Um Caso de Copa escrita por psc07


Capítulo 18
Extra 01




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/776609/chapter/18

Lily suspirou e olhou no relógio. Ela estava mais uma vez atrasada para se encontrar com James. Moody e essas reuniões longas. Da última vez ela chegara mais de trinta minutos atrasada na casa de Euphemia e Fleamont (que disseram não se importar, mas ainda assim!).

E ela não podia nem mandar um patrono ou uma carta para alertar o namorado ou Moody (e todo o departamento) veria. Desde que ela voltara de suas férias, todos os aurores pareciam fascinados com o fato de ela conhecer o herói da Inglaterra. No início, eles não perguntavam muito, mas com o tempo passaram a questionar sobre coisas... estranhas. Ela nunca se esqueceria do dia em que um novato queria saber a primeira coisa que James fazia ao acordar.

James, por outro lado, não parecia incomodado com a atenção que recebia. Em todas as entrevistas que ele dera haviam lhe perguntado sobre Lily, e ele sempre respondia da forma mais carinhosa possível.

—É difícil ser sucinto nesse assunto, Karen. Eu acordo todos os dias e me lembro que estou com Lily Evans, o amor da minha vida, e parece ser mentira. Eu poderia passar horas a fio tentando descrever quão maravilhosa minha namorada é, mas não acho que seja isso que os ouvintes queiram.

Obviamente que ele estava errado. Diversas vezes haviam pedido para eles darem alguma entrevista juntos, tendo James negado desde o início.

—Lily é uma pessoa mais... privada, digamos assim. Ela não gosta de dar entrevistas ou coisas do tipo. Além do mais, o que ela faz é muito mais importante do que ser minha namorada.

Se James achava que suas declarações serviriam para afastar as fãs mais diretas, ele estava redondamente engando. Apenas criara a imagem de homem apaixonado que elas tanto queriam.

Lily sorriu ao se lembrar da vez que ela observara James correndo ao chegar no apartamento dela por estar fugindo de fãs (ela gargalhara, escondendo sem sucesso a leve pontada de ciúmes que tivera ao ver a cena).

—E para finalizar, – Moody disse, fazendo com que Lily voltasse para o presente no Ministério – eu irei supervisionar a primeira missão liderada por um dos recém-formados. A missão ocorrerá no período de 20 a 25 de dezembro, e terá como objetivo investigar objetos suspeitos em alguns vilarejos coabitados por trouxas e bruxos em que recebemos queixas de atividades ilícitas contra a comunidade trouxa.

Lily ergueu as sobrancelhas. Era uma missão mais longa que o normal, o que justificava a ida de Moody – geralmente ele não fazia esse tipo de supervisão.

—O que significa dizer, obviamente, que estarei ausente nesse período. Deixarei a auror Evans responsável pelo departamento no período, com a certeza de que tudo ocorrerá bem e sem intercorrências. Por hoje, é isso. Evans, aguarde por favor.

Lily tentou segurar o sorriso, mas era difícil. O departamento estava cheio de aurores mais velhos e experientes que ela, mas Moody a deixara responsável mesmo assim. Era um sinal de extrema confiança do chefe nela, e um sinal de que ela estava fazendo um excelente trabalho.

—Sr. Moody – ela cumprimentou quando o alcançou – obrigada pela confiança.

Moody grunhiu.

—Não fique feliz, você não sabe no que te meti.

—Contanto que não tenha celebridades, senhor, está ótimo.

—Sabe, Evans, eu achei que você fosse superar essa aversão a celebridades depois da França... – Moody disse, sua boca rasgada em um sorriso provocador.

—Er... na verdade, não. Às vezes eu esqueço, até – Lily respondeu corando.

—Então, Evans, a coisa é a seguinte – Moody disse, retornando ao tom de chefe habitual – me substituir nesse período significa uma coisa ruim. O Natal é seu.

—Uh... quê?

—Você terá que passar o Natal aqui.

Moody parara de andar e Lily fez o mesmo. Moody suspirou.

—As outras noites você estará livre, porque não é feriado nem nada disso. Mas esse Natal era o meu de ficar responsável, já que ano passado foi Crouch. Nós revezamos. Como você sabe, ele está passando por um momento delicado, com a esposa doente, então eu não tenho como pedir para ele assumir.

—Eu... eu entendo, senhor. – Lily disse, assentindo. Sua mente, contudo, só pensava em como falar para James. Moody suspirou.

