Um Caso de Copa escrita por psc07


Capítulo 2
Capítulo 2




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Apesar da carga que lhe era imposta no trabalho, uma coisa Lily tinha de admitir: os dias que não estavam em sua escala eram respeitados. Ela não se lembrava da última vez que tinha sido chamado emergencialmente num dia que não deveria ter ido ao Ministério.

Então a familiar coruja de Moody lhe acordando na manhã de sábado fez com que ela se sentasse de um salto e prontamente pegasse sua varinha.

Srta. Evans,

Preciso que venha ao Ministério o mais rápido possível. Tenho um caso você precisa assumir.

A.M.

 

Tentando não imaginar que algo realmente ruim estivesse acontecendo, Lily se arrumou em apenas 15 minutos (agradecendo por ter lavado as roupas no dia anterior) e, pegando uma torrada e uma garrafa térmica com café, desaparatou para o Ministério.

Logo ela viu Moody em sua mesa, com uma expressão rabugenta. Lily suspirou e deu um bom gole de café. O dia seria longo.

—Senhor, bom dia – Ela cumprimentou, fazendo com que Moody se virasse para ela.

—Srta. Evans, que bom que pôde vir tão rápido – Ele respondeu, olhando rapidamente para o café da manhã na mão da ruiva.

—Imagino que seja um caso de complexidade grande...? – Ela comentou, tentando obter algo. Moody apontou para a comida.

—Termine de se alimentar, Evans. Vou lhe atualizar.

—Não há arquivos? – Ela questionou, sentando na sua mesa e tentando comer o mais rápido possível.

—Não, ainda não – Moody suspirou – Preste bastante atenção, Evans. Você fará esse caso, quer queira ou não.

Lily olhou para ele levemente surpresa. Então estreitou os olhos.

—É alguma droga de celebridade, não é? – Ela suspeitou. Moody ensaiou um sorriso (ela sabia que sua aversão a celebridades era divertida para o chefe).

—Sim, é. Mais ou menos. Um garoto de 18 anos chamado Jack Allyson foi achado morto hoje, às 3h da manhã no alojamento da Copa Mundial de Quadribol, na França.

—Mas essas coisas são tão fáceis de acessar! – Ela exclamou, sua mente dividida entre o choque de um garoto de 18 anos ter sido assassinado e a dificuldade de achar o culpado – Espere aí, pensei que envolvesse uma celebridade?

—Essa é a questão, Evans. Esse ano, a segurança foi ampliada. Existem o que chamam de credenciais, e fizeram um feitiço para que a entrada só seja permitida com a presença de uma, ficando registrada cada pessoa que entra. – Moody explicou. Lily finalizou sua torrada com uma expressão confusa.

—Então é só olhar quem entrou e prendê-lo. Qual o problema? E como uma celebridade se entra- ahh, entendo. – Lily falou. – Claro. O protecionismo de sempre.

—Não é apenas uma questão de não prender alguém famoso, Evans. O técnico da seleção achou o corpo do garoto, e ele me chamou. Eu também queria prender nosso principal suspeito, porém o Chefe do Departamento de Jogos e Desportos Mágicos me cobrou alguns favores, e resolvi investigar melhor.

Lily se segurou para não revirar os olhos.

—É por isso que estou no Ministério às 7h de sábado?

—Sim. Se puder me acompanhar, eles estão na minha sala.

Lily suspirou e se levantou, limpando os farelos de torrada de sua mesa com um gesto de varinha e dando mais um gole de café. A sala de Moody era a mais afastada, e também mais escondida.

Ela já estava imaginando a trabalheira que esse caso daria, tentando fugir da imprensa. Por que Moody ainda escolhia ela, justo ela, que tanto odiava?

Realmente, ela ponderou, não tem como ficar pior.

Mas ela viu que estava redondamente enganada ao entrar na sala e reconhecer a bagunça de cabelos pretos sentado à frente da mesa, sacudindo as pernas e bagunçando ainda mais o cabelo como ela tinha presenciado tantas e tantas vezes por sete anos.

—Por que eu não estou surpresa de ver que você está em apuros, Potter? – Ela questionou, erguendo uma sobrancelha.

Potter parou todo o seu movimento e olhou lentamente para trás, reconhecimento passando por seus olhos até atingir o resto de seu rosto numa máscara de surpresa. Os dois se encararam pelo que parecia ser o infinito, até que uma familiar gargalhada-latido interrompeu.

