Espadas, Chamas e Chifres escrita por Risadinha


Capítulo 1
A volta


Notas iniciais do capítulo

É... olá. Eu sei, eu sei. Faz muuuuuito tempo desde que nos vimos haha Bem, antes que vocês se questionem o que eu estou fazendo, direi bem simples: eu queria continuar esse universo. Ainda temos histórias e personagens para aparecer.
E como eu disse no aviso da fic, essa será uma história média, nada muito grande. Além disso, não estarei postando os caps semanalmente, como eu fazia. Isso aqui é um hobby, então estarei postando quando eu puder, e ficaria grata se tivesse apoio de todos vocês.
Espero que todos vocês possam se divertir com a minha volta. Este cap é bem curto e simples, nada muito importante acontece... então... foi apenas uma forma que eu achei de anunciar a volta da Elesis haha
Boa leitura!



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Flocos de neve caíam sobre o intenso vermelho. O vermelho que manchava a neve aos seus pés, o vermelho que eram seus cabelos. Aos poucos, o branco se acumulava sobre si, derretendo e atravessando o tecido de sua roupa.

A espada fincada no solo servia de apoio para seu corpo exausto. Ela soltava fumaça pela boca a cada respiração. Após recuperar o fôlego, ergueu a cabeça.

No horizonte, o sol se erguia para um novo amanhecer. Seus raios quentes iluminaram a neve manchada de sangue e os corpos de demônios caídos, já mortos.

Elesis guardou o sabre ao cinto, enfim olhando o começo de um novo dia. Seus curtos cabelos ruivos balançavam pelo fraco vento do local. Ela apreciou cada momento.

Até um elevado som cortar o clima. Elesis se assustou, percebendo que era seu celular. Ao pegar o aparelho, viu uma chamada e o horário.

Ela estava atrasada.

— Droga!

Elesis começou a correr. Enquanto fazia o possível para aumentar a velocidade, atendeu o telefone.

— Você já está chegando? — Perguntou a voz do outro lado da chamada.

— Sinceramente, não sei — respondeu Elesis. — Talvez eu demore uns 10 minutos.

— Isso tudo?! Eu acordei cedo e estou aqui na estação te esperando, é melhor esse trem chegar logo com você, dona Elesis.

Elesis continuou a correr pela neve. Logo parou, obrigada pelo precipício à frente. Ela parou na beirada, podendo ver o trem passar no level mais baixo da montanha. Só precisaria saltar para alcançar a locomotiva.

— Ei, eu já me atrasei para algum compromisso alguma vez? — Questionou Elesis, debochada.

— Hum...sim? Muitas vezes.

— Bem, pelo menos você já sabe que eu posso chegar atrasada — ela riu.

— Elesis!

A espadachim deu outra risada antes de pular da montanha. O frio se tornou violento quando o vento aumentou contra seu corpo na descida. Elesis fechou os olhos. Somente voltou a enxergar quando atingiu o teto do trem, seu corpo quase desabando para o lado em desequilíbrio.

— Já estou chegando, cabelo de fogo — disse Elesis, ficando de pé. — Me aguarde.

A chamada foi desligada.

Elesis entrou no trem pela janela lateral. Estava aberta, então simplesmente deslizou para dentro e a fechou.

Enfim, calor. Elesis caiu sentada no banco mais próximo, deixando assim as dores da corrida desaparecerem junto ao frio e a neve que derretia sobre seus cabelos.

— Com licença, senhorita.

Elesis abriu os olhos. Um funcionário do trem a encarava. Ele deve ter visto sua entrada não-tão-discreta-assim.

— Oi — disse Elesis, forçando um sorriso.

— Você tem o bilhete?

— Bilhete? — Elesis se ajeitou no banco, nervosa. — Que bilhete?

— O bilhete que você compra para poder estar aqui, senhorita.

— Ah! — Elesis ri, então para. — Esse bilhete. Então... como eu te explico isso?

O funcionário fez uma carranca, pronto para negar a desculpa da espadachim. Elesis se antecipou, deixando sua mochila de lado e ficando de pé. Eles tinham a mesma altura.

