— Você quer um pouco de mel no seu chá? – Reade disse essas palavras e se virou para obter a resposta e viu que ela já havia dormido. 

Ela estava tão serena que ele não se conteve e se aproximou para observá-la dormindo. Parecia um anjo, pelo menos era assim que ele se sentia em relação à presença dela ali em seu apartamento. Trazia uma certa paz saber que ela estava em segurança ao seu lado. A vontade de tocá-la para retirar uma mecha de cabelo era imensa e ele quase o fez, mas despertou do transe quando ouviu o apito da chaleira anunciando que a água havia fervido.

Ele a viu tão fragilizada após encontrar o corpo de Cláudia que comoveu seu coração ainda mais. Tasha estava tão obcecada em encontrar Dominic que não estava pensando claramente, nem dormira noite passada. Não foi um impulso dizer pra ela vir para seu apartamento para descansar, pois ele queria vê-la bem.

Reade demorou a dormir naquela noite, a vontade que teve foi de dizer pra ela dormir na sua cama, como já havia feito uma vez, mas não quis apressar as coisas, melhor deixar tudo acontecer com calma, mas ela pretendia ir embora e ele até se ofereceu para ajudá-la a encontrar um apartamento. Na verdade ele não queria que ela partisse, mas não sabia como pedir pra ela ficar.

Tasha acordou e sentiu cheiro de comida. Se levantou e viu Reade já vestido preparando café da manhã.

— Bom dia, bela adormecida! – Ele sorriu ao vê-la acordada.

— Bom dia. Acho que dormi demais.

— Você estava precisando de uma boa noite de sono. – Ele disse com carinho. – Preparei café da manhã pra nós.

— Hum, desde quando você ficou tão doméstico? – Ela disse com desdém.

— Sabe, eu tenho algumas qualidades também. – Ele disse servindo-os com ovos mexidos com queijo e bacon.

— Está muito bom. Desse jeito vou ficar mal acostumada. – Ela dizia enquanto comia.

— Ah, mas é você quem vai lavar os pratos.

— Sabia que isso não sairia de graça.

Após dizer isso seus olhares se cruzaram e ela cuidou de abaixar os olhos e se concentrar em seu café da manhã. Ela estava se sentindo segura e feliz por estar ali no apartamento dele, mas não queria incomodá-lo por muito tempo, por mais que quisesse ficar não achava certo invadir o espaço dele dessa maneira.

Após tomar um banho e se arrumar eles foram para o trabalho onde ela focou em encontrar Dominic e o assassino de Cláudia.

— Tasha, você está muito ocupada? – Patterson disse com cautela se dirigindo até a mesa dela.

—  Ah. Oi. Estou trabalhando nessas pistas deixadas no pendrive de Cláudia. – Tasha olhou pra ela mas já baixou os olhos para o que estava fazendo.

— Você vai almoçar? – Patterson perguntou meio sem jeito.

Tasha parou o que estava fazendo e olhou pra ela. – Você quer que eu almoce com você?

— Não quero interromper o que você está trabalhando. Só se você tiver tempo.

— Eu dou uma pausa aqui. Não tem problema. – Tasha esboçou um sorriso e se levantou.

As duas foram para um restaurante próximo dali.

— Ainda estou me sentindo meio estranha. Me acostumei a fazer tudo sozinha que às vezes esqueço que tem várias pessoas à minha volta. – Tasha disse olhando o cardápio.

— Você conseguiu descansar? – Patterson perguntou à ela.

— Sim. Dormi muito bem essa noite. Reade me chamou para ficar no apartamento dele até encontrar um lugar, mas hoje após o trabalho já pretendo sair pra procurar. Não quero incomodá-lo por muito tempo.

— É. Talvez ele queira ser incomodado. – Patterson disse tentando parecer natural.

— Na verdade não sei o que ele sente em relação à minha volta. A gente não tem conversado muito. Acho que ele ainda está chateado por eu ter saído. Eu magoei muita gente com minhas atitudes e não sei direito como consertar isso.

— Talvez o tempo se encarregue de deixar as coisas voltarem ao normal. – Patterson disse mais como um conselho.

Tasha havia sentido uma certa frieza por parte de Patterson desde que voltara e não tirava a razão dela, pois sabia que havia errado com todos eles.

— Você acha que valeu a pena se sacrificar por essa missão?

— Quando aceitei esse trabalho não sabia a proporção que iria tomar, trabalhar com Madeline foi um grande sacrifício, mas deixar tudo pra trás e mentir pra vocês foi a pior parte.

— A gente entende que era seu trabalho, mas todos ficamos chateados com o seu sumiço, Reade foi o que mais sentiu. Não foi fácil vê-lo daquele jeito. Ele queria encontrá-la de qualquer maneira e trazê-la de volta.

— Eu sei que o magoei, principalmente após ter ido ao apartamento dele e depois ter ido embora sem falar nada.

— Você foi ao apartamento dele? Quando foi isso? – Patterson mostrou espanto, pois não tinha certeza se havia rolado algo entre eles.