—Escute, eu sei que você e Potter estavam planejando alguma coisa – Moody disse, num sussurro – e eu sei que não é justo já que você ficou nesses últimos anos, mas eu precisava deixar alguém de confiança, Lily. Fenwick estará de sobreaviso caso você precise, mas...

—Não, não. Deixe ele descansar. Ele acabou de passar dois meses longe da família.

Moody assentiu.

—Se Potter não gostar da ideia, me avisa que eu terei um papo com ele, sim? – Moody ofereceu. Lily sorriu.

—Não acho que será preciso, senhor.

Moody assentiu e continuou o caminho para a sua sala, deixando Lily no seu cubículo.

—Natal arruinado, Bela Ruiva?

Lily meneou a cabeça.

—É incrível que Moody confie em mim nesse nível, parceiro, mas eu e James iríamos apresentar nossos pais. Petunia vai passar a véspera de Natal com a família de Vernon, e você sabe que somos só nós, assim como James e os pais dele, então parecia uma excelente oportunidade.

Benjy fez uma careta.

—Aposto que ele lhe dará folga no Ano Novo.

—Espero que sim, mas meus pais passarão o Ano Novo em Mallorca com Petunia e Vernon.

—Bem, não serve de consolo, mas se precisar de mim é só falar, ok? Parceiros sempre. Agora corre que Potter já deve estar achando que você foi sequestrada.

Lily sorriu e se despediu do amigo, juntando suas coisas o mais rápido possível. Toda sexta-feira ela se encontrava com James depois do trabalho. A não ser que ele estivesse viajando para algum jogo ou que ela estivesse em uma missão. Essa semana ele só viajaria no dia seguinte, então eles podiam ir ao Caldeirão Furado sem problemas.

Quando Lily entrou no bar não foi difícil achar o namorado. Tinha um pequeno grupo de quatro garotas ao redor dele. James estava com o sorriso simpático que sempre demonstrava ao redor de fãs. Lily ignorou a fisgada no peito e se encaminhou para a direção dele.

—... é, isso é verdade... – ele ia dizendo para as garotas – mas nosso time não necessariamente...

Ele ergueu os olhos para falar com uma delas e avistou Lily. Imediatamente o sorriso simpático deu lugar a um sorriso que ele guardava só para ela, e Lily teve que sorrir de volta.

As meninas olharam na direção em que ele desviara e Lily sentiu quatro olhares invejosos em si – mas ela própria observava o sorriso de James se transformar no sorriso maroto que prometia muita coisa.

—Bem, garotas, foi um prazer conhecê-las, mas eu tinha um compromisso marcado aqui antes.

Dizendo isso, ele se levantou e se encaminhou para Lily, imediatamente passando uma mão para segurar o rosto da garota, enquanto a outra a segurava pela cintura. Com mais um sorriso, ele se inclinou e a beijou com o mesmo entusiasmo de sempre, e, como sempre fazia quando estavam em público, Lily teve de empurrá-lo com as mãos.

—Eu não sei quantas vezes terei de lhe lembrar que isso é um lugar público e que ninguém que ver a gente se beijando, James – Lily disse, sem esconder o sorriso. Ele riu.

—Eu estava com saudades – ele justificou dando de ombros – e você estava atrasada.

—Nós nos vimos há dois dias! – Ela exclamou rindo, enquanto ele a puxava para o banco onde estava sentado antes – E sim, eu me atrasei, desculpe.

—Dois dias sem você são muitos dias, Lil.

Lily riu e revirou os olhos, o rosto corando de leve.

—Você não precisa dizer essas coisas, James. Eu já estou lhe namorando. – Ela respondeu, sentando ao lado dele.

—É a verdade, Bela Ruiva – Ele disse simplesmente, pegando sua mão e depositando um beijo ali.

Lily riu novamente e pediu uma cerveja amanteigada, enquanto James bebia um pouco da sua própria. Ele não bebia em véspera de concentração.

—Missão atrasou? – Ele perguntou.

—Quem dera. Moody agora faz reuniões todas as sextas para alinhar a próxima semana.

—Hum.

Lily agradeceu pela cerveja quando recebeu e deu um gole. Ela tinha que pensar em como falar para James sobre o Natal.

—O que aconteceu? – Ele perguntou imediatamente, franzindo a testa.

—Quê? Por que a pergunta?

