Pediram que segurasse uma pedra em suas mãos, sem saber que carregava um rochedo dentro de si.

Mesmo assim, segurou a pedra, carregou-a entre os dedos finos e frágeis. O esmalte da unha lascava conforme fazia força para que chegasse até o ponto que pudesse jogá-la no mar.

Cada passo era uma lembrança dos pedregulhos que cresciam em si.

Cada passo era a voz dele em seu ouvido.

Era o azul dos olhos dele se confundindo com as cores dos mares da cidade que morava.

Seu esmalte era vermelho ou era seu sangue?

Carregava a pedra em suas mãos, lembrando do quarto que chegaram.

Das mãos trêmulas que fizeram a chave não entrar na fechadura.

Não era seu esmalte vermelho, era seu sangue no lençol, mas, mesmo assim, carregava a pedra que, apesar de estar em suas mãos, apertava seu peito.

Entenda, eu estava confuso. Pode me perdoar?

Separação.

Não, não podia.

A pedra caiu no mar, sentindo o peso do corpo esguio de unhas mal feitas e dedos frágeis.

Manteve a pedra em suas mãos. Manteve seu corpo no mar, junto à pedra.

Borbulhas que subiam disformes. Azul, sol dourado e vermelho.

Escuro.