—Pontas, olha só quem vai investigar o seu caso! – Sirius Black exclamou – Que ironia do destino, Evans. Prazer em revê-la após tanto tempo – Ele disse, se adiantando e oferecendo sua mão. Lily forçou um sorriso e apertou a mão estendida.

—Uma pena que não posso dizer o mesmo, Black – Lily respondeu, e viu a terceira cadeira ocupada pelo tímido Peter Pettigrew, sem dúvida tremendo de apreensão – Olá, Peter.

—Evans? – Potter exclamou, levantando e se virando para falar com Moody – Eu pensei que você disse que iria usar a melhor pessoa no seu departamento, Moody – Ele disse, num tom acusatório. Lily revirou os olhos.

—Cuidado com o tom, garoto – Moody respondeu – Estou lhe fazendo um favor. Se fosse por mim, você já estaria em Azkaban e eu não teria que ouvir as reclamações de Evans por ter que trabalhar com você pelo próximo mês.

Black, por algum motivo, considerou o alerta como um comentário extremamente engraçado e riu novamente.

—Black, não acho que você tenha compreendido a gravidade da situação que vocês estão – Moody continuou.

—Com todo o respeito, senhor – Potter falou novamente – mas se for Evans a responsável pelo meu caso, é melhor poupar seu tempo e simplesmente me jogar em Azkaban. Ela nunca pensou duas vezes em apontar o dedo para mim.

Lily estreitou os olhos e encarou Potter, já sentindo seu rosto corar de raiva.

—Escute aqui, Potter – Lily falou, num sussurro tão letal que até a risada de Sirius se calou – nós não estamos em Hogwarts mais. Você não é mais meu colega, nem o Monitor Chefe. Eu sou uma auror, exijo respeito, e não vou tolerar que você fale desse jeito comigo, ou sobre mim na minha frente, entendeu bem?

Fez-se silêncio na sala, enquanto Lily encarava Potter com raiva nos olhos. Sirius estava boquiaberto.

—Ela sempre teve essa aura de durona ou foi depois de ter entrado no Ministério? – Peter perguntou para Sirius. Moody riu com a pergunta.

—Sempre teve, Pettigrew. Um problema imenso para mim. Pelo menos não preciso apresentar vocês – Ele comentou – Evans, esse é o técnico da seleção inglesa, Cattermole, esse é o chefe do Departamento de Jogos e Desportos Mágicos, Clearwater, e aquele é o Presidente do Puddlemore United, Robins. Senhores, essa é Lily Evans, a melhor auror que tenho à minha disposição.

Lily escondeu a surpresa em ouvir esse elogio de Moody ao ir cumprimentar os três homens. Depois se virou para Moody.

—É apenas um caso como qualquer outro, ou vamos agraciar Potter com algum tipo de regalia? – Ela perguntou.

—Vamos, sim – Moody respondeu, sem se incomodar com a ironia da garota – Não será possível abafar completamente enquanto investigamos, mas a imprensa não saberá quem será responsável pelo caso, nem nossos suspeitos – Depois ele se virou para Potter – Só tenho mais uma coisa a dizer antes de deixá-los com Evans... Estou fazendo tudo isso pois devo um favor pessoal a Clearwater. Não se engane. Para mim, você é culpado até que Evans lhe prove inocente.

Moody indicou a saída para Cattermole, Clearwater e Robins, deixando Lily na sala com Potter, Black e Pettigrew.

—E só para deixar outra coisa bem clara, Potter – Evans disse, se encaminhando para a escrivaninha de Moody, e sentando-se em frente aos garotos – eu não vou lhe acusar de nada que eu não tenha prova. Não estamos mais em Hogwarts, e aqui você não vai apenas escrever linhas – Potter a encarou com uma expressão irritada – mas espero que saiba que a sua situação não me parece tão boa. Portanto, sente-se para que possamos conversar e ver se você pode me convencer que é inocente dessa vez.

O garoto fez como ela pediu.

—Então... um menino foi achado morto no... alojamento, e a sua credencial foi a única a ser registrada de ontem para hoje. Onde você esteve essa noite até chegar em casa pela manhã? – Lily questionou, ligando um aparelho que chamou atenção dos outros – Espero que não se incomodem, isso é apenas um gravador. Facilita depois na hora de escrever os relatórios.

—Eu, Aluado, Rabicho e Almofadinhas estávamos nos divertindo numa floresta perto de minha casa. – Potter respondeu. Lily revirou os olhos.

—Vocês numa floresta, quão clichê é isso? – Então Lily se tocou que uma parte do grupo estava ausente – Cadê Remus? – Ela perguntou.