— Então, eu vou descer na estação seguinte, sabe? — Ela explicava. — É poucos metros.

— Senhorita...

— Ah, vai, eu não tenho dinheiro... no momento! — Ela aponta para ele, sorridente. — Eu te pago depois.

O funcionário continuou a encara-la.

— Não pode ser uma viagem grátis?! — Insistiu a ruiva. — Eu trabalho para o Conselho. Isso, eu trabalho para eles! Minhas viagens devem ser gratuitas.

Agora o funcionário olhava incrédulo.

— Senhorita, só existe um jeito dessa conversa termina com você nesse trem, e se resume em bilhete. Você tem ou não?

Elesis coçou a bochecha. Um relance para o lado e percebeu que sua estação se aproximava. Ela inspirou fundo.

— Acho que devo ter um na mochila — ela disse. — Deixa eu ver.

O homem cruzou os braços. Elesis se aproximou da mochila, perto da janela por onde tinha entrado.

Enfim, sua estação. O trem diminuiu a velocidade, a deixa perfeita para ela agir.

— Então, sabe de uma coisa...

Elesis não terminou o que dizia. Agarrou a mochila e atravessou a janela num pulo, literalmente. O vidro se partiu em vários pedaços. Ela caiu para fora, no chão da estação. Dentro do trem, o homem estava de olhos arregalados.

— Sua... — ele resmungou.

Elesis levantou, pôs a mochila nas costas e correu. Antes que pudesse tomar uma distância segura, esbarrou em alguém. Ambos caíram no chão.

— Elesis!

Ela ergueu o rosto para o ruivo caído ao seu lado. Jin a olhava, confuso.

— Finalmente você chegou — ele disse. — Eu estava congelando nessa estação. Por que...

— Volte aqui, ruiva! — O grito ecoou pela estação.

Elesis ficou de pé no mesmo instante. Jin procurava entender o que acontecia, mas foi segurado pelo braço, assim puxado pela correria da espadachim.

— Ei! — Ele gritou. — O que está acontecendo?!

Elesis não tinha uma resposta, até porque, demoraria criar uma para o ruivo entender. Portanto, continuaram a correr, enlouquecidos para fora da estação.

Apenas pararam quando atravessaram parte da cidade. Elesis caiu sentada na calçada, Jin recuperava o fôlego com apoio dos próprios joelhos.

— Mas.... o que... foi isso? — Ele questionou. — Dois anos fora e quando volta, já arruma confusão.

Uma risada surgiu em Elesis. Ela ria, então gargalhava. Jin abriu um sorriso para a amiga.

— Foi uma boa entrada, não acha? — Ela perguntou.

— Completamente seu estilo. — Jin esticou a mão para ela. — Bem vinda de volta, Elesis.

Ela olhou para a mão estendida do lutador, então para seu sorriso. Imediatamente, seu coração se aqueceu, embora o clima da cidade estivesse frio o suficiente para apagar todas as sensações de conforto.

Elesis segurou sua mão e se levantou. Sem conseguir resistir, ela o abraçou. Apertou Jin com todo amor e saudade que sentiu de seu amigo por todo esse tempo fora.

— É bom estar de volta — ela disse, sobre o ombro dele.

— Então por que demorou tanto para voltar?

Ela o soltou, olhando-o diretamente. Com um sorriso fraco, deu de ombros.

— Eu queria, mas não pude. Não poderia deixar o Lass para trás...

— Ah. — Jin olha com compreensão. — É por isso que ele não veio com você?

Elesis deu alguns passos para o lado, seu foco se voltando para a cidade que tanto sentiu falta. Ela se virou para Jin, um novo sorriso no rosto.

— Vamos para o colégio. Quero ver o pessoal primeiro.

Elesis saiu na frente, ansiosa. Quanto a Jin, um pouco confuso pelo desvio do assunto.