—Você está mordendo o lábio e olhando intensamente para o balcão. Então ou tem algum caso super hiper especial, ou você tem alguma coisa ruim para me contar.

Lily olhou para o namorado e sorriu.

—Desde quando você me conhece tão bem assim?

—Pelo bem da minha reputação, prefiro não entrar nesse detalhe – ele respondeu e Lily riu. Como, por Merlin, ela fora se apaixonar por alguém tão besta assim? – Não desvia.

Lily suspirou.

—Ok, então é uma notícia ruim. Nada muito ruim, só que estávamos planejando, e não vai mais rolar, o que é muito ruim, mas eu não tinha como dizer não para Moody, você sabe como ele é! E ele apenas anunciou, sem falar comigo an-

—Lily. – James interrompeu, segurando o rosto da namorada com as duas mãos – Respira fundo. E fala.

Lily suspirou novamente.

—Moody vai fazer uma missão de campo e vai me deixar responsável pelo departamento enquanto ele estiver fora.

James arregalou os olhos e abriu um imenso sorriso.

—Lil, isso é incrível! O departamento todo! Moody está mostrando que confia em você mais do que naqueles velhacos ridículos! Isso é excelente pro seu futuro! Por que você acha que isso é ruim?

—Bem... a missão dele começa 20 de dezembro e acaba dia 25. E era a vez dele de passar a véspera no Ministério.

O sorriso de James caiu, assim como as mãos dele.

—Nosso Natal. Ah, sim. Entendi porque é ruim.

Lily se levantou rapidamente e apoiou as mãos nos ombros de James.

—Me desculpa, James, de verdade. É o tipo de coisa que eu não posso dizer não...

Ele sorriu novamente e deu um beijo na testa da garota, abraçando-a.

—Eu sei, amor. Não se preocupa. Eu quero que você domine aquele lugar.

—Seria a ocasião perfeita, e agora meus pais vão me matar porque terão que passar o Natal sozinhos...

James se afastou para olhar a namorada.

—Você acha que eu faria isso com seus pais? Eles vão passar na minha casa do mesmo jeito, Lil. A única diferença é que eu irei pegá-los agora, ao invés de você.

Lily sorriu para ele.

—Obrigada mesmo.

—Eu até guardo um pouco de comida para quando você chegar em casa.

—Muito atencioso de sua parte, Sr. Potter.

—Atenção é meu nome do meio, auror Evans. – Lily riu e voltou a abraçar o namorado.

—O pior é que tem anos que nada acontece na véspera de Natal que precise de nós, mas ainda assim tem que ter alguém lá... – Ela comentou depois de se sentar novamente.

—Como sabe disso?

—Bem... – Lily disse, preparada para ouvir a repreensão de James – eu meio que passei as últimas 3 vésperas de Natal lá?

James olhou para ela incredulamente.

—Quer dizer que esse vai ser o seu quarto Natal seguido no Ministério da Magia?

Lily deu de ombros.

—Olha, nos dois primeiros eu apenas queria demonstrar serviço, e ano passado Benjy precisou sair. Você sabe que eu não tinha muitos motivos para ficar tão triste por não estar em casa. Imagina a alegria de ouvir Petunia e Vernon a noite toda.

James grunhiu.

—Ano que vem você vai ter um Natal descente, Evans, nem que eu tenha que ficar no Ministério para isso. Capiche?

Lily sorriu e assentiu, se aproximando para dar um beijo rápido na bochecha de James. Ela fingiu não perceber James levemente distraído; ela não gostava de ressaltar isso para ele quando tinha jogo por perto. Eles comeram, ainda conversando – James contou sobre os presentes que ele havia comprado para os amigos, mas nem deu dicas sobre o que ele daria para Lily.

—Será uma surpresa, Evans – ele dissera.

Quando terminaram, James imediatamente se levantou e, após deixar alguns galeões no balcão, puxou Lily pela mão. Ela ia falar alguma coisa, mas antes que ela pudesse sequer emitir um som, James a puxou para um beco ao lado do Caldeirão e beijou Lily ainda mais intensamente do que no bar – mãos mais desbravadoras, corpos mais colados e, bem...

—James, ainda estamos no meio da rua... – Lily sussurrou quando ele a pressionou contra a parede e começou a beijar seu pescoço.

—Ninguém está nos vendo... – ele respondeu num murmúrio rouco, suas mãos na cintura da garota.