Potter e Black nem se abalaram com a pergunta, mas Peter se remexeu na cadeira.

—Ele não se sentiu bem depois e foi para casa. Deixamos ele e depois Peter, então fomos para casa – Potter continuou. Remus doente...? Mas ontem era Lua Cheia... Lily escondeu um sorriso.

—Quer dizer que vocês três estavam com Remus a noite toda?

—Exatamente.

—Se embrenhando na mata sob a luz do luar? – Ela continuou a questionou. Potter passou uma mão pelos cabelos.

—Nós gostamos de fazer isso. Por isso Aluado não está bem. Sabe como ele é, meio fraco em relação à saúde – Potter explicou, dando de ombros. Lily ergueu as sobrancelhas.

—Sabe, eu discordo. Acho que Remus tem uma excelente saúde. Eu já esperava que ele estaria doente, considerando o fato de ele ser um lobisomem e ontem ter sido Lua Cheia.

Potter encarou Lily, enquanto Black franzia a testa e Peter se remexia.

—Aluado é o quê? – Black exclamou. Lily revirou os olhos.

—Você sabe disso?

—Claro que eu sei, Potter. Quem você que cobria as rondas de Remus no quinto e no sexto ano?

—Quem mais sabe? – Ele perguntou.

—Apenas eu e Marlene.

—Olhe aqui, Evans...

—Não, Potter, você olhe aqui. Acho que você ainda não compreendeu que você é o único suspeito num caso de assassinato, e que o primeiro álibi que você forneceu é uma completa mentira. Caso não tenha entrado nessa sua cabeça imensa, eu vou repetir: você não está mais em Hogwarts! Fazer algumas pessoas rirem com algumas azarações não vai lhe tirar de Azkaban, McGonagall não vai livrar você de ser considerado culpado para que a Grifinória possa ganhar um joguinho qualquer. Isso é a vida real. E aqui, ou você me prova que não foi você, ou você vai apodrecer sem um pensamento feliz bem longe de todos que ama.

Lily terminou seu pequeno discurso em pé, se apoiando na mesa e se inclinando para frente. Incrível como mesmo depois de tanto tempo, ela ainda se exaltasse dessa maneira com James Potter. Como ela ainda corava tanto que ficava numa cor aproximada a seu cabelo.

—Acredite, Evans, eu sei que aqui é o mundo real. Eu compreendo muito bem a minha situação. E vou lhe dizer o que eu disse para seu chefe: eu não matei Jack. Jack era um bom garoto. Eu iria lhe apresentar a Robins. Eu estava fora com meus amigos, e não fui no alojamento desde quinta-feira. E eu sei que você é auror, e que ainda tem algum tipo de... de birra comigo, mas já passei da idade de ouvir sermões seus.

Potter também se levantara, apontando um dedo para Lily. Aparentemente, ele também era muito afetado pela presença dela.

Nesse momento, Moody entrou na sala. Lily se recompôs e se sentou novamente.

—Pode checar meu álibi se quiser, Srta. Evans – Potter disse com escárnio e ironia – Terei o prazer de lhe dizer a floresta que estávamos.

—Anote num papel. Terminamos por hoje. Acho desnecessário dizer para não sair do país até o fim das investigações. Entrarei em contato caso precise de mais alguma coisa.

—Você está de brincadeira, Evans – Potter exclamou – Eu tenho que ir para a França segunda-feira.

—Tenho certeza que as florestas da França são incríveis, mas...

—Florestas? – Ele perguntou novamente – Em que mundo você mora, Evans? Preciso ir por causa da Copa Mundial.

—Bem, sinto muito... – Lily começou a dizer, mas um olhar de Moody a silenciou.

—Potter, você irá para a França. Mas apenas nos locais onde a sua delegação estiver – Potter abriu um meio sorriso, provocando Lily. Moody se virou para ela – Segundo Clearwater, seu nome está na lista de convidados de Potter. Você irá como convidada, e continuará com a investigação de lá. Poderá usar outros aurores que estarão lá para a segurança, com a desculpa que está apenas conversando com amigos.

—Evans está na minha lista? – Potter perguntou, franzindo a testa.

—Aluado pediu para colocar, lembra? Ela e McKinnon – Black respondeu.

—E tenha certeza, Potter, de que esse é o único motivo para você não ir preso: o fato de que Evans poderá lhe acompanhar e garantir que você não fuja enquanto investiga. Os três estão liberados por agora, mas Evans poderá entrar em contato a qualquer momento. Não banquem os engraçadinhos e tentem se esquivar dela, sim?