***

Como não existia mais o colégio dos garotos após a luta de Elesis contra Gerard, todos os alunos foram transferidos para o colégio das garotas, transformando-se numa única escola para ambos os sexos. Lothos e Grandiel continuaram como diretores. No entanto, a escola tinha um extra que Jin explicou para Elesis durante o caminho. Ele e os demais garotos continuaram a morar lá, mas não por continuarem como alunos, e sim por servirem a Lothos e Grandiel. O mesmo vale para as meninas.

— Haja espaço para tanta gente — comentou Elesis.

— A Lothos fez um outro prédio do lado. Tem bastante espaço.

Elesis percebeu ao chegar na entrada do colégio. Estava diferente, maior, como Jin havia dito. Ela não soube como se sentir ou agir, apenas paralisou diante a imagem nostálgica.

— Vamos, tem muito a ver ainda — mencionou Jin.

Eles continuaram o caminho. Elesis logo se sentiu em casa ao ver meninas com uniforme da escola, principalmente quando viu garotos com uniformes do Eléo. Era uma mistura estranha de sentimentos enquanto caminhava pelo corredor da escola.

— Então — Jin mencionou —, vai querer vê-las agora?

Jin parou de andar, Elesis o mesmo. Ela o olhou, em dúvida de quem se referia. Então, como uma resposta, ele bateu na porta ao lado.

Jin deu um passo para trás quando a porta se abriu.

Elesis imediatamente arregalou os olhos ao se deparar com Arme do outro lado da porta. A maga, baixa como sempre foi, mas com cabelos tão grandes que a deixavam irreconhecível.

Arme abriu a boca, pondo as mãos trêmulas na frente.

— Elesis? — Ela murmurou.

Atrás dela, outra pessoa apareceu na porta. Elesis também não soube como reagir. Era Lire, alta e cabelos tão grandes que a deixavam conhecível mesmo à distância. A elfa enrijeceu no lugar, virando uma estátua que Arme também era.

Elesis, enfim, deu um sorriso torto.

— Oi.

Elas começaram a chorar, de repente. Elesis e Jin olharam assustados.

— Elesis voltou! — Berraram Lire e Arme, avançando contra Elesis.

Arme abraçou as pernas da ruiva e Lire os ombros. Elesis não se moveu, apenas levou as mãos às cabeças de ambas e deu leves tapas.

— É, é, também senti falta de vocês — riu a espadachim.

***

Elesis tinha muito a dizer, mas também muito a ouvir. Após se despedir de Jin, entrou no seu antigo quarto, que agora aparentava ser maior do que se lembrava.

— Seu cabelo ainda está curto! — Apontou Lire, passando a mão pelas mechas.

Elesis riu.

— É, eu corto sempre que fica grande — comentou ela. — Gosto assim, não atrapalha durante a luta. Diferente de vocês.

Arme sentiu a indireta, passando a mão pelo longo cabelo roxo.

— Sou uma maga, não preciso me movimentar muito pra te derrubar.

Elesis abriu o longo sorriso de desafio.

— Quer tentar?

— Você mal chegou e já quer lutar? — Perguntou Lire. — Vai com calma.

Elesis concordou, então soltou a pesada mochila de lado. Enfim seus braços eram esticados, livres das dores da viagem.

Elesis caiu sentada no chão, deitando-se de lado. A forma como permanecia, parecia abraçar o piso.

— É bom estar de volta — ela comentou.

O silêncio de Lire e Arme a incomodou. Olhou para as duas.

— Algum problema? Eu estou fedendo? Porque eu tive alguns problemas no caminho e...

— Esse não é o problema, Elesis — disse Lire, solene. — É que... Poxa, você passou dois anos fora e agora volta e age como se nada tivesse acontecido.

Elesis volta a se sentar, uma postura mais séria.

— Mas eu falava com vocês — respondeu a espadachim.

— Mas por que você não voltou? — Foi a vez de Arme perguntar. — Entendemos que o Lass precisava fazer missões para os outros Conselhos, mas você não, Elesis. Não era obrigação sua.

Elesis olhou para as duas com pesar. Não sabia como dizer, mas suas sobrancelhas franzidas resumiam todos seus sentimentos.