—Sua casa ou a minha? – Ela perguntou quando sentiu os dedos dele entrarem em contato com sua pele entre a calça e a blusa. Ela também sentiu o sorriso dele em seu pescoço, antes dele depositar um leve beijo e levantar a cabeça para olhá-la.

—Sua. Sirius está em casa e eu não quero companhia nenhuma além da sua hoje.

***

—Não se preocupe, ficaremos bem – James disse. Lily sorriu.

—Contanto que fiquem vivos, está bom para mim – ela respondeu piscando um olho. James fingiu estar ofendido e a puxou pela mão para mais um beijo.

—Eu vou me atrasar, James – ela reclamou quando ele ofereceu resistência à sua saída.

—Você é a chefe hoje, manda em tudo, pode se atrasar... – ele disse, ainda a segurando num abraço. Lily riu.

—É exatamente o oposto, Potter! Eu tenho que oferecer um bom exemplo! – Ela exclamou.

—De que adianta poder se você não vai abusar um pouco? – James questionou em tom de brincadeira.

—James...

—Eu sei, eu sei... – ele suspirou e afrouxou o abraço. Lily fez um biquinho e lhe deu um beijo rápido.

—Vai passar mais rápido do que parece – ela disse – quando você menos esperar estaremos juntos de novo.

Em retrospectiva, o sorriso de James deveria ter lhe dado alguma pista de que havia alguma coisa que ela não sabia o que era. Mas ela ficou apenas feliz em ver que James não estava mais fazendo caretas e sorriu de volta.

—Ah, espera! – James pediu, desaparecendo para a cozinha rapidamente. Se eles estivessem no apartamento de Lily, talvez fosse mais rápido, mas como estavam na mansão de James...

—Eu vou me atrasar...! – Lily exclamou novamente. Ela ouviu a risada do namorado se aproximando.

—Melhor você se atrasar do que minha mãe me matar... – ele disse, entregando uma caixa para ela – ela fez esses biscoitos para você não passar o dia inteiro sem nada do Natal. Mesmo que o Natal só seja amanhã. Você sabe como é minha mãe.

Lily sorriu ao receber a caixinha. Na primeira vez que ela fora visitar Euphemia e Fleamont oficialmente como namorada de James depois da Copa, Euphemia fizera uma travessa desses biscoitos maravilhosos, e desde então Lily era apaixonada por eles.

—Isso foi muito bondoso da parte dela – Lily disse, sorrindo – diga que eu agradeço muito...

—Nada disso, você mesma agradecerá amanhã – James disse. Beijou-a rapidamente mais uma vez e a empurrou para a porta – agora vá logo antes que você se atrase. Você é a chefe, tem que dar exemplo.

Ainda rindo, Lily desaparatou no Ministério, que estava consideravelmente mais vazio. A decoração de Natal era realmente bonita, mas não se estendia para o Departamento de Aurores – com exceção da pequena árvore que Lily colocara em sua mesa.

A sala de Moody seguia o exemplo do resto do Departamento, Lily lembrou ao sentar na cadeira do chefe e suspirar. Decidindo que ele não iria matá-la por isso, Lily duplicou a árvore que decorava sua mesa e colocou na sala.

Com um suspiro, Lily pegou a pilha de relatórios que ela teria de rever e aprovar, solicitação de novos materiais, aperfeiçoar planos de missões, organizar os relatórios mensais...

Não era um trabalho glorioso, muito menos divertido, mas era preciso ser feito. E Lily sabia que se ela quisesse realmente ser Chefe dos Aurores (e, Deus, como ela queria ser!), era o tipo de trabalho que ela teria diariamente.

Apesar de ser um trabalho extremamente maçante, o dia passou mais rápido que Lily esperava. Ela almoçou com os aurores que também estavam “presos” com ela, conseguiu pré-aprovar três missões para quando Moody chegasse, revisou todos os relatórios mensais e ainda conseguiu adiantar um dos seus.

Ela estava tirando uma pausa para jantar os biscoitos maravilhosos que Euphemia havia mandado quando a porta da sala de Moody abriu e ela parou de mastigar imediatamente quando viu Benjy.

—Lily, você precisa vir! – Ele exclamou, claramente fora de fôlego. Lily engoliu o biscoito rapidamente, ignorando as lágrimas que surgiram quando o bolo alimentar desceu arranhando-lhe o esôfago.

 -O que houve? – Ela perguntou já se levantando e conferindo que estava com a varinha no bolso.

