecem como devem acontecer ♥


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Dando uma pausa do NaNo para tentar cumprir todos os desafios desse ano! Achei que não ia conseguir trabalhar bem com flashbacks, mas acabou que saiu essa fofurinha aqui. Gostei muito do resultado! Espero que vocês também! Usei de inspiração a música Meu Disfarce, cantada pela Sandy com o Xororó. Vou deixar o link aqui! Boa leitura!

Música: https://www.youtube.com/watch?v=_opSauZdnYo



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Você vê esse meu jeito de pessoa liberada

Mas não sabe que por dentro não é isso, eu não sou nada

Shino ainda se lembrava de como havia sido no início, as dificuldades que haviam passado antes que fossem capazes de se declarar um para o outro. Sempre que as lembranças vinham à sua mente, pensava no quão era sortudo por tê-lo ao seu lado.

Kiba era sempre tão solto, pensava Shino enquanto o observava gargalhando ao lado de Shikamaru, Chouji e Naruto. Sempre o rei do pedaço, capaz de se enturmar tão facilmente enquanto ele se mantinha isolado.

− Ganhei mais uma, Naruto idiota! – Ele soluçava, as bochechas coradas pelo excesso do sakê. Ainda eram de menor, teoricamente não podiam beber, mas o final da guerra havia trazido algumas vantagens para eles, aclamados como heróis mesmo que na maior parte não se sentissem assim.

− Filho da puta sortudo! – O braço do Uzumaki passou ao redor de seu pescoço. Kiba olhou em sua direção, sorridente.

− Por que não joga com a gente, Shino? – chamou. Por um momento, Aburame apenas o encarou, como se quisesse aceitar a proposta. Mas ao ver a algazarra dos outros, sabia que não conseguiria manter-se enturmado por tempo demais.

− Passo. Fica para uma próxima vez.

Naquela época, mal sabia Shino que Kiba sentia-se inseguro embora se demonstrasse tão despojado.

Tenho ares de serpente, mas em casos de amor

Sou pe queno, sou carente, sou tão frágil sonhador

Shino era sempre tão misterioso! Kiba demorou a compreender o que de fato sentia. Passara muito tempo acreditando que possuía algum problema com Aburame, sempre querendo estar ao lado do amigo porque ele possuía um cheiro bom, reconfortante como a relva em que amava se deitar. Shino cheirava a pinho banhado sob a chuva, tão natural quanto a floresta da qual Kiba amava se cercar.

Quando finalmente compreendeu como se sentia, obviamente por indicação dos amigos – pois sozinho jamais se perceberia –, não teve coragem de agir. Como poderia quando Shino jamais demonstrou nenhum interesse por ele ou por qualquer outra pessoa que conhecesse?

Achou que jamais teria chance! Resolveu afogar-se em outros relacionamentos, nenhum deles duradouros. Nem mesmo com a garota que amava gatos. Ou com qualquer outro que cruzou o seu caminho. A verdade é que naquela época Kiba era covarde, mas agora sentia-se grato por ter quem amava ao seu lado.

Eu me pinto, me disfarço, companheiro do perigo

− Lembra como eu me jogava de cabeça nos perigos nas nossas missões? – Kiba perguntou, a mão repousada sobre os pelos macios de Akamaru. Estavam deitados abaixo de uma cerejeira na casinha que haviam construído com tanto esmero entre os territórios do clã Aburame e Inuzuka.

− Como me esquecer das suas insânias? – Shino passeou os dedos pelos fios castanhos bagunçados. Agora, anos depois, os cabelos de Kiba quase atingiam os ombros, e o cavanhaque finalmente havia tomado forma quando os pelos pararam de crescer desordenados pelo rosto.

− Na verdade, eu só queria que você me notasse. – admitiu, recebendo um latido descontente de Akamaru em resposta.

− É mesmo? – Shino arqueou uma das sobrancelhas, abaixando o rosto para alcançar os lábios do esposo com um beijo suave, seguido por uma dúzia deles. – Podia ter tentado algo menos perigoso.

− É que no fundo eu sabia, Shino, que você jamais deixaria algo acontecer comigo.

Aquilo era verdade. Jamais permitiria que Kiba se machucasse demais. Pois amava-o. Amava-o desde sempre.

− Mas sabia como me fazer passar ódio também, não é? Como quando completou 18 anos e achou que era velho o bastante para beber como um adulto.

Kiba riu, e era gostoso como a gargalhada reverberava por seu tórax. Até mesmo os kikaichuu sentiam-se confortáveis com a presença do Inuzuka.

− Acho que eu exagerei um pouquinho ali mesmo.

Eu me solto em sua festa, mas sozinho eu não consigo

Digo coisas que não faço, faço coisas que não digo

Havia bebido demais.

Apostara com Naruto que aguentaria mais que ele, mas, diferente do portador da Kyuubi, Kiba não havia tido um sensei pervertido que lhe permitia beber desde sempre.