— Eu não podia deixa-lo — contou Elesis. — Vocês não entenderiam.

Elas se olharam em silêncio, sem mais perguntas ou respostas. Foi quando bateram na porta e todo o clima se quebrou.

— Elesis! — Gritava a voz feminina do outro lado. — Eu sei que você está aí!

A espadachim ficou de pé no mesmo instante. Lire foi atender a porta, sem perceber a tensão no rosto da amiga.

No momento que a elfa abriu a porta, Lothos entrou em completa fúria e Elesis pulou da janela no instante seguinte. Terceiro andar, nada mais que uma pequena queda. Ela aterrissou em meio ao pátio, porém escutou o grito da comandante vir atrás.

Lothos pulava da janela, tão imprudente quanto a ruiva.

Elesis correu. Toda a atenção da escola pairou sobre ela, naquele momento. Alguns a reconheciam, outros se perguntavam quem era a garota que conseguiu tirar Lothos do sério.

— Volte aqui, Elesis! — Berrava Lothos.

De repente, algo se enrolou nas pernas de Elesis e todo seu corpo caiu contra o chão. Por um rápido relance para trás, viu que era magia que mantinha suas pernas presas.

Lothos parou ao lado dela. O longo cabelo loiro da mesma estava preso por um rabo de cavalo. Dois anos e a comandante continuava igual.

Vindo da outra direção, Elesis demorou a reconhecer quem se aproximava. Apenas identificou Grandiel pelo sobretudo azul, pois seu longo cabelo loiro não estava mais presente. Um corte baixo.

— Acho que temos muito a conversar, Elesis — disse Grandiel.

***

Elesis se manteve sentada na cadeira enquanto Grandiel achava seu lugar atrás da mesa e Lothos na ponta do móvel. A comandante cruzou os braços, seu ar exalando uma seriedade que Elesis tinha sentido falta.

— Eu esqueci de avisar — contou Elesis, o sorriso torto em desculpa.

— Primeiro, você não deveria ter ido nessa viagem — disse Lothos. — Essa missão nunca foi sua! E ainda sim, você me desobedeceu.

— Eu não deixaria o Lass resolver isso sozinho. Se ele está nessa por causa das chamas, eu também estarei.

Lothos se levantou, punhos cerrados. Grandiel simplesmente ergueu a mão, pedindo calma.

— A questão não é essa, Elesis — dizia ele. — Se outros Conselhos saberem que você é a dona das chamas, dará muito problema para nosso lado, principalmente para o Lass.

A espadachim se encolheu na cadeira. Não era um ponto que tinha sido pensado pela mesma.

Como todas as coisas.

— Não tinha como eles saberem — ela disse, confiante. — Não tenho mais as chamas azuis, ou qualquer outra. Apenas as vermelhas.

— Não duvide de um líder do Conselho — interferiu Lothos. — Cazeaje pode ter sido a pior, mas não quer dizer que todos os outros são melhores.

Infelizmente, durante os dois anos, Elesis soube disso da forma mais direta. Ela coçou a cabeça.

— Mas isso não importa mais — concluiu Grandiel. — Elesis está de volta. Quanto ao Lass...

Automaticamente, uma careta se formou na espadachim.

— Por que ele não veio junto?

— Ainda está terminando a missão — bufou, por fim.

Lothos e Grandiel se entreolharam, confusos pela atitude de Elesis.

— Aconteceu algo entre vocês? — Perguntou a comandante.

E Elesis respondeu no mesmo tom:

— Não!

***

Elesis estava cansada de tantas perguntas relacionadas a Lass que recebeu no mesmo dia. Todos pareciam contentes por sua volta, mas ao mesmo tempo, perguntavam-se sobre onde o ninja poderia estar. A verdade era que ela não queria saber, muito menos falar sobre o assunto.

Lass tinha ficado para trás, junto com suas palavras.

Elesis fechou os punhos. Sob o chuveiro, a água quente soltava fumaça como seu temperamento. Não gostava de voltar a pensar sobre o que aconteceu entre eles.