—Um possível ataque – Benjy respondeu. Lily trincou os dentes e o seguiu de imediato – eu recebi o chamado, não sei nem o motivo, mas eu sabia que precisava lhe chamar, tem que ser você...

—Eu?! Mas eu preciso ficar aqui, Benjy, eu estou responsável pelo departamento! – Ela exclamou, ainda correndo.

—Parceira, é um lugar trouxa, ninguém tem a sua expertise na área! – Benjy disse.

—Mas...!

—Eu fico no seu lugar, não se preocupa com isso! Vai logo! Tá aqui o endereço, é um chalé abandonado! Mando reforços depois!

Se Lily não estivesse tão preocupada e tão focada em resolver a crise que nem parou para olhar para Benjy. Se ela tivesse olhado, teria percebido a preocupação do parceiro se dissolver num sorriso, claramente satisfeito com alguma coisa.

Lily olhou o papel e rapidamente aparatou. A primeira coisa que percebeu foi que esquecera seu sobretudo ao sentir o frio que o vento e a neve traziam. Logo em seguida seus olhos foram se acostumando com a escuridão.

Ela conseguia ver uma igreja e logo ao lado um cemitério. Não ficou surpresa ao perceber que estavam fechados – já passavam das dez da noite na véspera de Natal. Percebeu também a maioria das casas com as luzes acesas, e conseguiu distinguir casas trouxas de bruxas pela decoração.

Então era um povoado em que trouxas e bruxos coabitavam. Ela tinha que procurar o chalé abandonado, com atenção e preparada para usar a varinha se necessário, mas sem expor sua condição de bruxa.

Em dez minutos de caminhada ela parou três vezes para checar casas pequenas que não tinham as luzes acesas. Em uma delas Lily quase entrou, mas parou ao perceber que tinha um gato dormindo.

Até que de repente ela sentiu a presença de uma forte magia escondendo... alguma coisa. Ela deu um passo para trás, encarando o aparente vazio. Depois de olhar ao redor para se certificar que ninguém estava observando, ela fez um feitiço de Desilusão em si e começou a trabalhar no que estava sendo oculto.

Depois de alguns minutos, uma casa razoável surgiu. Estava completamente apagada, mas saía fumaça da chaminé. Isso podia indicar apenas que os moradores haviam ido dormir, mas considerando a denúncia e o fato de ter sido necessário usar uma magia potente para esconder a casa tão bem, Lily não achava muito provável.

Para ela, a casa era grande demais para ser considerada um chalé, contudo era o mais próximo de abandonado na região – o gramado não estava bem cuidado, com ervas daninhas se espalhando; a porta estava arranhada; os vidros das janelas, rachados. Não fosse isso, seria um lugar adorável.

Lily trincou os dentes mais uma vez e se encaminhou para a porta. Não parecia ter nenhum tipo de feitiço para atrapalhar outras pessoas de entrarem. Será que os invasores não acreditavam que alguém descobriria a casa ou estavam com tanta pressa que não dera tempo de lançarem mais proteção?

Lily lançou um “Homenum revelio” não verbal, torcendo para que os invasores não percebessem. Sete pessoas.

—Ai, merda... – Lily sussurrou. Ela teria que esperar pelo reforço de Benjy... ou ter algum plano...

Ela imaginou o que Benjy lhe diria, o quanto Moody esbravejaria ao receber o relatório, e fez uma careta quando pensou em James e na reprovação devido aos números. Mas se aquela casa era trouxa e estavam fazendo trouxas de reféns...

Com um suspiro, Lily conjurou um patrono e observou a corça atravessar a porta. Tentou se aproveitar da luz para identificar pessoas, mas não conseguiu. Travou a respiração e lançou um “Bombarda” na porta – a corça já havia alertado que tinha gente entrando.

Com rápidos movimentos, ela lançou o máximo de feitiços petrificantes que conseguiu enquanto atravessava o corredor – ainda havia a possibilidade de que havia trouxas naquela casa junto com os invasores. Não ouviu movimentos, então supôs que os feitiços tivessem funcionado.

Ligou a luz e calmamente, com a varinha erguida, entrou no cômodo maior.

Então arfou em surpresa.

Sentados no sofá estavam seus pais e os pais de James. Sirius estava na poltrona, enquanto Remus estava deitado no chão, um livro na mão petrificada. James estava em pé, um sorriso de antecipação no seu rosto.