Potter encarou Lily mais uma vez com certa raiva, entregou um pedaço de pergaminho e saiu enfurecido, sendo seguido por Peter e por Black, que piscou para Lily e acenou para Moody.

A garota se levantou, fechou a porta da sala e sentou onde Potter estava, enquanto Moody ocupava sua cadeira.

—Vamos, desembucha, Evans – Moody falou.

—Não acho que isso vá funcionar muito bem, senhor – Lily disse, mais calma que o chefe esperava – Primeiro que eu odeio trabalhar com celebridades. Segundo que eu nunca suportei Potter. Terceiro que eu odeio Quadribol. E quarto que ele obviamente é o culpado! – E quinto, ela adicionou mentalmente, eu quero ver a Copa do Mundo de Futebol.

—Eu também supus que ele fosse culpado quando ouvi a história, mas realmente devia isso a Clearwater. Estive conversando com os três. Potter sempre usa duas noites por mês para sair com os amigos, desde que entrou no Puddlemore United, e avisa com antecedência. Ele não é incomodado com nada do time, ou com imprensa, a não ser que tenha jogo. Noite passada era uma dessas noites.

—Continuo achando suspeito.

—Eu também, mas os amigos juram de pé junto que estavam todos juntos. Black já trabalhou aqui no Ministério, e a palavra dele deve ser levada em consideração por isso. Você como excelente preparadora de Poções compreende quão estimado Fleamont Potter é para todos nós. E acabei de falar com Dumbledore pela rede de Flu e ele me aconselhou a realmente investigar.

Lily suspirou.

—Além do mais... e esse é o real motivo de eu estar tomando tanto cuidado, Jack Allyson é filho de Millicent Bagnold.

—Quê?! – Lily exclamou em surpresa. O garoto era filho da Ministra da Magia?

—Exatamente. Bagnold é nome de solteira, e ela já tinha carreira política antes de se casar, portanto ela manteve o nome publicamente, mas o filho recebeu o nome do pai. Ela está ciente e apoiou minha decisão. Ela confia em você, Evans. E... ela recebeu ameaças com cunho político.

Lily absorveu tudo aquilo em silêncio. Então além de ela ter que trabalhar com uma celebridade, ela iria investigar o assassinato do filho da Ministra, que poderia ter sido resultado de disputa política – e ainda teria que ir para a Copa Mundial de Quadribol aturar James Potter.

—Senhor, entendo plenamente a importância desse caso... mas...

—Lily – Moody falou, fazendo-a olhar para cima. Ele quase nunca a chamava pelo nome – você é a pessoa perfeita para o caso. Mesmo que não estivesse na lista. Você é a pessoa perfeita para trabalhar com celebridades, porque você não se deslumbra com a fama. Não é à toa que faz todos os casos com celebridades.

—Pensei que fosse porque o senhor adorasse me irritar – Lily retrucou – Ou porque eu sou a melhor... – Ela começou, abrindo um sorriso provocativo.

—É, é... por aí. Não... – Moody suspirou e focalizou os dois olhos nela. Lily odiava quando ele fazia isso – não faça nenhum tipo de... decisão errada, nem se deixe levar por seus... sentimentos prévios por Potter...

—Não se preocupe, senhor. Não estragarei o caso.

Pelo menos ela esperava.

***

James não sabia exatamente o que estava sentindo. Tinha raiva, definitivamente. Tinha também frustração, e dor pela perda de Jack.

No momento, ele estava focado na raiva.

E sua raiva estava focada em Lily Evans.

Ele estaria mentindo se dissesse que não se lembrava de Evans. A ruiva fora sua colega por sete anos, fora Monitora-Chefe com ele, fora de sua própria casa.

E, mais importante, ele fora completamente apaixonado pela garota.

Lily Evans sempre havia intrigado James, mesmo quando ele pensava que garotas eram “eca”. Ela não se deixava impressionar por suas piadas, ou suas azarações – diabo, quantas vezes ela não tinha defendido alguém que ele tentava enfeitiçar?!

Quando ele entrou para o time, ela também não achou nada impressionante – “o que, você acha mesmo que vou te idolatrar porque sabe como dar umas voltas numa vassoura e arremessar uma bola no ar? Quando você conseguir pentear o cabelo, você me avisa. Aí sim vou ficar pasma”.

Esse comentário gerou bastante indignação em James – e foi a primeira e única vez que ele usou a famosa poção do pai.