Esfregou os olhos. Ao esticar os braços, viu as veias escuras sob sua pele clara. Elesis estava piorando, embora não existisse um sintoma para aquilo. Voltou a fechar os punhos. Logo aquilo passaria e todo seu medo desapareceria.

Após seu banho, o peso dos dias anteriores desapareceu. Elesis saiu do banheiro se sentindo uma nova pessoa.

— Seus sabres estão gastos, Elesis — comentou Arme, segurando ambas as espadas no colo. — Não acha que está na hora de comprar outro?

— Não, eu gosto deles. E também, é só dar uma amolada que volta a cortar como antes.

Lire, deitada em sua cama no canto, acrescentou:

— Diz isso porque não quer se desfazer do presente do Lass?

Lá estava. Elesis encarou a amiga sorridente. Pelo visto, ambas já tinham percebido o desconforto dela em relação ao ninja.

Elesis jogou a toalha de banho de lado, caindo sentada na sua antiga cama.

— Por que todo mundo quer falar dele? — Indagou, levemente incomodada. — Se querem ver o Lass no meu lugar, vão atrás dele.

 — Não é isso — falou Arme, risonha. — É que depois que suas memórias voltaram e você decidiu ficar com o Lass, achamos estranho você não querer falar dele agora. Alguma coisa deve ter acontecido.

— Sim, de fato, Sherlock. ­— Aos poucos, o tom debochado de Elesis tomou conta da fala. — Aconteceu algo, mas não quer dizer que irei falar.

Arme soltou um longo “ah” desapontado enquanto Lire apenas riu de sua reação.

— Prefiro que vocês falem dos seus rapazes — continuou Elesis. Ela apontou para a elfa. — Onde está o Ryan?

— Em uma missão, na floresta de Serdin — respondeu Lire. — Eu até teria ido junto com ele, mas tinha coisas a resolver aqui.

Elesis assentiu. Dessa vez, seu dedo foi apontado para Arme, que olhou surpresa.

— Como você está com o Ronan?

A maga se encolheu de vergonha.

— Estamos bem. — Elesis balançou a mão, para que ela continuasse a falar. Arme suspirou. — Depois da queda da Cazeaje, Ronan ficou no lugar dela, como o verdadeiro herdeiro do trono. Além disso, é o líder do Conselho de Canaban, então...

— Vocês não se veem muito — concluiu Elesis. — Alguém precisa dar uma folga pra ele.

— Impossível — mencionou Lire. — Os outros Conselhos estão em cima dele, testando sua capacidade para liderar. Ronan não pode errar nada no momento.

Elesis entendia a pressão que o amigo deveria estar passando no momento. Cazeaje, embora louca e perversa, era inteligente e sabia liderar um grande Conselho que é o de Canaban. Porém, com sua saída “imprevista”, Ronan teve que tomar o lugar, e por ser mais novo que a líder anterior, precisará trabalhar em dobro.

Elesis odiava política. Era preciso pensar muito, o que ela não gostava.

***

Elesis ficava impressionada como várias parte do colégio das garotas mudaram após a entrada dos garotos. O refeitório, por exemplo, estava maior, o que fazia ela e Jin se sentirem solitários no vasto salão com alguns outros alunos.

A mesa na qual sentavam estava vazia. Somente dois ruivos comendo cereais no café da manhã.

— Sabe dizer onde o Dio está? — Elesis perguntou, a boca cheia.

Jin olhou com certa estranheza para a pergunta.

— Ele e o Sieghart foram para uma missão há algumas semanas. Provavelmente, voltam nessa semana. Por quê?

Como um costume, ela puxou as mangas do casaco, tentando esconder de certa forma o antebraço.

— Preciso falar com ele sobre algo.

— Hum — resmungou Jin, ainda desconfiado.

— E os outros garotos? — Elesis questionou, animada. — Não os vi ainda.

— A maioria está em missão. Menos Azin e eu — apontou para si com a colher. — Acho que o Zero e o Lupus também estão por ai. Não sei, a escola é muito grande e eu sempre tenho algo pra fazer.