— A gente passou a noite juntos e no outro dia Keaton me ligou dizendo que estava na hora de me infiltrar e tive que ir embora. Eu sei que não deveria ter ido até lá, mas eu não sabia meu futuro, tive medo de nunca mais voltar. Eu sei que não foi justo, mas eu queria estar com ele, eu o amo, Patterson. – Tasha confessou quase em lágrimas.

— Tasha! Isso é muito sério. Vocês precisam se resolver, amiga. - Patterson segurou a mão dela por sobre a mesa.

— Estamos um pouco distantes e não sei se conseguiremos nos aproximar da maneira como era antes.

— Eu ficaria muito feliz se vocês se acertassem, sabe, vocês dois são meus amigos e os quero ver felizes.

— Ah, Patterson, às vezes você tem mais confiança em nós dois que nós mesmos.

— Olha, aos poucos tudo vai voltando pro lugar, mas vocês precisam falar sobre isso pra não correrem o risco de começarem de forma errada. – Esse era um bom conselho.

As duas terminaram o almoço conversando sobre outros assuntos. Era bom sentir que estavam se aproximando novamente depois de tudo que havia acontecido com Borden e também com a partida de Tasha.

— Reade, você atrapalhou todas as negociações de apartamento que eu estava olhando. – Tasha reclamou assim que chegaram ao apartamento dele.

— Se eu não tivesse ido você teria escolhido a primeira espelunca que aparecesse.

— Aquele último estava arrumadinho eu já ia fechar, mas você estragou tudo.

— Mas olha onde fica, um lugar perigoso daqueles não é o melhor lugar pra você morar. – Ele disse em forma de advertência.

— Eu não sou uma garotinha indefesa! – Ela protestou.

— Eu sei. Quase quebrou minha mão ontem. – Reade se defendeu.

— Você me assustou e eu já pedi desculpas. Amanhã vou sozinha procurar apartamento. Você só me atrapalhou hoje. – Ela disse decidida.

Reade havia tirado o casaco e a gravata, pois sempre fazia isso ao chegar em casa. Tasha também havia retirado a blusa de frio e os sapatos e já ia se jogar no sofá.

— Você tem certeza que quer se mudar? – Ele tentou ser indiferente com a pergunta.

— Não posso ficar a vida inteira dormindo no seu sofá, Reade!

— Não estou falando pra você ficar dormindo no meu sofá pra sempre. – Ele se aproximou dela que fez um olhar de quem não estava entendendo. – Estou falando sobre você dormir comigo, na minha cama. – Agora a voz dele estava mais rouca e doce e ele se arriscou a retirar uma mecha de cabelo que estava sobre o rosto dela. – Quero te chamar de minha namorada.

Tasha não teve palavras apenas fechou os olhos e separou um pouco os lábios para receber o beijo tão esperado. Ela se sentiu em um sonho enquanto era beijada.

— Tasha, eu não consigo mais suportar essa distância entre nós. – Ele disse interrompendo o beijo por um breve momento.

— Também não suporto mais. – Tudo que ela queria era estar nos braços dele e se sentir amada, se sentir mulher. Quando ele colou seu corpo no dela um choque de desejo explodiu entre eles trazendo pressa aos seus atos.

Ao sentir os lábios dela, macios contra os seus, ele a agarrou como se fosse a última centelha de vida que restasse. Eles se encaminharam para a cama deixando um rastro de roupas pelo caminho. Ele a jogou na cama e se atirou sobre ela como se o universo parasse e só existisse amor e desejo, pois eram esses os sentimentos que pairavam naquele ambiente. Havia tanta urgência nos atos devido a tanto tempo que passaram separados que tudo o que precisavam era se consumirem nos braços um do outro.

Tasha sentia muita urgência em ser possuída que montou sobre ele sentindo um prazer tão intenso enquanto ele a segurava pela cintura estimulando e auxiliando nos movimentos para que mantivessem o ritmo certo que os levaria ao prazer intenso em poucos minutos.

— Bom dia! – Tasha disse ao acordar e recapitular tudo que havia acontecido na noite anterior.

— Que bom dia mais doce! – Ele disse a puxando pra ele para lhe dar um beijo de bom dia.

— É sério sobre o convite de ontem? – Ela se referia a fala dele sobre ela ficar em seu apartamento.

— Não quero te pressionar sobre nada, mas ficaria muito feliz se você aceitasse meus dois pedidos.

— Dois pedidos? – Ela fingiu não entender.

— Sobre ficar aqui no meu apartamento e sobre ser minha namorada. – As doces palavras dele aqueceram o coração de Tasha.

— Eu aceito! Mas vamos dividir tudo, certo?

— Certo. – Ele a puxou e a beijou profundamente antes de dizer – Eu te amo. Há muito tempo quero te dizer isso.

— Ah! Eu também te amo!

Eles não sabiam nada sobre o que o futuro lhes reservava, mas estavam começando juntos a construir um relacionamento