Mesmo quando mais velhos, Lily Evans não passou a gostar de James – Aluado lhe dissera que ela não se deslumbrava com “popularidade”, e que tudo o que James fazia para chamar a atenção dela era fútil. Ele percebeu a verdade nas palavras do amigo quando ela lhe chamara de “cafajeste, tirano e arrogante” no final do quinto ano.

Tinha imaginado, no final do sétimo ano, que poderia manter uma relação amistosa com Evans, ao apertar sua mão quando se separaram na Plataforma 9 ¾. Não foi bem o que aconteceu: Lily nunca procurou falar com ele, e negou seus convites para sair novamente.

Ele focou em sua carreira, e nunca mais ouviu falar dela – exceto quando via seu nome ocasionalmente no jornal. Mas toda a paixão que sentia se fora.

O choque ao ver Lily entrando na sala depois de Moody ter dito que a melhor pessoa do departamento iria cuidar do caso fora grande – ele não duvidava da capacidade de Lily, tendo sido colega dela por tanto tempo, só não esperava que ela já estivesse nesse patamar – mas isso não impediu que ele também percebesse que Lily continuava linda, ainda mais agora com a aura de poder que ela carregava ao entrar na sala.

Claro que esse pensamento não durou muito – aparentemente, ela tinha algum tipo de ressentimento com ele mesmo anos depois, e Sirius rindo não ajudou nada.

O fato é que ele era o suspeito principal de um caso de assassinato, e a pessoa encarregada de livrá-lo de Azkaban basicamente o odiava.

—Ela não vai ser injusta, Pontas – Remus afirmara quando James, Sirius e Peter foram em sua casa contar o que estava acontecendo – Lily sempre soube discernir entre o certo e o errado.

—Então porque ela parecia pronta para me mandar pros dementadores antes de começar a investigar?

Remus riu.

—Primeiro porque você parece extremamente culpado, e você sabe disso. Segundo que ela nunca lhe perdoou completamente por todo o trabalho que você deixou para ela fazer na monitora. E terceiro porque ela odeia celebridades, e odeia casos que tenha que falar com celebridades ou quando tem seu nome publicado – Remus explicou. Sirius franziu a testa.

—Eu sei o que ela tem contra Pontas, mas por que celebridades também? – Ele perguntou.

—Basicamente as celebridades atrapalham os casos dela. E ela não gosta quando ganham tratamento diferenciado, e também nunca gostou de atenção. E odeia Quadribol. Merlin, ela deve estar odiando esse caso.

—Por que tinha que ser ela? – James retrucou. Remus ergueu as sobrancelhas.

—Ela é a melhor auror, depois de Moody, claro. Se alguém pode lhe livrar disso, é Lily.

—Mas ela me odeia... – James comentou, amuado.

Sirius começou a gargalhar, e Remus também riu.

—Meu Deus, Pontas! Parece que estamos no quinto ano de novo e ela lhe chamou de arrogante...

—Mas não estamos, e eu estou prestes a ir para Azkaban, então por favor, pode parar de rir?

Os quatro fizeram silêncio. James tirou os óculos e coçou os olhos cansadamente. Ele estava acordado havia quase 30 horas, e precisava descansar. Mas não conseguia.

—James, eu vou conversar com Lily – Remus disse após algum tempo. Sirius concordou com a cabeça, mas James negou.

—Ela sabe de seu probleminha peludo, Aluado. Não tem como continuar com esse álibi, mesmo que verdadeiro, sem contar que somos Animagos.

—Então vamos contar – Sirius disse, dando de ombros – você já vai pra Azkaban, de qualquer jeito. Talvez a pena seja menor se for só por magia ilegal.

—Não, Almofadinhas. Eu ir para a cadeia não significa que você e Rabicho tenham que ir também.

—Podemos dizer a ela que vocês estavam apenas garantindo a minha segurança para a transformação, o que não é mentira.

James acenou positivamente.

—Sim, é a melhor escolha. Eu não vou mentir se eu puder – James suspirou e recolocou os óculos – Quando você pretendia me contar que iria levar ela e McKinnon para a Copa, Aluado?

—Eu lhe entreguei a lista com os nomes, Pontas – Remus respondeu revirando os olhos.

—É, bem. Um aviso teria caído bem.

—Eu não sabia que você ainda era amigo dela – Rabicho falou para Remus, que deu de ombros.

—Eu nunca vou me esquecer de tudo o que ela fez por mim em Hogwarts. E ela é muito engraçada quando não está trabalhando.