A espadachim segurou a colher na boca. Pensava. Dio não estava, talvez ela conseguisse alguma informação com Rey.

Voltou sua atenção para Jin, largando a colher na tigela vazia.

— Quando que você e o Azin voltaram de Terra de Prata? Lembro que antes de eu partir com o Lass, você e o Azin estavam de partida também.

— Ah, é. A gente ficou por alguns meses, depois voltamos. Não pretendíamos ficar, entende?

Elesis o entendia, parcialmente. Voltar para sua terra natal é estar disposto a abrir feridas do passado. Jin tem as deles, como Azin também. Talvez ficar no local que gerou o início da rivalidade entre eles não deve ter sido uma boa ideia.

Dessa vez, quando Elesis voltou a atenção para Jin, ele tinha aquele olhar de querer entender algo.

— O que foi?

— Eu sei que você não vai querer que eu pergunte isso, mas...

Ela já sabia do que se trataria o assunto.

— Não — o impediu.

— Sério isso, Elesis?

A espadachim cruzou os braços, dando forma a infantilidade.

— O que aconteceu entre você e o Lass? — Insistiu Jin. — Dois anos é muita coisa.

— A gente brigou.

— É, não estou surpreso.

Ela encarou o lutador com raiva. Quando estava para disparar, conteve-se. Não valeria a pena discutir sobre isso.

— Não importa a razão — disse Elesis. — E sim pela qual vim.

— Achei que tivesse sido por causa do Lass.

— Jin, eu não vejo o Lass há dois meses — contou, séria. O ruivo olhou com surpresa. — A gente teve uma briga e cada um pegou seu caminho. Eu pretendia voltar mais cedo, só que...

Ela não sabia como explicar. As pernas se encolheram sobre o assento, abraçando-as, como se fossem seu apoio no momento.

Jin notou sua mudança de postura, fazendo o mesmo sem notar. Apoiou os cotovelos na mesa, assim mais próximo da ruiva.

— Quando eu estava voltando de Arquimidia, me deparei com algo estranho. Era um lugar abandonado, então não tinha ninguém para ver também — explicava com várias pausas. — Pelo que entendi, era um portal roxo.

— Alguma magia de algum asmodiano, provavelmente.

— Não, não era exatamente isso. Parecia mais uma fenda do que um portal. Não sei. — Coçou a cabeça. Era difícil transformar o que viu em palavras. — Eu não me aproximei, é claro. Mas do nada saiu uma criatura desse portal. Ele era grande e não humano.

Aos poucos, Jin sentia o mesmo medo que a espadachim. Elesis costumava ser um tipo de pessoa que temeria algo, mas esconderia muito bem; o que não era o caso agora.

— Eu já enfrentei tantas coisas na minha vida — ela continuou. — Gerard, Cazeaje! Nada poderia ser mais forte que eles.... Mas aquele monstro era. Tinha um nível de poder que eu não conseguia sentir o limite.

— Deve ser uma criatura de outro lugar. Elyos, talvez.

Sem saber ao certo, Elesis concordou.

— Eu não sei o que era, mas sabia que algo de ruim estava para chegar. Por isso eu voltei, Jin.

O ruivo engoliu seco.

— Você acha que algo pior que Cazeaje está se aproximando? — Ele perguntou.

E Elesis, no mesmo tom, respondeu:

— Sim.


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Notas finais do capítulo

Review?
* Como eu disse, muita coisa não acontece, apenas o estabelecimento de certos fatores que irão acontecer na história. Lass não aparecerá tão cedo... ou estaria eu mentindo? E entre outros personagens.
* Caso tenha leitores novos, vocês gostariam que eu fizesse um resumão do que aconteceu nas temporadas passadas? Porque essa outra fic é antiga, mal escrita e muito grande (só +100 caps). Então eu gostaria de ajuda-los com isso.
* Não tenho muito o que falar mais... É isso. Estou de volta, por um tempo. Me ajudem a escrever haha



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