Com um gesto de varinha, ela desfez os feitiços e todos voltaram a se movimentar.

—Surpresa? – James disse, ainda sorrindo.

Lily corou.

—Ai meu Deus, eu... me desculpem, eu não... eu recebi um chamado...

Remus e Sirius estavam gargalhando, enquanto Euphemia sorria e Fleamont parecia impressionado. Os pais de Lily estavam levemente chocados. Ela se encaminhou para o sofá.

—Eu recebi um chamado dizendo que tinha uma atividade suspeita por aqui... eu apenas agi, me desculpem.

O pai de Lily começou a sorrir.

—Pequena, isso foi incrível! Bem que James disse que você iria achar a casa e conseguiria entrar! E aquele animal!

Lily sorriu e se virou pra sua mãe, que ia se recuperando do susto.

—Mãe...

—Está tudo bem, não se preocupe... eu fico melhor em saber que é assim que você... bem...

Lily sorriu e abraçou os pais. Então se virou para Fleamont e Euphemia, mas eles nem a deixaram falar.

—Sem problemas, Lily, de verdade.

—Obrigada pelos biscoitos, Euphemia. Estavam deliciosos.

—Ah, conseguiu comer?

—Eu estava no segundo quando eu recebi o chamado de uma atividade suspeita num vilarejo trouxa...

Então Lily se virou para o namorado, que ainda estava de pé sorrindo.

—Bem, eu estava conversando com Benjy quão terrível era que você teria que passar o Natal no Ministério, e ele concordou plenamente, dizendo que se Moody tivesse conversado com ele antes, ele teria aceitado sem problemas ficar por você, mas sabia que isso seria importante para você e tal...

—James Potter, eu vou te matar – ela vociferou, fazendo James sorrir mais ainda e se aproximar dela.

—Segundo Benjy, visitas não seriam permitidas pelo baixo contingente. Ele também disse que ele ficaria responsável caso tivesse alguma urgência que precisasse de você... e eu pensei, bem, é Natal, é uma urgência que você passe com sua família! Então perguntei a Benjy, ‘hey, digamos que tenha um chamado, assim, perto da meia-noite, Lily teria que ir?’ e ele me respondeu que só se tivesse extrema necessidade de você ir.

—Meu Deus, eu vou usar as minhas mãos pra lhe estrangular, James Potter – ela ameaçou novamente. James apenas sorriu, mas Lily pôde ver Sirius erguendo as sobrancelhas sugestivamente.

—Esganar, pequena, use o termo correto – ela ouviu seu pai falando do fundo, o tom de voz divertido.

—Então eu pensei... se fosse algo trouxa... bem, teria de ser você! Benjy concordou e aceitou passar o chamado urgente para você, ocupando seu lugar por aproximadamente duas horas, que seria o tempo que ele acha plausível... e como achei que nossos pais tinham que estar aqui para eu lhe dar o presente...

Lily estreitou os olhos e se aproximou de James.

—Você não me escapa, Potter. Eu vou...

—Blá, blá, me matar, esganar, que seja. Mas agora... o que acha? – James perguntou um imenso sorriso no rosto e os braços mostrando a casa.

Lily ergueu as sobrancelhas.

—Eu acho que não é um chalé, como Benjy havia dito.

Os outros riram.

—Meus pais têm algumas propriedades – James disse – a casa em que eles moram, a casa do primeiro Potter, e algumas outras espalhadas pelo país. Eles não conseguem cuidar de todas tão bem quanto desejam, e você sabe que eu não gosto tanto daquela casa imensa. Então... – ele gesticulou.

—Eles lhe deram essa casa? – Lily perguntou, ainda levemente confusa. Os outros riram novamente. Euphemia se levantou e abraçou pelos ombros.

—James sempre disse que preferira morar numa casa menor, e tanto nós quanto seus pais nos preocupamos em você morando sozinha naquele apartamento, considerando os riscos que você corre por ser auror – Euphemia disse – então James me propôs uma troca: ele nos dá a casa que ele mora atualmente, e nós damos esse chalé. Com a condição que a decoração não seria minha aqui.

Lily franziu a testa. James revirou os olhos.

—Para a melhor auror do Ministério está demorando de entender... – Ele comentou brincando. Se aproximou de Lily e pegou suas mãos – Lil, eu sei que ainda não tínhamos falado muito sobre isso, mas eu também não gostava de lhe ver sozinha no apartamento... quando eu vi essa casa eu pensei que você fosse amar...