—Pois eu acho uma traição de sua parte, Aluado – Sirius comentou – Ser amigo dela ainda, e não mencionar nenhuma vez para a gente quão gata ela ficou...

James fuzilou Sirius com um olhar, e quando Sirius riu, com uma almofada.

—Qual é, Pontas! Só você pode reparar nisso, é?

—Eu não reparei nisso – James retrucou – eu estava muito ocupado me preocupando em não ser preso.

—Para de mentira, Pontas – Sirius respondeu – Depois de 4 anos sem ver Lily, vai dizer que não reparou que ela é mais bonita que a maioria das mulheres com quem você se envolve? E que é uma senhora mulher agora, não a garota que brigava com você dia e noite?

—E muito mais intimidadora também – Peter opinou baixinho

—Posso até ter reparado um pouco, mas ela está me investigando, Sirius. Não vou pensar nessas coisas agora. Tenho que me concentrar em não ser preso. E não sei se você estava na mesma sala que eu, mas ainda brigamos.

—Ah, percebi – Sirius comentou com um imenso sorriso – Essa Copa vai ser simplesmente sensacional.

***

Ao invés de ir para casa, Lily resolveu começar a reunir as informações que tinha para o caso. Moody lhe entregara as cartas que a Ministra recebera em ameaça, a ficha do caso de ameaças, e a ficha de James Potter.

Ela sabia que o mundo bruxo vivia um momento de grande tensão política. Quando Bagnold assumiu o cargo, um dos candidatos, que publicamente se apresentava como Lord Voldemort, não aceitou muito bem. Queria o poder a todo o custo, e causou alguns problemas para os aurores na época. 

Havia rumores que ele estava agindo na surdina atualmente, influenciando pessoas importantes, aliciando jovens e corrompendo gente de dentro do Ministério. Apesar de Lily não estar ligada à parte de investigação interna e de políticas, ela sabia dos bastidores.

Por isso resolveu também procurar a ficha de Lord Voldemort.

A ficha, contudo, não possuía esse nome, fazendo com que Lily ficasse a manhã toda no Ministério, e ainda assim não localizasse a papelada.

—Lily Evans, o que você está fazendo nesse escritório hoje? – Uma voz a chamou. Ela se virou e suspirou em alívio ao ver Marlene lhe trazia uma garrafa de Cerveja Amanteigada.

—Caso. Moody me chamou. Estou aqui desde 7h da manhã. Escuta, você por algum caso sabe o nome real daquele Lord Voldemort? Preciso achar a pasta dele – Lily perguntou, tomando um longo gole da bebida gelada.

—Tom Riddle. Eu fui a redatora do julgamento dele. O que está acontecendo? Que caso é esse?

—Lene, eu não sei se posso lhe contar... Moody me pediu sigilo – Lily explicou, a segunda parte saindo com irritação. Marlene sorriu.

—Tem algum famoso no meio, né? Tudo bem, não me conte – A morena falou, erguendo as mãos. Depois sua expressão caiu – Isso significa que você não vai poder ir para a Copa?

—Quê? – Lily exclamou em resposta, corando levemente – Hum, na verdade, eu vou, no fim das contas.

—Mas e esse caso?

—Bem...

—Ah, sim, claro. Sigiloso. Tudo bem, bico fechado, Bela Ruiva.

—Aha! – Lily exclamou, puxando uma grossa pasta – Achei! Agora posso ir para casa.

—Planos para hoje à noite? – Marlene perguntou, enquanto as duas saíam do Ministério.

—Na verdade, sim. Além de ter que ler tudo isso, vou visitar Benjy no St. Mungus. Ele finalmente está lúcido, e já pediu para alguém lhe contar do caso três vezes. Como terminei o relatório, vou tirá-lo da miséria.

—Você precisa trabalhar menos, Lil – Marlene comentou – Suponho que não vá adiantar nada meu aviso, então... me dá a grana que você separou para comprar roupas. Precisamos levar coisinhas novas para a Copa. Pelo que Remus falou, terá um monte de festas!

Lily suspirou e retrucou, mas fez o que a amiga pediu. Considerou pedir reembolso para Moody, mas sabia que ele apenas riria dela. De qualquer sorte, era apenas mais um caso.

—Não ouse comprar nada inadequado, ouviu, McKinnon? Ainda tenho uma reputação a zelar! – Lily ameaçou, antes de se separarem.

Marlene gargalhou e piscou um olho.

Apenas mais um caso.


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