No terceiro copo de sakê, já estava dançando sobre a mesa tentando tirar a roupa. No quinto copo, chamava por Shino para que dançassem juntos enquanto contava vantagem para as garotas da festa sobre seus grandes feitos.

Foi um milagre Tsume não ter aparecido para lhe arrancar as orelhas em pleno Ichiraku. E, como sempre, foi Shino quem o salvou de passar vergonha, levando-o para a própria casa e jogando-o embaixo da água fria quando Kiba vomitou em seus sapatos.

− Eu te amo, Shino! – disse com todas as letras, enlaçando-se em seu pescoço e rindo.

− Claro. Vai me amar muito mais se estiver limpo e dormindo confortavelmente no quarto de hóspedes. – Aburame respondeu pacientemente. Para sua infelicidade, Naruto havia vindo de brinde, tão bêbado quanto Kiba. Colocara-o para dormir no sofá, como o bêbado silencioso que havia sido, sem dar-lhe um pingo de trabalho. Shibi estava viajando, portanto não seria problema.

− Ne, Shino, quero dormir com você. – pediu com jeitinho, os olhos selvagens o encarando. Shino precisou respirar fundo, prestes a negar o pedido. – Por favor... me deixa dormir com você. – murmurou contra seu ouvido, testando os sentidos do rapaz que respirou fundo para disfarçar o tremor que percorreu seu corpo pela ação do melhor amigo.

− Tudo bem. Vamos. – Ajudou-o a subir as escadas, olhando uma última vez para Naruto que ressonava tranquilamente no sofá.

Queria dormir com Kiba, claro que sim. Mas sabia que jamais teria dele aquilo que mais desejava.

Quero ser o seu amado, não somente seu amigo

− A gente era mesmo idiota, né? – Kiba deu um risinho, aceitando o morango silvestre que Shino colocou em sua boca.

− Acho que faz parte de ser um adolescente transgredindo para a maioridade. – Shino ajeitou melhor as costas sobre o tronco da árvore, sentindo os insetos que deixavam seu corpo para caminhar livremente pela natureza sem nunca se demorarem demais. – Não tivemos tempo para isso sendo armas de guerra.

− É verdade. – Kiba achava aquelas palavras fortes demais, mas sabia o quanto haviam sofrido na guerra. Por sorte, não tinham perdido ninguém próximo, mas Shikamaru e Ino não haviam tido a mesma sorte. Nem Hinata, que perdera o primo com quem se reconectara pouco tempo antes de tudo acontecer. – Mas acho que as coisas aconteceram como tinham que acontecer, né? No tempo certo! E aquela noite foi maravilhosa, você não acha?

Shino não poderia concordar mais.

Cada vez, que eu sinto um beijo seu na minha face

Eu luto pra manter o meu disfarce

Haviam deitado para dormir, os futons colocados lado a lado para que Kiba não se sentisse isolado. Shino o observou pegar no sono rapidamente, o ronco alto por conta do excesso de bebida que havia deixado um hálito nada agradável para ele ou para seus insetos, mas suportou.

Suportou até mesmo quando Kiba virou-se para seu lado, abraçando-o com a perna entrelaçada à sua.

A verdade é que não queria se soltar, mas temia que o corpo começasse a corresponder com estímulos que não pudesse controlar.

− Ne, Shino... – Ouviu a voz rouca de Kiba em seu ouvido. Tinha que se esforçar para não fazer nada de errado. Kiba estava bêbado! Era errado que fizesse isso!

− Hm. – respondeu, monossilábico como sempre. Inspirar e expirar, inspirar e expirar. Como costumava fazer em seus treinos de meditação. Mas quem podia meditar ao lado de Inuzuka Kiba?

− Você tem um cheiro tãããão bom. – Sorriu contra seu pescoço, os lábios roçando levemente ali fazendo com que Shino gemesse de maneira involuntária. – Hmm? O que foi isso?

Aturdido, Aburame afastou-se ligeiramente, grato pela escuridão que impedia que Kiba vislumbrasse seu rosto.

− Seu cheiro mudou um pouco, que engraçado. – Kiba deu um risinho, aproximando-se e deitando a cabeça sobre o peito do amigo. – E seu coração... ele ‘tá tão acelerado. – O sorriso voltou a se instalar em seu rosto quando Kiba ergueu-o para encarar Shino. – Mas como eu dizia... é tão bom...

Precisava manter o controle. Mesmo quando os lábios dele desceram por seu pescoço. Mesmo quando a língua fez movimentos circulares contra ele.

Não é Kiba, é a bebida. É somente a bebida.

− Isso te incomoda, Shino? – perguntou baixinho, os dedos passeando pelo tórax esguio do melhor amigo.

− Não. – respondeu prontamente. – Talvez seja um pouco inusual. Ou apenas a bebida falando por você.

O sorriso de Kiba aumentou. E Shino podia jurar que os olhos dele brilharam na escuridão.