—Você... – Lily limpou a garganta – você está me dando uma casa?

—Bem, é mais para a gente... – ele disse, piscando. Quando viu Lily arregalando os olhos, deixou de sorrir – não para agora, imediatamente. Ainda precisamos trabalhar bastante nela. Mas é uma boa localização pra nós dois, em relação ao trabalho, já que sempre aparatamos mesmo... e se você quiser esperar meses, anos, até depois, não importa. Mas já temos um lugar nosso.

Lily abriu a boca. Ela estava em choque. Uma casa. Ele havia comprado uma casa para eles dois.

Bem, não comprado. Mas ainda assim.

Ela sabia que tinha que falar alguma coisa, porque via o rosto de James começar a ficar apreensivo, e ela não podia deixar ele entender algo diferente do que ela sentia.

—Bem, acho que o kit da Zonko’s que comprei pra você parece um presente bem idiota agora... – ela disse finalmente. James abriu um sorriso novamente.

—Então você gostou? – Ele perguntou, a animação voltando. Lily sorriu.

Claro que sim, James. – Ela o abraçou imediatamente e ouviu o riso feliz dele. – Isso é incrível. Incrível. Obrigada.

Ele beijou o topo da cabeça de Lily e a afastou, limpando as lágrimas que ela nem tinha percebido caírem.

—Foi ótimo você ter feito isso na frente de nossos pais. Precisarei com certeza da opinião de Euphemia e de minha mãe para decorar.

Euphemia riu e se virou para a mãe de Lily, que já havia levantado do sofá, e começaram a falar sobre os detalhes que poderiam ajudar na casa. Remus e Sirius sorriam, enquanto o pai de Lily explicava a Fleamont, após este ter perguntado, exatamente o que ele quisera dizer com ‘esganadura’ ser o termo certo.

—Começamos a ajeitar quando você quiser, Lil – James disse, afastando uma mecha dos olhos de Lily e segurando o rosto da garota com suas duas mãos – sem pressão, sem pressa. Só queria garantir logo esse lugar. Nosso lugar.

—Bem, amanhã não é um bom dia porque estarei tão cansada que só vou hibernar – Lily disse, e James sorriu ainda mais – mas depois de amanhã é um excelente dia. Pra mim, pelo menos. Tem jogo?

James riu e teve de se lembrar que estavam na companhia dos pais dos dois para não beijar Lily além do que seria considerado educado.

***

—Evans? Pode vir aqui um segundo?

Lily engoliu em seco. Era o primeiro dia que ela trabalhava com Moody depois de tê-lo substituído. Ela torcia para que ele não tivesse visto nenhum erro em nenhum relatório – ou pior, que tivesse descoberto de sua pequena escapada...

—Senhor?

Moody indicou a cadeira à sua frente e ela sentou. Ele estava com os documentos com os quais ela lidara na ausência do chefe.

—Isso está muito bom, Evans. Parabéns. Gostei especialmente das opiniões para as missões.

—Obrigada, senhor.

—Só me restou uma coisa... – ele disse, puxando um outro relatório. Lily segurou qualquer tipo de reação ao perceber que era o relatório que ela tinha feito do chamado de Benjy – Vi que precisou se ausentar.

—Er, sim. Benjy recebeu um chamado numa área trouxa, então achamos melhor eu averiguar porque tinha grande chance de eu precisar interagir. Ele assumiu meu lugar. Mas era apenas um trote.

—Sim, bem. Um trote em Godric’s Hollow... – Moody contemplou – Você já conhecia a área?

—Eu? Não, senhor.

—Hm. Pensei que talvez sim, já que os Potter têm uma casa lá...

Lily ergueu as sobrancelhas para demonstrar uma educada surpresa. Merda, merda, merda, merda.

—Não, senhor. Nunca tinha ido lá – ela respondeu.

—Faz sentido, considerando o tempo registrado de missão...

Ela concordou com a cabeça.

—Bem, era só isso. Pode retornar à missão que lhe dei. Deve iniciar depois do Ano Novo.

Lily assentiu com a cabeça e rapidamente começou a se retirar. Quando ela estava na porta, Moody falou novamente, olhando-a com uma expressão divertida no rosto.

—E ah, Evans... – ele disse, fazendo com que ela se virasse para ele – parabéns pela casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um Caso de Copa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.