 

E não deixar tão claro que te quero

− Até hoje não sei como você passou por aquela noite ileso. – Kiba comentou, risonho, molhando um dos morangos na calda de chocolate que Shino havia providenciado. – Eu não teria sido tão forte!

− Nem mesmo eu sei. Foi uma prova de fogo. – Estavam agora na cozinha, Kiba ainda comendo enquanto Shino preparava o jantar.

− Queria ter percebido antes, sabe? Queria ter tido coragem de dar o primeiro passo mais cedo. Mas achei que, sei lá, você não curtisse pessoas!

− Acho que sou Kibassexual. – Shino brincou, balançando os ombros de leve.

− Deve ser muito foda mesmo ser Kibassexual. Quantas pessoas desafortunadas você deixou por aí já que sou único no mundo! Mas você poderia ter sido mais claro!

− Mais claro? – Shino sorriu de canto ao sentir os beijos do esposo se espalhando por seu pescoço.

− Mais claro. Muito mais. – mordiscou de leve a tez pálida. Shino virou-se e tomou os lábios dele em um beijo profundo. E a sensação ainda era a mesma que o fizera ir para as nuvens na primeira vez em que se beijaram.

Cada vez, se torna mais difícil o meu teatro

Não dá mais pra fugir do seu contato

As coisas ficaram estranhas depois daquela noite para Shino. Não havia como negar o quanto Kiba mexia consigo. Mas, àquela altura, anos depois de estarem juntos no mesmo time, pedir transferência estava fora de cogitação. Não quando estavam tão entrosados. Não quando a maior parte dos times estava defasado por ter perdido membros durante a guerra.

Kiba agia como se nada tivesse acontecido na maior parte do tempo, exceto quando estavam sozinhos. Era naqueles momentos que se soltava, que se permitia descobrir os pontos fracos do melhor amigo, a língua circundando perigosamente em seu pescoço, próximo ao lóbulo da orelha. E Shino mantinha-se controlado, silencioso, incapaz de admitir que estava à mercê dele ao mesmo tempo em que não queria que se afastasse.

Foi quando decidiu revidar na mesma moeda, pagando provocação com provocação.

Olho por olho, dente por dente. Como a academia ninja e a guerra havia lhes ensinado.

Começou como ele, os beijos molhados espalhados pelo pescoço, mordiscando a orelha, a língua quente percorrendo a pele, os lábios roçando as maçãs do rosto, perigosamente próximo à boca.

Sentiu o coração do Inuzuka batendo na palma de sua mão quando lhe tocou o tórax, da mesma forma que Kiba sentia o cheiro de Shino mudando para algo mais intenso, mais forte. E gostou daquilo.

− Se você continuar assim... – Os lábios entreabertos de Kiba eram convidativos. O olhar perdido, o rosto corado...

− O que fará?

− Se continuar assim, eu... – Não soube responder com palavras. Apenas tomou os lábios de Shino para si, puxando-o para mais perto.

As línguas se tocaram trazendo uma sensação explosiva de emoções. Os corpos se encaixaram, querendo se unir em uma única massa conforme se ajeitavam no beijo que havia começado atrapalhado e afoito como Kiba era.

Mergulharam profundamente naquela sensação, os corações batendo em um único ritmo enquanto se entregavam ao momento. As línguas se encontravam, os lábios quentes unidos trazendo uma sensação única. E, quando por fim se afastaram por sentirem o ar faltar, não houve estranheza. Apenas a certeza de que fizeram aquilo pelo que ambos haviam esperando por tanto tempo.

Estou apaixonado por você

− Sabe que não me arrependo de nada? – Kiba disse, o rosto apoiado sobre o tórax nu do marido. Haviam feito amor na sala, sobre o tapete felpudo no qual Akamaru nunca mais se deitaria após sentir o cheiro de ambos ali.

− Eu também não. – Shino respondeu. – Como disse antes, acho que as coisas aconteceram da maneira que precisavam acontecer. Talvez se tivéssemos tomado a iniciativa antes, tudo teria sido diferente.

Kiba concordou com a cabeça, erguendo ligeiramente o tronco para dar um beijo terno nele.

− Sabe que te amo, não sabe?

− Eu também amo você.

Shino não era muito de dizer aquelas coisas, mas sentia-se feliz com Kiba. Genuinamente feliz.

− Mas precisamos levantar e arrumar tudo. Sumire voltará de missão logo e não quero que ela encontre os dois pais peladões no meio da sala. Vai ser meio traumatizante!

− Suponho que sim. – Shino abriu um breve sorriso. – Kiba?

− Hm?

− Sou completamente apaixonado por você.

Kiba corou diante da espontaneidade do esposo. Ao invés de responder, beijou-o ternamente. As máscaras haviam caído há muito tempo. Não havia mais disfarces entre os dois.  


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Notas finais do capítulo

Então é isso! Mais um desafio completado com sucesso! Nos lemos por aí, pessoal!



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